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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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permitiu-se que as municipalidades e a iniciativa particular se dedicassem a<br />

esse ramo de ensino, até então privilégio dos poderes públicos estaduais, daí<br />

surgindo as chamadas escolas normais livres.<br />

Enquanto esses novos institutos se organizavam, o ensino era mantido<br />

pelas escolas subvencionadas e pelo professorado leigo (extinto com a<br />

Revolução de 30) até o momento em que as escolas normais diplomavam as<br />

primeiras turmas de professores.<br />

Testemunhos do período contam que o curso em Rio Claro foi<br />

disputado pelo presbiteriano e educador Joaquim Ribeiro, então proprietário de<br />

um instituto de educação particular instalado no prédio em que hoje se<br />

encontra o Museu “Amador Bueno da Veiga”, na esquina da Avenida Dois com<br />

Rua Sete. Ali ele mantinha escola de primeiras letras, ginásio e curso de<br />

comércio, que tornaria municipal e estadual em 1938.<br />

O concorrente do líder protestante foi exatamente o monsenhor Botti,<br />

que acabou conseguindo efetivar integralmente seu projeto. Segundo familiares<br />

(75) do deputado estadual por Rio Claro, até 1929, coronel Marcello Schmidt,<br />

coube a ele a decisão entre Botti e Ribeiro.<br />

Amigo de ambos, o deputado teria enfrentado situação<br />

constrangedora em uma decisão envolta em questões religiosas. Seu recurso de<br />

consenso foi garantir que a escolha recairia sobre o primeiro que lhe fizesse, em<br />

sua residência, entrega oficial do pedido para a instalação do curso. Assim<br />

fazendo, no dia determinado e logo nas primeiras horas da manhã, o<br />

Monsenhor Botti acabou vencedor. Por decreto de 16 de fevereiro de 1928, a<br />

escola normal do Puríssimo era equiparada às escolas normais oficiais, nos<br />

regimes de internato e externato.<br />

Durante décadas, o curso do Puríssimo marcou o auge do ensino para<br />

as elites de Rio Claro e região. Entre seus grandes momentos, a escola foi<br />

mobilizada para a confecção de fardamento durante a Revolução de 32. Dos<br />

visitantes ilustres que ali fizeram palestras destacam-se o educador Fernando<br />

Azevedo, o jurista Miguel Reale, o poeta Guilherme de Almeida e o escritor<br />

Malba Tahan.<br />

O conteúdo do ensino religioso pode ser verificado, especialmente, no<br />

discurso de Monsenhor Botti ao paraninfar a primeira turma de formandos, em<br />

1930. Ele enfatizava: “O mundo é perigoso... É muito falso nas suas<br />

insinuações... Lembrai-vos sempre que a vossa formação intelectual a<br />

recebestes numa casa de religiosas, debaixo das luzes da fé, à sombra dos<br />

ensinamentos do Evangelho e da cruz”. (76)<br />

Em documento sobre as solenidades, em 1946, comemorativas dos<br />

cem anos do curso normal no Brasil, o então vigário em Rio Claro, Cônego<br />

Antônio Martins e Silva, faz crítica direta à pedagogia moderna para formação

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