Agostinho e a Literatura Portuguesa - Instituto de Filosofia
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O nosso mundo, que em agonia se parece arrastar, tem <strong>de</strong> ser salvo.<br />
Po<strong>de</strong> ainda ser salvo. Depen<strong>de</strong> unicamente <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós. Através da<br />
reflexão e da mudança <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong>s, será possível, pela acção construtiva,<br />
dizer «É a hora!».<br />
“É a hora <strong>de</strong> se <strong>de</strong>ixarem da tolice dos impérios, que não servem para<br />
nada”; “É a hora <strong>de</strong> estarem disponíveis para o mundo, que precisa <strong>de</strong> vocês.” De<br />
que forma? A solução, aponta-a <strong>Agostinho</strong>, sistematicamente, indo agora inspirar-se<br />
na Mensagem <strong>de</strong> Pessoa, para melhor explicar: 69<br />
• «É a hora!» <strong>de</strong> repensar a educação, transformando filosofias, paradigmas<br />
<strong>de</strong> escolas e mentalida<strong>de</strong>s. Mais do que nunca necessita a Humanida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver qualida<strong>de</strong>s infantis que conferem características<br />
distintivamente humanas: as escolas e a vida, reestruturadas,<br />
<strong>de</strong>senvolverão “a imaginação em vez do saber”, “o jogo em vez do<br />
trabalho”, “a totalida<strong>de</strong> em vez da separação”. Porque, queiramos ou<br />
não, assim nos narram as múltiplas culturas. São estas, precisamente,<br />
as características dos “gran<strong>de</strong>s criadores <strong>de</strong> ciência”, dos “gran<strong>de</strong>s<br />
artistas”, ou dos “gran<strong>de</strong>s políticos”. 70 Se o mundo é imprevisível, a<br />
criança terá <strong>de</strong> ser preparada, através do conhecimento das coisas e<br />
do <strong>de</strong>senvolvimento da sua criativida<strong>de</strong> e imaginação, para ser capaz<br />
<strong>de</strong> dar resposta aos imprevistos.<br />
• «É a hora» <strong>de</strong> repensar a economia do mundo em mol<strong>de</strong>s comunitários,<br />
disciplinando o processo <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> distribuição. «É a<br />
hora!» <strong>de</strong> repensar as formas <strong>de</strong> governo. A Humanida<strong>de</strong> necessita<br />
<strong>de</strong> governos que sirvam à res publica e não apenas à res propria. As<br />
pessoas e colectivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>verão voltar a ser ouvidas, nos seus sonhos<br />
e anseios e, quando a socieda<strong>de</strong> estiver organizada, <strong>de</strong> novo, segundo<br />
os bem-sucedidos preceitos medievais da fraternida<strong>de</strong> católica (ao<br />
nível da ciência, da economia e da religião), do comunitarismo agrário<br />
71 e da <strong>de</strong>scentralização <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>. A todos <strong>de</strong>ve ser conferido<br />
o direito <strong>de</strong> ser. 72 Teremos, então, chegado ao momento em que seremos<br />
capazes <strong>de</strong> constituir o <strong>de</strong>sejado <strong>de</strong>sígnio <strong>de</strong> “ser católico, isto é,<br />
fraternal e universal”. 73<br />
Ousemos, então, apostar no futuro, e apostar nas crianças. Não as <strong>de</strong>formando<br />
pela pedagogia, antes as <strong>de</strong>ixando crescer e apren<strong>de</strong>r em função<br />
dos seus interesses e vocações. Crescendo num mundo organizado em torno<br />
<strong>de</strong> uma nova consciência, a <strong>de</strong> que “todo o governo que não for <strong>de</strong> amar será<br />
<strong>Agostinho</strong> e a <strong>Literatura</strong> <strong>Portuguesa</strong><br />
Helena Maria Briosa e Mota