12.11.2014 Views

Leituras de nós – ciberespaço e literatura. Alckmar - Itaú Cultural

Leituras de nós – ciberespaço e literatura. Alckmar - Itaú Cultural

Leituras de nós – ciberespaço e literatura. Alckmar - Itaú Cultural

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

acaso tudo é nada na ausência <strong>de</strong> tudo<br />

acaso nada é tudo na ausência <strong>de</strong> tudo<br />

acaso tudo é nada na ausência do nada<br />

acaso nada é tudo na ausência do nada<br />

acaso tudo é tudo na ausência <strong>de</strong> tudo<br />

acaso tudo é tudo na ausência do nada<br />

acaso nada é nada na ausência <strong>de</strong> tudo<br />

acaso nada é nada na ausência do nada<br />

acaso tu és tu em presença <strong>de</strong> ti<br />

acaso tu és tu na ausência <strong>de</strong> ti<br />

acaso tu és ele na presença <strong>de</strong> ti<br />

acaso tu és ele na ausência <strong>de</strong> ti<br />

acaso ele é tu na presença <strong>de</strong> ti<br />

acaso ele é tu na ausência <strong>de</strong> ti<br />

acaso ele é ele na presença <strong>de</strong> ti<br />

acaso ele é ele na ausência <strong>de</strong> ti<br />

acaso tu és tu na presença <strong>de</strong>le<br />

acaso tu és tu na ausência <strong>de</strong>le etc.<br />

Nos três casos (os poemas <strong>de</strong> Meschinot, Kuhlmann, Melo e Castro), não temos em ação nenhuma máquina<br />

propriamente dita, e sim uma série <strong>de</strong> procedimentos algorítmicos que só funcionam e têm, portanto,<br />

algum sentido quando realizados por alguém chamado leitor. Em suma, não há verda<strong>de</strong>iros maquinismos,<br />

mas sim uma simulação <strong>de</strong>les, e a multiplicação <strong>de</strong> significantes em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>vido ao trabalho<br />

direto <strong>de</strong>sse leitor colocado diante <strong>de</strong> uma quantida<strong>de</strong> imensa <strong>de</strong> significantes que ele mesmo produz e a<br />

que <strong>de</strong>ve atribuir significações. Tivesse Rábano Mauro notícias <strong>de</strong> maquinações semelhantes, mais motivo<br />

teria ele ainda para restringir as interpretações possíveis dos textos (sagrados ou não) aos quatro níveis<br />

propostos em sua teoria da interpretação. Po<strong>de</strong>-se imaginar o temor da intelectualida<strong>de</strong> eclesiástica se<br />

tivesse que lidar com uma imensa legião <strong>de</strong> significantes que esse tipo <strong>de</strong> obra tornasse possível!<br />

É importante também <strong>de</strong>stacar que tais mecanismos poéticos, mesmo insertos ainda no espaço da tradição<br />

impressa, já permitem ao leitor mapear um novo espaço <strong>de</strong> leitura (e que vem se somar a esse tradicional e<br />

costumeiro, que busca estabelecer construção <strong>de</strong> significações a partir dos diferentes estratos dos mesmos<br />

significantes, e que as sucessivas leituras vão i<strong>de</strong>ntificando na obra). Trata-se da i<strong>de</strong>ntificação e da leitura<br />

dos procedimentos algorítmicos, baseados em mecanismos <strong>de</strong> escolhas <strong>de</strong> elementos e alterações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns<br />

sintáticas e semânticas. Em resumo, é necessário passar por uma primeira leitura ainda antes <strong>de</strong>ssa<br />

articulação <strong>de</strong> significações a partir <strong>de</strong> um conjunto estável <strong>de</strong> significantes, pois, justamente, tais obras não<br />

fornecem aos leitores esse conjunto estável <strong>de</strong> significantes (mesmo aparentando tal estabilida<strong>de</strong>). Vai ser<br />

preciso, primeiramente, enten<strong>de</strong>r como funciona, ou seja, ler o sistema <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> significantes antes <strong>de</strong><br />

passar a gerá-los e a lê-los. Se, tomando os poemas <strong>de</strong> Meschinot e <strong>de</strong> Kuhlmann, ou mesmo labirintos,<br />

como um <strong>de</strong> Camões (anexo 1) poucos põem em dúvida a literarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>les, talvez seja <strong>de</strong>vido a esse<br />

65

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!