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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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“Erasmo Braga foi um dos renovadores de nossa literatura didática. A<br />

série de livros, que compôs, teve o mais favorável acolhimento por parte de<br />

nossos educadores. No primeiro livro da série, verifica-se que há, por todo o<br />

contexto, material organizado segundo centro de interesse, indicado à idade<br />

dos pequenos leitores a que o livro é destinado: a família, os brinquedos, as<br />

plantas e os animais... Com eles soube o autor relacionar também os motivos<br />

para o desenvolvimento de associações necessárias. No segundo, procurou-se<br />

dar ao entrecho maior sentido de realidade. E, como conseqüência natural,<br />

procurou-se simplificar a linguagem, especialmente nas lições iniciais, que<br />

devem servir aos primeiros meses do ano. No terceiro, o penúltimo da série,<br />

Erasmo Braga teve em mente que a maioria das crianças brasileiras não<br />

permanece nas classes de ensino além do 3º ano. O volume foi assim<br />

preparado quase como um livro de final de curso. No quarto, o livro estimula o<br />

conhecimento da natureza, da história, da tradição, das instituições sociais,<br />

para criar ou desenvolver no espírito dos futuros brasileiros o amor ao trabalho<br />

útil, os sentimentos de civismo, de cooperação e solidariedade e de confiança<br />

nos desenvolvimentos material e moral de nossa terra. Ensinar a ler, dizia<br />

Emerson, é o que de melhor pode fazer a escola, trate-se da classe primária ou<br />

da universidade. Ensinar a ler - isto é, ensinar a ter o gosto da boa leitura e<br />

fazer dela o melhor uso e ensinar alguém a encontrar, em seu exercício, o pão<br />

e o sal do espírito, a fonte dos conhecimentos, os motivos de reflexão ou de<br />

entretenimento sadio... Haveria de ter pensado assim, certamente, o bom<br />

mestre que foi Erasmo Braga, ao compor a sua série de leituras”. (16)<br />

Erasmo Braga manteve correspondência permanente com o coronel<br />

Joaquim Ribeiro dos Santos (1865-1954), fazendeiro de café, político e<br />

educador na região de Brotas, Torrinha, Dois Córregos e Rio Claro. Ribeiro foi<br />

aluno de Dagama e fundador de escola particular em Rio Claro. Uma das<br />

escolas públicas estaduais no município leva seu nome, bem como o hospital<br />

particular de origem presbiteriana. Outro evangélico e rio-clarense de destaque<br />

na vida nacional, também ex-aluno de Dagama e guarda-livros como o pai de<br />

Erasmo Braga, foi Carlos de Carvalho (1866-1920), que em Rio Claro manteve<br />

escola particular com seu nome em 1887. Junto com <strong>Di</strong>onísio Caio da Fonseca,<br />

que manteria aula noturna no Gabinete de Leitura, criou o Colégio Rio-Clarense<br />

em 1888. (Penteado, 82)<br />

Erasmo Braga foi membro atuante da Associação Brasileira de<br />

Educação (ABE). Desde que se mudara para o Rio de Janeiro, começou a ser<br />

solicitado a dar pareceres sobre a educação e a fazer conferências sobre o<br />

tema. Não se tem precisão da circunstância de sua entrada para a agremiação.<br />

As reuniões da ABE não eram regulares. Sabe-se que Belizário Pena era um dos<br />

mentores e que Erasmo se entendia bem com ele e outros, tais como Gustavo<br />

Lessa. Apontamentos de algumas de suas conferências podem ilustrar seu<br />

pensamento. (17)<br />

Para ele, em educação é necessário um princípio coordenador, que é o<br />

sentido da comunidade. “O educador terá de estabelecer o seu programa,

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