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TCC DESIREE_final - Escola de Saúde do Exército

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1º Ten Al DESIRÉE OLIVEIRA ARGOLO DE SOUZA<br />

A IMPORTÂNCIA DO MILITAR DE SAÚDE EM OPERAÇÕES INTERNACIONAIS DE<br />

GRANDE VULTO: REALIDADE BRASILEIRA<br />

RIO DE JANEIRO<br />

2010


1º Ten Al DESIRÉE OLIVEIRA ARGOLO DE SOUZA<br />

A IMPORTÂNCIA DO MILITAR DE SAÚDE EM OPERAÇÕES<br />

INTERNACIONAIS DE GRANDE VULTO: REALIDADE BRASILEIRA<br />

Trabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso apresenta<strong>do</strong> à<br />

<strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Exército, como requisito<br />

parcial para aprovação no Curso <strong>de</strong> Formação<br />

<strong>de</strong> Oficiais <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />

especialização em Aplicações Complementares<br />

às Ciências Militares<br />

Orienta<strong>do</strong>r: Cap Tércio Brum.<br />

RIO DE JANEIRO<br />

2010


S729i<br />

Souza, Desirée Oliveira Argolo <strong>de</strong><br />

A importância <strong>do</strong> Militar <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> em operações<br />

internacionais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> vulto: realida<strong>de</strong> brasileira / Desirée<br />

Oliveira Argolo <strong>de</strong> Souza. - Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2010.<br />

32 f. : il. color. ; 30 cm<br />

Orienta<strong>do</strong>r: Tércio Brum<br />

Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso (especialização) – <strong>Escola</strong><br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército, Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em<br />

Aplicações Complementares às Ciências Militares, 2010.<br />

Referências: f. 22.<br />

1. Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército. 2. Importância. 3. Militar.<br />

Brum, Tércio. II. <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército. III. Título.<br />

CDD 355.345


1º Ten Al DESIRÉE OLIVEIRA ARGOLO DE SOUZA<br />

A IMPORTÂNCIA DO MILITAR DE SAÚDE EM OPERAÇÕES<br />

INTERNACIONAIS DE GRANDE VULTO: REALIDADE BRASILEIRA<br />

COMISSÃO DE AVALIAÇÃO<br />

TÉRCIO BRUM - Capitão<br />

Orienta<strong>do</strong>r<br />

RAPHAEL BARBOSA – Capitão<br />

Co-orienta<strong>do</strong>r<br />

ERNANE FERREIRA PLACIDES – Capitão<br />

Avalia<strong>do</strong>r<br />

RIO DE JANEIRO<br />

2010


AGRADECIMENTOS<br />

Fundamentalmente, agra<strong>de</strong>ço a DEUS: por <strong>de</strong>linear minha trajetória; por Sua<br />

misericórdia sobre mim e minha família. Sem dúvida, meu melhor Amigo em cada<br />

momento da minha carreira. A Origem da minha força, para lutar.<br />

Agra<strong>de</strong>ço aos oficiais- médicos da <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército e aos meus<br />

amigos Fuzileiros Navais que participaram da MINUSTAH, e que gentilmente expôsme<br />

suas experiências vividas, com sabe<strong>do</strong>ria, para o reconhecimento da importância<br />

<strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> em Missões <strong>de</strong> Paz.<br />

A minha mãe, por mostrar-me o verda<strong>de</strong>iro caminho <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a minha infância:<br />

Jesus Cristo.<br />

Ao meu pai, pela <strong>de</strong>dicação e esforço. Sen<strong>do</strong> instrumento <strong>de</strong> Deus para que<br />

hoje eu chegasse até aqui.<br />

Aos meus tios e as minhas amigas que sempre estiveram ao meu la<strong>do</strong>.<br />

Ao Capitão Raphael Barbosa, pela sua <strong>de</strong>dicação para o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

minha postura e li<strong>de</strong>rança militar, durante to<strong>do</strong> o Curso <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Oficiais, no<br />

ano <strong>de</strong> 2010.


O futuro tem muitos nomes.<br />

Para os fracos, é 'o inalcançável'...<br />

Para os temerosos,é 'o <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>'...<br />

Mas, para os valentes, é 'a oportunida<strong>de</strong>'.<br />

(Victor Hugo)


RESUMO<br />

O presente trabalho ressalta e reafirma a importância <strong>do</strong> militar <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Exército Brasileiro, em quaisquer situações <strong>de</strong> combate e missões <strong>de</strong> paz, seja<br />

como guardião da saú<strong>de</strong> e bem estar das tropas, seja como agente humanitário,<br />

prestan<strong>do</strong> assistência médica e sanitária a população atingida por calamida<strong>de</strong>s ou<br />

confrontos. Foi elabora<strong>do</strong> através <strong>de</strong> pesquisa bibliográfica e da análise <strong>de</strong> 05<br />

questionários, respondi<strong>do</strong>s por militares que estiveram em momentos diversos no<br />

Haiti, na MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti). A<br />

análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s mostrou que to<strong>do</strong>s os militares entrevista<strong>do</strong>s indicaram em<br />

suas respostas a vital importância <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> ressalva que o<br />

foco principal da atenção será sempre em primeiro lugar as tropas. Este estu<strong>do</strong><br />

<strong>final</strong>iza, concluin<strong>do</strong> que, nas entrevistas feitas aos militares Major Médico Cláudio<br />

Montes, Major Médica Yamar Eiras Baptista, Tenente Alessandro Fernan<strong>de</strong>s Pinto,<br />

3º Sargento Daniel da Silva Souza e Solda<strong>do</strong> Gleyson da Silva, embora tenha fica<strong>do</strong><br />

clara a ressalva <strong>do</strong> objetivo <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> sejam as tropas, há a clara<br />

evi<strong>de</strong>nciação <strong>de</strong> que também para a população <strong>do</strong> Haiti o Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> é <strong>de</strong><br />

suma importância.<br />

Palavras-Chaves: Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército. Importância. MINUSTAH.


ABSTRACT<br />

This paper highlights and reaffirms the importance of military health of the<br />

Brazilian Army in any combat situations and peacekeeping missions, whether as a<br />

guardian of health and welfare of the troops, whether as a humanitarian worker,<br />

providing medical and health care to affected population by disasters or conflicts. It<br />

was <strong>de</strong>veloped through literature review and analysis of 05 questionnaires answered<br />

by soldiers who were at different times in Haiti, MINUSTAH (UN Mission for<br />

Stabilization in Haiti). The analysis of s results showed that all military respon<strong>de</strong>nts<br />

indicated in their answers to the vital health service, leaving proviso that the main<br />

focus of attention is always first troops. This study conclu<strong>de</strong>s, concluding that, in<br />

interviews with the military Major Medical Claudio Montes, Major Medical Yamar<br />

Eiras Baptista, Lieutenant Alessandro Fernan<strong>de</strong>s Pinto, 3rd Sergeant Daniel da Silva<br />

Souza and Soldier Gleyson da Silva, although it was clear the exception of the goal<br />

of Service Health troops are, there is a clear <strong>de</strong>monstration of that also for the people<br />

of Haiti the Health Service is of paramount importance.<br />

Key Words: Health Service of the Army. Importance. MINUSTAH.


