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Leituras de nós – ciberespaço e literatura. Alckmar - Itaú Cultural

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3.<br />

primores,<br />

não encontro eu cá;<br />

– sozinho, à noite –<br />

prazer encontro lá;<br />

4.<br />

não encontro eu<br />

– sozinho, à noite –<br />

lá;<br />

5.<br />

encontro eu<br />

– sozinho –<br />

6.<br />

– sozinho –<br />

7.<br />

– –<br />

Em princípio, parece não haver contradição alguma, em termos semânticos, entre os sete poemas. O que<br />

chama a atenção é a rarefação das palavras, que vai aumentando pouco a pouco a intromissão progressiva<br />

dos espaços vazios, o silenciamento paulatino do poema e atinge seu auge com os dois travessões<br />

enfrentando-se, ameaçadores, numa mesma linha e metaforizando, mais visual que semanticamente, o lá e<br />

o cá entre os quais oscila o poema todo <strong>de</strong> Gonçalves Dias, bem como suas paródias, pastiches ou<br />

retomadas, na tradição impressa e, agora, nos meios eletrônicos. Assim, mesmo simplistamente, ainda que<br />

não tenha feito maiores piruetas ou <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong> significantes e significados, Lafer consegue nos dar<br />

mais do mesmo, isto é, mais <strong>de</strong> Gonçalves Dias, mas em fôrmas outras, cada vez menores, até um poema<br />

final que parece evocar apenas a autoria <strong>de</strong> Tiago Lafer. Ainda assim, po<strong>de</strong>mos dizer que os poemas gerados<br />

(<strong>de</strong> 2 a 7) não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> evocar as palavras ausentes nos espaços <strong>de</strong>ixados vazios, ao menos para os leitores,<br />

que sempre têm diante dos olhos a estrofe original inteira e recomposta. Usando a memória <strong>de</strong> curta<br />

duração, po<strong>de</strong>mos nos entregar ao exercício <strong>de</strong> preencher os vazios e recompor a originalida<strong>de</strong> (ou seria a<br />

gonçalvida<strong>de</strong>?) perdida. Nesse caso, são dois processos autorais que se conjugam, mas em situação<br />

hierarquizada: 23 a preeminência cabe aos versos <strong>de</strong> Gonçalves Dias, claro!, e o que propõe Tiago Lafer é a<br />

intromissão <strong>de</strong> uma zona sua <strong>de</strong> autoria na autoria primeira do poeta maranhense. No caso, ao leitor, não<br />

72

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