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Projeto Mestrado - Carlos E. P. Juhász - LERF - USP

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ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”<br />

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO<br />

DEPARTAMENTO DE SOLOS E NUTRIÇÃO DE PLANTAS<br />

<strong>Projeto</strong> de Pesquisa:<br />

“ Relação solo-água-vegetação em uma toposseqüência de solos localizada<br />

na Estação Ecológica de Assis, SP ”<br />

Candidato:<br />

<strong>Carlos</strong> Eduardo Pinto Juhász (<strong>Mestrado</strong>)<br />

Orientador:<br />

Prof. Dr. Miguel Cooper<br />

Piracicaba, SP<br />

Abril/2004


“ Relação solo-água-vegetação em uma toposseqüência localizada na<br />

Estação Ecológica de Assis, SP ”<br />

RESUMO<br />

Este trabalho, vinculado ao <strong>Projeto</strong> Temático “Diversidade, dinâmica e conservação<br />

em florestas do Estado de São Paulo: 40ha de parcelas permanentes” (processo FAPESP N°<br />

1999/09635-0) tem como principal objetivo realizar uma caracterização físico-hídrica, e<br />

morfológica de uma toposseqüência de solos na Estação Ecológica de Assis (SP) com a<br />

finalidade de explicar a influência do solo sobre as características da vegetação nativa local<br />

(cerradão).<br />

Para atingir este objetivo, parâmetros físico-hídricos do solo como estrutura,<br />

porosidade, umidade do solo, retenção de água e condutividade hidráulica serão<br />

correlacionados a estudos da distribuição do sistema radicular das plantas e o regime de<br />

chuvas local.<br />

O estudo da geometria bi-dimensional dos horizontes (análise estrutural)<br />

possibilitará o entendimento da transição entre os distintos solos e das diferenças em<br />

profundidade dos horizontes do solo, servindo de base para a interpretação dos resultados<br />

tanto físicos quanto morfológicos do solo. A micromorfologia também será utilizada, como<br />

ferramenta de análise da morfologia dos poros, assim como a sua distribuição pelo perfil do<br />

solo, ajudando a compreender a dinâmica de água no solo.<br />

As comparações serão feitas de forma qualitativa utilizando a bibliografia<br />

consultada como base para a discussão dos resultados obtidos. Testes paramétricos de<br />

comparação de médias e ANOVA serão realizados entre os dados obtidos de solos e<br />

vegetação.


1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS<br />

Este trabalho está associado ao <strong>Projeto</strong> Temático “Diversidade, dinâmica e<br />

conservação em florestas do Estado de São Paulo: 40ha de parcelas permanentes”,<br />

coordenado pelo Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues e financiado pela FAPESP sob<br />

processo N° 1999/09635-0.<br />

O <strong>Projeto</strong> Temático, inserido no Programa Biota/FAPESP, tem por finalidade<br />

realizar um monitoramento ambiental detalhado das quatro principais formações florestais<br />

ocorrentes no Estado de São Paulo, buscando formar uma ampla base de dados para ser<br />

utilizada na introdução de medidas de conservação e recuperação nesses locais e em regiões<br />

próximas já degradadas.<br />

O presente estudo será fundamental para o <strong>Projeto</strong> Temático pois contribuirá com a<br />

caracterização do funcionamento dos solos sob a cobertura vegetal nativa de Cerrado<br />

existente na parcela permanente escolhida. A necessidade de se ampliar a base de dados<br />

relacionada a solos sob Cerrado já havia sido estabelecida como prioridade de pesquisa por<br />

Bahia Filho (1996), considerando ainda importante a caracterização ambiental do Cerrado<br />

(não excluindo outras florestas nativas) e realização de inventários de recursos naturais.<br />

Trabalhos mais recentes realizados na região fitogeográfica do Cerrado apenas<br />

visaram o uso e manejo dos solos para otimizar a produção das áreas em processo de<br />

exploração e como adaptar o solo original às condições de cultivo através da correção e<br />

alteração de atributos físicos e químicos do solo (Costa et al., 2002; Resck, 2002). Porém,<br />

estes mesmos autores discutem e incentivam a introdução de novas técnicas de cultivo, tais<br />

como o plantio direto e o planejamento agrossilvipastoril, para recuperar e conservar os<br />

recursos hídricos, respeitando as imposições de clima e solo nestas regiões.


