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Leituras de nós – ciberespaço e literatura. Alckmar - Itaú Cultural

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“...las prácticas artísticas lograrán encontrar, en un proceso <strong>de</strong> transformación <strong>de</strong> las socieda<strong>de</strong>s actuales<br />

que tien<strong>de</strong> a convertirlas en meros instrumentos <strong>de</strong> legitimación – cuando no en triviales generadoras <strong>de</strong><br />

bibelots <strong>de</strong> lujo para las nuevas economías inmateriales – sus mejores argumentos <strong>de</strong> futuro, su más alto<br />

<strong>de</strong>safío – o cuando menos una buena razón <strong>de</strong> ser en el siglo que ya comienza”. 32<br />

Eis o <strong>de</strong>safio das práticas artísticas das próximas décadas: evitar que se convertam em propagandistas das<br />

empresas produtoras <strong>de</strong> softwares, construindo (mas não criando) objetos artísticos que são, na verda<strong>de</strong>,<br />

meramente exercícios <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s já previstas pelos conceptores responsáveis pelo programa.<br />

* * *<br />

Com base no que foi discutido, que estéticas seriam ainda possíveis para as artes eletrônicas, ou, especificamente<br />

em que nos cabe aqui pensar, para as textualida<strong>de</strong>s literárias em meio eletrônico? Sem meter <strong>de</strong> vez a mão<br />

nesse vespeiro (<strong>de</strong> que não sairíamos mais), seria importante ao menos esboçar alguns elementos comuns a<br />

essas estéticas. De início, temos <strong>de</strong> ter bem claro que não se po<strong>de</strong> trabalhar com classificações e tipologias<br />

fechadas e <strong>de</strong>finidas, 33 sobretudo com aquelas anteriores ao meio eletrônico. No sítio Neogejo, por exemplo, os<br />

leitores estarão em séria enrascada se tentarem <strong>de</strong>finir qualquer dos objetos ali apresentados com base em<br />

esquemas e axiologias <strong>de</strong>finitivas, principalmente aquelas ainda ancoradas nos meios não eletrônicos. Nesse<br />

sítio, por exemplo, a criação After Ren<strong>de</strong>z-Vous du Dimanche 6 Février, by Marcel Duchamp and BBC News, é<br />

<strong>literatura</strong> ou criação gráfica? E mesmo as criações eletrônicas não digitais não nos fazem avançar muito. Ela<br />

po<strong>de</strong>ria ser classificada como vi<strong>de</strong>oarte ou teríamos que tirar do colete alguma outra <strong>de</strong>nominação?<br />

Como ponto <strong>de</strong> partida, po<strong>de</strong>ríamos talvez dizer que se trata simplesmente <strong>de</strong> prática artística, <strong>de</strong> acordo,<br />

inclusive, com o que foi afirmado acima. Num segundo momento, será imperativo especificar, <strong>de</strong>limitar,<br />

mapear, circunscrever – paulatinamente – o objeto artístico. Isso não significa que teremos necessariamente<br />

<strong>de</strong> elencar suas características e componentes, mas sim que será possível e até mais fértil <strong>de</strong>screver as<br />

condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua produção. Com isso, evitamos a tentação do vale-tudo e do simplismo –<br />

conseqüências imediatas da exigüida<strong>de</strong> teórica que se <strong>de</strong>ixa seduzir pela generalida<strong>de</strong> do rótulo práticas<br />

artísticas e <strong>de</strong>le não sai mais. A partir daí, se po<strong>de</strong>rá invocar, então, o abrigo <strong>de</strong> algumas das possibilida<strong>de</strong>s<br />

aventadas (vi<strong>de</strong>oarte, <strong>literatura</strong> etc.). Po<strong>de</strong> ser que tal rótulo seja bastante a<strong>de</strong>quado a artes que não<br />

pen<strong>de</strong>m mais para os lados da representação, mas que se lançam resolutamente na produção <strong>de</strong> processos<br />

e <strong>de</strong> sentidos (talvez, na produção <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> sentidos). Porém, isso não significa que <strong>de</strong>vemos nos<br />

obrigar também a escolher entre essência e presença (no caso, haveria uma correspondência entre<br />

representação e essência, <strong>de</strong> um lado, e entre produção e presença, <strong>de</strong> outro). Trata-se, como em muitos<br />

outros casos, <strong>de</strong> uma falsa dialética travestida <strong>de</strong> dicotomia. É certo que, como afirma o manifesto <strong>de</strong> Aleph:<br />

“En las socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>l siglo 21, el arte no se expondrá. Se producirá y difundirá”. 34 Mas que não se <strong>de</strong>duza<br />

daí que a <strong>de</strong>smaterialização das artes implicou sua <strong>de</strong>s-objetivação.<br />

Quando foi feita a <strong>de</strong>scrição das condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção do objeto artístico, quis-se<br />

enfatizar a produção simbólica no que diz respeito a seus processos <strong>de</strong> circulação, disseminação e<br />

sedimentação <strong>de</strong> significantes, chamando esse sistema <strong>de</strong> “práticas <strong>de</strong> arte”. Mas é bastante diferente do<br />

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