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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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normal, mas o abandonou em 1884. Em momentos diferentes ela ocupou a<br />

segunda e a quarta cadeira para meninas.<br />

Na condição de professor, o primeiro rio-clarense normalista foi João<br />

von Atzingen. Data de 25 de fevereiro de 1892 sua correspondência inicial com<br />

Arthur César Guimarães, diretor da Instrução Pública. Referindo-se à varíola, ali<br />

von Atzingen informa “não poder assumir a primeira cadeira de Rio Claro por<br />

estarem as escolas fechadas devido à epidemia”. Consegue fazê-lo dois meses<br />

depois. As condições em que encontra a escola são precárias, o que o leva a<br />

nova correspondência ao governo provincial “consultando o que fazer com seus<br />

alunos, pois estão assistindo às aulas de cócoras devido à falta de móveis, que<br />

está cansado de pedir às autoridades competentes”.<br />

Uma sala de aula, que correspondia a uma escola, em prédio público<br />

ou na casa do professor, caracterizava-se por bancos escolares, um mapa da<br />

Província (ou Estado) e um quadro negro, de pedra, sobre cavaletes. É sobre a<br />

falta desse material que João von Atzingen reclamava, da mesma maneira que<br />

vários outros professores antes o fizeram. No caso, sua providência foi custear<br />

o frete do mobiliário, cuja origem não se conhece. Ele deixou documentado,<br />

porém, em ofício de 30 de julho de 1892 ao ministro do Estado dos Negócios do<br />

Interior, Vicente de Carvalho, pedido para que fosse requisitado do<br />

Superintendente da Estrada de Ferro o dinheiro do frete que ele se viu obrigado<br />

a pagar para o transporte dos móveis escolares.<br />

Em 1896 as unidades públicas de ensino do município passaram à<br />

categoria de Escolas Reunidas de Rio Claro, em vias de se tornarem grupo<br />

escolar. O fato consta de correspondência entre os governos da época.<br />

Em meio a tal documentação há, curiosamente, referência a “processo<br />

disciplinar” instaurado por Flaviano Justiniano Borges Barros contra o Professor<br />

João von Atzingen. Os registros são escassos, localizam tão somente a denúncia<br />

de que Flaviano “se viu ofendido por palavras e ameaças de João von Atzigen”<br />

(64). Seja como for e qual tenha sido o resultado do processo, o que se verifica<br />

é que no ano seguinte, a 11 de janeiro de 1897, João von Atzingen foi nomeado<br />

inspetor literário do 38º <strong>Di</strong>strito, com sede em Botucatu. No dia 15, do mesmo<br />

mês, tomou posse. Logo depois, em 1900, ele voltou a Rio Claro, como diretor<br />

em comissão, do Primeiro Grupo Escolar em fase de criação e instalação. O<br />

diretor da escola era Joaquim Antonio de Ladeira, também normalista e<br />

membro da Guarda Nacional.

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