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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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levando em conta as necessidades de um agregado incontável de indivíduos.<br />

Cumpre ao educador conhecer a comunidade social tão completamente quanto<br />

os indivíduos submetidos à sua ação pedagógica”. Não há propriamente<br />

objetivos da escola; há objetivos da educação, garante.<br />

Se não é fácil, na complexidade da vida moderna, apreender os<br />

elementos essenciais e significativos do meio em que vivemos, a seu ver “é<br />

necessário que o aparelho escolar tenha hoje o gabinete de pesquisas<br />

sociológicas para organizar-se, pois, em um programa integral de educação,<br />

torna-se necessário, primeiro, averiguar quais são os elementos essenciais da<br />

civilização, e, em segundo lugar, quais as adaptações necessárias para que o<br />

aparelho educativo corresponda às situações específicas do agregado social em<br />

que se efetua o processo didático”, enfatiza.<br />

Ao lado da visão sociológica da educação, que faz lembrar sua<br />

associação positivista a Benjamim Constant, Erasmo Braga destaca a estrutura<br />

psicológica do educando. “O centro de interesse pedagógico deslocou-se, da<br />

matéria a ensinar, ao próprio aluno, que passa a ser o centro do programa todo<br />

de educação. A educação que era, outrora, desarticulada da vida e relacionada<br />

com o mundo fictício, entra no terreno da realidade”, faz notar. A referência<br />

corresponde às expectativas da pedagogia moderna em fase de assimilação e<br />

debate nos anos 1920 e 1930. “Deste conceito de educação resulta que o<br />

fetiche da uniformização do ensino, em todos os graus, é incompatível com a<br />

escola moderna. É imprescindível a flexibilidade dos cursos para que a escola<br />

não se isole da vida”, orienta Braga.<br />

“Isso indica-nos o caminho a seguir para a reconstrução radical do<br />

nosso sistema de educação. Não há praticamente um currículo, que sirva para o<br />

“hinterland” do Brasil e para os centros densamente povoados. A escola rural é<br />

necessariamente outra que a urbana, e a do <strong>Di</strong>strito Federal necessariamente<br />

terá de ser diferente da do Rio Grande do Sul ou do Amazonas”, assinala.<br />

Erasmo pesquisou e trabalhou em áreas específicas, como na<br />

campanha para formação de Círculos de Pais e Mestres, tratando sobre isso em<br />

grupos escolares. “Objetivos da Educação Popular” é o título de um estudo por<br />

ele feito a propósito do que se fazia no Instituto Central do Povo. Ali analisa os<br />

graves males do analfabetismo e a situação brasileira, para enaltecer a<br />

realização daquele instituto, resultado da filantropia do engenheiro W. Walker,<br />

para educação das populações ribeirinhas.<br />

Em seus principais itens, o documento traz: a) a instrução, diz<br />

Erasmo, deve ser aliada à higiene; a primeira aplicação eficaz do ensino é a de<br />

tornar o indivíduo sadio, capaz de viver bem, sendo o conservador da sua saúde<br />

e da comunidade em que vive; b) a instrução deve valorizar o trabalho: “A<br />

escola tem sido a porta pela qual os pais ambiciosos impelem os filhos a fugir<br />

da oficina, da lavoura, do trabalho, para a vida mais cômoda das carreiras<br />

liberais”. O alvo deve ser o de não se criar parasitas; c) a instrução deve fazer

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