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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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Oriunda de países que já haviam cumprido etapas de desenvolvimento<br />

socioeconômico características da modernidade e em franca via de expansão<br />

cultural, mesmo imperialista, tal influência apresentou-se como contraponto à<br />

estrutura nacional, marcadamente ruralista, conservadora e patrimonialista.<br />

Em dado momento, o fomento liberal coincidiu com os interesses da<br />

nova elite cafeeira que disputava o poder com a nobreza imperial. A mudança<br />

tanto da economia quanto da política dependeria do apoio de uma população<br />

alfabetizada, capaz de se instrumentar pelo voto para renovar lideranças. Tal<br />

expectativa durou pouco. As novas lideranças, republicanas, ao se instalarem<br />

no poder como pretendiam e conseguiram, evitaram a reestruturação social.<br />

A contramarcha liberal retirou a possibilidade cultural do País de<br />

modernizar-se. Ao mesmo tempo, inviabilizou a formação e reprodução da nova<br />

elite conforme se verificava nas nações que disputavam a hegemonia<br />

internacional. Na política, sem renovação, o País ficou sem lideranças que<br />

pudessem colocá-lo em sintonia com os novos tempos. A própria influência<br />

cultural dos protestantes refluiu. Ao final do processo, veio a se concluir que o<br />

racionalismo da proposta liberal protestante não conseguiu vingar em meio à<br />

cultura conservadora, quase feudal, dos trópicos.<br />

Apesar do desprezo que os historiadores brasileiros mantêm sobre a<br />

influência pedagógica dos americanos neste período, em meio ao interior<br />

paulista, a partir de G. Beaulieu é possível pontuar as principais de suas<br />

inovações já a partir das duas décadas imediatamente anteriores à República.<br />

(69)<br />

Das inovações, ele destaca a Escola Americana de São Paulo (1870),<br />

incorporada ao Mackenzie College e fundada por Mary Annesley Chamberlain,<br />

inicialmente só com o curso elementar, e a partir de 1887 também com o<br />

secundário. No destaque de Beaulieu inclui-se o Colégio Piracicabano (1881).<br />

A estes deve ser acrescentado o Colégio Internacional de Campinas<br />

(1870), fundado por George Nash Norton, de Virgínia, e Edward Lane, de<br />

origem irlandesa. Dos objetivos da escola, Boanerges Ribeiro diz: “Norton quer<br />

os filhos da elite nacional, para educá-los no modelo cultural protestante, ainda<br />

que não venham a tornar-se protestantes; visa a realizar um tipo de ser<br />

humano análogo ao das classes dirigentes de seu Estado natal, berço de<br />

estadistas norte-americanos e pais de sua pátria; pretende lançá-los contra o<br />

status quo, como agentes de mudanças sociais que julga necessárias”. (70)<br />

Os presidentes da República, Bernardino de Campos e Campos Salles<br />

(irmão de Joaquim Salles), foram alguns dos destacados nomes da elite paulista<br />

cujos filhos estudaram na escola de Campinas, que, especialmente, em 1875,<br />

recebeu a visita do imperador D. Pedro II. Ali estudou, em 1876, Marcello<br />

Schmidt, futuro líder político de Rio Claro.

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