Leituras de nós â ciberespaço e literatura. Alckmar - Itaú Cultural
Leituras de nós â ciberespaço e literatura. Alckmar - Itaú Cultural
Leituras de nós â ciberespaço e literatura. Alckmar - Itaú Cultural
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
humanização efetiva do saber, um saber concretamente compartilhado e que, por isso mesmo, parcela-se e<br />
<strong>de</strong>slocaliza-se e pluraliza-se, incessantemente, ao mesmo tempo que num (apenas) aparente paradoxo <strong>de</strong>ixa<br />
<strong>de</strong> ser fragmentário.<br />
3) Um verda<strong>de</strong>iro saber internético implica o reaprendizado <strong>de</strong> uma nova paciência <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, ou seja, a<br />
<strong>de</strong>scoberta e a exploração <strong>de</strong> novos ritmos <strong>de</strong> conhecimento, em que o acesso e a utilização <strong>de</strong> instrumentos<br />
tecnológicos venham dialogar com nossas contingências, acomodando-se a elas. E é claro que isso não<br />
significa uma rapi<strong>de</strong>z extrema em leituras ou na produção <strong>de</strong> informações no ciberespaço (o que<br />
correspon<strong>de</strong>ria a um otimismo tecnológico injustificável, a uma empolgação infrutífera e equivocada com<br />
máquinas e maquinismos). Aliás, essa pressa não se justifica nem mesmo nas atualizações <strong>de</strong> programas e<br />
<strong>de</strong> equipamento, 17 quanto mais na construção <strong>de</strong> percursos cognitivos, mesmo quando baseados em<br />
processos fortemente instrumentalizados. Ao contrário do que afirma Pierre Lévy, 18 se priorizarmos a busca<br />
<strong>de</strong> “velocida<strong>de</strong> e pertinência <strong>de</strong> execução, e, mais ainda, <strong>de</strong> rapi<strong>de</strong>z”, encontraremos tão-somente uma<br />
eficiência limitada às possibilida<strong>de</strong>s e aos elementos <strong>de</strong> que já se dispõem, sem chegarmos àquele<br />
conhecimento sintético que Kant opõe ao analítico. O saber internético, ao contrário, não <strong>de</strong>ve ser<br />
confundido com pressa, como também não po<strong>de</strong> ser confundido com totalida<strong>de</strong> ou infinitu<strong>de</strong>: ele <strong>de</strong>ve ser<br />
capaz <strong>de</strong> gerar diferentes velocida<strong>de</strong>s e sincronias, a partir das diversas pessoas envolvidas e apostando,<br />
sobretudo, numa atitu<strong>de</strong> em que são os instrumentos informáticos que se põem à nossa disposição e não<br />
nós que nos colocamos à disposição <strong>de</strong>les.<br />
43