OCULTOS E EXCLUÃDOS - Claudio Di Mauro
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ABERTURA<br />
A crônica histórica do município, há décadas, tem preservado<br />
importantes aspectos da formação e desenvolvimento de Rio Claro, longe,<br />
porém, de já haver delimitado um universo de pesquisas suficientes que<br />
esbocem o perfil já ocupado pelos agentes da cultura local quer a nível<br />
municipal ou nacional.<br />
“Ocultos e Excluídos” busca sugerir temas e nomes relacionados a Rio<br />
Claro que possam vir a ser objeto de pesquisas capazes de garantir inclusões<br />
úteis à história e cultura das novas gerações. Os presentes ensaios recuperam<br />
de forma modesta e apenas indicativa traços de personagens que, não obstante<br />
tenham cumprido destacada biografia, encontram-se quase que excluídos da<br />
crônica tradicional.<br />
A referida exclusão, é certo, prende-se à falta de sistematização das<br />
ações de pesquisa e restrição da área de interesse dos cronistas, estes,<br />
comumente limitados ao resgate de raízes familiares ou institucionais, campos<br />
mediados por filtros ideológicos e afetivos. Dessa forma, a natureza dos<br />
registros tradicionais implica na ocorrência de lacunas inexploradas e no fato de<br />
expressões importantes acabarem eclipsadas ou ocultas. Nada que não venha a<br />
ser superado com o tempo, pela hipótese otimista que sempre deve ser<br />
sustentada.<br />
Apenas raciocínios simplistas, porém, podem menosprezar o que o<br />
trabalho voluntário ou amador produziu nos mais de cem anos de crônicas<br />
históricas no município. A herança legada por seus agentes é imprescindível<br />
para tudo o que se venha ainda a fazer. As costumeiras críticas à qualidade<br />
interpretativa daqueles materiais podem ser vistas como atemporais, além de<br />
subentenderem a pretensão de encontrar a história pronta.<br />
A crítica atemporal desconsidera que interpretações são frutos de seu<br />
tempo; incorre, portanto, na limitação de criticar fatos ou relatos históricos do<br />
passado com base na maneira de pensar do presente, assim desconhecendo<br />
tempo e contexto particulares de cada época. Ação e pensamento devem ser<br />
tratados em suas particularidades originais para que a cultura tenha condições<br />
de manter-se sempre revigorada por interpretações cada vez mais abrangentes.<br />
Querer atribuir-se eternidade à interpretação de um tempo sobre outro<br />
equivaleria a uma ditadura ideológica, o que se pode afirmar sem risco de<br />
incorrer em pueris relativismos.<br />
Ao considerar-se o tema da pesquisa histórica local cabe lembrar o<br />
promissor período entre as décadas de 1960 e 1970, quando Rio Claro contou