14.11.2014 Views

OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O educador considerava esse sistema o “melhor meio de preparar<br />

campos para uma farta colheita de almas”. Após os três anos as crianças<br />

voltavam para casa e, como vieram do distante interior, levavam consigo “a<br />

boa semente”, calculava Dagama, prevendo que poderiam “cantar e ler a<br />

Palavra de Deus para seus parentes e vizinhos, disseminando o conhecimento<br />

das Escrituras, além de abrirem vagas para outras”.<br />

Ao descrever sua atividade em Rio Claro, o educador faz menção a<br />

“várias sociedades de senhoras presbiterianas norte-americanas sustentando<br />

vinte e quatro crianças” . Haveria mais nove precisando dessa ajuda.<br />

A seguir, pelo documento enviado aos norte-americanos, Dagama<br />

expõe seu grande sonho:<br />

“Esta escola para pobres e órfãos tem se provado um belo trabalho e<br />

também o fundamento da Igreja de amanhã, pois já produziu frutos gloriosos.<br />

Escolas deste tipo deveriam ser estabelecidas em todo o Império. O trabalho é<br />

pesado e incessante. Professores não descansam nem no domingo. É preciso<br />

cuidar das crianças o tempo todo, como é natural”.<br />

A partir desse ponto, ele passa à narrativa da rotina diária na escola.<br />

“Às cinco e meia da manhã toca o sino para acordá-los; café às seis,<br />

e, depois, trabalho. Às sete e meia, a refeição matinal. Das oito às nove<br />

estudam e se aprontam para a escola. Às nove, o culto da família. Nove e meia,<br />

aula, até duas da tarde. Duas e quinze, jantar. Três às quatro, estudo (algumas<br />

expõem suas lições). Às quatro os meninos vão para seu trabalho e as meninas<br />

para a costura, até às cinco. Brincam das cinco às seis; estudam das seis às<br />

sete. Ceiam às sete e vinte. De sete e quarenta às oito, culto, e depois vão<br />

dormir, sendo que antes, cada criança faz suas orações. Nos sábados é<br />

diferente, pois é preciso esfregar e limpar a casa e pôr tudo em ordem. Alguns<br />

dos meninos racham lenha. Todas as crianças tomam seu banho e deixam tudo<br />

limpo na casa. Em geral, à tarde, passeiam com uma das professoras, até à<br />

noitinha”.<br />

“Domingo o sino às seis. Tomam café e todos decoram versos da<br />

Bíblia até a hora do “breakfast”, às sete e meia. Às nove, culto da família e<br />

depois estudo do Catecismo e de versículos da Escritura. Então se aprontam<br />

para ir à igreja; às onze vão para a igreja, dois a dois, com as professoras.<br />

Assentam-se e ficam quietos durante o culto; daí, voltam para casa, na mesma<br />

ordem da ida. Jantar às duas. Das três e meia às quatro e meia, vão para as<br />

classes estudar a lição da Escola Dominical. Às cinco saem para a Escola<br />

Dominical, que começa às cinco e meia e acaba às seis e meia. Em regra,<br />

recitam de cor entre trezentos e quatrocentos versículos da Escritura, cada<br />

domingo. Às sete, há culto, até oito e quinze, que as crianças suportam (Stand<br />

it) sem dormir. Prestam atenção, comportam-se bem na igreja e parece que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!