Além disso, a base de dados deste projeto poderá ser útil a novas pesquisas,<br />

principalmente aquelas visando a conservação do solo e recuperação de áreas degradadas<br />

no Estado de São Paulo (nos domínios de Cerrado).<br />

Estudos em florestas nativas têm favorecido ainda a seleção de espécies para a<br />

formação de “ilhas de vegetação”, tipo de recobrimento de áreas degradadas baseado em<br />

sistemas de sucessão natural, onde certas espécies possuem habilidades de proteção rápida<br />

e efetiva do solo e de recomposição da paisagem (Guedes et al., 1997). Estes autores<br />

também ressaltaram a necessidade de mais pesquisas sobre as propriedades físico-químicas<br />

do solo (tanto em florestas nativas quanto nos reflorestamentos).<br />

Ao se estudar o solo sob vegetação nativa, tornam-se conhecidas as características e<br />

propriedades do solo e a dinâmica da água onde as plantas nativas se desenvolveram,<br />

favorecendo o conhecimento detalhado do solo, o que auxilia na seleção de espécies nativas<br />

mais adaptadas (pioneiras, secundárias e clímax) em estudos de revegetação, como o<br />

realizado dentro do próprio Parque Ecológico de Goiânia (parcialmente alterado) como<br />

medida de sustentabilidade do Cerrado (Rosa et al., 1997), buscando restaurar o máximo<br />

possível do padrão original do solo já degradado ou redistribuído (Phillips et. al., 1999).<br />

Este projeto tem como um de seus propósitos testar a hipótese de que o<br />

comportamento dos solos condiciona o tipo de vegetação nativa. Sabatier et. al. (1997), ao<br />

estudar a organização do solo em uma floresta úmida na Guiana Francesa, observaram que<br />

a riqueza e variedade das espécies estão relacionadas às características edáficas do local.<br />

Clark et.al. (1999) também observaram na Costa Rica uma distribuição espacial não<br />

aleatória das espécies de florestas tropicais úmidas em relação aos fatores edáficos (de solo<br />

e topografia) sendo este um dos meios de manutenção da grande biodiversidade existente.<br />

O mesmo foi obtido por Tersteege et al. (1993) na Guiana, comprovado pela técnica da


Análise de Correspondência. Zhang (2002), utilizando o mesmo procedimento, obteve em<br />

uma província da China resultados semelhantes, considerando também o clima relacionado<br />

diretamente entre o solo e vegetação.<br />

A importância deste projeto está no fornecimento de dados em conjunto sobre<br />

relevo, solo, vegetação e dinâmica da água no solo dentro de um período de tempo. Assim,<br />

os dados obtidos servirão de base para comparação com outros levantamentos de solos<br />

característicos de Cerrado realizados em outras regiões, como o mais recente estudo de<br />

Gomes et al. (2004), que agruparam os solos sob Cerrado em diferentes grupos de acordo<br />

com a textura, composição química e mineralógica dos solos, todos sob vegetação nativa.<br />

Verifica-se que a maioria dos trabalhos publicados considera apenas a relação solo-planta,<br />

ou então a relação solo-água, e mesmo aqueles que intercalam e detalham mais ambas as<br />

relações foram realizados em locais dispersos pelo mundo.<br />

No Brasil, são poucos os estudos que incluem a análise micromorfológica, como é o<br />

caso deste projeto. A maioria dessas publicações, como as de Luz et. al. (1992), Oliveira<br />

(1997) e Ibrahim (2002), está voltada somente à caracterização física e morfológica de<br />

toposseqüências, desconsiderando aspectos de movimento da água pelo perfil do solo.<br />

