OCULTOS E EXCLUÃDOS - Claudio Di Mauro
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APRESENTAÇÃO<br />
<strong>Di</strong>fícil e árdua missão a nós atribuída não fosse possível a distinção<br />
entre a pessoa do amigo e colega, jornalista José Roberto Sant'Ana, a quem<br />
sempre dedicamos consideração e respeito, do empreendimento realizado por<br />
ele e que, mergulhando profundamente na História de Rio Claro, apreende e<br />
pesquisa um rico período cultural, de 1820 a 1920, com seqüência até 1964,<br />
para efeitos conclusivos. Na verdade, de uma “história local rica e vigorosa e<br />
que estabeleceu alicerces fundamentais para a cultura paulista e nacional”, o<br />
autor consegue preencher lacunas e demonstrar inúmeras exclusões de pessoas<br />
intervenientes em diversos processos fático-culturais do período assinalado.<br />
O trabalho foge das raias do empirismo para se colocar no nível<br />
científico desejado, integrando personagens ocultos e excluídos, título da obra,<br />
no processo histórico rio-clarense, desde que estiveram ligados diretamente à<br />
nossa comunidade e às nossas realizações e que, por isto mesmo, não podem<br />
passar despercebidos para a presente e as futuras gerações. Atribui o autor, é<br />
certo, a omissão ou exclusão à falta de sistematização das ações de pesquisa,<br />
aos filtros ideológicos e afetivos e ao resgate de raízes familiares ou<br />
institucionais, ocorrências que restringiram os trabalhos históricos, de que se<br />
tem notícia, a obras incompletas, com lacunas agora preenchidas.<br />
Ainda, não escapou das observações e análises do autor o aspecto<br />
político-ideológico do período estudado. Verifica que, no discurso liberal,<br />
“cultuado desde a Independência, e sua prática efetiva, há evidência de<br />
significativa distância”, não se esquecendo de acentuar que o distanciamento,<br />
na verdade, é resultado e decorrente do antigo conservadorismo. O ideal e o<br />
real vêm esboçados, em suas linhas básicas, “no relato de como as idéias<br />
liberais refluíram na prática dos coronéis do café, que logo proclamada a<br />
República, imprimiram ao país uma política tão conservadora quanto a que<br />
combatiam”.<br />
Notável o estudo relacionado aos professores, aliás, sempre vítimas da<br />
classe política naquele momento dominante. E, neste passo, inevitavelmente, o<br />
trabalho nos remete a pensar e refletir sobre o momento presente, valendo a<br />
observação nossa de que as épocas merecem tantas quantas interpretações<br />
forem necessárias e pertinentes, porque nenhuma análise de períodos pode ter<br />
a força de eternidade ou imutabilidade, sob pena de se passar a cultivar um<br />
descabido processo ditatorial histórico-ideológico.<br />
Com suporte neste raciocínio é que o autor, com bastante<br />
propriedade, trata da “Maçonaria na Terra de São João” e da “Bucha”,<br />
sociedade secreta de advogados, com berço na Faculdade de <strong>Di</strong>reito do Largo