SUMÁRIO<br />

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 08<br />

2. HAITI E A MINUSTAH ..................................................................................... 10<br />

2.1 A ONU E AS MISSÕES DE PAZ ................................................................... 10<br />

2.1.1 minustah ................................................................................................. 11<br />

2.2 MINUSTAH: A CRONOLOGIA DOS FATOS QUE A DESENCADEARAM.... 12<br />

2.3 MISSÕES DE PAZ: INTERNAS X EXTERNAS ............................................. 14<br />

3. MILITAR DO CORPO DE SAÚDE: DUPLA IMPORTÂNCIA NAS MISSÕES DE<br />

PAZ ...................................................................................................................... 17<br />

3.1 PESQUISA: ENTREVISTA............................................................................. 17<br />

4. CONCLUSÕES .............................................................................................. 20<br />

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 22<br />

APÊNDICE A – ENTREVISTA MAJOR MÉDICO CLÁUDIO MONTES.............. 23<br />

APÊNDICE B – ENTREVISTA MAJOR MÉDICA YAMAR EIRAS BAPTISTA 25<br />

APÊNDICE C – ENTREVISTA TENENTE ALESSANDRO F. PINTO ............... 27<br />

APÊNDICE D – ENTREVISTA 3º SARGENTO DANIEL DA SILVA SOUZA..... 29<br />

APÊNDICE E – ENTREVISTA SOLDADO GLEYSON DA SILVA...................... 31<br />

TERMO DE CESSÃO DE DIREITOS SOBRE O TRABALHO MONOGRÁFICO 33


8<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

O objetivo principal <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> monográfico está no enfoque na<br />

importância <strong>do</strong> militar <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército Brasileiro – como guardião da higi<strong>de</strong>z e<br />

bem estar das tropas e como agente humanitário que presta assistência médica e<br />

sanitária, apoian<strong>do</strong> conjuntamente a população civil que, atingida por calamida<strong>de</strong>s<br />

ou confrontos, se vê carente <strong>de</strong> atendimento, ven<strong>do</strong> no militar <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, muitas<br />

vezes, a única fonte <strong>de</strong> atenção e cuida<strong>do</strong>s, sem negligenciar a prontidão da tropa.<br />

Sob um contexto <strong>de</strong> caos social, provoca<strong>do</strong> por um golpe <strong>de</strong> esta<strong>do</strong>, e<br />

agrava<strong>do</strong> por um recente terremoto, a Missão <strong>de</strong> Paz no Haiti é um claro exemplo <strong>de</strong><br />

situação on<strong>de</strong> as contribuições <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército se <strong>de</strong>stacam, tais<br />

como: a assistência que este vem prestan<strong>do</strong> a população carente <strong>do</strong> país, além <strong>do</strong><br />

apoio às tropas brasileiras.<br />

Esta situação <strong>de</strong> “dupla missão” será uma das principais características e<br />

foco <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> monográfico, concebi<strong>do</strong> através <strong>de</strong> pesquisa bibliográfica e <strong>de</strong><br />

entrevistas a militares que vivenciaram a MINUSTAH.<br />

Com tamanha oferta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s sobre a atuação <strong>do</strong> Brasil em Missões <strong>de</strong> Paz<br />

– com <strong>de</strong>staque para a MINUSTAH – foram selecionadas as observações e<br />

reflexões atuais, que tentam afirmar a inequívoca importância <strong>do</strong> Militar <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

nestas Missões, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> este estu<strong>do</strong> servir como possível fonte <strong>de</strong> consulta e<br />

análise <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res, professores e graduan<strong>do</strong>s na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou afins.<br />

Sen<strong>do</strong> assim, o presente estu<strong>do</strong> busca fazer uma análise acerca da<br />

importância <strong>do</strong> militar da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntro das inúmeras operações


internacionais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> vulto, ten<strong>do</strong> seu foco volta<strong>do</strong> para a MINUSTAH. E, ainda,<br />

como segun<strong>do</strong> objetivo, procurar-se-á trazer a tona e levar-se a uma reflexão a atual<br />

realida<strong>de</strong> brasileira <strong>do</strong> militar <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nestas missões, suas dificulda<strong>de</strong>s e suas<br />

limitações, através das entrevistas feitas com militares, que já cumpriram missão no<br />

Haiti: Major Médico Claudio Montes, Major Médico Yamar Eiras Baptista, Tenente<br />

Alessandro Fernan<strong>de</strong>s Pinto, 3º Sargento Daniel da Silva Souza e Solda<strong>do</strong> Gleyson<br />

da Silva.<br />

9


10<br />

2 HAITI E A MINUSTAH<br />

De tempos em tempos, nos <strong>de</strong>paramos com tragédias que assolam nações<br />

inteiras, como a calamida<strong>de</strong> <strong>do</strong> terremoto que <strong>de</strong>ixou em ruínas gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong><br />

Haiti, país que tem uma superfície <strong>de</strong> 27.750 Km² e que se localiza no terço oeste da<br />

“Ilha Hispaniola”, nas Gran<strong>de</strong>s Antilhas, no Mar <strong>do</strong> Caribe.<br />

in<strong>de</strong>pendência.<br />

Infelizmente, este país teve sua história marcada por tragédias <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua<br />

2.1 A ONU E AS MISSÕES DE PAZ<br />

Inicialmente, ainda durante as primeiras Operações <strong>de</strong> Paz com o crivo das<br />

Nações Unidas, estas tinham como função básica a restauração ou manutenção da<br />

paz e segurança internacional, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> claro certa relutância da Organização das<br />

Nações Unidas (ONU) ao permitir o uso da força por unida<strong>de</strong>s militares sob o seu<br />

coman<strong>do</strong>.<br />

Assim, frequentemente, a ONU tem evita<strong>do</strong> conce<strong>de</strong>r autorização para uso<br />

<strong>de</strong> forças militares sob o seu coman<strong>do</strong>, pois conforme sua “Carta das Nações<br />

Unidas”, o melhor caminho seria a resolução pacífica <strong>de</strong> disputas internacionais, <strong>de</strong><br />

forma a buscar que os Esta<strong>do</strong>s-membros não recorram ao uso da força contra<br />

qualquer outro Esta<strong>do</strong>.<br />

Apregoa Chesterman (2001, p. 99-102) que esta relutância <strong>de</strong>ve-se a<br />

concepção tradicional <strong>de</strong> manutenção da paz que <strong>de</strong>veria ser ativida<strong>de</strong> imparcial, e


empreendida com o consentimento <strong>de</strong> todas as partes, na qual a força é empregada<br />

somente em legítima <strong>de</strong>fesa, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> assim estar pautada em 03 características<br />

principais: uso mínimo <strong>de</strong> força, imparcialida<strong>de</strong> e consentimento.<br />

