OCULTOS E EXCLUÃDOS - Claudio Di Mauro
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passos rumo à modernidade. Cabe o agradecimento a Maria Antonia Gardenal<br />
Molon pela localização da crônica histórica sobre o primeiro professor.<br />
Personagem fascinante é José Manoel da Conceição, conhecido como<br />
“Padre Protestante” ou “Padre Louco”. Localizado pelos protestantes norteamericanos<br />
em Rio Claro na década de 1860, afastado da Igreja, ele tornou-se<br />
o primeiro ministro presbiteriano brasileiro. Foi responsável pela formação em<br />
Brotas do maior núcleo da Reforma Religiosa em sua época e pelo traçado<br />
através do qual os protestantes fizeram sua expansão por terras paulistas e<br />
mineiras. Conceição aspirava por uma religião nacional e popular. Vítima de<br />
uma saúde delicada, para a qual contribuía o estresse da discriminação, ele<br />
sofreu sob o estigma de louco. Apesar de sua memória ser respeitada entre<br />
protestantes, e alguns municípios com menor vínculo com sua história do que<br />
Rio Claro terem rua com seu nome, ele ficou excluído da crônica local. Os<br />
apontamentos sobre sua vida e obra foram possíveis através da disponibilidade<br />
da biblioteca do reverendo Nephtali Vieira Junior, ao qual registra-se o<br />
agradecimento.<br />
João Fernandes Dagama, expoente missionário da Reforma no Brasil e<br />
pioneiro na fundação de escolas e templos presbiterianos no interior paulista,<br />
também tem sua memória eclipsada no município, onde encontra-se sepultado<br />
no cemitério evangélico. Os elementos básicos de seu projeto para crianças<br />
carentes encontram-se aqui relatados pelo ineditismo da proposta para aquela<br />
época. Seu trabalho como educador deixou frutos ao formar gerações de<br />
reformadores do ensino, entre os quais encontra-se Erasmo Braga, também rioclarense<br />
distanciado da memória tradicional. Nas primeiras décadas do século<br />
XX, Braga desempenhou papel importante junto à Associação Brasileira de<br />
Educadores, entidade que preconizou os rumos do ensino moderno no País.<br />
Algo de suas atividades vem registrado aqui.<br />
Em “Silva: cidadão do mundo”, inverte-se a rota migratória para<br />
apresentar o perfil de um brasileiro que deixa seu país em busca de<br />
oportunidades nos Estados Unidos. Ele é Silvino da Silva que, após haver<br />
passado a infância trabalhando no açougue do pai em Rio Claro, cumpriu longa<br />
trajetória profissional pelos quatro cantos do mundo, tornando-se bem sucedido<br />
no comércio internacional. Testemunha da ascensão norte-americana à<br />
condição de maior potência do pós-guerra, Silva viveu o período em que o<br />
agressivo liberalismo norte-americano lançou as bases da maior economia da<br />
modernidade. Em rápida passagem de seus relatos, quando, mais tarde,<br />
viajando pelos interiores do Brasil, é sintomática sua percepção da carência<br />
nacional para a ética nos negócios privados. Seu trajetória profissional é útil<br />
para contrastar o desenvolvimento da tecnologia mundial da época com a de<br />
um Brasil limitado ao extrativismo para exportação de matérias-primas. A<br />
autobiografia de Silvino tornou-se acessível por indicação de Nélson Anunciatto,<br />
motivo do presente agradecimento.