Ao se utilizar a micromorfologia em combinação com outras análises de solo, há a<br />

possibilidade de se integrar e sintetizar processos e entender os efeitos da diversidade do<br />

solo, englobando vários níveis de organização do solo, desde a paisagem (solo e vegetação<br />

como um todo) até a microestrutura do solo (Castro et al., 2003 e Miedema, 1997).<br />

A dinâmica solo-floresta ou vice-versa estudada através do movimento de água pelo<br />

perfil de solo é fundamental pois, segundo Silva (2000), a disponibilidade de água no solo é<br />

um dos fatores mais importantes para o crescimento de plantas. Com o auxílio da<br />

micromorfologia, torna-se possível a relação entre a estrutura do solo, aliada ao tamanho e


distribuição dos poros, e a taxa de infiltração de água e a sua capacidade de retenção nos<br />

distintos horizontes do solo. Silva (2000) realça que a taxa de infiltração da água no solo<br />

pode ser aumentada pela macroporosidade, principalmente através da atividade biológica.<br />

Além disso, Jong van Lier (1994) conclui que a extração de água do solo pelo sistema<br />

radicular das plantas depende da retenção e infiltração da água pelo solo.<br />

O solo é o reservatório natural de água para as plantas, sendo afetado na sua<br />

estrutura pelo manejo contínuo, o que pode ser evitado com o advento de práticas<br />

conservacionistas que aumentam a retenção de água no solo (Klein & Libardi, 1998).<br />

A estrutura do solo, ou arranjo espacial das partículas sólidas, define um espaço<br />

poral cuja caracterização permite a percepção e a eventual previsão do comportamento<br />

hidrodinâmico do solo: suas propriedades de retenção e de circulação da água (Curmi,<br />

1988). Além da estrutura, Thurler (1989) considerou também a densidade de partículas e a<br />

textura do solo entre os diversos fatores de variação da porosidade e da distribuição do<br />

tamanho de poros (macro e microporosidade).<br />

Salako & Kirchhof (2003) sugeriram que um sistema de macroporos mais contínuo<br />

é observado sob condições mínimas de cultivo, o que pode ser favorecido pelos bioporos<br />

contínuos criados pela vegetação perene, o que mostra o quanto a vegetação nativa pode<br />

interferir beneficamente no solo.<br />

Segundo Wall & Heiskanen (2003), a profundidade do solo e textura (além do teor<br />

de matéria orgânica) afetam significativamente a retenção de água. Em geral, a porosidade<br />

total é maior e mais água é retida na parte mais superficial do solo, diminuindo à medida<br />

que se desce no perfil. A retenção de água no solo ainda é necessária para se estimar o<br />

movimento da água pelo perfil de um solo (Chertkov, 2004; Pauletto, et al., 1988).


Segundo resultados obtidos por Santos et al. (2002), a topografia influencia a<br />

textura dos solos, uma vez que nas encostas a proporção de amostras de textura mais fina é<br />

maior, enquanto nas áreas de pedimento e várzeas predominam as texturas mais grosseiras,<br />

em função da redistribuição de sedimentos por erosão. A densidade do solo foi decrescente<br />

com o aumento dos teores de silte e argila. Levando esta informação em conta, neste<br />

trabalho também será feita uma correlação entre granulometria e posição no relevo para<br />

fins de comparação e para saber se a área estudada apresenta este tipo de padrão.<br />

Guehl (1984) trata a importância de se conhecer o funcionamento hídrico para o<br />

desenvolvimento das plantas, estudando a absorção de água pelas raízes a diversas<br />

profundidades do solo, em distintos sistemas de drenagem.<br />

Resumidamente, Klijn e Witte (1999) abordam a contribuição da textura do solo e<br />

infiltração de água (fatores locais condicionantes) e disponibilidade de água, nutrientes,<br />

acidez e salinidade (fatores locais operacionais) na composição de espécies de plantas da<br />

vegetação, sendo afetada ainda por fatores externos e pelo tempo.<br />

A quantificação e distribuição de raízes são importantes modelos para avaliar<br />

características do solo, planta e raízes e entender a absorção de água e nutrientes pelas<br />

raízes das plantas, onde normalmente a densidade de raízes é maior quanto mais próximo à<br />

superfície (Sainju & Good, 1993). Esta diferença em profundidade foi obtida também por<br />