11<br />

Porém, prossegue o autor, foi a partir <strong>de</strong> experiências fracassadas que<br />

estas três características das operações <strong>de</strong> manutenção da paz tradicionais<br />

começaram a ser questionadas.<br />

Complementan<strong>do</strong> esta informação, nos informa Findlay (2002, p. 24) que<br />

ocorreram 05 operações <strong>de</strong> manutenção da paz, que <strong>de</strong>terminaram esta relutância<br />

da ONU: o Congo, entre 1960 e 1964, na Bósnia-Herzegóvina, entre 1992 e 1995, e<br />

e na Somália, entre 1993 e 1995.<br />

Estas operações, segun<strong>do</strong> o autor, teriam si<strong>do</strong> experiências traumáticas<br />

para a ONU, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> muitas controvérsias, acontecen<strong>do</strong> mais duas com a<br />

abstenção no emprego da força: Ruanda, em 1994, e Srebrenica, em 1995.<br />

Dada esta problemática, o militar <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, que se encontra<br />

envolvi<strong>do</strong> numa operação <strong>de</strong> paz, <strong>de</strong>ve ter em mente o tamanho da importância <strong>de</strong><br />

sua missão, pois a mesma é alvo <strong>de</strong> dúvidas e críticas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua formação.<br />

2.1.1 minustah<br />

A MINUSTAH (sigla em francês para Missão das Nações Unidas para a<br />

Estabilização no Haiti) trata-se <strong>de</strong> uma missão <strong>de</strong> paz, criada pelo Conselho <strong>de</strong><br />

Segurança das Nações Unidas, em 30 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2004, por meio da resolução<br />

1542, para restaurar a or<strong>de</strong>m no Haiti, pois estava atravessan<strong>do</strong> um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>


12<br />

insurgência, após a <strong>de</strong>posição <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte eleito Jean-Bertrand Aristi<strong>de</strong>.<br />

Tal missão está sen<strong>do</strong> li<strong>de</strong>rada pelo Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu início, ten<strong>do</strong> como<br />

objetivo levar segurança ao país durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> governo transitório, manten<strong>do</strong><br />

a or<strong>de</strong>m e dan<strong>do</strong> apoio aos funcionários da ONU empenha<strong>do</strong>s na reconstrução das<br />

organizações <strong>do</strong> Haiti, por meio da pacificação e <strong>de</strong>sarmamento <strong>de</strong> grupos.<br />

O treinamento <strong>do</strong>s militares que estão empenha<strong>do</strong>s nesta missão é<br />

<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> “estágio <strong>de</strong> capacitação”, e é feito por meio <strong>de</strong> exercícios teóricos e<br />

práticos <strong>de</strong> atendimento pré-hospitalar em condições adversas.<br />

Esclarece Marilene Wagner 1 , membro da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria da Política<br />

Nacional <strong>de</strong> Humanização, revelan<strong>do</strong>-nos que há uma segunda parte <strong>do</strong> treinamento<br />

com estes grupos <strong>de</strong> militares, e que envolve simula<strong>do</strong>s.<br />

O treinamento com esses solda<strong>do</strong>s é <strong>de</strong> extrema importância, pois o Haiti<br />

precisa <strong>de</strong> apoio e assistência nas vias públicas para os feri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> guerrilha,<br />

mulheres em trabalho <strong>de</strong> parto, ou seja, em situações constantes <strong>do</strong> atual<br />

momento enfrenta<strong>do</strong>. (Marilene Wagner)<br />

2.2 MINUSTAH: A CRONOLOGIA DOS FATOS QUE A DESENCADEARAM<br />

No Haiti, em setembro <strong>de</strong> 1991, ocorreu o Golpe <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> encabeça<strong>do</strong> pelo<br />

General Raul Cedras, que <strong>de</strong>pôs e exilou Jean-Bertrand Aristi<strong>de</strong>, o primeiro<br />

presi<strong>de</strong>nte eleito <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um longo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> governos ditatoriais, o que<br />

_______________<br />

1 Marilene Wagner, membro da Comisssão <strong>de</strong> Urgência/Emergência da SMS e da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria da<br />

Política Nacional <strong>de</strong> Humanização / SUDESTE 1(São Paulo).


mergulhou o país, em um caos econômico por conta das sanções e bloqueios<br />

comerciais impostas pela Organização <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Americanos (OEA), o que<br />

estabeleceu consequentemente uma crescente <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m social, resultante <strong>do</strong>s<br />

problemas que daí adviram.<br />

13<br />

Após o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1993-2003, em que houve o restabelecimento <strong>do</strong><br />

caminho para a <strong>de</strong>mocracia no Haiti, ocorria o retorno <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte Aristi<strong>de</strong> (1993),<br />

mas que só pô<strong>de</strong> ser consolida<strong>do</strong> em 1994, após intervenção <strong>de</strong> uma força<br />

multinacional que se esten<strong>de</strong>u até 2003, para reempossar Aristi<strong>de</strong> – houve, assim, a<br />

formação da “MINUSTAH” (Missão das Nações Unidas para Estabilização <strong>do</strong> Haiti)<br />

em 2004.<br />

Para participar <strong>de</strong>sta missão, o Brasil foi autoriza<strong>do</strong> pelo Conselho <strong>de</strong><br />

Segurança das Nações Unidas a enviar tropas para a realização <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong><br />

Força <strong>de</strong> Paz, muito embora o Haiti não tivesse problemas realmente <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

militar, mas, <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social e humanitária, pois a nação estava mergulhada em um<br />

ambiente <strong>de</strong> “quase anarquia”, on<strong>de</strong> se podia <strong>de</strong>tectar uma pobreza extremada, o<br />

caos político, a violência urbana e quadros <strong>de</strong> diversas <strong>do</strong>enças.<br />

2.3 MISSÕES DE PAZ: INTERNAS X EXTERNAS<br />

O Brasil já esteve diretamente envolvi<strong>do</strong> em outras Missões <strong>de</strong> Paz, além <strong>do</strong><br />

Haiti, como a <strong>do</strong> Timor. Em todas elas, houve significativa importância para o militar<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, mas não é apenas em missões no exterior que o Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Exército mostra sua eficiência e marca sua importância.


