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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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autoria de seus projetos políticos de maior amplitude até a constatação dos<br />

resultados obtidos. Os sucessos seriam admitidos a posteriori, ao contrário das<br />

frustrações, historicamente subestimadas.<br />

O historiador maçom José Castellani, de São Paulo, questiona em seu<br />

artigo “PRP - Partido Maçônico?” (41) que a fase coronelística da Primeira<br />

República possa ser sintetizada como resultante de um partido maçônico, como<br />

teriam chegado a afirmar detratores do partido à sua época.<br />

Ao verificar a expressiva presença de maçons na formação do Partido<br />

Republicano Paulista, que, fundado em 1872, dominou a política nacional até<br />

1930, ele comenta: “Percebe-se que a esmagadora maioria dos participantes da<br />

reunião era formada por maçons atuantes. Além disso, a comissão formada<br />

para a divulgação do evento era composta por três maçons de proa, que viriam<br />

a influir, decisivamente, na vida política nacional - Américo Brasiliense, Américo<br />

de Campos e Campos Salles. Não quer isso dizer, todavia, que o PRP era um<br />

partido maçônico, como chegaram a afirmar alguns de seus detratores, já no<br />

ocaso da Velha República. Era, sim, de inspiração maçônica, já que se baseava<br />

num manifesto e num movimento com ampla participação de maçons; e a<br />

grande presença de maçons era, também, explicável: os espíritos progressistas,<br />

que desejavam a queda do ultrapassado regime monárquico, estavam reunidos<br />

sob a égide da mais evolutiva, liberal e progressista sociedade da época: a<br />

Maçonaria”.<br />

No destaque a seguir, José Castellani reforça a idéia de que os fatos<br />

históricos não podem ser determinados de forma exclusiva por qualquer<br />

intenção, seja ela qual for, de grupos ou indivíduos. Dessa forma, não obstante<br />

considere a influência maçônica, a descaracteriza como determinante seja onde<br />

for, sobretudo no conservadorismo da Primeira República. Assim faz remetendo<br />

a trecho da circular redigida pela referida comissão encarregada da divulgação<br />

do PRP, integrada por Américo Brasiliense, Américo de Campos e Campos<br />

Salles. Em determinado trecho encontra-se: “... em um regime sinceramente<br />

democrático, não há imposições possíveis, nem ciladas à opinião pública,<br />

armadas pelo orgulho, ou pelo capricho de um homem, por mais ilustre que ele<br />

seja”. Quanto a isto, na história mais recente vale lembrar do presidente e<br />

maçom Jânio Quadros.<br />

Separada a Igreja do Estado, a disputa religiosa também refluiu. O<br />

sínodo presbiteriano de 1903, ao rediscutir a chamada Questão Maçônica,<br />

através da Moção Gamonn, definiu que a compatibilidade ou não do<br />

protestantismo com a Maçonaria é decisão de foro íntimo. Encerravam-se assim<br />

longos e acalorados debates, sem os quais instalou-se o processo de<br />

acomodação cultural e conservadorismo político.<br />

O contexto nacional, no qual Rio Claro inclui-se como amostra<br />

adequada, caminhou da estagnação para a decadência, com a economia<br />

cafeeira falindo. O país endividou-se. A gradual industrialização e concomitante

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