OCULTOS E EXCLUÃDOS - Claudio Di Mauro
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CAPÍTULO V<br />
SILVA: CIDADÃO DO MUNDO<br />
Aqui inverte-se a rota migratória para apresentar o perfil de um<br />
brasileiro que deixa seu país em busca de oportunidades nos Estados Unidos.<br />
Ele é Silvino da Silva, que, após haver passado a infância trabalhando no<br />
açougue do pai em Rio Claro, cumpriu longa trajetória profissional pelos quatro<br />
quantos do mundo, tornando-se bem sucedido no comércio internacional.<br />
Testemunha da ascensão norte-americana à condição de maior<br />
potência do pós-guerra, Silva viveu o período em que o agressivo liberalismo<br />
norte-americano lançou as bases da maior economia da modernidade. Em<br />
rápida passagem de seus relatos, quando, mais tarde, viajando pelos interiores<br />
do Brasil, é sintomática sua percepção de carência nacional para a ética nos<br />
negócios privados.<br />
Sua trajetória profissional é útil para contrastar o desenvolvimento da<br />
tecnologia mundial da época com a de um Brasil limitado ao extrativismo para<br />
exportação de matérias-primas. Silvino da Silva publicou sua autobiografia no<br />
Brasil em 1978 por editora cujo endereço ainda não foi possível atualizar, o que<br />
poderia ser útil na localização de informações sobre o autor.<br />
“Nasci em uma pequena cidade brasileira, chamada Rio Claro, mas<br />
desde então tenho morado e trabalhado em cidades no mundo inteiro. De<br />
Tóquio a Detroit, de Manhattan a Manila, minha curiosidade e ambição inatas<br />
levaram-me a cursar os hemisférios em minha perpétua capacidade de Cidadão<br />
do Mundo”.<br />
Assim Silvino da Silva começa sua obra autobiográfica, aqui<br />
parcialmente reproduzida.<br />
Filho de José Vicente da Silva, natural de São Sebastião, e<br />
Guilhermina, de Barretos, Silvino conta que após o casamento, seus pais, em<br />
1888, mudaram-se para Rio Claro para aqui instalarem um açougue e cuidarem<br />
da fazenda herdada do avô materno, Coronel Antônio Modesto Cardoso de<br />
Moraes. Sua família morava na Rua Três, 71.