Nos informa Pedrosa (2007), que aqui mesmo, em alguns longínquos<br />

rincões <strong>do</strong> Brasil, localiza<strong>do</strong>s na região Centro-Oeste e Norte, o Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> Exército seria a única garantia <strong>de</strong> atendimento médico.<br />

14<br />

Portanto, por si só, tal informação já é um indicativo da importância vital que<br />

os militares <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército têm, ao agir em qualquer tipo <strong>de</strong> missões, sejam<br />

estas internas ou externas.<br />

As principais características e a importância real das missões <strong>de</strong> paz estão<br />

claramente indicada nas palavras <strong>de</strong> Celso Lafer 2 :<br />

A Organização das Nações Unidas (ONU) tem entre seus propósitos manter<br />

a paz em seu senti<strong>do</strong> mais amplo. E esse é o objetivo das missões <strong>de</strong> paz.<br />

Quan<strong>do</strong> essas operações tiveram início, na década <strong>de</strong> 50, sobretu<strong>do</strong> no<br />

perío<strong>do</strong> da Guerra Fria, tropas eram mantidas em zonas <strong>de</strong> conflito, em<br />

geral <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> cessar-fogo, para garantir a manutenção da paz.<br />

Nesse caso, a função das tropas era, <strong>de</strong> forma imparcial e com o<br />

consentimento das partes envolvidas, manter as partes conflitantes<br />

separadas fisicamente. Com o fim da Guerra Fria, as operações passaram a<br />

ser mais abrangentes, a fim <strong>de</strong> construir a paz.<br />

É assim nossa missão no Haiti. (DUARTE, 2010).<br />

Lafer explica ainda que, embora o Haiti não represente ameaça para a paz<br />

internacional, a nação precisa da presença <strong>de</strong> militares que atuem na reconstrução<br />

<strong>do</strong> país, <strong>de</strong> forma multidisciplinar, principalmente com ações <strong>de</strong> natureza<br />

humanitária, com reflexos para a saú<strong>de</strong> e para o sanitarismo.<br />

_______________<br />

2 Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores e professor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo – USP (Duarte, 2010).


Hoje, o Brasil se encontra engaja<strong>do</strong> não apenas na MINUSTAH; informa-nos<br />

Duarte (2010) que, além <strong>de</strong>sta, o Brasil também está presente em mais 13 missões<br />

<strong>de</strong> paz pelo mun<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> 1300 homens e mulheres <strong>do</strong> Exército Brasileiro,<br />

envolvi<strong>do</strong>s nessas missões.<br />

15<br />

Prosseguin<strong>do</strong>, Duarte (2010) afirma que a missão que conta com o maior<br />

número <strong>de</strong> brasileiros é a no Haiti, com um contingente <strong>de</strong> 1000 pessoas,<br />

ressaltan<strong>do</strong> sua importância, pois nos informa que esta é a única missão<br />

coor<strong>de</strong>nada pelo Brasil.<br />

O Tenente-Coronel Nelson Santana da Silva, comandante <strong>do</strong> 8º Batalhão <strong>de</strong><br />

Polícia <strong>do</strong> Exército, <strong>de</strong> São Paulo, cumpriu missão no Timor Leste como Capitão<br />

pelo 4º Batalhão <strong>de</strong> Polícia <strong>do</strong> Exército, <strong>de</strong> Olinda (PE), durante seis meses. Durante<br />

a missão, foi promovi<strong>do</strong> a Major, e comandava a tropa <strong>de</strong> Polícia <strong>do</strong> Exército da<br />

Força <strong>de</strong> Manutenção da Paz da ONU; ele explica, reiteran<strong>do</strong> a importância<br />

humanitária da missão, bem como <strong>do</strong> militar <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>:<br />

Foi uma missão <strong>de</strong> tropa <strong>de</strong> Polícia <strong>do</strong> Exército. Ficamos lá <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />

2001 a janeiro <strong>de</strong> 2002. Nós fomos o quinto contingente brasileiro a atuar no<br />

Timor. [...] A nossa companhia cumpria as missões <strong>de</strong> polícia voltadas<br />

especialmente para os militares e civis da ONU.<br />

Fazíamos escolta <strong>de</strong> comboios, escolta <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s, revista <strong>de</strong> pessoal,<br />

perícia criminal, escolta e custódia <strong>de</strong> presos, patrulhamento ostensivo,<br />

entre outras coisas.<br />

Essas, no entanto, eram as funções oficiais da equipe, mas extraoficialmente,<br />

executamos tarefas que consi<strong>de</strong>ro <strong>de</strong> maior importância para o<br />

Timor, como quan<strong>do</strong> reconstruímos escolas, e auxiliamos, com apoio <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, orfanatos <strong>de</strong> crianças aban<strong>do</strong>nadas pelas mães. (DUARTE, 2010).


Esclarece-nos também Cenço (2010), acerca das diferenças operacionais<br />

existentes nas missões <strong>de</strong> paz da OEA e da ONU. As missões da OEA são <strong>de</strong><br />

preparação <strong>de</strong> pessoal especializa<strong>do</strong> em trabalhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sminagem,<br />

supervisionan<strong>do</strong> a limpeza <strong>de</strong> áreas minadas. Já as que são coor<strong>de</strong>nadas pela ONU<br />

estão relacionadas à manutenção da paz, à segurança, à assistência humanitária e<br />

à monitoração <strong>do</strong>s processos políticos internos.<br />

16


3 MILITAR DO SERVIÇO DE SAÚDE: DUPLA IMPORTÂNCIA NAS MISSÕES DE PAZ<br />

17<br />

Buscan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os meios para mostrar a real importância <strong>do</strong> militar <strong>do</strong><br />

Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, o presente estu<strong>do</strong> foi elabora<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong>-se tanto a pesquisa<br />

bibliográfica, pautada nos levantamentos <strong>de</strong> textos diversos em: livros, monografias,<br />

artigos <strong>de</strong> revistas e sites da internet, além da aplicação <strong>de</strong> uma entrevista conten<strong>do</strong><br />

cinco questões, elaboradas e direcionadas à militares que estiveram em momentos<br />

diversos no Haiti, travan<strong>do</strong>, em maior ou menor grau, contato com militares <strong>do</strong><br />

Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

3.1 PESQUISA: ENTREVISTAS<br />

Este estu<strong>do</strong> monográfico foi cria<strong>do</strong> através <strong>de</strong> pesquisa bibliográfica e <strong>de</strong><br />

entrevistas. A meto<strong>do</strong>logia aplicada para análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s na pesquisa<br />

bibliográfica foi amparada em revisão da literatura – mesmo que, sobre o tema, esta<br />

ainda seja bastante limitada, no que tange a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes.<br />

Ainda assim, tem-se por base obras <strong>de</strong> autores que estiveram envolvi<strong>do</strong>s com<br />

o tema, ou o compreen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> forma pertinente, como DEL MANTO (2009) e<br />

SOUZA et al (2007). A meto<strong>do</strong>logia para análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s nas entrevistas<br />

foi subdividi<strong>do</strong> em algumas etapas, para uma melhor verificação.<br />

