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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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com mensalidades variando de 3 mil a 10 mil réis. O curso de línguas incluía<br />

francês e alemão. As aulas particulares de música eram para piano, harmônica,<br />

bandolim, violino e cítara. Em 1918 a unidade passou à categoria de colégio.<br />

Logo nas primeiras décadas, o magistério tornou-se o objetivo maior<br />

no município, já que entendido como instrumento para profissionalização de<br />

professores para o ensino primário. Devido à sua capacidade de intervenção<br />

junto à sociedade, o curso passou a ser visto como de fundamental importância<br />

e garantia de ascensão social para as classes popular e média. Se a realidade<br />

universitária era restrita, limitada a algumas capitais, a figura do normalista<br />

ocupava, na prática, o “status” equivalente ao de “doutor”.<br />

A possibilidade de criação do curso, calculadas suas vantagens,<br />

integrou em Rio Claro diversos interesses sociais, de religiosos a políticos. Para<br />

as elites poupava a matrícula de seus filhos em escolas de fora, como a de<br />

Pirassununga. Para protestantes ou católicos seria um instrumento de difusão<br />

religiosa. Para os políticos representaria a valorização do colégio eleitoral.<br />

O ano de 1927 marca a disposição do governo estadual em ampliar o<br />

magistério por meio das então chamadas escolas normais livres, com este<br />

nome dado à característica de ensino particular. A iniciativa vinha do<br />

governador Júlio Prestes, quando a Secretaria do Interior, abrangendo o setor<br />

da Educação, tinha por titular Fábio Barreto. Participação considerada decisiva<br />

no programa, conforme testemunhos da época, teve o diretor geral de<br />

Instrução Pública, Amadeu Mendes, vindo de uma bem sucedida experiência<br />

como diretor do ginásio estadual de Campinas.<br />

O estímulo ao magistério decorria do combate ao analfabetismo e do<br />

objetivo de superar o desinteresse do professorado pela carreira, fatores<br />

resultantes dos fracassos nas reformas do ensino durante as primeiras décadas.<br />

Naquele momento movimentos reivindicatórios partiam da elite intelectual, que<br />

via na educação nacional o mecanismo adequado para a valorização da<br />

cidadania e, por meio desta, a consolidação democrática pelo exercício do voto.<br />

A época caracterizou-se tanto pelo entusiasmo como pelo otimismo pedagógico.<br />

Os educadores propunham, através de campanhas e debates, a substituição do<br />

abstrato cidadão dos liberais ou do analfabeto cidadão da Primeira República<br />

pelo brasileiro consciente do valor do voto.<br />

A legislação estadual, buscando concorrer a tais expectativas, entre<br />

outras providências, definiu-se pela redução do curso das escolas normais de<br />

cinco para três anos. A exceção valeu para a escola Caetano de Campos, na<br />

Praça da República, em São Paulo, que continuou com cinco anos. A meta era<br />

permitir que as poucas escolas normais do Estado aumentassem rapidamente a<br />

formação de professores primários.<br />

Como, porém, as escolas do Estado não fossem suficientes e ao<br />

Estado não conviesse, naquele momento, a criação de novas unidades,

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