OCULTOS E EXCLUÃDOS - Claudio Di Mauro
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Por suas viagens, passou a conhecer a realidade brasileira, não sem<br />
surpresa. “Em breve tomei conhecimento de alguns fatos interessantes, porém<br />
até então não suspeitos. Por exemplo, em uma cidade, perguntaram quantos<br />
banhos quentes eu queria que fossem colocados na conta. No interior do Brasil,<br />
os banhos quentes eram despesas extras. Em outro lugar, perguntaram-me<br />
quantas garrafas de água mineral eu queria que fossem incluídas na conta. Em<br />
breve, comecei a compreender como os inspetores viajantes tinham uma boa<br />
safra para colher, pois tinham muitas oportunidades de falsificar suas contas de<br />
despesas. Em outro lugar, fiquei mais espantado ainda em receber uma conta<br />
em branco convidando-me a preenchê-la à vontade”. Ciente de tal realidade,<br />
ele toma providências para controlar as despesas dos representantes. Estranha<br />
a cultura ética de seu país natal.<br />
Por ordem de Detroit, meses depois foi transferido para a Gerência de<br />
Pessoal e Serviços da plantação de borracha da Ford, no rio Tapajós. A ameaça<br />
de guerra no Pacífico levara a Ford a providenciar seu próprio suprimento de<br />
borracha. Havia comprado propriedades na Amazônia, ali mantendo plantações<br />
de seringueira. Viveu grande aventura em meio à floresta, em pleno ciclo da<br />
borracha. Como muitos, pegou malária. Recusando proposta da General Motors,<br />
é promovido pela Ford e enviado para o Departamento de Vendas no Japão.<br />
Sua esposa Helen permaneceu internada em um hospital de New Mexico. Ao<br />
partir para o Oriente, ele conta: “Não pude deixar de pensar como o menino de<br />
Rio Claro se sairia na Terra do Sol Nascente”.<br />
Chegando a Yokohama, logo assumiu as funções de visitar<br />
representantes da Ford no Japão. “Eu freqüentemente recebia tratamento<br />
especial, pois o Brasil era o único país onde os imigrantes agricultores<br />
japoneses eram bem recebidos. Muitos dos japoneses que conheci queriam<br />
saber mais a respeito do Brasil e ficavam felizes em saber que se permitia aos<br />
agricultores japoneses possuírem grandes pedaços de terra e que estavam<br />
ficando prósperos”.<br />
Designado gerente para o Sudeste asiático, Silvino assumiu a central<br />
da Ford em Manila. Pelo Oriente viajou entre 1927 e 1930. Depois de ter sido<br />
substituído em Manila e de ter gozado férias nas Filipinas, retornou ao Japão.<br />
<strong>Di</strong>sposto a não mais viajar para ficar com a mulher, Silva acerta com a Ford sua<br />
transferência para a fábrica de Long Beach, Califórnia, onde o clima era mais<br />
adequado para o tratamento de Helen.<br />
Convocado para transferência ao México, Silvino decidiu desligar-se da<br />
Ford. Semanas a seguir, estava na General Fireproofing Company, locado em<br />
Los Angeles. Ali ficou pouco tempo, já que em seguida assumiu uma comissão<br />
como representante comercial para o estado do Pará, nos Estados Unidos. No<br />
edifício da Câmara de Comércio de Los Angeles, montou o escritório, onde<br />
mantinha uma exposição permanente de produtos naturais da região<br />
amazônica. Por iniciativa do governo brasileiro, foi encarregado de representar<br />
o Norte do Brasil em missão comercial ao Japão. Nesta época divorcia-se de