Em um primeiro momento, fez-se uma leitura rigorosa das respostas obtidas,<br />

seguin<strong>do</strong>-se a isso, um escalonamento temporal, <strong>do</strong> militar que esteve no Haiti a<br />

mais tempo, para o mais recente. Montada esta cronologia, se po<strong>de</strong> verificar que,


inicialmente, to<strong>do</strong>s os militares se <strong>de</strong>claram aptos, tanto profissionalmente, quanto<br />

emocionalmente para estarem engaja<strong>do</strong>s na MINUSTAH (Missão das Nações<br />

Unidas para a estabilização no Haiti).<br />

18<br />

Prosseguin<strong>do</strong> com a análise, praticamente to<strong>do</strong>s os militares, tanto os da<br />

área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, quanto os <strong>de</strong> outras áreas, <strong>de</strong>clararam haver feito aquisições<br />

pessoais durante sua estadia na MINUSTAH.<br />

To<strong>do</strong>s os militares, por razões óbvias, mostraram-se muito <strong>de</strong>sconfortáveis –<br />

incomoda<strong>do</strong>s mesmo – com a falta <strong>de</strong> saneamento que encontraram no país, sen<strong>do</strong><br />

essa a observação mais recorrente. Porém, as questões 6 e 7 mostraram que, sob<br />

óticas diferentes, mas <strong>de</strong> forma concisa, os militares que estiveram nas linhas <strong>de</strong><br />

frente respaldam a importância da presença <strong>do</strong> Militar da área <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> para a<br />

tropa, nas operações <strong>de</strong> paz – neste caso, na MINUSTAH.<br />

Para a pergunta sobre a preparação <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército<br />

Brasileiro, as respostas entram em consonância, pois to<strong>do</strong>s os militares<br />

consi<strong>de</strong>raram-se bem prepara<strong>do</strong>s para atuar – mesmo que alguns tenham feito<br />

ressalvas.<br />

Uma <strong>de</strong>ssas ressalvas faz alusão à necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Exército Brasileiro em enfatizar diagnóstico e tratamento, no que diz respeito a<br />

<strong>do</strong>enças tropicais. Outra resposta indica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhor preparação <strong>do</strong><br />

contingente envolvi<strong>do</strong>, sugerin<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> ATLS (Advanced Trauma Life<br />

Support), BTLS (Basic Trauma Life Support) e infectologia, além <strong>de</strong> línguas. Há<br />

também a sugestão <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> efetivo <strong>de</strong> médicos e inclusão <strong>de</strong> farmacêuticos


19<br />

nas bases <strong>de</strong> operação.<br />

E, embora to<strong>do</strong>s tenham indica<strong>do</strong> o foco principal <strong>do</strong>s atendimentos como<br />

sen<strong>do</strong> a tropa, to<strong>do</strong>s, com exceção <strong>do</strong> Tenente Alessandro Pinto, mencionaram<br />

algum tipo <strong>de</strong> envolvimento <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> em atendimentos à população.<br />

Tal dicotomia já era uma suspeita, e a questão “qual o público alvo <strong>do</strong><br />

Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>?” veio apenas ratificá-la como certeza. Embora to<strong>do</strong>s os militares<br />

tenham indica<strong>do</strong> as tropas como o principal foco para os cuida<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> – ou seja, a importância primária – a maioria <strong>de</strong>les também expressou, sob<br />

algum ponto <strong>de</strong> vista, sua preocupação com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se aten<strong>de</strong>r a<br />

população.<br />

Assim, po<strong>de</strong>-se dizer que, embora a relevância <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Exército para as tropas seja incontestável, nem por isso, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter importância<br />

também para a população haitiana.


20<br />

4 CONCLUSÕES<br />

Com base na pesquisa bibliográfica <strong>de</strong>senvolvida no presente estu<strong>do</strong>, temse<br />

uma importante evi<strong>de</strong>nciação teórica, a respeito da importância <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército Brasileiro na missão <strong>de</strong> paz MINUSTAH, com <strong>de</strong>staque para a<br />

tropa, que na situação <strong>de</strong> participante <strong>de</strong> uma missão <strong>de</strong> paz, encontra problemas a<br />

serem supera<strong>do</strong>s e situações <strong>de</strong> perigo a serem resolvidas ou contornadas. Ao<br />

mesmo tempo, há as carências <strong>do</strong> povo <strong>do</strong> Haiti.<br />

A população <strong>do</strong> Haiti está imersa em dificulda<strong>de</strong>s e carências <strong>de</strong> diversas<br />

naturezas. Eis que se verificou, segun<strong>do</strong> alguns relatos, que esta, por vezes,<br />

também recebeu atendimento <strong>do</strong> militar <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. E este po<strong>de</strong>rá ser o<br />

único atendimento que receberá, até que se fin<strong>de</strong> as crises internas <strong>do</strong> país, como o<br />

caos político, a falta <strong>de</strong> saneamento, e agravantes como o terremoto que<br />

recentemente assolou o país e que <strong>de</strong>ixou sua situação sócio-econômica ainda mais<br />

complicada.<br />

As cinco entrevistas feitas com militares, que atuaram no Haiti em diferentes<br />

épocas, trazem o seguinte respal<strong>do</strong> prático a este estu<strong>do</strong>: <strong>de</strong>ntro das atuações<br />

brasileiras, em missões <strong>de</strong> paz (com <strong>de</strong>staque para a MINUSTAH), o militar <strong>do</strong><br />

Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> seria imprescindível às operações. Mesmo que os militares<br />

entrevista<strong>do</strong>s tenham feito ressalvas (como a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprimoramento em<br />

infectologia e atendimento pré-hospitalar), num quadro geral, tais militares avaliaram<br />

positivamente o <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.


Estas ressalvas <strong>de</strong>vem ser encaradas não como críticas, mas como<br />

indicativos <strong>do</strong> que é a necessida<strong>de</strong> constante <strong>de</strong> melhoria, para algo que precisa<br />

estar sempre <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> patamar da excelência – que neste caso, é o atendimento <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>. Tais ressalvas nos levam a concluir que, em conjunto com os da<strong>do</strong>s<br />

levanta<strong>do</strong>s, a importância <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> está ligada à seu envolvimento nas<br />

missões – aqui, em particular, a <strong>do</strong> Haiti.<br />

21<br />

Ao perdurarem os episódios, que levaram à necessida<strong>de</strong> das Tropas <strong>do</strong><br />

Exército Brasileiro estarem em solo haitiano, igualmente, permanece a<br />

responsabilida<strong>de</strong> da higienização e saú<strong>de</strong> das tropas, junto aos militares <strong>do</strong> serviço<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Isto porque as tropas são a causa primária <strong>de</strong> sua atenção, porém, não se<br />

po<strong>de</strong> negar que boa parte da população vá receber atenção à saú<strong>de</strong> pelos militares<br />

<strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

Finalizan<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> o povo <strong>do</strong> Haiti recebe qualquer tipo <strong>de</strong> atendimento<br />

<strong>do</strong>s militares <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>stes as únicas “mãos amigas” <strong>de</strong><br />

que tal parcela da população vá receber gestos <strong>de</strong> gentileza e <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, num<br />

ambiente quase sempre hostil e <strong>de</strong> <strong>de</strong>samparo para a população civil, que é,<br />

atualmente, a situação caótica interna <strong>do</strong> país.


