OCULTOS E EXCLUÃDOS - Claudio Di Mauro
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CAPÍTULO XI<br />
TEMPOS MODERNOS<br />
O período posterior à Revolução de 30 fez refletir em Rio Claro seu<br />
espírito de modernidade. Os “Tempos Modernos” dividiam as opiniões em meio<br />
aos formadores de opinião no final dos anos 60. Enquanto para alguns<br />
representavam evolução, tempos bons e democráticos, para outros, localizados<br />
como “dias de hoje”, significavam confusão, falta de moral e de educação.<br />
Entre os moradores era comum encontrar declarações exemplares sob<br />
a mudança dos tempos, como a de uma dona de casa não denominada: “Não se<br />
vê mais a fartura que havia antes, frutas, verduras, tudo mais gostoso. Até<br />
para comprar agora é diferente, se a gente não tiver cuidado o verdureiro xinga<br />
a gente. Antes, não, todo mundo era educado. O povo agora é desconfiado e<br />
explorador. No meu tempo, não. Hoje a gente tem que ir ao mercado e é tudo<br />
mais caro”.<br />
O presente material limita-se à reprodução parcial da tese de<br />
doutorado da cientista social Neusa Costa Davids elaborada de 1959 a 1968<br />
para obtenção do título à cadeira de Ciência Política da Faculdade de Filosofia,<br />
Ciências e Letras de Rio Claro. Na obra, a autora historia a política local desde a<br />
formação do município até o golpe militar de 1964.<br />
Sob o título de “Poder Local: Aparência e Realidade”, Davids divide o<br />
perfil da política de Rio Claro em dois períodos. O primeiro, durante o Império,<br />
é caracterizado pela centralização do poder na figura do Coronel do Campo, em<br />
contraponto ao segundo, identificado como época do Coronel de Cidade, na<br />
inicial fase republicana, finalmente substituído pelo clientelismo eleitoral dos<br />
tempos modernos.<br />
A socióloga analisa minuciosamente o processo em que, a partir dos<br />
anos 30, a elite rural foi substituída gradualmente por uma classe média<br />
emergente. O contexto era ampliado pela influência de segmentos trabalhistas<br />
em vias de organização.<br />
Para Davids, o perfil do que poderia haver gerado uma nova política<br />
foi absorvido pelo tradicionalismo. As expectativas mais liberais por parte das<br />
classes trabalhadoras foram habilmente neutralizadas por composições com os