OCULTOS E EXCLUÃDOS - Claudio Di Mauro
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O educador considerava esse sistema o “melhor meio de preparar<br />
campos para uma farta colheita de almas”. Após os três anos as crianças<br />
voltavam para casa e, como vieram do distante interior, levavam consigo “a<br />
boa semente”, calculava Dagama, prevendo que poderiam “cantar e ler a<br />
Palavra de Deus para seus parentes e vizinhos, disseminando o conhecimento<br />
das Escrituras, além de abrirem vagas para outras”.<br />
Ao descrever sua atividade em Rio Claro, o educador faz menção a<br />
“várias sociedades de senhoras presbiterianas norte-americanas sustentando<br />
vinte e quatro crianças” . Haveria mais nove precisando dessa ajuda.<br />
A seguir, pelo documento enviado aos norte-americanos, Dagama<br />
expõe seu grande sonho:<br />
“Esta escola para pobres e órfãos tem se provado um belo trabalho e<br />
também o fundamento da Igreja de amanhã, pois já produziu frutos gloriosos.<br />
Escolas deste tipo deveriam ser estabelecidas em todo o Império. O trabalho é<br />
pesado e incessante. Professores não descansam nem no domingo. É preciso<br />
cuidar das crianças o tempo todo, como é natural”.<br />
A partir desse ponto, ele passa à narrativa da rotina diária na escola.<br />
“Às cinco e meia da manhã toca o sino para acordá-los; café às seis,<br />
e, depois, trabalho. Às sete e meia, a refeição matinal. Das oito às nove<br />
estudam e se aprontam para a escola. Às nove, o culto da família. Nove e meia,<br />
aula, até duas da tarde. Duas e quinze, jantar. Três às quatro, estudo (algumas<br />
expõem suas lições). Às quatro os meninos vão para seu trabalho e as meninas<br />
para a costura, até às cinco. Brincam das cinco às seis; estudam das seis às<br />
sete. Ceiam às sete e vinte. De sete e quarenta às oito, culto, e depois vão<br />
dormir, sendo que antes, cada criança faz suas orações. Nos sábados é<br />
diferente, pois é preciso esfregar e limpar a casa e pôr tudo em ordem. Alguns<br />
dos meninos racham lenha. Todas as crianças tomam seu banho e deixam tudo<br />
limpo na casa. Em geral, à tarde, passeiam com uma das professoras, até à<br />
noitinha”.<br />
“Domingo o sino às seis. Tomam café e todos decoram versos da<br />
Bíblia até a hora do “breakfast”, às sete e meia. Às nove, culto da família e<br />
depois estudo do Catecismo e de versículos da Escritura. Então se aprontam<br />
para ir à igreja; às onze vão para a igreja, dois a dois, com as professoras.<br />
Assentam-se e ficam quietos durante o culto; daí, voltam para casa, na mesma<br />
ordem da ida. Jantar às duas. Das três e meia às quatro e meia, vão para as<br />
classes estudar a lição da Escola Dominical. Às cinco saem para a Escola<br />
Dominical, que começa às cinco e meia e acaba às seis e meia. Em regra,<br />
recitam de cor entre trezentos e quatrocentos versículos da Escritura, cada<br />
domingo. Às sete, há culto, até oito e quinze, que as crianças suportam (Stand<br />
it) sem dormir. Prestam atenção, comportam-se bem na igreja e parece que