22<br />

REFERÊNCIAS<br />

ALMEIDA, Major-General Manuel António Lourenço <strong>de</strong> Campos. Direito<br />

Humanitário e Conflitos Mo<strong>de</strong>rnos. Military Review Magazine, v. 83, 4°<br />

quadrimestre. 2003.<br />

BRASIL. MINISTÉRIO DA DEFESA. ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO. Manual <strong>de</strong><br />

Campanha C 95-1 Operação <strong>de</strong> Manutenção <strong>de</strong> Paz, 2 Ed. 1998.<br />

CENÇO, Bruna. Doutores da Solidarieda<strong>de</strong>, artigo. Revista da Associação<br />

Paulista <strong>de</strong> Medicina (APM), p. 26-29, março <strong>de</strong> 2010.<br />

CHESTERMAN, Simon. Apenas Guerra ou Apenas Paz? Guia sobre<br />

Intervenções humanitárias e leis internacionais. Tradução: FERNANDES, Juan.<br />

Oxford: Oxford University Press, 2001.<br />

DEL MANTO, Ricar<strong>do</strong>. Atendimento Nível I na Brigada Haiti: Estu<strong>do</strong> Comparativo<br />

sobre orientações para prevenção <strong>de</strong> Malária preconizadas pela ONU e executadas<br />

por militares <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Contingente da Força <strong>de</strong> Paz no Haiti, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2004 a junho <strong>de</strong> 2005. Monografia EsSEx, 2009.<br />

DEPARTAMENTO DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS DAS NAÇÕES UNIDAS. Missão<br />

da Nações Unidas para Estabilização no Haiti (MINUSTAH). In Nações Unidas –<br />

UM, 2000-2004. Disponível em .<br />

Acesso em 20 abr. 2010.<br />

DUARTE, Natália. Guerra e Armas. Artigo publica<strong>do</strong> no Site “Abrill.com / Blog”, em<br />

05/03/2010. Disponível em .<br />

Acessa<strong>do</strong><br />

em 27 abr. 2010.<br />

FINDLAY, Trevor. O Uso da Força em Operações <strong>de</strong> Paz autorizadas pelas<br />

Nações Unidas. Tradução: BOSCOLLI, Hélio. Oxford: Oxford University Press,<br />

2002.<br />

PEDROSA, Eliana. Sempre a missão <strong>de</strong> salvar! Artigo. Jornal <strong>do</strong> Brasil. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: 13 Set. 2007.<br />

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Operação <strong>de</strong> Paz no<br />

Haiti. Palestra. Disponível em: . Acesso em: 28 abr. 2010.<br />

SOUZA, Adriana Et Al. A Atuação <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> na MINUSTAH: Aspectos<br />

envolven<strong>do</strong> o Sargento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, da preparação a <strong>de</strong>smobilização. Monografia<br />

ESSEX, 2007.


23<br />

APÊNDICE A – ENTREVISTA MAJOR MÉDICO CLÁUDIO MONTES<br />

Nome: Cláudio Montes Ida<strong>de</strong>: 40 anos Ida<strong>de</strong> na missão: 39 anos<br />

Posto / Graduação Atual: Major Médico Na missão: Major Médico<br />

Armas, Quadros e Serviço: Saú<strong>de</strong><br />

Perío<strong>do</strong> em que serviu no Haiti: novembro <strong>de</strong> 2008 a julho <strong>de</strong> 2009<br />

1) Qual foi seu posto e função no Haiti?<br />

R: Major Médico Adjunto <strong>do</strong> 10º Contingente<br />

2) Qual foi sua atuação na Missão <strong>de</strong> Paz?<br />

R: Durante 5 meses, adjunto da base Charlie, e substituto <strong>do</strong>s médicos das Bases<br />

Tebo e Forte Nacional<br />

3) Profissionalmente, o que lhe acrescentou participar a Missão <strong>de</strong> Paz?<br />

R: Percepção <strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos e dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma missão real <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

proporções; vivenciar as oscilações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e o emprego das armas no terreno.<br />

4) Sentia-se prepara<strong>do</strong> emocionalmente para esta missão?<br />

R: Sim.<br />

5) Sentia-se prepara<strong>do</strong> profissionalmente para esta missão?<br />

R: Sim. O treinamento da<strong>do</strong> pela Cia Fuz (Companhia <strong>de</strong> Fuzileiros) é satisfatório.<br />

Tem duração <strong>de</strong> aproximadamente 3 meses, e, em parte, é em regime <strong>de</strong> internato .<br />

6) Aspectos da situação sanitária <strong>do</strong> país chamaram sua atenção?<br />

R: Não há saneamento básico no Haiti! Esgoto e lixo correm em valas a céu aberto<br />

por toda cida<strong>de</strong>. Existem bicas coletivas, e raríssimas casas possuem água<br />

encanada.


7) O que achou <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército brasileiro no perío<strong>do</strong> o qual você<br />

serviu?<br />

R: Fornecemos apoio <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> apenas em 1º escalão. A única base brasileira bem<br />

equipada é a Base Charlie; as outras duas <strong>de</strong>ixam a <strong>de</strong>sejar em equipamento e<br />

pessoal.<br />

24<br />

8) Você achou que o Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército brasileiro estava prepara<strong>do</strong> para<br />

lidar com as situações relativas a serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no Haiti? Porque?<br />

R: Para atendimento às tropas, sim. Porém, para aten<strong>de</strong>r a população,<br />

simplesmente não temos efetivo para tal. Até porque a população necessita <strong>de</strong><br />

coisas tão básicas como água tratada, comida e saneamento.<br />

9) Qual o ´´ público-alvo `` <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército brasileiro no Haiti?<br />

R: A própria tropa. Inúmeros são os atendimentos <strong>do</strong>s militares na visita médica<br />

diária.<br />

10) Você teria alguma sugestão para fazer ao Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército<br />

brasileiro no Haiti? Em caso positivo, qual?<br />

R: Equipar melhor as Bases Tebo (Cité Soleil) e Forte Nacional (Belair); aumentar o<br />

efetivo médico e enfermagem; incorporar o farmacêutico na Base Charlie; ministrar<br />

curso <strong>de</strong> ATLS para to<strong>do</strong>s os médicos e BTLS para os Sargentos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.


