Sexualidade e desenvolvimento: a polÃtica brasileira de ... - Abia
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Análise <strong>de</strong> contexto 27 •<br />
O Departamento <strong>de</strong> DST, AIDS e Hepatites Virais ainda é responsável pelo<br />
<strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> e atualização <strong>de</strong> todas as normas técnicas; pelo estabelecimento <strong>de</strong> um<br />
consenso nacional a respeito <strong>de</strong> diagnóstico, tratamento e procedimentos <strong>de</strong> prevenção<br />
para adultos/as e crianças vivendo com HIV e AIDS; e por <strong>de</strong>terminar a aplicação<br />
<strong>de</strong> novos medicamentos e tecnologias. É também responsável pela aquisição <strong>de</strong> todas<br />
as drogas antirretrovirais (ARVs) e por sua distribuição para estados e municípios. O<br />
Departamento Nacional igualmente compra e distribui 80% <strong>de</strong> todos os preservativos<br />
disponibilizados (sem custo) através <strong>de</strong> postos públicos <strong>de</strong> distribuição. Os outros 20%<br />
ficam sob a responsabilida<strong>de</strong> das Secretarias Municipais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
Des<strong>de</strong> o ano 2000, o governo brasileiro, primeiro através do Programa Nacional<br />
<strong>de</strong> DST/AIDS e hoje através do Departamento <strong>de</strong> DST, AIDS e Hepatites Virais,<br />
também repassa, anualmente, fundos <strong>de</strong> apoio a serviços e programas <strong>de</strong> HIV/AIDS<br />
para as Secretarias Estaduais e Municipais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, e para organizações comunitárias<br />
da socieda<strong>de</strong> civil. Esses repasses são controlados por regras <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong> nível<br />
estadual e municipal, conhecidas como PAM (Plano <strong>de</strong> Ação e Metas). Contudo, a<br />
<strong>de</strong>scentralização <strong>de</strong>sses fundos tem prejudicado organizações da socieda<strong>de</strong> civil<br />
comunitárias que já não contam com apoio técnico e financeiro, pois os governos<br />
locais não têm priorizado os programas <strong>de</strong> AIDS e a parceria com ONGs.<br />
Os graves retrocessos no apoio técnico e financeiro a organizações da socieda<strong>de</strong><br />
civil po<strong>de</strong>m ser atribuídos à falta <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> gerencial e operacional, e <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong><br />
política <strong>de</strong> alguns governos locais. Por um lado, é difícil contratar, <strong>de</strong>sembolsar e<br />
monitorar projetos implementados por organizações da socieda<strong>de</strong> civil, e por outro,<br />
tem faltado às ONGs capacida<strong>de</strong> para reivindicar apropriadamente a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
sua efetiva participação e a implementação das intervenções no nível comunitário.<br />
Este foi um dos motivos que levaram o Programa Nacional <strong>de</strong> DST/AIDS (hoje<br />
Departamento <strong>de</strong> DST, AIDS e Hepatites Virais) a optar, em meados do ano 2000, pelo<br />
apoio aos chamados “programas estratégicos”, como aqueles que foram <strong>de</strong>senvolvidos<br />
por re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prostitutas, <strong>de</strong> gays/HSM e travestis.<br />
Entre 2000 e 2007 o Programa Nacional <strong>de</strong> DST/AIDS <strong>de</strong>sembolsou cerca <strong>de</strong> 120<br />
milhões <strong>de</strong> dólares para apoiar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ONGs no campo da prevenção do HIV/<br />
AIDS. Mas o financiamento direto do governo fe<strong>de</strong>ral para ONGs <strong>de</strong> fato <strong>de</strong>clinou <strong>de</strong><br />
aproximadamente 7 a 8 milhões <strong>de</strong> dólares por ano em 2001 e 2003, para 3 milhões<br />
em 2007. Esse hiato <strong>de</strong>veria ter sido compensado com recursos dos programas estaduais<br />
e municipais <strong>de</strong> AIDS, mas estados e municípios não foram capazes <strong>de</strong> honrar esse<br />
compromisso. Assim sendo houve uma redução <strong>de</strong> quase 50% no que se refere ao número<br />
dos projetos <strong>de</strong>senvolvidos por ONGs que tinham como público-alvo as populações mais<br />
vulneráveis. Em 2003 o Programa Nacional <strong>de</strong> DST/AIDS apoiou quase mil projetos<br />
implementados pela socieda<strong>de</strong> civil (ONGs), e hoje esse número não chega a 500<br />
(SIMOP/PN-DST-Aids em 13/5/2008 – Departamento <strong>de</strong> Planejamento – ASPLAN).