12.11.2014 Views

Leituras de nós – ciberespaço e literatura. Alckmar - Itaú Cultural

Leituras de nós – ciberespaço e literatura. Alckmar - Itaú Cultural

Leituras de nós – ciberespaço e literatura. Alckmar - Itaú Cultural

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>de</strong> um e fôrma <strong>de</strong> outro? O melhor a fazer, no caso, é abandonar a noção fechada e personalizada <strong>de</strong> autor e<br />

pensar em termos <strong>de</strong> pólos (ou nós) <strong>de</strong> autoria, jogando agora com três estranhos atratores. Daí a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> associar à criação <strong>de</strong> Antônio <strong>de</strong> Oliveira o comentário <strong>de</strong> Eric Sadin acerca da autoria no meio eletrônico:<br />

“L’exigence <strong>de</strong> la démultiplication <strong>de</strong>s compétences peut conduire – mais pas nécessairement – à encourager<br />

une disparition <strong>de</strong> la figure <strong>de</strong> l’auteur, au profit <strong>de</strong> la constitution <strong>de</strong> dispositifs, non pas anonymes, mais<br />

dans lesquels la signature prime moins que la nature <strong>de</strong>s jeux relationnels, entendus comme une première<br />

catégorie <strong>de</strong> procédures d’écriture...” 22<br />

Quanto a nós, temos apostado sempre nesse “não necessariamente” explicitado por Sadin, pois é justamente<br />

aí que se encontra um outro espaço <strong>de</strong> autoria: esta não <strong>de</strong>saparece, mas se coloca quase inteira na construção<br />

<strong>de</strong> dispositivos <strong>de</strong> leitura, como os <strong>de</strong> Oliveira e <strong>de</strong> Kuhlmann, na tradição impressa, ou na obra Exílio, <strong>de</strong> Tiago<br />

Lafer, no meio eletrônico. À diferença que o aparelho <strong>de</strong> produção dos significantes é virtual nos dois primeiros,<br />

e imediato e concreto, no terceiro. No caso <strong>de</strong>sse Exílio, o autor propõe uma retomada – mais uma! – <strong>de</strong> alguns<br />

versos da Canção do Exílio, <strong>de</strong> Gonçalves Dias, construindo um dispositivo muito simples: ao título da obra,<br />

Exílio, segue-se a quarta e penúltima estrofe do poema do escritor maranhense, transcrita ipsis litteris. Mas, a<br />

partir <strong>de</strong> um dado momento, dá-se início às intervenções das ferramentas <strong>de</strong> programação, fazendo com que,<br />

paulatinamente, alguns trechos vão sendo suprimidos. Como resultado, aparecem sete poemas em seqüência:<br />

1.<br />

Minha terra tem primores,<br />

Que tais não encontro eu cá;<br />

Em cismar – sozinho, à noite –<br />

Mais prazer encontro eu lá;<br />

Minha terra tem palmeiras,<br />

On<strong>de</strong> canta o Sabiá.<br />

2.<br />

primores,<br />

Que tais não encontro eu cá;<br />

Em cismar – sozinho, à noite –<br />

Mais prazer encontro eu lá;<br />

Minha terra<br />

canta.<br />

71

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!