25<br />

APÊNDICE B – ENTREVISTA MAJOR MÉDICA YAMAR EIRAS BAPTISTA<br />

Nome: Yamar Eiras Baptista Ida<strong>de</strong>: 42 anos Ida<strong>de</strong> na missão: 39 anos<br />

Posto / Graduação Atual: Major Médica Na missão: Capitão Médica<br />

Armas, Quadros e Serviço: Saú<strong>de</strong><br />

Perío<strong>do</strong> em que serviu no Haiti: maio/2007 a <strong>de</strong>zembro/2007<br />

1) Qual foi seu posto e função no Haiti?<br />

R: Capitão Médica<br />

2) Qual foi sua atuação na Missão <strong>de</strong> Paz?<br />

R: Médica da 3ª Cia Fuz.<br />

3) Profissionalmente, o que lhe acrescentou participar a Missão <strong>de</strong> Paz?<br />

R: Alterou a minha visão da atuação <strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército.<br />

4) Sentia-se prepara<strong>do</strong> emocionalmente para esta missão?<br />

R: Sim.<br />

5) Sentia-se prepara<strong>do</strong> profissionalmente para esta missão?<br />

R: Sim.<br />

6) O que você observou <strong>de</strong> relevante no Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> nesta missão?<br />

R: Nada.<br />

7) Aspectos da situação sanitária <strong>do</strong> país chamaram sua atenção?<br />

R: Muito ruim a situação sanitária <strong>do</strong> Haiti.


8) Você achou que o Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército brasileiro estava prepara<strong>do</strong> para<br />

lidar com as situações relativas ao serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no Haiti? Porque ?<br />

R: Relativamente prepara<strong>do</strong>, pois a atenção primária <strong>de</strong>veria enfocar mais o<br />

diagnóstico <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças tropicais.<br />

26<br />

09) Qual o ‘público-alvo’ <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército brasileiro no Haiti?<br />

R: Em 1º, a tropa. Mas promoveram-se muitos atendimentos aos civis, aos quais<br />

eram necessários naquela ocasião.<br />

10) Você teria alguma sugestão para fazer ao Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército<br />

brasileiro no Haiti? Em caso positivo, qual?<br />

R: Mais ênfase ao diagnóstico e tratamento <strong>de</strong> Doenças Tropicais e; quanto aos<br />

aspectos nutricionais da tropa (dieta muito rica em carboidratos).


27<br />

APÊNDICE C – ENTREVISTA TENENTE ALESSANDRO F. PINTO<br />

Nome: Alessandro F. Pinto Ida<strong>de</strong>: 35 anos Ida<strong>de</strong> na missão: 30 anos<br />

Posto / Graduação Atual: 1º Tenente Médico Na missão: 2º Tenente Médico<br />

Armas, Quadros e Serviço: Saú<strong>de</strong><br />

Perío<strong>do</strong> em que serviu no Haiti: junho <strong>de</strong> 2005 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005<br />

1) Qual foi seu posto e função no Haiti?<br />

R: Médico da cavalaria, chefe <strong>do</strong> pelotão <strong>do</strong> coman<strong>do</strong> e serviço da cavalaria e<br />

médico adjunto da Base Bravo.<br />

2) Qual foi sua atuação na Missão <strong>de</strong> Paz?<br />

R: Atuava na linha <strong>de</strong> frente, junto à cavalaria. Era o médico que fazia o primeiro<br />

atendimento, pois estava na linha <strong>de</strong> frente (Nível I).<br />

3) Profissionalmente, o que lhe acrescentou participar a Missão <strong>de</strong> Paz?<br />

R: Experiência <strong>de</strong> estar em contato com profissionais e militares <strong>de</strong> outros países.<br />

4) Sentia-se prepara<strong>do</strong> emocionalmente para esta missão?<br />

R: Sim, mas não sabia o que me esperava.<br />

5) Sentia-se prepara<strong>do</strong> profissionalmente para esta missão?<br />

R: Sim, pois já havia feito os cursos ATLS (Advanced Trauma Life Support), BTLS<br />

(Basic Trauma Life Support) e ACLS (Advanced Cardiologic Life Support).<br />

6) O que você observou <strong>de</strong> relevante no Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> nesta missão?<br />

R: A gran<strong>de</strong> diferença entre lá e aqui, é que lá você tem to<strong>do</strong>s os recursos à vonta<strong>de</strong><br />

em mãos – nunca faltou material.<br />

7) Aspectos da situação sanitária <strong>do</strong> país chamaram sua atenção?<br />

R: Muito diferente <strong>do</strong> Brasil. 80% da população vive abaixo da linha da miséria.


8) O que achou <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército Brasileiro no perío<strong>do</strong> no qual você<br />

serviu?<br />

R: Provi<strong>do</strong> <strong>de</strong> profissionais e materiais <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>.<br />

28<br />

9) Você achou que o Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército brasileiro estava prepara<strong>do</strong> para<br />

lidar com as situações relativas a serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no Haiti? Porque?<br />

R: Sim, pois era composto <strong>de</strong> médicos que trabalhavam em hospitais públicos,<br />

capacitan<strong>do</strong>-os a qualquer missão.<br />

10) Qual o “público-alvo” <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército brasileiro no Haiti?<br />

R: Os militares da MINUSTAH, e não os haitianos.<br />

11) Você teria alguma sugestão para fazer ao Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército<br />

brasileiro no Haiti? Em caso positivo, qual?<br />

R: Que to<strong>do</strong>s os escala<strong>do</strong>s para a missão estu<strong>de</strong>m o ATLS, o BTLS e infectologia, e<br />

tenham conhecimento das línguas inglês e francês.


29<br />

APÊNDICE D – ENTREVISTA 3º SARGENTO DANIEL DA SILVA SOUZA<br />

Nome: Daniel da Silva Souza Ida<strong>de</strong>: 30 anos Ida<strong>de</strong> na missão: 25 anos<br />

Posto / Graduação Atual: 3º Sargento Na missão: Cabo<br />

Armas, Quadros e Serviço: Fuzileiro Naval <strong>de</strong> Infantaria<br />

Perío<strong>do</strong> em que serviu no Haiti: junho <strong>de</strong> 2005 a Novembro <strong>de</strong> 2005<br />

1) Qual foi seu posto e função no Haiti?<br />

R: Cabo Fuzileiro Naval e minha função Comandante <strong>de</strong> Esquadra <strong>de</strong> Tiro da<br />

Companhia <strong>de</strong> Combate Terrestre<br />

2) Qual foi sua atuação na Missão <strong>de</strong> Paz?<br />

R: Fazer segurança e patrulha ostensiva em alguns pontos da cida<strong>de</strong>, e check-point<br />

para revista <strong>de</strong> carros.<br />

3) Profissionalmente, o que lhe acrescentou participar a Missão <strong>de</strong> Paz?<br />

R: Pu<strong>de</strong> colocar em pratica o que há 05 anos eu já treinava. Pu<strong>de</strong> testar todas as<br />

minhas habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> militar.<br />

4) Sentia-se prepara<strong>do</strong> emocionalmente para esta missão?<br />

R: Muito, pois sempre tive o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ir para uma “missão real”.<br />

5) Sentia-se prepara<strong>do</strong> profissionalmente para esta missão?<br />

R: Certamente, pois o dia-a-dia <strong>de</strong> um Fuzileiro Naval é estar sempre treinan<strong>do</strong> para,<br />

quan<strong>do</strong> for solicita<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>r cumprir sua missão com o maior êxito.<br />

6) O que você observou <strong>de</strong> relevante no Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> nesta missão?<br />

R: No perío<strong>do</strong> que fui à missão, os militares da Argentina eram responsáveis pelo<br />

Hospital Central da missão.