Pavón & Briones (2000), mesmo em condições semidesérticas. Porém, em casos de<br />

extrema aridez, as raízes se concentraram mais profundamente, onde há maior facilidade<br />

em obtenção de água, o que influencia diretamente a distribuição da vegetação de acordo<br />

com as chuvas, onde neste caso o balanço hídrico separadamente não explica a diversidade<br />

da vegetação encontrada (Schulze et al., 1996). Neste estudo é esperado que o padrão seja<br />

equivalente ao dos dois trabalhos onde as raízes se concentram na superfície (mais usual).


Os diferentes resultados obtidos em profundidades distintas do solo para os vários<br />

parâmetros e atributos estudados podem ser visualizados em maiores detalhes através de<br />

técnicas que estudam a distribuição espacial (bi-dimensional) dos horizontes em função do<br />

relevo como a que será utilizada neste projeto.<br />

A análise estrutural, ou seja, a diferenciação horizontal e vertical dos horizontes ao<br />

longo de um transecto de solos, com base num interflúvio, é relevante quando se trata da<br />

sua abrangência, desde a morfologia à classificação do solo, incluindo pedologia, geologia,<br />

etc. (Boulet, 1988). Assim como neste trabalho, outros autores que fizeram uso desta<br />

análise enfocam a diferenciação de atributos químicos e físico-hídricos do solo através dos<br />

diversos horizontes dos solos (Degorski, 2003), sendo possível a correlação com a<br />

cobertura vegetal, onde pode ocorrer um gradiente florístico relacionado às variações<br />

morfológicas, físicas e químicas do solo (Campos & De Sousa, 2002).<br />

Este continuum pedológico ilustrado pela análise estrutural é ainda responsável pela<br />

prevenção de erros associados à classificação e mapeamento de solos devido à localização<br />

subjetiva de classes de solo com posterior incongruência entre o sistema de classificação e a<br />

variabilidade contínua natural do solo (Triantafilis et. al., 2001).<br />

2. OBJETIVOS<br />

Este trabalho de mestrado tem como objetivo a caracterização morfológica,<br />

micromorfológica e físico-hídrica de uma topossequência de solos localizada na Estação<br />

Ecológica de Assis (SP) com a finalidade de entender as relações entre o funcionamento do<br />

solo, a sua dinâmica físico-hidrica e o tipo de vegetação dominante (Cerradão).


3. MATERIAL E MÉTODOS<br />

Este trabalho será realizado em uma parcela permanente representativa no interior<br />

da Estação Ecológica de Assis, com área total de 1312,28ha, localizada no município de<br />

Assis, SP, entre as coordenadas geográficas 22º33'65'' a 22º36'68''S e 50º23'00'' a<br />

50º22'29''W e entre as altitudes de 520 e 590m.<br />

Os principais solos encontrados são os Latossolos, com a ocorrência na porção<br />

inferior da parcela de um Gleissolo. A vegetação correspondente é o cerradão (ou savana<br />

florestada) e o clima está enquadrado como Cwa, segundo a classificação de Köppen, isto<br />

é, mesotérmico úmido subtropical de inverno seco (Rodrigues, 2003).<br />

O tamanho da parcela permanente é de 10,24 ha com 256 sub-parcelas de 20 x 20 m<br />

demarcadas com base em levantamento planialtimétrico já realizado. Esta disposição foi<br />

realizada de modo semelhante por Itoh et. al. (2003) que subdividiu uma Parcela<br />

