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Consolaro A<br />

si quanto às características das forças aplicadas e<br />

quanto aos seus efeitos sobre os tecidos conjuntivos.<br />

No traumatismo dentário suas forças atuam<br />

abruptamente, com ruptura de estruturas conjuntivas,<br />

inclusive vasos e nervos. Quando uma força<br />

aparentemente leve atua sobre o dente, dependendo<br />

de seu ângulo de incidência e do local em que<br />

agiu, pode ocorrer uma resultante de forças no terço<br />

apical da raiz dentária, com ruptura do feixe vascular<br />

e nervoso que adentra na polpa. Um exemplo<br />

de traumatismo dentário é a concussão: não haverá<br />

mobilidade clinicamente detectada e a dor, se houver,<br />

será facilmente controlada com analgésicos comuns,<br />

durando algumas horas ou até 2 a 3 dias 2,3 .<br />

Aparentemente o dente volta ao normal, mas com o<br />

tempo a polpa pode denunciar seus danos sofridos,<br />

com a ocorrência da metamorfose cálcica da polpa<br />

ou da necrose pulpar asséptica, ambas clinicamente<br />

reveladas pelo escurecimento coronário em um dente<br />

aparentemente hígido.<br />

No trauma oclusal a morte celular e as rupturas<br />

estruturais são minimizadas pela rápida duração<br />

e repetitividade do processo, embora seja por um<br />

longo tempo. Nesse caso não haverá lesão estrutural<br />

no feixe vascular e nervoso da polpa, nem mesmo<br />

envelhecimento pulpar acelerado 3 . As lesões periodontais<br />

provocadas são leves e discretas. A estrutura<br />

periodontal deve ser reconhecida como um exemplo<br />

de organização para receber forças intensas da<br />

mastigação. As fibras periodontais se organizam em<br />

um espaço com espessura média de 0,25mm, mas<br />

mesmo assim, durante a mastigação, os dentes não<br />

encostam fisicamente no osso.<br />

No movimento ortodôntico as forças aplicadas<br />

sobre a estrutura dentária, mesmo as mais intensas,<br />

se dissipam gradativamente nos tecidos adjacentes.<br />

A plasticidade do tecido conjuntivo do ligamento<br />

periodontal, mais a capacidade de deflexão da crista<br />

óssea e a rotação que o dente sofre no alvéolo promovem<br />

uma lenta e gradativa adaptação dos tecidos<br />

circunvizinhos. O movimento ortodôntico se limita<br />

a no máximo 0,9mm na coroa durante as primeiras<br />

horas 1 , sem oferecer condições para ocorrência de<br />

rupturas estruturais de vasos e nervos.<br />

Não se deve comparar efeitos teciduais induzidos<br />

pelo traumatismo dentário, trauma oclusal e movimento<br />

ortodôntico: são situações distintas. No terço<br />

apical da raiz, a movimentação dentária ortodonticamente<br />

induzida se limita praticamente à decorrente<br />

compressão do ligamento periodontal, pois a<br />

deflexão óssea no osso periapical é bem menor e o<br />

eixo de rotação do dente está próximo do ápice. As<br />

forças são absorvidas e dissipadas lentamente, sem<br />

ruptura de vasos. Os pequenos movimentos são naturalmente<br />

absorvidos pelo tecido conjuntivo fibroso<br />

e elástico.<br />

Outra informação importante diz respeito ao<br />

tempo de duração em que as forças ortodônticas<br />

ficam ativas: 2 a 4 dias. Depois desse período, essas<br />

forças são dissipadas e começa a reorganização<br />

das estruturas periodontais com reabsorção da superfície<br />

óssea periodontal, migração de células para<br />

reorganização, com produção de novas fibras colágenas<br />

1 . Após 15 a 21 dias, o ligamento periodontal e<br />

demais estruturas estão prontos para um novo ciclo<br />

de eventos, pela reativação do aparelho ortodôntico.<br />

Em outras palavras: a movimentação dentária<br />

induzida é obtida em ciclos de 15 a 21 dias; o dente<br />

não fica movimentando-se o tempo todo. Na movimentação<br />

ortodôntica as forças são atenuadas pelas<br />

fibras colágenas e elásticas, sem comprometimento<br />

das estruturas que levam a irrigação sanguínea e<br />

sensibilidade da polpa.<br />

A cada período de ativação dos aparelhos ortodônticos<br />

– entre 15 e 21 dias – os tecidos periodontais<br />

se reorganizam e voltam ao normal. Os efeitos finais<br />

do tratamento ortodôntico sobre as estruturas e<br />

posição dos dentes é o somatório de todos os ciclos<br />

de 15 a 21 dias. As forças e os efeitos não foram contínuos<br />

e incessantes. Por vezes questiona-se: quando<br />

há rotação do dente em torno do seu longo eixo,<br />

como na giroversão, os feixes vasculares e nervosos<br />

ficam enrolados ou retorcidos em torno de si mesmos,<br />

e isso não compromete a irrigação sanguínea<br />

da polpa? Não, eles não ficam enrolados ou retorcidos,<br />

pois os tecidos, a cada período de 15 a 21 dias,<br />

se reorganizam, voltam à sua posição e relação de<br />

normalidade. Quando o novo ciclo de movimentação<br />

se estabelece, por uma nova ativação, os vasos e nervos<br />

estão em relação de normalidade, sem qualquer<br />

alteração em sua forma. Os tecidos constantemente<br />

renovam suas estruturas, remodelam-se e assim se<br />

adaptam a novas posições e relações estruturais.<br />

Consolaro 4 , em 2005, em sua investigação de<br />

© 2011 <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endodontics 15<br />

<strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Endod. 2011 apr-june;1(1):14-20

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