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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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demonismos o levariam ao posto pretendido, pensaria o polemista. Apesar de<br />

pressionado, Plínio Salgado conseguiu driblar as teses racistas e extremistas de<br />

Barroso, que historicamente acabaram vencidas.<br />

A polêmica do satanismo das sociedades secretas apoiou-se no fato de<br />

muitas cultuarem a imagem de Bafomé, que seria o diabo. Trata-se de uma<br />

figura imaginária com partes humanas e de animais entre diversos símbolos<br />

típicos do esoterismo. As fusões do corpo humanas com pés e cabeça de bode<br />

completadas por alegóricas asas, perfazem um conjunto esteticamente sombrio<br />

e assustador. A associação com a imagem do demônio torna-se imediata. As<br />

explicações das partes envolvidas no debate sobre o bizarro culto nunca<br />

chegaram a ser conclusivas.<br />

Pesquisadores do esoterismo consideram que a figura de Bafomé,<br />

apesar do mau gosto estético, nada teria a ver com satanismo. Ao contrário,<br />

seria um símbolo do Bem Universal. Segundo tais interpretações, o bode é<br />

adotado por ser símbolo da fertilidade e animal sagrado nas religiões antigas,<br />

para sacrifícios. A evidência de que Bafomé corresponderia ao espírito do Bem<br />

estaria no fato de sua imagem trazer uma chama sobre a cabeça,<br />

representando a Grande Luz. Se fosse uma figura maligna, em vez de luz ele<br />

viria marcado por simbolismos das trevas, que não é o caso, dizem. Finalmente,<br />

se a imagem de Bafomé representasse a mal, ela traria asas como as de<br />

morcego, características das sombras. Também não é o caso, pois suas asas<br />

são do tipo utilizado para representar anjos do Bem.<br />

Seja como for, a modernidade acabou com a antiga polêmica. Da<br />

Bucha nunca mais se falou. Seu nome e de outras sociedades do tipo ocupam<br />

espaço apenas no imaginário.<br />

Farsa ou testemunho?<br />

A Bucha promove o sucesso de seus membros mais fiéis e bloqueia o<br />

desenvolvimento daqueles que não fazem parte de seu grupo ou a ele<br />

represente algum tipo de concorrência.<br />

Esta é a síntese de suspeito registro na edição de 19 de dezembro de<br />

1935, do vespertino carioca “A Nota”. O documento é apresentado como carta<br />

ao editor Geraldo Rocha, que em edição anterior denunciara a entidade<br />

estudantil.<br />

A partir de elogios à iniciativa do jornal, o leitor diz-se frustrado e<br />

obscuro membro da Bucha. Ao descrever sua iniciação cercada de mistérios e<br />

atmosfera fúnebre, ele lamenta haver descoberto os reais objetivos da Bucha,<br />

muito tarde, e que por força de juramento não poderia tornar a situação<br />

pública. Sem revelar nomes ou detalhes ritualísticos, ele traça um rápido perfil<br />

de como vê a entidade. Alegando que na matéria anterior o jornal já havia<br />

cuidado de desvendar tais mistérios, omite-se em fazê-lo.

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