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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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entendem o sermão e gostam dele, tanto ou melhor que os adultos, porque têm<br />

familiaridade com a linguagem da Bíblia, o que falta aos adultos. Os padres<br />

desgostam-se de nossa escola, muitíssimo. Vêem nela um exército treinado nas<br />

verdades do Evangelho que jamais poderão expulsar dos corações desses<br />

cordeirinhos de Cristo”.<br />

Sobre as refeições, documenta:<br />

“O sino os acorda às cinco e meia; às seis tomam café (é o hábito aqui<br />

na terra, tomar uma xícara de café ao acordar); às sete e quinze: arroz, feijão<br />

e farinha (que misturam com a comida). Às duas e quinze, jantar: arroz, feijão,<br />

farinha e batata doce. Sete e vinte, ceia: café com pão. Às vezes, no jantar,<br />

têm repolho, mandioca ou cará, em vez de batata doce (são raízes que os<br />

nativos gostam muito). Mas quando têm uma delas, não têm a outra. Comem<br />

carne duas vezes por semana. Bolos e tortas, etc, nunca; exceto no Natal,<br />

quando têm um pouco de bolo na ceia”.<br />

Do trato mantido com o vestuário, assinala:<br />

“Vestem-se com simplicidade, mas um pouco melhor que em suas<br />

próprias casas. Tanto meninos como meninas andam descalços, exceto quando<br />

vão à igreja, no domingo. Para as meninas, saia e blusa; os meninos, calça e<br />

camisa, sem casaco, exceto na igreja aos domingos”.<br />

No mesmo relatório, o educador vai prosseguindo:<br />

“Quando essas crianças chegam, não sabem dos bons modos, nem<br />

das coisas mais corriqueiras. Não sabem usar garfo, colher e faca, à mesa. Se<br />

você fala com eles, apenas sacodem a cabeça. Tudo é preciso ensinar-lhes.<br />

Nem brincar eles sabem: nem esconde-esconde, nem cabra-cega, etc. Quando<br />

aprendem, dizem que isso sim é que é vida, pois de tudo gostam, e muito!<br />

Aprendem tudo e tentam imitar-nos e, às vezes, mudam tudo radicalmente.<br />

Gostam de estudar e de cantar”.<br />

Finalizando, Dagama chega a delinear seu grande projeto pedagógico<br />

a ser mantido no Brasil.<br />

“Há trabalho específico para certo tipo de homens, como professores<br />

primários: “Bible readers” (evangelizadores de casa-em-casa) e “colportores”.<br />

Eles deviam ser bem instruídos na Bíblia e sua doutrina e treinados para esse<br />

trabalho. Devíamos ter um lugar aonde esses homens pudessem ir estudar a<br />

Bíblia, parte do ano, gastando o resto do tempo entre o povo, pondo em prática<br />

o que aprenderam. Homens assim supririam as grandes necessidades atuais do<br />

interior. O lugar poderia ser São João do Rio Claro, ao lado da Escola para<br />

Pobres e Órfãos. Poderiam trabalhar e estudar e não ficaria muito caro mantêlos<br />

pois comeriam com as crianças. É o que mais precisamos e não seria difícil

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