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[ artigo original ] A persistência de diferentes pastas medicamentosas à base de hidróxido de cálcio em canais radiculares: estudo por MEV<br />

Introdução<br />

A eliminação de microrganismos no ambiente do<br />

canal radicular antes da obturação é de fundamental<br />

importância para o tratamento da periodontite apical, e<br />

a literatura demonstra a necessidade de usar um curativo<br />

de demora para atingir tal meta 1-5 .<br />

O hidróxido de cálcio (Ca[OH] 2<br />

) tem sido usado<br />

com sucesso em Endodontia como agente microbicida,<br />

devido ao seu efeito causado pela dissociação iônica<br />

em íons cálcio e hidroxila. Essa última inibe as enzimas<br />

bacterianas, agindo sobre a membrana citoplasmática<br />

das bactérias e gerando efeitos irreversíveis, enquanto<br />

o cálcio ativa enzimas teciduais, tais como fosfatase alcalina,<br />

levando a um efeito mineralizador 2,4 .<br />

O uso de Ca(OH) 2<br />

, no entanto, não se limita à sua<br />

ação microbicida. Outros usos dessa substância incluem<br />

a inibição da reabsorção dentária 4,6,7 e a indução<br />

de reparo por formação de tecido mineralizado 4,8,9 , o<br />

que torna seu uso recomendado em diversas situações<br />

clínicas 4 . Atualmente, é considerado o melhor medicamento<br />

para induzir a deposição de tecido mineralizado<br />

e no tratamento de tecidos pulpares e periapicais 5 .<br />

O veículo usado em associação ao Ca(OH) 2<br />

para<br />

criar uma pasta garante características químicas que<br />

irão influenciar o seu manejo clínico durante a aplicação,<br />

bem como sua taxa de dissociação iônica e difusão.<br />

Alguns autores acreditam que os veículos hidrossolúveis<br />

têm melhor comportamento biológico (qualidades<br />

antimicrobianas e indução de reparo tecidual) devido a<br />

uma maior dissociação iônica, enquanto outros defendem<br />

o uso de veículos viscosos ou oleosos, uma vez<br />

que as propriedades alcalinas de pastas só serão esgotadas<br />

após um longo período 5,10,11,12 .<br />

Antes da obturação do sistema de canais radiculares,<br />

no entanto, o hidróxido de cálcio deve ser completamente<br />

removido, a fim de evitar o fracasso do<br />

tratamento 13 . A literatura mostra que essa é uma tarefa<br />

difícil, senão impossível. Margelos et al. 14 demonstraram<br />

que é necessário combinar o hipoclorito de sódio<br />

(NaOCl) e ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA)<br />

como irrigantes à instrumentação manual para melhorar<br />

a eficiência de remoção de Ca(OH) 2<br />

do canal radicular,<br />

mas a sua completa eliminação não pode ser<br />

alcançada. Lambrianidis et al. 15 relataram que, mesmo<br />

após irrigação com hipoclorito de sódio, EDTA e reinstrumentação<br />

com uma lima #25, uma quantidade considerável<br />

de hidróxido de cálcio (25 a 45%) proveniente<br />

da medicação intracanal permaneceu ligada às paredes<br />

do canal. As tentativas de remoção desse medicamento<br />

com instrumentos rotatórios em níquel-titânio, irrigação<br />

sônica ou ultrassônica ou ácido cítrico em substituição<br />

ao EDTA mostraram-se infrutíferas, dado que o<br />

Ca(OH) 2<br />

ainda permanecia no canal radicular 16-19 .<br />

A persistência de Ca(OH) 2<br />

no canal radicular antes<br />

da obturação pode levar ao fracasso do tratamento<br />

endodôntico, pela criação de espaços vazios no<br />

canal radicular que não serão devidamente preenchidos,<br />

afetando o selamento apical 13,15,20,21 . Mesmo<br />

pequenas quantidades de Ca(OH) 2<br />

remanescentes no<br />

canal radicular podem obliterar túbulos dentinários,<br />

afetando a adesão do cimento 20,22,23 ou causar reações<br />

químicas adversas ao cimento, o que pode levar<br />

a um prognóstico imprevisível 14,20 .<br />

Considerando que o veículo utilizado durante a preparação<br />

do curativo intracanal de hidróxido de cálcio<br />

pode interferir com a sua capacidade de remoção, o<br />

objetivo deste estudo é avaliar, sob microscopia eletrônica<br />

de varredura, a persistência no canal radicular<br />

de resíduos de medicamentos à base de hidróxido de<br />

cálcio preparados com soro fisiológico, glicerina, propilenoglicol<br />

400 ou polietileneglicol 400.<br />

Material e Métodos<br />

Trinta e seis incisivos bovinos com ápices radiculares<br />

fechados tiveram suas coroas removidas e os canais<br />

instrumentados de acordo com a técnica step-back<br />

até a lima de memória #50. A irrigação foi realizada<br />

utilizando-se 1ml de hipoclorito de sódio a 2,5% entre<br />

os instrumentos, com uma irrigação final de 1ml de<br />

EDTA a 15% por 1 minuto, seguido de 10ml de água<br />

destilada. Os espécimes foram, então, divididos aleatoriamente<br />

em seis grupos experimentais, de acordo com<br />

a medicação intracanal a ser usada: GI = nenhum medicamento<br />

(controle); GII = pó de Ca(OH) 2<br />

(Synth, Diadema,<br />

SP, Brasil); GIII = Ca(OH) 2<br />

misturado com soro<br />

fisiológico; GIV = Ca(OH) 2<br />

misturado com glicerina<br />

(Synth, Diadema, SP, Brasil); GV = Ca(OH) 2<br />

misturado<br />

com propilenoglicol 400 (Synth, Diadema, SP, Brasil);<br />

GVI = Ca(OH) 2<br />

misturado com polietilenoglicol 400<br />

(Synth, Diadema, SP, Brasil). Um porta-amálgama pediátrico<br />

foi utilizado no GII para colocar o Ca(OH) 2<br />

em<br />

pó no interior do canal radicular, sendo então compactado<br />

com um condensador endodôntico de Paiva número<br />

2. Os outros grupos tiveram os canais radiculares<br />

© 2011 <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endodontics 78<br />

<strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endod. 2011 apr-june;1(1):77-81

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