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OCULTOS E EXCLUÍDOS - Claudio Di Mauro

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Sebastião Almeida Pinto, no livro “No Velho Botucatu”, anotou: “No<br />

tempo do Capitão Tito, o regime era o da madeira. O pau comia de verdade.<br />

Para uns, Tito era um bom homem, um grande chefe. Para outros, era<br />

truculento, vingativo e perigoso. Entretanto, um fato é inegável, o Capitão Tito<br />

foi um homem inteligente, dono de boa cultura e muito caritativo. Era mesmo<br />

considerado o pai dos pobres, aos quais socorria com dinheiro e com seus<br />

conhecimentos de medicina”. (07)<br />

Tito construiu sua casa, que os adversários tachavam de fortaleza,<br />

sobre pequeno morro, ainda recentemente próxima ao ginásio esportivo<br />

ferroviário. Ao redor se concentravam as casas de seguidores, capangas e<br />

escravos.<br />

A superstição local dizia que ele tinha o poder de comandar abelhas e<br />

vespas através de uma maneira especial de assobiar. <strong>Di</strong>sso fazia uma arma<br />

contra inimigos ou para assustar inoportunos.<br />

Há registros de ressentimento por parte de Tito por não haver<br />

conseguido patente superior à de capitão da Guarda Nacional. Alguns<br />

ofereceram a explicação de que o imperador sempre se recusara a assinar<br />

promoções para quem ganhara fama de prepotente ou de inspirador da morte<br />

ou da expulsão de magistrados que não satisfizessem suas imposições.<br />

Hernani Donato traz inúmeros relatos da polêmica vida política do exprofessor<br />

de Rio Claro. Conforme registra, na Assembléia Provincial e na<br />

imprensa paulistana, Botucatu e Tito foram motivo de escândalos em 1884. Em<br />

tumultuadas sessões, em fevereiro, o Deputado Moraes Barros, da tribuna,<br />

denunciava: “Há na Província uma comarca populosa e sem importância que<br />

tem sido posta fora da lei: a de Botucatu. Há ali uma causa perturbadora da<br />

administração da justiça, que impede a permanência dos juízes que procuram<br />

conservar a independência e isenção de espírito que deviam revestir todos os<br />

magistrados.”<br />

Dois jornais liberais - “O <strong>Di</strong>ário de São Paulo” e a “Tribuna Liberal” -<br />

tentavam esvaziar as denúncias usando de ironia e alegando falta de provas<br />

suficientes. Eram jornais favoráveis a Tito e seus correligionários. No “A<br />

Província de São Paulo”, nomes de destaque da política e do jornalismo como<br />

Rangel Pestana e Ezequiel Freire fulminavam o procedimento do deputado por<br />

Botucatu, apontando-o como megalomaníaco.<br />

Ezequiel Freire assinou, no dia 18 de fevereiro, longo artigo onde<br />

resume o discurso de Moraes Barros: “Lamenta ele a impunidade em que vivem<br />

até hoje os autores dos atentados praticados pela horda, contra o juiz de direito<br />

Ernesto Xavier, contra o juiz municipal Marcelino de Carvalho, contra o Dr.<br />

Barros Barreto, contra o Dr. Rocha, assassinado, e contra muitos outros”.

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