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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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Já em 1822 idéias republicanas moviam o maçom Gonçalves Ledo em<br />

sua disputa com Bonifácio Andrada, este primeiro grão-mestre de uma<br />

maçonaria que defendia a tese de uma monarquia nacional. Andrada pregava a<br />

união luso-brasileira através de uma comunidade de países autônomos que<br />

englobasse as colônias e não admitisse a escravidão. Nesses itens não era<br />

acompanhado por seus pares, que trabalhavam com a idéia de um liberalismo<br />

alicerçado no trabalho escravo. A fraternidade acabou sendo fechada em<br />

polêmica disputa com D. Pedro I, acusado até o último momento de traidor dos<br />

maçons. Por conseqüência, ele abdicou do trono em 1831 e seguiu para<br />

Portugal.<br />

A abdicação deixou o país em turbulência, sob risco de ruptura da<br />

unidade nacional e guerra civil. A crise era simultânea na Maçonaria, motivada<br />

e mobilizada internamente pela histórica dissidência de 1831 protagonizada<br />

pelas lideranças de Nicolau de Campos Vergueiro, fundador de Rio Claro, e<br />

Andrada, ainda sustentando projetos de um Brasil autônomo, mas vinculado a<br />

Portugal.<br />

Vergueiro, apesar de português de nascimento, era um dos<br />

fazendeiros mais poderosos do país e defendia idéias nacionalistas consideradas<br />

radicais, o que o levaria em 1842 à tentativa de uma revolução liberal a partir<br />

de Limeira. O ex-ministro da Justiça, Feijó, esteve ao seu lado naquele<br />

fracassado episódio. (30).<br />

Por decorrência do confronto em 1831 entre as duas correntes<br />

maçônicas, verificou-se primordial cisão na cúpula da instituição (31). Vergueiro<br />

desligou-se do Grande Oriente do Brasil, que acabava de ser reconstituído por<br />

Andrada, e juntamente com demais líderes nacionalistas fundou o Grande<br />

Oriente Brasileiro.<br />

A fim de garantir a unidade territorial em risco por falta de governo,<br />

datam da época a Guarda Nacional e as sociedades políticas defensoras da<br />

liberdade e da Constituição, articuladas pelos então regentes Vergueiro e Feijó,<br />

este também maçom apesar de membro do clero de versão nacionalista. Face<br />

ao risco de conflagração militar, ele lançava mão de instituir entidades civis<br />

como alicerce da segurança nacional. (32)<br />

A retrospectiva desses fatos vale para esclarecimento da origem<br />

dessas sociedades defensoras da Constituição (muitas de caráter<br />

paramaçônico), as quais se transformariam logo a seguir nas chamadas<br />

Sociedades do Bem Comum, cuja versão em Rio Claro deu inicio à formação do<br />

município. E, a partir daí, a possibilidade dos fazendeiros locais terem<br />

representatividade política e eleitoral.<br />

Em suma, para garantir a unidade territorial de um país sem<br />

imperador e em época de turbulência, foram criadas as sociedades nacionais<br />

defensoras da Constituição. Quando o problema foi resolvido, com a instituição

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