Permanente de 52 ha em 1300 sub-parcelas de 20 x 20 m.<br />

Um transecto representativo dos solos da parcela será escolhido baseado no mapa de<br />

solos ultradetalhado desta área, obtido no projeto denominado “Mapeamento ultradetalhado<br />

do solo da área de Assis destinada ao <strong>Projeto</strong> Diversidade, dinâmica e conservação em<br />

florestas do Estado de São Paulo: 40ha de parcelas permanentes” (iniciação científica),<br />

também vinculado ao <strong>Projeto</strong> Temático, realizado por Marília Neubern Libardi sob a<br />

orientação de Pablo Vidal Torrado.<br />

Serão abertas trincheiras nos principais solos encontrados sobre este transecto, com<br />

descrição morfológica realizada segundo Lemos & Santos (2002). Entre cada trincheira<br />

serão realizadas posteriormente tradagens para definir as transições horizontais e verticais<br />

dos horizontes do solo, definindo a profundidade de cada um deles por toda a extensão da


toposseqüência, através de metodologia de análise estrutural proposta por Boulet et al.<br />

(1982) e aplicada por Boulet (1988).<br />

Serão coletadas amostras deformadas para análises químicas e granulométricas<br />

realizadas nos respectivos laboratórios do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas. As<br />

análises químicas serão realizadas segundo metodologias recomendadas por Raij et al.<br />

(1987) e as análises granulométricas serão obtidas segundo Camargo et al. (1986).<br />

Amostras coletadas em cilindros de 100cm 3 serão utilizadas na determinação da densidade<br />

do solo, obtida diretamente por diferença de peso após secagem em estufa.<br />

Amostras indeformadas serão coletadas para a obtenção de curvas características de<br />

retenção de água no solo. Serão utilizados vários pontos de energia, onde os potenciais<br />

matriciais de 1 e 3 kPa serão obtidos por colunas de tensão, os potenciais de 5, 8, 10, 33 e<br />

100 kPa serão determinados com o uso de panelas de tensão preenchidas com areia de<br />

granulometria conhecida e constante, e os potenciais de 500 e 1500 kPa serão determinados<br />

em câmaras de pressão de Richards.<br />

Serão coletadas amostras indeformadas e orientadas para análise micromorfólogica<br />

do solo segundo Castro et al. (2003). As amostras desidratadas serão impregnadas com o<br />

uso de resina de poliéster e monômero de estireno, adicionando um catalisador da reação e<br />

um pigmento fluorescente. A confecção das lâminas será feita inicialmente pelo corte do<br />

bloco impregnado a espessuras de 5mm, seguindo de polimento de uma das faces, sendo a<br />

outra face cortada na espessura da lâmina delgada (1,8 x 30 x 40 mm).<br />

A quantificação da porosidade total nas lâminas delgadas será obtida por meio de<br />

análise de imagens, segundo metodologia proposta por Protz et al. (1992). Com o uso do<br />

programa Visilog, também utilizado por Cooper (1999), serão determinadas a distribuição e<br />

a morfologia dos poros do solo na lâmina delgada, de acordo com Ringrose-Voase (1991),


com o auxílio da técnica de epifluorescência descrita por Bouabid et al. (1992), utilizando<br />

fonte luminosa ultravioleta na obtenção de microfotografias digitais de cada seção da<br />

lâmina, facilitando a distinção entre poros e material grosseiro no material de solo.<br />

A medida in situ da dinâmica da água no solo será obtida através da instalação de<br />

sensores (TDR) em diferentes profundidades nas trincheiras abertas em campo, que serão<br />

conectados a um multiplexador que acumulará os dados relativos à umidade do solo em um<br />

“data logger”. Os registros serão coletados em intervalos de tempo previamente definidos,<br />

no período de um ano. Neste experimento será utilizado o modelo WCR (Water Content<br />

Reflectometer) da Campbell Scientific, por ser tão eficiente e mais barato que o TDR<br />

convencional (Seyfried & Murdock, 2001). Os dados serão ainda correlacionados aos dados<br />

de precipitação de chuva coletados em uma microestação meteorológica instalada no local.<br />

