Dental Press
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[ artigo original ] Análise das forças desenvolvidas durante a obturação do canal radicular por diferentes operadores<br />
Discussão<br />
A avaliação comparativa da força axial empregada<br />
nas condensações lateral e vertical da presente pesquisa<br />
objetivou conhecer e determinar o comportamento e<br />
a força realizada por cinco especialistas em Endodontia,<br />
para a mesma técnica de obturação do canal radicular.<br />
Ensaios mecânicos padronizados semelhantes às condições<br />
clínicas, e com corpos de prova acoplados à célula<br />
de carga, foram utilizados para registrar o comportamento<br />
de cada profissional, como em estudos prévios 6,7,8 .<br />
O uso de um aparelho de monitoramento com dispositivo<br />
adaptado à máquina de ensaio mecânico — como<br />
o desenvolvido na presente pesquisa, no qual as forças<br />
geradas durante as etapas da obturação são registradas<br />
em tempo real e transformadas em gráficos — é de grande<br />
valor para o ensino e aprimoramento da Endodontia.<br />
Pois, com esse aparelho, foi possível verificar a pressão<br />
exercida no momento da obturação do canal radicular,<br />
durante a inserção do espaçador na condensação lateral,<br />
e do calcador na condensação vertical. Os alunos<br />
de graduação e pós-graduação aprenderiam, com o uso<br />
dele, a força adequada de condensação nas diversas técnicas<br />
de obturação do canal radicular, sem gerar tensões<br />
excessivas e desnecessárias à dentina radicular.<br />
Os resultados do presente estudo demonstraram<br />
que houve uma variação na intensidade e na constância<br />
da força aplicada por cada um dos cinco endodontistas.<br />
As cargas médias registradas pelos profissionais A, C,<br />
D e E estão de acordo com as cargas encontradas em<br />
estudos anteriores 6,7,8 .<br />
Os comportamentos registrados pelos profissionais A<br />
e E, conforme os resultados dos gráficos apresentados,<br />
foram semelhantes entre si. Foi mantida força praticamente<br />
constante desde o início da obturação, da etapa<br />
de inserção dos primeiros cones até o final, com a<br />
condensação vertical da guta-percha, tendo os gráficos<br />
apresentado curva constante do início ao fim. Os profissionais<br />
diferenciaram-se entre si em relação à intensidade<br />
da força aplicada durante todo o procedimento. A<br />
média das forças aplicadas pelo profissional A (2,49Kg)<br />
diferenciou-se do valor médio aplicado pelo profissional<br />
E (1,18Kg). Em relação à utilização dos espaçadores, verificou-se<br />
que ambos os profissionais exerceram, durante<br />
a condensação lateral, pressão para apical e penetração<br />
de 1 a 2mm aquém do comprimento de trabalho.<br />
Os profissionais B e C demonstraram semelhança de<br />
comportamento no que se refere à distribuição do esforço<br />
aplicado, porém com diferença na intensidade da carga<br />
aplicada. Os gráficos gerados apresentaram curvas crescentes,<br />
o que caracteriza que esses profissionais iniciaram<br />
a obturação dos canais radiculares com pequena força, que<br />
foi aumentando até o completo preenchimento dos canais<br />
radiculares. Quanto à intensidade da força aplicada, a média<br />
do profissional B foi de 3,75Kg, enquanto do profissional C<br />
foi de 2,24Kg, ambas distribuídas de forma crescente.<br />
O gráfico gerado pelo comportamento do profissional<br />
D durante a condensação lateral foi semelhante aos gráficos<br />
dos profissionais A e E, com aplicação de carga constante.<br />
No momento da condensação vertical, verificou-se<br />
aumento do esforço aplicado, registrando pico na curva<br />
em relação à força anteriormente aplicada. Dessa forma, o<br />
operador D variou de uma força baixa constante para uma<br />
carga mais elevada durante a condensação vertical. Esse<br />
comportamento de força elevada durante a condensação<br />
vertical pôde ser verificado também nos ensaios do operador<br />
B, diferenciando somente quanto aos valores dos<br />
esforços: 2,88Kg para o profissional D e 4,2Kg para o B.<br />
Investigando a carga máxima aplicada pelos espaçadores<br />
capaz de provocar fratura radicular, Holcomb, Pitts<br />
e Nicholls 9 verificaram a presença de fratura vertical nos<br />
dentes testados com forças de 1,5 a 3,5Kg, valores próximos<br />
aos encontrados para o profissional B. Entretanto,<br />
os grupos de dentes avaliados nesse estudo prévio 9<br />
possuíam pequenas dimensões, em relação aos dentes<br />
utilizados na presente pesquisa, o que justifica a presença<br />
dessas fraturas radiculares com cargas menores.<br />
Nenhum dos cinco endodontistas testados atingiu,<br />
durante os procedimentos, a força máxima de fratura<br />
radicular, pois a pressão aplicada durante as condensações<br />
lateral e vertical foi insuficiente. Entretanto, estudos<br />
demonstram que essa técnica de obturação pode causar<br />
maiores defeitos na dentina radicular 12 do que em técnicas<br />
sem compactação ativa 1 . Os defeitos mais comuns são as<br />
linhas de fissura e rachaduras na dentina radicular, que podem<br />
resultar, após a conclusão do tratamento endodôntico,<br />
em fratura vertical radicular 6,7,11 , devido ao recebimento<br />
constante de força pela mastigação 1 e aos tratamentos<br />
adicionais, como o preparo para pino intrarradicular 2 .<br />
Cada um dos cinco endodontistas analisados demonstrou<br />
um perfil de trabalho diferente para a mesma técnica<br />
de obturação. Entretanto, pela análise radiográfica, todos<br />
os espécimes apresentaram imagem sugestiva de massa<br />
obturadora satisfatória e homogênea. Diante desses resultados,<br />
recomendamos que, durante o procedimento de<br />
© 2011 <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endodontics 56 <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endod. 2011 apr-june;1(1):52-7