7) Aspectos da situação sanitária <strong>do</strong> país chamaram sua atenção?<br />

R: Praticamente, serviço <strong>de</strong> água e esgoto não existia, nem serviço <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> lixo.<br />

30<br />

8) O que achou <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército brasileiro no perío<strong>do</strong> o qual você<br />

serviu?<br />

R: Eu tive muito pouco contato com o <strong>do</strong> Exército Brasileiro, mas posso comentar,<br />

em relação ao <strong>do</strong> Corpo <strong>de</strong> Fuzileiros. Estávamos sempre fazen<strong>do</strong> serviço<br />

comunitário, como entrega <strong>de</strong> <strong>do</strong>nativos, aplicação <strong>de</strong> flúor em crianças, corte <strong>de</strong><br />

cabelo e brinca<strong>de</strong>iras diversas com as crianças.<br />

9) Você achou que o Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército brasileiro estava prepara<strong>do</strong> para<br />

lidar com as situações relativas a arma <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no Haiti? Porque ?<br />

R: Sim, mas como respondi na pergunta anterior, não tive muito contato com o<br />

Exército Brasileiro durante a missão.<br />

10) Qual o público alvo <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Fuzileiros no Haiti?<br />

R: O Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Corpo <strong>de</strong> Fuzileiros era <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> mais para as creches,<br />

on<strong>de</strong> se encontravam muitas crianças órfãs.<br />

11) Você teria alguma sugestão para fazer ao Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército<br />

brasileiro no Haiti? Em caso positivo, qual?<br />

R: Sim. Dêem muita atenção às crianças daquele país, pois elas são o futuro <strong>de</strong> lá.


31<br />

APÊNDICE E – ENTREVISTA SOLDADO GLEYSON DA SILVA<br />

Nome: Gleyson da Silva Ida<strong>de</strong>: 23 anos Ida<strong>de</strong> na missão: 22 anos<br />

Posto / Graduação Atual: Solda<strong>do</strong><br />

Na missão: Solda<strong>do</strong><br />

Armas, Quadros e Serviço: Quadro <strong>de</strong> Praças Armadas<br />

Ano e Perío<strong>do</strong> em que serviu no Haiti: Abril <strong>de</strong> 2009 a junho <strong>de</strong> 2010<br />

1) Qual foi seu posto e função no Haiti?<br />

R: Solda<strong>do</strong><br />

2) Qual foi sua atuação na Missão <strong>de</strong> Paz?<br />

R: Fazer a segurança da carga <strong>de</strong> ajuda humanitária que estava sen<strong>do</strong> transportada<br />

para o Haiti<br />

3) Profissionalmente, o que lhe acrescentou participar a Missão <strong>de</strong> Paz?<br />

R: Melhoria da percepção em campo.<br />

4) Sentia-se prepara<strong>do</strong> emocionalmente para esta missão?<br />

R: Sim.<br />

5) Sentia-se prepara<strong>do</strong> profissionalmente para esta missão?<br />

R: Sim.<br />

6) O que você observou <strong>de</strong> relevante no Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> nesta missão?<br />

R: Mesmo com to<strong>do</strong> o suporte presta<strong>do</strong> por outros países, a situação da saú<strong>de</strong> no<br />

Haiti ainda era <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte e precisava <strong>de</strong> muitas melhorias.<br />

7) Aspectos da situação sanitária <strong>do</strong> país chamaram sua atenção?<br />

R: Sim. Depois <strong>do</strong> terremoto, pessoas per<strong>de</strong>ram suas casas e estavam moran<strong>do</strong> em<br />

abrigos <strong>de</strong>sumanos.


8) O que achou <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército brasileiro no perío<strong>do</strong> o qual você<br />

serviu?<br />

R: O Exército está prestan<strong>do</strong> um bom serviço, mais faltam mais recursos e mais<br />

médicos.<br />

32<br />

9) Você achou que o Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército brasileiro estava prepara<strong>do</strong> para<br />

lidar com as situações relativas a arma <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no Haiti? Porque?<br />

R: Sim. Porque o exercito dispõe <strong>de</strong> bons profissionais na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> .<br />

10) Qual o “público-alvo” <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército brasileiro no Haiti?<br />

R: Eram as crianças e os afeta<strong>do</strong>s pelo terremoto.<br />

11) Você teria alguma sugestão para fazer ao Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Exército<br />

brasileiro no Haiti? Em caso positivo, qual?<br />

R: Não.


33<br />

TERMO DE CESSÃO DE DIREITOS SOBRE O TRABALHO MONOGRÁFICO<br />

Eu, Desirée Oliveira Argolo <strong>de</strong> Souza, regularmente matriculada no<br />

Curso <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Oficiais, na especialida<strong>de</strong> médica na <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> Exército, autor <strong>do</strong> Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso intitula<strong>do</strong> “A Importância<br />

<strong>do</strong> Militar <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> em Operações Internacionais <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Vulto: Realida<strong>de</strong><br />

Brasileira”, autorizo a EsSEx a utilizar meu trabalho para uso específico no<br />

aperfeiçoamento e evolução da Força Terrestre, bem como a divulgá-lo por<br />

publicação em revista técnica ou outro veículo <strong>de</strong> comunicação.<br />

A EsSEx po<strong>de</strong>rá fornecer cópia <strong>do</strong> trabalho mediante ressarcimento<br />

das <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> postagem e reprodução. Caso seja <strong>de</strong> natureza sigilosa, a<br />

cópia somente será fornecida se o pedi<strong>do</strong> for encaminha<strong>do</strong> por meio <strong>de</strong> uma<br />

organização militar, fazen<strong>do</strong>-se a necessária anotação <strong>do</strong> <strong>de</strong>stino no Livro <strong>de</strong><br />

Registro existente na Biblioteca.<br />

É permitida a transcrição parcial <strong>de</strong> trechos <strong>do</strong>s trabalhos para<br />

comentários e citações <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam transcritos os da<strong>do</strong>s bibliográficos <strong>do</strong>s<br />

mesmos, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a legislação sobre direitos autorais.<br />

A divulgação <strong>do</strong> trabalho, por qualquer meio, somente po<strong>de</strong> ser feita<br />

com a autorização <strong>do</strong> autor e da Diretoria <strong>de</strong> Ensino da EsSEx.<br />

______________________________________________<br />

DESIRÉE OLIVEIRA ARGOLO DE SOUZA - 1º Ten Al<br />

Aluna <strong>do</strong> CFO 2010

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