OCULTOS E EXCLUÃDOS - Claudio Di Mauro
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Ituana). O primeiro núcleo maçônico com sede fixada em Rio Claro foi a Loja<br />
Fraternidade Terceira, com a anuência de Saldanha Marinho, em 1868.<br />
Este segmento dissidente reunia a elite do pensamento político, social<br />
e cultural brasileiro além de homens de decisão interna no Exército. Tal<br />
evidência contribuiu para avaliar a importância política de Rio Claro e da região<br />
no processo de desenvolvimento nacional, tema para outros estudos. Em 1897,<br />
Rio Claro chegou a ser o segundo produtor agrícola em São Paulo. O primeiro<br />
era Araraquara. (36)<br />
Data de 1870 o manifesto republicano de Saldanha Marinho. Sua<br />
principal conseqüência deu-se com a Convenção de Itu, em 18 de abril de 1873,<br />
na casa de Carlos Vasconcelos de Almeida Prado. Ali se encontra hoje o Museu<br />
Republicano, local onde se consolidou o Partido Republicano Paulista (PRP),<br />
criado em São Paulo na casa do maçom Américo Brasiliense, da Loja América.<br />
Dos participantes da convenção, dois chegaram à Presidência da República:<br />
Campos Salles e Prudente de Morais. Ambos eram fazendeiros no hoje Sudeste<br />
paulista. Campos Salles, irmão de Joaquim Salles, que viria a ser prefeito de Rio<br />
Claro, era membro da Loja Independência, de Campinas, e foi fundador da Loja<br />
7 de Setembro, de São Paulo. Prudente de Morais, da família do fundador de<br />
Rio Claro, Antonio Paes de Barros, e de Raphael Tobias de Barros (patrono do<br />
grupo escolar local “Barão de Piracicaba”), era membro da Loja Beneficência<br />
Ituana e foi fundador da Loja Piracicaba, naquele município. Da Convenção de<br />
Itu participaram representantes de Campinas, Botucatu, Amparo, Bragança,<br />
Piracicaba, Capivari, Jaú, Jundiaí, Indaiatuba, Itapetininga, Itatiba, Mogi Mirim,<br />
Porto Feliz, Sorocaba, Monte Mor, São Paulo e Rio de Janeiro. A participação<br />
exata de Rio Claro ainda depende de pesquisa. (37)<br />
Um ano antes da Convenção de Itu, mais exatamente em 6 de janeiro<br />
de 1872, foi fundado o Clube Republicano Rio-Clarense. Aqui participou de sua<br />
fundação, realizada no Teatro São João (anteriormente Teatro Fênix, um<br />
símbolo maçônico), Campos Salles, que chegou a exercer a advocacia no<br />
município. Em seu discurso ele criticou o atraso material e moral do País nos<br />
seguintes termos: “A dívida pública cresce sempre na mesma proporção que<br />
crescem os impostos e por conseqüência mais aumenta o vexame das classes<br />
produtoras”.<br />
No que se refere à relação da Maçonaria com a Igreja Católica, a crise<br />
de maior notoriedade refere-se à questão de 1872. Por iniciativa de bispos<br />
brasileiros da época, deu-se nova, porém mais intensa ruptura entre as<br />
instituições, com a proibição de maçons figurarem nas irmandades católicas e<br />
padres pertencerem à Maçonaria. O Parlamento, às voltas com a reforma da<br />
Constituição, naquele momento, assistiu a expressiva defesa de Saldanha<br />
Marinho pela separação entre Igreja e Estado, fato que viria a concretizar-se<br />
com a República. (38)