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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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Biblioteca do Departamento de Educação da Unesp de Rio Claro e no Arquivo<br />

Público Municipal “Oscar de Arruda Penteado”.<br />

Com transferência de capitais da produção rural para a industrial,<br />

sobretudo após a crise de 1929, é que irão se destacar os debates sobre a<br />

necessidade de programas abrangentes de ensino. O analfabetismo tornava-se<br />

um problema concreto a ser enfrentado para se promover a integração popular<br />

no contexto produtivo e, conseqüentemente, para seu controle político num<br />

momento internacional em que as idéias socialistas tornavam-se instrumentos<br />

de transformação das estruturas da sociedade moderna.<br />

Com a Revolução de 30 o ensino experimentou uma nova fase sob o<br />

impulso do desenvolvimento urbano e industrial. Getúlio Vargas representou um<br />

esvaziamento do poder rural e o lançamento das bases industriais. Seu governo<br />

criou o Ministério da Educação e Saúde sob pressão do operariado que desde as<br />

décadas anteriores passara a ocupar espaços até então inexistentes na cena<br />

política. A onda vinha da Europa, movimentada pelos conflitos ideológicos<br />

decorrentes das teses marxistas.<br />

Desde antes, a Igreja Católica buscava resgatar sua influência<br />

reafirmando-se como agente civilizador, adequado para um mundo que<br />

caminhava para o materialismo. Desde o século anterior o poder romano viera<br />

esvaziado em meio à cultura moderna, quer pelo desenvolvimento da política<br />

liberal ou pela emergência das teses socialistas. Desde a Reforma, no século<br />

XV, as elites viam o romanismo com desconfiança. A pedagogia protestante<br />

ocupava espaços que a Igreja Católica pretendia manter por força da tradição<br />

iniciada pelos jesuítas.<br />

Junto à população, enquanto os protestantes traduziam a Bíblia para a<br />

linguagem popular, através de um sistema pedagógico próprio, entre os<br />

brasileiros católicos a Bíblia era ignorada. Neste aspecto, os protestantes faziam<br />

da alfabetização um ato religioso, para um Brasil católico analfabeto e com<br />

tradição caracterizada pela ausência de motivação pedagógica.<br />

Mesmo como religião oficial do Império, o catolicismo atravessara o<br />

século XIX no Brasil enfraquecido pela política do governo, cujo objetivo era<br />

manter sob seu domínio o chamado mundo temporal. Evita-se interferência de<br />

Roma nas decisões administrativas.<br />

A contar da expulsão dos jesuítas, a Igreja Católica havia perdido o<br />

controle de sua ação pedagógica no País. Com o avanço das idéias liberais e<br />

materialistas, somando-se o controle do Estado por lideranças maçônicas, o<br />

poder católico dissolvia-se.<br />

No ensino, a reação veio através da criação de externatos e internatos<br />

visando formar e multiplicar as bases de uma nova sociedade projetada sob<br />

princípios cristãos. Essa já era a situação no Império. Se difícil naquele instante,

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