Neste caso, a área está sendo monitorada desde dezembro de 2003 e os dados<br />

obtidos serão incorporados a este trabalho, que dará continuidade ao monitoramento a partir<br />

de fevereiro de 2004. Porém, no cronograma estarão contidos todos os passos da<br />

metodologia, desde a abertura de trincheiras, considerando a data inicial (virtual) como<br />

janeiro de 2004 e término do experimento em campo em janeiro de 2005, o que também<br />

será antecipado para provavelmente dezembro de 2004.<br />

As medidas de condutividade hidráulica serão realizadas com o infiltrômetro<br />

multidisco TRIMS e o protocolo de cálculo da condutividade serão obtidos de acordo com<br />

Ankeny et al. (1991). A descrição, uso e modo de operação em campo de um permeâmetro<br />

ou infiltrômetro de disco semelhante ao utilizado são demonstrados por Silva (2000).<br />

A quantificação de raízes sobre os distintos solos observados na toposseqüência será<br />

baseada em metodologia proposta por Jorge (1996). Após a abertura da trincheira, o perfil<br />

será pintado com “spray” de esmalte sintético de cor branca e secagem rápida. Em seguida,


o perfil será lavado para favorecer o contraste entre solo e raízes. Um sistema reticulado de<br />

100 x 100 cm será montado no perfil com malha de 20 x 20 cm, onde cada quadrícula<br />

representará uma fotografia a ser processada pela análise de imagens, neste caso, utilizando<br />

o programa Visilog (o mesmo para quantificação de poros na análise micromorfológica).<br />

4. FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS<br />

A quantidade de amostras será determinada pela necessidade e possibilidade de<br />

coleta de material a cada profundidade dos perfis de solos em estudo.<br />

As comparações serão feitas de forma qualitativa e as análises quantitativas entre os<br />

horizontes, solos, parâmetros físico-hídricos e raízes serão realizadas utilizando estatítica<br />

descritiva e testes paramétricos de comparação de médias e ANOVA, com valores<br />

previamente normalizados, considerando um nível de significância menor que 5%.<br />

Os horizontes de transição, se muito semelhantes a outros adjacentes, serão<br />

agrupados àqueles com comportamento e características mais próximas.<br />

Também será verificada a existência de diferenças significativas nas relações entre a<br />

quantidade de raízes em diversas profundidades para cada posição da toposseqüência<br />

(pontos diferentes do relevo), considerando os distintos solos encontrados, estimando-se as<br />

relações solo-planta do local em estudo.<br />

Outras correlações serão feitas entre: valores de precipitação e a taxa de umidade<br />

(durante um ano); quantidade de raízes por diferentes conteúdos de água (umidade); e<br />

relações entre os parâmetros físico-hídricos obtidos em laboratório com as medições<br />

realizadas em campo. Desta forma, serão obtidas todas as diferenças significativas ou não,


necessárias à explicação e interpretação dos resultados obtidos. A bibliografia consultada<br />

servirá de base para sustentação e também de discussão dos resultados obtidos.<br />

Enfim, os processos que ocorrem nesta toposseqüência serão melhor entendidos,<br />

chegando a conclusões que expliquem os resultados obtidos, de modo a atingir os objetivos<br />

propostos inicialmente.<br />

5. PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA<br />

Plano de trabalho e Cronograma<br />

2004 2005 2006<br />

j f m a m j j a s o n d j f m a m j j a s o n d j f<br />

Créditos <br />

Revisão bibliográfica <br />

Abertura de trincheiras e instalação de <br />

sensores de umidade (TDR)<br />

Coleta de dados de umidade em campo <br />

Análise estrutural / Tradagens <br />

Retirada dos sensores WCR, uso do<br />

<br />

infiltrômetro e quantificação de raízes<br />

Análises Físicas, Químicas e Mineralógicas <br />

em laboratório<br />

Estudos físicos e morfológicos, utilizando<br />

<br />

técnicas de microscopia e análise de imagens<br />

Interpretação dos resultados <br />

Redação da dissertação <br />

6. BIBLIOGRAFIA<br />

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