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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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a 450$000 nas vilas; e, de 300$000 a 350$000, nas outras povoações. Rio<br />

Claro passara à categoria de vila por efeito da lei número 13, de 7 de março de<br />

1845, e à de cidade, pela lei número 44, de 30 de abril de 1857.<br />

A título de comparação, em 1847, o ordenado base do professor<br />

primário e normalista, nas cidades, equiparava-se ao de oficiais do nível<br />

tenente da Província de São Paulo, que recebiam 420$000 anuais, ou 35$000<br />

mensais (61). Na época a política para a Instrução Pública era de contenção de<br />

gastos, o que incluía os salários pagos aos professores, tratados de forma<br />

adaptativa, e não com efetivos aumentos, com uso de distinções, promoções e<br />

gratificações. Mesmo o local das aulas era fornecido apenas sob certas<br />

condições. No final do século o salário em Rio Claro era de 600$000, ou 50$000<br />

mensais. Nas atas da Câmara Municipal são freqüentes os registros pedindo<br />

liberação dos vencimentos e respectivas reclamações por seu pouco valor.<br />

Os baixos salários sempre representaram problema para a qualidade<br />

do ensino público. Era comum o professor fazer opção pelo setor privado. O<br />

trabalho era considerado antes uma prestação de serviço do que exatamente<br />

uma profissão. É o que se verifica, por exemplo, no Almanaque de São João de<br />

Rio Claro para 1873, organizado pelo tabelião e professor de primeiras letras<br />

Tomaz Carlos de Molina. Neste material a listagem dos profissionais do<br />

município deixa de incluir os professores, para apresentá-los em secção à parte.<br />

As profissões, propriamente ditas, caracterizam-se ali pelas artes e ofícios.<br />

Na qualidade de prestadores de um serviço sob permanente atenção<br />

do poder público e mudança de legislação, os professores, apesar de<br />

submetidos a concursos e outras exigências burocráticas, quase sempre eram<br />

desassistidos. Parte significativa de seus ofícios, diretamente para a inspeção<br />

provincial ou local, apelavam para que os salários atrasados fossem pagos<br />

através das Coletorias Gerais e Provinciais. O órgão em Rio Claro localizava-se<br />

na então Rua do Comércio, hoje Avenida Um.<br />

A carência não se limitava a salários, mas incidia também sobre<br />

material de ensino, móveis para as salas de aula e, não raro, sobre local para<br />

instalação da classe. Uma das características que se mantinha na época era a<br />

do professor lecionar em sua casa. O funcionamento de uma aula ou escola, ou<br />

ainda cadeira, não dependia da existência de um local preparado para sua<br />

instalação. O edifício escolar, uma sala, era providenciado pelo próprio<br />

professor, particularmente, ou através de apoio e representação da Câmara<br />

Municipal e, mais tarde, da Comissão de Inspeção.<br />

No final do século, em Rio Claro, o prédio doado em 1880 pelo Barão<br />

de Piracicaba, Raphael Tíbias de Barros, para criação de escola filantrópica,<br />

acabou sendo utilizado pelo município para ali instalar aulas públicas, não<br />

obstante a orientação do doador. O imóvel se localizava na Rua Dois, antigos<br />

números 3 e 5, onde hoje se encontra o Circulo Operário Cristão. Para o prédio<br />

de número 3, a Câmara Municipal foi transferida em 1893, vinda do imóvel

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