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o abandono afetivo e material dos filhos em relação aos pais idosos

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[...] não há valor no mundo capaz de reparar a dor íntima do <strong>abandono</strong>,<br />

especialmente da figura do pai, que deveria ser provedor não apenas<br />

<strong>material</strong>, mas de carinho e atenção.<br />

Contudo, respeita<strong>dos</strong> os sentimentos <strong>dos</strong> recorrentes, não há como imputar<br />

ao apelado a responsabilidade que lhe foi atribuída.<br />

Isso porque <strong>em</strong>bora, ao contrário do afirmado pelo julgador de primeiro<br />

grau, possa haver, na espécie, dano (o sentimento de rejeição proveniente<br />

da figura paterna é muito forte e certamente produz inegável sofrimento) e<br />

nexo de causalidade entre ele e a conduta do réu (que deu mesmo odioso<br />

tratamento diferenciado <strong>aos</strong> autores <strong>em</strong> comparação com outros <strong>filhos</strong>),<br />

ainda falta, para caracterizar a obrigação de indenizar, o terceiro<br />

pressuposto para seu reconhecimento, que é o ato ilícito do agente.<br />

Ninguém é obrigado a amar ninguém, n<strong>em</strong> mesmo os <strong>filhos</strong>!<br />

O forte sentimento materno, paterno ou filial, <strong>em</strong>bora tenha um componente<br />

natural, não deixa de ser, social e psicologicamente, construído e<br />

mutuamente conquistado.<br />

Se não houve tal construção e conquista, infelizmente resta apenas o<br />

desamor, desprezo e ódio mútuos. Mas to<strong>dos</strong> esses sentimentos têm como<br />

corretamente indicado na sentença, expressão apenas no campo da Moral,<br />

sendo irrelevantes no campo do Direito. Não há lei que obrigue um pai a<br />

amar igualmente to<strong>dos</strong> os seus <strong>filhos</strong>. A Lei não pode (porque não<br />

conseguiria se impor na prática) forçar as pessoas a ser<strong>em</strong> boas!<br />

Assim, <strong>em</strong>bora a atitude do réu <strong>em</strong> relação <strong>aos</strong> autores tenha sido mesmo<br />

absolutamente desprezível moralmente, não pod<strong>em</strong> eles pretender<br />

indenização com base nela, já que, repita-se, não há ilicitude no campo<br />

jurídico que <strong>em</strong>base a pleiteada condenação pecuniária. Aceitar o contrário<br />

implicaria <strong>em</strong> monetarizar as relações familiares, o que não se admite.<br />

Assim, os juízes julgaram a improcedência do pedido de indenização por<br />

danos morais, pois, segundo os doutores, “ninguém é obrigado a amar ninguém”.<br />

Seguindo a mesma linha, os des<strong>em</strong>bargadores do Supr<strong>em</strong>o Tribunal de<br />

Justiça do Estado de Minas Gerais <strong>em</strong> outubro de 2009 negaram provimento ao<br />

recurso, a apelação civil n° 1.0251.08.026141-4/001(1), que teve como relator o<br />

Des<strong>em</strong>bargador Nilo Lacerda, conforme segue:<br />

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS - ABANDONO AFETIVO -<br />

ATO ILÍCITO – INEXISTÊNCIA - DEVER DE INDENIZAR - AUSÊNCIA. A<br />

omissão do pai quanto à assistência afetiva pretendida pelo filho não se<br />

reveste de ato ilícito por absoluta falta de previsão legal, porquanto ninguém<br />

é obrigado a amar ou a dedicar amor. Inexistindo a possibilidade de<br />

reparação a que alude o art. 186 do Código Civil, eis que ausente o ato

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