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Dental Press

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Consolaro A<br />

da maxila, atuar sobre o dente, não teremos uma efetiva<br />

movimentação do dente no alvéolo. A força muito<br />

intensa colaba os vasos, interrompe a vascularização<br />

normal naquele segmento periodontal. As células no<br />

local morrem ou, mais frequentemente, fogem para as<br />

áreas vizinhas, inclusive as células inflamatórias e os<br />

clastos (Fig. 6). Sem irrigação sanguínea não haverá<br />

atividade celular na superfície periodontal do osso alveolar.<br />

Ou seja, o segmento periodontal comprimido<br />

nessas condições fica todo hialinizado e sem atividade<br />

celular (Fig. 6).<br />

Quando a vascularização for restabelecida em<br />

função da dissipação gradativa da forca excessiva<br />

aplicada, as células vizinhas irão do centro para a<br />

periferia, reabsorvendo e remodelando a área hialinizada<br />

do ligamento periodontal. O dente, portanto,<br />

não se movimentará, pois os clastos não encontram<br />

condições metabólicas de nutrição e metabolismo<br />

para atuar na superfície periodontal do osso alveolar.<br />

Os processos de remodelação da área hialina e<br />

do osso serão feitos da periferia para o centro, inclusive<br />

na parte subjacente da tábua óssea alveolar<br />

(Fig. 6). O processo de reabsorção óssea e reorganização<br />

que deveria ocorrer em frente à compressão<br />

do ligamento periodontal, agora ocorrerá à<br />

distância: reabsorção óssea à distância, mas não é<br />

desejável (Fig. 6). Nesse caso o dente não se movimentou<br />

e nem se deslocou minimamente, logo não<br />

tem como ter rompido o feixe vascular e nervoso.<br />

Essa explicação ajuda a compreender por que os<br />

dentes que atuam como ancoragem de aparelhos<br />

disjuntores ou expansores da maxila, a maior força possível<br />

de ser aplicada sobre um dente, não sofrem necrose<br />

e nem envelhecimento pulpar. Em suma: quanto mais<br />

intensa for a força ortodôntica aplicada, menor a chance<br />

do dente se movimentar no alvéolo e, em consequência, não<br />

se tem como induzir necrose pulpar associada. Valadares<br />

Neto 13 , em 2000, em seu trabalho de investigação de<br />

mestrado com nossa orientação, analisou os efeitos da<br />

expansão rápida da maxila no complexo dentinopulpar<br />

em 12 adolescentes. Utilizando-se de aparelhos do tipo<br />

Hass, analisou microscopicamente toda a extensão da<br />

polpa e dentina de 12 pré-molares logo após a remoção<br />

dos aparelhos, com a expansão da maxila estabelecida;<br />

e de outros 12 pré-molares após 120 dias de<br />

contenção, depois da remoção dos aparelhos. Outros<br />

6 pré-molares de adolescentes foram utilizados como<br />

grupo controle e não foram submetidos a qualquer procedimento<br />

ortodôntico e/ou ortopédico. Em todos os<br />

dentes analisados o complexo dentinopulpar apresentou-se<br />

completamente normal, sem qualquer alteração<br />

microscopicamente detectável.<br />

E quando a necrose pulpar for diagnosticada<br />

em dentes hígidos durante o<br />

tratamento ortodôntico?<br />

Com base nas explicações anteriores, pode-se perfeitamente<br />

compreender porque o tratamento ortodôntico<br />

não induz necrose pulpar ou seu envelhecimento<br />

acelerado. Em todos os casos em que a necrose pulpar<br />

for detectada durante o tratamento ortodôntico, deve-<br />

-se resgatar uma história de traumatismo dentário. Os<br />

pacientes não lembram-se das concussões e de traumatismos<br />

dentários menores, mas eles ocorrem diariamente.<br />

Pequenas pancadas, resvaladas e acidentes<br />

domésticos podem aparentemente ser inocentes, mas,<br />

ao concentrar forças no ápice, podem provocar súbitos<br />

e pequenos deslocamentos, com ruptura do feixe<br />

vascular pulpar. Em muitos casos de traumatismo<br />

dentário não ocorrem danos gengivais e coronários,<br />

nem sangramentos, mas pode-se ter necrose pulpar<br />

asséptica. Em alguns traumatismos dentários, pode-se<br />

ter severos danos gengivais e sangramento abundante,<br />

mas sem ruptura do feixe vascular pulpar.<br />

As concussões dentárias podem ocorrer, ainda, frente<br />

às seguintes situações: dentes que atuam como suporte<br />

de alavancas em extrações de dentes vizinhos, pequenas<br />

batidas de fórceps nas extrações de terceiros molares, luxações<br />

de caninos não irrompidos e tracionados, batidas<br />

transcirúrgicas de laringoscópios durante a anestesia geral<br />

ou, ainda, mordidas acidentais de talheres, sementes<br />

ou corpos estranhos durante a alimentação.<br />

Não há evidências clínicas, laboratoriais e experimentais<br />

para atribuir, ainda que teoricamente, a necrose<br />

pulpar como resultante da movimentação ortodôntica<br />

5-8,10,11,12 . Quando situações clínicas simularem<br />

uma situação como essa, procure resgatar a história de<br />

traumatismo dentário e não atribua a necrose pulpar ao<br />

movimento ortodôntico.<br />

Considerações finais<br />

1. A necrose pulpar asséptica não tem como ser<br />

atribuída clínica e experimentalmente ao movimento<br />

ortodôntico.<br />

© 2011 <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endodontics 19<br />

<strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endod. 2011 apr-june;1(1):14-20

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