OCULTOS E EXCLUÃDOS - Claudio Di Mauro
OCULTOS E EXCLUÃDOS - Claudio Di Mauro
OCULTOS E EXCLUÃDOS - Claudio Di Mauro
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
onde esteve anexa também a cadeia pública desde 1870, hoje o Fórum. A<br />
transferência (tudo indica que justificada para reformas do Paço Municipal)<br />
implicou sacrifício da sala de aula da segunda cadeira masculina. No antigo<br />
número 5 ficou apenas a terceira cadeira feminina. Ambos os locais, Câmara e<br />
escola, eram utilizados periodicamente para secções eleitorais, igualmente o<br />
Gabinete de Leitura, que mantinha a terceira cadeira masculina com o Padre<br />
Flamínio Álvares Machado de Vasconcellos, aposentado em agosto daquele ano.<br />
A quarta cadeira, por algum motivo, encontrava-se desativada, e seus móveis<br />
vinham sendo transferidos para suprir as necessidades das demais classes.<br />
A ocupação da escola pela Câmara Municipal, na época acumulando os<br />
poderes executivo e legislativo de hoje, levou o governo a alugar uma casa, na<br />
Rua Três, para a segunda cadeira. A decisão foi comunicada à Secretaria<br />
Estadual dos Negócios do Interior, em oficio que data de 6 de setembro de<br />
1893. O governo do Estado, responsável tanto pelo ensino como pelo imóvel,<br />
manifestou-se contrário à iniciativa, determinando “com a máxima urgência<br />
serem aqueles prédios entregues aos respectivos professores, para assim não<br />
ser contrariado o objetivo do doador”. (62)<br />
Os registros de 1898 mostram que a orientação do governo estadual<br />
não apenas deixou de ser cumprida como o Salão do Júri passou a ocupar o<br />
espaço da outra classe, a terceira cadeira feminina. Em 1898, prédio da mesma<br />
Rua Dois, antigos números 9 e 11, esquina com a Avenida Dois, acabou sendo<br />
utilizado como alternativa para instalação das secções eleitorais. As secções<br />
eleitorais naquele ano eram cinco: na Câmara Municipal, Salão do Júri, escola<br />
pública da Rua Dois, número 9, na escola pública da Rua Dois, número 11, e no<br />
Gabinete de Leitura.<br />
Dos primeiros professores públicos vale destacar Maria do Prado Leme<br />
e Silva, que assumiu, em 1850, a então chamada Aula Nacional de Primeiras<br />
Letras, para o sexo feminino. Naquele período a Assembléia Legislativa ainda<br />
regulamentava a Instrução Pública, a ser assumida pela Província. Na prática<br />
pouco havia de organizado, no setor público ou privado. Em suas<br />
correspondências à Inspetoria Geral de Instrução de São Paulo, instalada em<br />
1851, a professora informava rotineiramente da situação do ensino no<br />
município, sobre a abertura de aulas particulares e de “seu procedimento<br />
quanto a alunas que abandonavam a escola”. Através de inúmeros ofícios<br />
deixou registrados pedidos para liberação de seu pagamento pela coletoria,<br />
após respectivos comunicados à Câmara Municipal. Muitas vezes reclamava do<br />
“nível baixo dos salários”. (63)<br />
Além de expedientes burocráticos, carência de recursos, surtos<br />
endêmicos e baixos salários, os professores eram submetidos à fiscalização<br />
moral e mesmo política. Curiosa correspondência de 1863-64 indica episódio a<br />
ser mais bem investigado, envolvendo o Professor Aureliano Pedro Alexandrino.<br />
Em oficio de dezembro de 1863 o presidente da Câmara Municipal, José Luiz<br />
Borges, informa à Instrução Pública de São Paulo “sobre o procedimento civil e