OCULTOS E EXCLUÃDOS - Claudio Di Mauro
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tudo, faculta a ampliação institucional, não obstante escaramuças<br />
personalísticas prudentemente absorvidas.<br />
O filósofo Olavo de Carvalho interpreta de maneira atenta esta que<br />
seria uma das características da entidade. A seu ver, deve salientar-se, desde o<br />
início, que a Maçonaria reúne a liberdade intelectual de uma sociedade de<br />
debates à rigidez e à disciplina de uma fraternidade iniciativa.<br />
Em complexa análise com base na Teoria do Conhecimento, Carvalho<br />
utiliza-se da diferença coercitiva que haveria em um grupo que se pauta pela<br />
administração de idéias, conceitos e pensamentos, do grupo que se ordena por<br />
símbolos, caso da Maçonaria. “Uma sociedade iniciática não tem necessidade de<br />
controlar as opiniões de seus membros, já que tem pleno domínio sobre o seu<br />
imaginário”, considera o filósofo em sua obra, insubstituível na leitura para<br />
compreensão de seu quase impenetrável significado.<br />
“Quanto mais liberdade de crença vigore ali dentro, quanto mais<br />
frouxa e menos dogmática for a doutrina da organização, mais eficaz será<br />
(sobre seus membros) esse controle, que tem todas as vantagens em<br />
permanecer implícito”, segue Olavo de Carvalho.<br />
Segundo ele, a Maçonaria resguardou-se da divisão ideológica,<br />
conservando seu arsenal simbólico protegido por uma névoa doutrinal. Lá<br />
dentro pode-se discutir tudo, mas a doutrina está a salvo de qualquer<br />
contestação na medida que é ambígua o bastante para poder admitir todas as<br />
interpretações. “Se todas as interpretações são válidas, todas já estão<br />
neutralizadas de antemão”.<br />
Ao contrário das grandes organizações dogmáticas, as sociedades<br />
secretas, pela dialética de sua própria busca de sobrevivência, alimentam as<br />
dissidências e as cisões: porque cisão, aí, significa automaticamente isolamento<br />
(os membros da loja dissidente não freqüentam mais as outras lojas) e<br />
isolamento significa impossibilidade de um confronto direto. A facção dissidente,<br />
isolada assepticamente, pode continuar integrada no conjunto: as sociedades<br />
secretas compõem-se, por definição, de compartimentos que se ignoram. A<br />
contribuição do filósofo, conhecida por alguns pesquisadores maçons de Rio<br />
Claro, é importante, porque é raro na bibliografia disponível alinhar-se por tal<br />
raciocínio.<br />
Subordinada ao Grande Oriente de São Paulo, a “Estrela do Rio Claro”,<br />
patrocinadora da Loja “Perseverança e Vigor Número 2638”, também na Rua<br />
Quatro, 708, divide o leque maçônico local com a “Fraternidade e Justiça<br />
Número 110”, na Avenida Navarro de Andrade; a “Amizade Fraternal Número<br />
275”, na Rua Oito, 1115 (ambas integrantes das Grandes Lojas de São Paulo e,<br />
respectivamente, fundadas em abril de 1959 e março de 1984); e a “Lealdade e<br />
Progresso Número 153” na Avenida 12, 345, Jardim Centenário (52). Essas<br />
foram fundadas a partir da década de 1960. A “Fraternidade e Justiça” tem seu