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Diagnóstico social de Marinhos - Ibase

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DIAGNÓSTICO SOCIAL PARTICIPATIVO<br />

DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE<br />

MARINHOS<br />

MUNICÍPIO DE BRUMADINHO - MG


DIAGNÓSTICO SOCIAL PARTICIPATIVO<br />

DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE<br />

MARINHOS<br />

MUNICÍPIO DE BRUMADINHO - MG


DIAGNÓSTICO SOCIAL PARTICIPATIVO DA COMUNIDADE<br />

QUILOMBOLA DE MARINHOS - MUNICÍPIO<br />

DE BRUMADINHO - MINAS GERAIS<br />

Realização<br />

Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Análises Sociais e Econômicas- IBASE<br />

Consultores Técnicos<br />

Itamar Silva e Cristina Lopes<br />

Redação:<br />

Cristina Lopes e Itamar Silva<br />

Edição / Revisão<br />

Cristina Lopes<br />

Fotos<br />

Itamar Silva<br />

Capa, Projeto Gráfico, Diagramação<br />

Beto Tameirão<br />

Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Análises Sociais e Econômicas<br />

Avenida Rio Branco, 124, 8 ° andar , Centro<br />

CEP: 20040-916 Rio <strong>de</strong> Janeiro / RJ<br />

Tel. (21) 2178-9400 Fax: (21) 2178-9446<br />

E-mail: ibase@ibase.br<br />

www.ibase.br<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


SUMÁRIO<br />

Introdução ...................................................................................02<br />

Etapas para o funcionamento <strong>de</strong> uma Linha <strong>de</strong> Transmissão.......04<br />

Empreendimento .........................................................................06<br />

Contextualização do território......................................................08<br />

Município <strong>de</strong> Brumadinho .............................................................08<br />

Economia ....................................................................................09<br />

Saú<strong>de</strong> ..........................................................................................09<br />

Sistema <strong>de</strong> Abastecimento <strong>de</strong> água e esgoto .................................10<br />

Educação .....................................................................................10<br />

Pobreza ........................................................................................11<br />

Comunida<strong>de</strong>s Quilombolas no Estado <strong>de</strong> Minas Gerais...............12<br />

Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong>........................................14<br />

Origem da Comunida<strong>de</strong>...............................................................14<br />

Território ......................................................................................15<br />

Educação ....................................................................................16<br />

Trabalho e Renda..........................................................................17<br />

Saú<strong>de</strong> ..........................................................................................17<br />

Transporte ....................................................................................18<br />

Esporte e Lazer .............................................................................18<br />

Festas...........................................................................................18<br />

Segurança ....................................................................................19<br />

Organização Comunitária e Participação .......................................19<br />

Desafios / Potencialida<strong>de</strong>s/ Questões mais evi<strong>de</strong>ntes ..................23<br />

Infra estrutura...............................................................................23<br />

Trabalho e Renda..........................................................................23<br />

Esporte, Lazer e Espaços Comunitários ..........................................24<br />

Organização Comunitária.............................................................24<br />

Educação .....................................................................................24<br />

Sugestões <strong>de</strong> Propostas <strong>de</strong> Mitigação ..........................................25<br />

Fontes Consultadas ......................................................................26<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


INTRODUÇÃO<br />

02<br />

A elaboração do Diagnóstico Social Participativo na Comunida<strong>de</strong><br />

Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> surge como resposta à necessida<strong>de</strong> do<br />

Departamento <strong>de</strong> Engenharia Ambiental <strong>de</strong> Furnas, <strong>de</strong> obter mais<br />

informações a fim <strong>de</strong> elaborar um estudo sobre a localida<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>ndo<br />

as diretivas da Fundação Cultural Palmares (FCP), afeitas ao processo<br />

<strong>de</strong> licenciamento ambiental da construção e operação da uma linha <strong>de</strong><br />

transmissão (LT) <strong>de</strong> energia elétrica, a LT 500 kV Bom Despacho 3 -<br />

Ouro Preto 2.<br />

Este trabalho tem como finalida<strong>de</strong> a construção <strong>de</strong> um documento que<br />

i<strong>de</strong>ntifique as <strong>de</strong>mandas prioritárias, as organizações que atuam na<br />

comunida<strong>de</strong> e, em diálogo com a comunida<strong>de</strong>, levantar um conjunto <strong>de</strong><br />

sugestões <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> mitigação, compatíveis com a intervenção<br />

que se preten<strong>de</strong> realizar no território quilombola.<br />

Desta forma, difere das <strong>de</strong>mais ações do Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Análises<br />

