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Weckwerth PH, Siquinelli NB, Weckwerth ACVB, Vivan RR, Duarte MAH<br />

Introdução<br />

O gênero Enterococcus inclui membros anteriormente<br />

classificados como estreptococos do grupo D, devido<br />

à presença do antígeno da parede celular do Grupo<br />

D, um ácido teicoico glicerol associado à membrana<br />

citoplasmática. Os enterococos são habitantes normais<br />

do trato gastrintestinal e são encontrados em menor<br />

quantidade na vagina e na uretra masculina 1 .<br />

Esses tornaram-se importantes microrganismos patogênicos<br />

em humanos, principalmente devido à sua<br />

resistência aos agentes antimicrobianos e dos fatores<br />

de virulência estudados recentemente 2 .<br />

Esses cocos gram-positivos são dispostos em pares<br />

ou em pequenas cadeias, e são muito difíceis de se<br />

diferenciar de estreptococos. São anaeróbios facultativos<br />

que prosperam a 35ºC, geralmente crescem na<br />

superfície de placas de ágar sangue como colônias<br />

gama-hemolítico, e M-Enterococcus ágar como colônias<br />

vermelho escuro ou púrpura. Os enterococos são<br />

tolerantes à bile em 40% e podem hidrolisar esculina.<br />

Além disso, eles são capazes de crescer na presença<br />

de cloreto de sódio 6,5%, e podem ser distinguidos de<br />

bactérias no gênero Staphylococcus por sua incapacidade<br />

de produzir catalase 3 .<br />

Enterococcus faecalis são frequentemente encontrados<br />

em canais radiculares após falha no tratamento endodôntico<br />

4,5,6 .<br />

Sendo altamente resistentes a vários medicamentos,<br />

eles também estão entre os poucos microrganismos que<br />

apresentam resistência in vitro à medicação com hidróxido<br />

de cálcio. Essa resistência está relacionada com uma<br />

bomba de próton 7 ou formação de biofilme 8 . Na tentativa<br />

de superar essa resistência, a adição de diferentes substâncias<br />

ao hidróxido de cálcio tem sido proposta.<br />

Um dos aditivos sugeridos é a clorexidina, um bisbiguanídeo.<br />

A pasta de hidróxido de cálcio com clorexidina<br />

mostrou melhor ação antimicrobiana in vitro,<br />

em comparação com a pasta de hidróxido de cálcio<br />

com água 9 . Apesar do seu efeito antimicrobiano positivo,<br />

essa associação mostrou maior liberação de<br />

íons peróxido de hidrogênio, o que pode resultar em<br />

maior irritação 10 .<br />

Novas alternativas têm sido propostas em Endodontia,<br />

incluindo substâncias naturais, como própolis e fitoterápicos.<br />

Um desses agentes fitoterápicos é a infusão<br />

de Casearia sylvestris Sw ou extrato alcoólico.<br />

Essa planta é nativa da América Latina, do México<br />

à Argentina. É encontrada em todo o Brasil, sendo particularmente<br />

comum no estado de São Paulo. É popularmente<br />

conhecida como guaçatonga, erva de lagarto,<br />

vassitonga, bugre branco, entre outros nomes. A palavra<br />

“guaçatonga” originou-se do tupi-guarani (língua indígena),<br />

mostrando que essa espécie era conhecida pelas populações<br />

nativas do Brasil 11 .<br />

O extrato da guaçatonga mostrou ação anti-inflamatoria<br />

13 e antimicrobiana 14 . No entanto, não há estudos<br />

na literatura científica mostrando se a adição de agentes<br />

fitoterápicos com hidróxido de cálcio interfere em<br />

sua ação antimicrobiana.<br />

Diante desse fato, o objetivo do presente estudo foi<br />

avaliar a sensibilidade de várias cepas de Enterococcus<br />

faecalis isoladas da cavidade bucal em contato direto<br />

com pastas de hidróxido de cálcio associada à Casearia<br />

sylvestris Sw (guaçatonga) em propilenoglicol, ao propilenoglicol<br />

puro, ou à clorexidina a 1% em propilenoglicol.<br />

Metodologia<br />

Preparação do extrato<br />

As folhas de Casearia sylvestris Sw utilizadas neste estudo<br />

foram coletadas na fazenda Lageado, da Faculdade<br />

de Ciências Agronômicas - Unesp, em Botucatu, estado<br />

de São Paulo, e identificadas no herbário da Universidade<br />

Sagrado Coração (USC) - Bauru, São Paulo, Brasil.<br />

Após a colheita e secagem, o material foi novamente<br />

desidratado em estufa de ar circulante sob temperatura<br />

controlada, até se obter peso constante. Depois<br />

disso, as folhas foram trituradas em um moinho de<br />

faca e usadas para preparar o extrato. O material desidratado<br />

foi macerado em propilenoglicol (extração<br />

de solução) numa relação de 25 gramas de pó para<br />

200ml de solução de extração. O pó da planta permaneceu<br />

na solução de extração durante oito dias, com<br />

agitação esporádica durante esse período. O produto<br />

da extração foi armazenado em um recipiente de cor<br />

âmbar (para evitar possível interferência de luz) e à<br />

temperatura ambiente (25ºC).<br />

Cepas de Enterococccus<br />

Quarenta cepas microbianas de E. faecalis isoladas a<br />

partir da bacterioteca do laboratório de Microbiologia da<br />

USC foram usadas no presente trabalho. As cepas foram<br />

cultivadas a partir de amostras obtidas da cavidade bucal<br />

de pacientes atendidos na clínica de Endodontia do curso<br />

de Odontologia da USC em Bauru, Brasil.<br />

© 2011 <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endodontics 47<br />

<strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endod. 2011 apr-june;1(1):46-51

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