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Sexualidade e desenvolvimento: a política brasileira de ... - Abia

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Análise <strong>de</strong> contexto 19 •<br />

Ao longo dos anos 1980, a consolidação e a expansão da parceria com o estado<br />

conferiram legitimida<strong>de</strong> e visibilida<strong>de</strong> às organizações e <strong>de</strong>mandas das prostitutas. Em<br />

1993, o Programa Nacional <strong>de</strong> DST/AIDS assinou um acordo <strong>de</strong> empréstimo com o<br />

Banco Mundial (AIDS I). Entre 1994-1998, já sob as novas regras do AIDS I, houve uma<br />

mudança <strong>de</strong> estratégia no sentido <strong>de</strong> “expandir as ações <strong>de</strong> prevenção para antecipar-se<br />

à epi<strong>de</strong>mia”. Em outras palavras, o Programa Nacional <strong>de</strong> DST/AIDS reconhecia que<br />

não era suficiente intervir apenas nas localida<strong>de</strong>s ou grupos que já apresentavam altas<br />

taxas <strong>de</strong> prevalência, fazendo-se necessário ampliar as medidas <strong>de</strong> prevenção para toda<br />

a população potencialmente em risco.<br />

Entre 1998-2002, já sob o acordo AIDS II, o marco dos direitos humanos foi<br />

incorporado <strong>de</strong> maneira consistente às estratégias <strong>brasileira</strong>s <strong>de</strong> resposta à epi<strong>de</strong>mia do<br />

HIV. Isto teve uma importância crucial no sentido <strong>de</strong> criar condições mais favoráveis<br />

para enfrentar <strong>de</strong> forma sistemática a estigmatização e a discriminação <strong>de</strong> profissionais<br />

do sexo, inclusive travestis. Outra <strong>de</strong>cisão crucial foi <strong>de</strong>finir que os projetos <strong>de</strong><br />

prevenção seriam implementados diretamente pelas ONGs, já que o Ministério da<br />

Saú<strong>de</strong> e o Banco Mundial estavam convencidos <strong>de</strong> que estas tinham mais capilarida<strong>de</strong><br />

para alcançar grupos vulneráveis, e maior flexibilida<strong>de</strong> para o trabalho no nível local,<br />

mantendo o Programa Nacional a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir estratégicas <strong>de</strong> política<br />

e as respectivas normas. A transferência <strong>de</strong> recursos financeiros para as ONGs foi<br />

implementada através <strong>de</strong> editais e concorrências públicas para apresentação <strong>de</strong> projetos,<br />

a serem avaliados por uma comissão externa. Des<strong>de</strong> então, um amplo leque <strong>de</strong> ONGs<br />

<strong>de</strong> todo o país, inclusive grupos e associações <strong>de</strong> prostitutas, passaram a implementar<br />

projetos <strong>de</strong> prevenção do HIV/AIDS.<br />

No início dos anos 1990, grupos <strong>de</strong> travestis e suas li<strong>de</strong>ranças também ganharam<br />

mais visibilida<strong>de</strong> no ambiente da resposta <strong>brasileira</strong> ao HIV/AIDS, inicialmente<br />

como responsá-veis pelas casas <strong>de</strong> apoio para as pessoas soropositivas e, mais tar<strong>de</strong>,<br />

como ativistas da pre-venção. O primeiro Encontro Nacional <strong>de</strong> Travestis e Liberados<br />

contra a AIDS (ENTLAIDS) aconteceu em 1993. Em 1996, o Programa Nacional<br />

<strong>de</strong> DST/AIDS elaborou programas específicos para alcançar os HSH e travestis (que<br />

estivessem tambem engajados no sexo comercial) através do Projeto SOMOS. Em 2003,<br />

estabeleceu-se o Projeto Tulipa e sua respectiva re<strong>de</strong>, tendo como principal objetivo<br />

i<strong>de</strong>ntificar, sensibilizar e empo<strong>de</strong>rar lí<strong>de</strong>res e organizações <strong>de</strong> travestis, transexuais e<br />

transgêneros. A meta foi criar cinco centros <strong>de</strong> referência para esses grupos, um em cada<br />

região do país, cada qual <strong>de</strong>stinado a funcionar como centro <strong>de</strong> <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong> <strong>de</strong><br />

capacitação e mobilização social local.<br />

No início <strong>de</strong> 2000, foi intensificado o processo em curso <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização dos<br />

programas <strong>de</strong> HIV/AIDS para os níveis estaduais e municipais, em conformida<strong>de</strong> com<br />

as normas e a lógica do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS). Foi lançado o programa <strong>de</strong><br />

prevenção Esquina da Noite, uma nova proposta que exigia das ONGs a constituição

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