Dental Press
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Souza MA, Menin MLF, Montagner F, Cecchin D, Farina AP<br />
DISCUSSÃO<br />
Os instrumentos endodônticos são utilizados para<br />
remover os remanescentes de tecido pulpar durante os<br />
procedimentos de limpeza e modelagem do sistema de<br />
canais radiculares. Para serem reutilizados, os mesmos<br />
terão que passar por um processo de limpeza antes da<br />
esterilização, para que haja a remoção de matéria orgânica<br />
e resíduos teciduais nos instrumentos.<br />
São vários os estudos que abordam as técnicas de<br />
limpeza de limas endodônticas, entre elas a escovação,<br />
detergentes enzimáticos e o auxílio ultrassônico. Entretanto,<br />
não existe, até o momento, nenhum método capaz<br />
de deixar o instrumento livre de qualquer resíduo,<br />
muito embora os melhores resultados tenham sido obtidos<br />
através da associação dos recursos de escovação e<br />
ultrassom 2,8,9,10 .<br />
A limpeza ultrassônica apresenta algumas vantagens<br />
sobre a manual, tais como: maior eficiência de limpeza;<br />
redução na aerossolização de partículas infecciosas liberadas<br />
durante a escovação; incidência reduzida com<br />
instrumentos; maior limpeza, inclusive remoção de oxidações;<br />
aproveitamento melhor de tempo e redução do<br />
trabalho manual 3,11,12,13 .<br />
As limas coletadas para o presente estudo foram<br />
submetidas à limpeza por intermédio de escovação realizada<br />
pelos alunos da Faculdade de Odontologia da<br />
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.<br />
A partir das análises obtidas por MEV, observou-se que<br />
20% das limas incluíam-se no escore 1; 28% no escore<br />
2; 20% no escore 3; e 32% no escore 4. Isso pode estar<br />
relacionado ao fato de que não foi utilizado o recurso<br />
ultrassônico para realização da limpeza das limas endodônticas,<br />
apresentando as mesmas um significativo grau<br />
de sujidade em suas superfícies.<br />
Um estudo prévio afirma que foi detectado que a presença<br />
de matéria orgânica e/ou resíduos nos instrumentos<br />
pode interferir no processo de esterilização, pois cria<br />
barreiras de proteção para os microrganismos, podendo<br />
impedir a penetração do agente esterilizante 3 . Entretanto,<br />
tais achados não vão ao encontro dos resultados encontrados<br />
em nosso estudo, onde foi demonstrado que,<br />
apesar da presença de sujidade e matéria orgânica na<br />
superfície das limas endodônticas, não houve crescimento<br />
bacteriano após o processo de esterilização das<br />
mesmas. Isso pode ser explicado pelo eficiente processo<br />
de esterilização, que é capaz de reduzir e eliminar toda<br />
e qualquer forma de conteúdo microbiano presente nas<br />
superfícies dos instrumentos endodônticos em questão.<br />
Resultados semelhantes ao nosso estudo foram encontrados<br />
por estudo prévio que comparou as condições<br />
microbiológicas das limas utilizadas pelos alunos de graduação<br />
de 6 faculdades de Odontologia do Rio Grande<br />
do Sul. Os resultados demonstraram que, do total das 60<br />
amostras examinadas, 53 encontravam-se estéreis, enquanto<br />
7 apresentaram-se contaminadas, sendo que em<br />
apenas duas Faculdades as limas endodônticas recolhidas<br />
apresentaram 100% de culturas negativas 14 .<br />
Diante das limitações deste estudo, pode-se concluir<br />
que, apesar de haver uma presença significativa<br />
de sujidade na superfície das limas endodônticas<br />
após limpeza, este fator não influencia no processo<br />
de esterilização das mesmas.<br />
© 2011 <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endodontics 85<br />
<strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endod. 2011 apr-june;1(1):82-6