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[ artigo original ] Efeito antimicrobiano de diferentes substâncias químicas associadas ao preparo mecânico e da medicação intracanal em dentes de cães portadores de lesões periapicais induzidas<br />

Introdução<br />

A periodontite apical é uma doença infecciosa causada<br />

por microrganismos que colonizam o sistema de<br />

canais radiculares 1 . O sucesso do tratamento endodôntico<br />

depende da eliminação ou da redução significativa<br />

da população bacteriana presente no sistema<br />

de canais radiculares para que o processo de reparo<br />

periapical possa se estabelecer 2 . A atividade antimicrobiana<br />

oriunda dos procedimentos endodônticos<br />

pode ser avaliada por meio de cultura 3,4,5,6,7 e de técnicas<br />

moleculares 8,9 .<br />

O preparo do canal radicular consiste de uma fase<br />

mecânica e uma fase química. Isso porque, devido à<br />

complexidade anatômica do sistema de canais radiculares<br />

3,4,10 e a ação restrita de instrumentos dentro do canal<br />

radicular principal, a fase mecânica não elimina as<br />

bactérias de todo o sistema de canais radiculares 3,11,12 ,<br />

requerendo um fase química proporcionada pelo uso de<br />

potentes agentes antimicrobianos, a fim de agir profundamente<br />

nos túbulos dentinários 3,4 .<br />

Várias substâncias químicas auxiliares foram propostas<br />

ao longo dos anos para o preparo químico-mecânico,<br />

mas o hipoclorito de sódio (NaOCl) continua<br />

sendo a mais amplamente utilizada. Recentemente, a<br />

clorexidina (CHX) tem sido testada como uma substância<br />

alternativa ao NaOCl 5,9,13,14 . Comparações frente à<br />

atividade antimicrobiana das duas substâncias químicas<br />

auxiliares foram feitas in vitro 13,14,16-19 sobre microrganismos<br />

selecionados. Entretanto, modelos in vitro não<br />

reproduzem o quadro real de uma infecção polimicrobiana,<br />

como a existente nos canais radiculares. Estudos<br />

in vivo apresentaram resultados inconsistentes quando<br />

compararam NaOCl e CHX, com o hipoclorito de sódio<br />

sendo mais efetivo 9,20 ou sem diferença significativa<br />

existente entre eles 14,15 .<br />

Apesar do efeito das substâncias químicas auxiliares,<br />

uma medicação intracanal à base de hidróxido de cálcio<br />

(Ca (OH) 2<br />

) tem sido recomendada com o propósito<br />

de se potencializar ainda mais o processo de desinfecção,<br />

atuando em regiões estratégicas onde as bactérias<br />

possam estar presentes 4,10,21,22,23 . Essa medicação é indicada<br />

principalmente em casos de ápice aberto, sintomatologia<br />

periapical e exsudato persistente. Em alguns<br />

estudos 4,11,12,24 pode-se observar uma maior redução da<br />

quantidade bacteriana após a colocação de Ca(OH) 2<br />

,<br />

já em outros 10,21,22 , ficou demonstrado um aumento de<br />

unidades formadoras de colônias (UFCs).<br />

Desta forma, fica evidente a necessidade de maiores<br />

estudos relativos ao tema, a fim de prestar maiores<br />

esclarecimentos à literatura científica 11,21,23,25 . Além disso,<br />

a maioria dos estudos in vivo 7,9,13,23 que investigaram<br />

os efeitos antibacterianos do tratamento endodôntico<br />

forneceram apenas dados quantitativos, não caracterizando<br />

o tipo de microbiota envolvida, que é fundamental<br />

para o estabelecimento de estratégias terapêuticas.<br />

Assim, o presente estudo foi conduzido para avaliar o<br />

efeito da ação da instrumentação endodôntica, do emprego<br />

de soluções químicas irrigadoras e do uso do hidróxido<br />

de cálcio sobre a microbiota presente em dentes<br />

de cães com necrose pulpar e lesão periapical.<br />

Material e métodos<br />

Seleção dos canais radiculares<br />

Foram empregadas 55 raízes de dentes de cães com<br />

lesões periapicais induzidas contendo um único canal<br />

principal. Dentes menores que 12mm e com rizogênese<br />

incompleta foram descartados.<br />

Fase de indução das lesões periapicais<br />

Todas as etapas operatórias e de coletas microbiológicas<br />

foram feitas com o uso de um microscópio clínico<br />

operatório (DF Vasconcelos, Modelo M 900, São<br />

Paulo, SP).<br />

Os animais foram anestesiados com uma injeção<br />

intravenosa de Xilazina (Rompum, Bayer S. A. Saúde<br />

Animal, São Paulo, SP - 1mg/Kg de peso corporal) e<br />

Ketamina (Francotar, Virbac do Brasil Ind. e Com. Ltda,<br />

São Paulo, SP - 15mg/Kg de peso corporal). Após anestesia,<br />

foi realizado acesso coronário com broca esférica<br />

diamantada em alta rotação sob refrigeração, as polpas<br />

dentárias foram extirpadas e limas tipo K #20 estéreis<br />

foram empregadas para arrombar o platô apical<br />

e padronizar o diâmetro do forame apical principal. Em<br />

seguida, os canais radiculares permaneceram abertos<br />

e expostos ao meio bucal por 6 meses, para permitir<br />

a contaminação microbiana. Os procedimentos experimentais<br />

foram previamente submetidos e aprovados<br />

pelo Comitê de Ética da Faculdade de Odontologia de<br />

Piracicaba – UNICAMP.<br />

Fase de tratamento e divisão em grupos<br />

Decorrido o período de indução das lesões, tomadas<br />

radiográficas foram realizadas para se confirmar sua presença<br />

e dar continuidade ao estudo. Os animais foram<br />

© 2011 <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endodontics 38<br />

<strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endod. 2011 apr-june;1(1):37-45

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