Sociais e Econômicas – IBASE, <strong>de</strong>senvolvidas no âmbito do projeto<br />

Núcleos <strong>de</strong> Integração: Uma Proposta para o Desenvolvimento<br />

Comunitário, iniciado em março <strong>de</strong> 2005, para impulsionar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>social</strong> e econômico <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s e bairros, integrar<br />

e dinamizar as relações entre grupos comunitários, po<strong>de</strong>r público local<br />

e população moradora objetivando a participação efetiva e a<br />

emancipação das comunida<strong>de</strong>s.<br />

O primeiro passo para a construção do presente documento foi uma<br />

visita para conhecer a comunida<strong>de</strong> e apresentar o trabalho aos<br />

moradores realizada em maio <strong>de</strong> 2011. Em 11 e 12 <strong>de</strong> agosto<br />

ocorreram as Reuniões Públicas com as comunida<strong>de</strong>s quilombolas dos<br />

Municípios <strong>de</strong> Brumadinho e Bom Despacho, indicadas pela FCP no<br />

Parecer 013/2010. Essas Reuniões foram conduzidas por representante<br />

da Fundação Cultural Palmares (FCP), e contaram com a participação<br />

<strong>de</strong> representantes da Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Social (CS.P),<br />

do Departamento <strong>de</strong> Construção (DTC.C), Departamento <strong>de</strong> Patrimônio<br />

Imobiliário (DPI.E), e do Departamento <strong>de</strong> Engenharia Ambiental<br />

(DEA.E) <strong>de</strong> Furnas. O intuito das reuniões foi buscar o consentimento<br />

das comunida<strong>de</strong>s para a realização dos Diagnósticos Sociais<br />

Participativos ou Caracterizações Básicas, conforme <strong>de</strong>terminação e<br />

entendimento entre Furnas e a FCP.<br />

As reuniões dos consultores à região da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong><br />

<strong>Marinhos</strong> para a elaboração do presente documento ocorreram entre<br />

os meses <strong>de</strong> setembro e outubro <strong>de</strong> 2011. Nas reuniões realizadas<br />

ocorreram conversas com as li<strong>de</strong>ranças locais, população moradora e<br />

<strong>de</strong>mais interlocutores. Também compareceram as reuniões<br />

comunitárias representantes da Igreja Católica e do Po<strong>de</strong>r Legislativo do<br />

Município <strong>de</strong> Brumadinho, que subsidiaram os consultores contratados<br />

com informações complementares relevantes. As reuniões foram <strong>de</strong><br />

fundamental importância para compartilhar as informações produzidas<br />

e acordar os próximos passos para a construção da proposta.<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


Os procedimentos metodológicos adotados foram similares aos que<br />

vêm sendo aplicados pelo IBASE em outros projetos realizados com<br />

Comunida<strong>de</strong>s Quilombolas em outras localida<strong>de</strong>s. Com o objetivo <strong>de</strong><br />

adaptar à realida<strong>de</strong> específica da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong><br />

<strong>Marinhos</strong> e às condições <strong>de</strong> trabalho (tempo <strong>de</strong> execução e tamanho da<br />

equipe), <strong>de</strong>cidiu-se realizar reuniões nessa comunida<strong>de</strong> e a aplicação<br />

das seguintes dinâmicas:<br />

- Oficina <strong>de</strong> futuro (críticas, utopias e realida<strong>de</strong>);<br />

- Diagrama <strong>de</strong> bolas (ou Diagrama <strong>de</strong> Venn), com o objetivo <strong>de</strong><br />

conhecer as instituições locais e a percepção dos moradores em<br />

relação a elas e<br />

- Oficina sobre a História Local.<br />

O papel dos consultores neste trabalho foi reunir as informações<br />

existentes, associar alguns <strong>de</strong>sses dados, incorporando os diferentes<br />

“olhares” da população local, captados nas visitas e reuniões<br />

realizadas.<br />

É imprescindível, o aprimoramento constante <strong>de</strong>ste documento, com as<br />

contribuições advindas das diferentes instituições locais, públicas e<br />

privadas, grupos <strong>de</strong> moradores, associações, empresas, etc. a fim <strong>de</strong><br />

torná-los mais completo possível e apresentá-los como cenário, pano<br />

<strong>de</strong> fundo da tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão coletiva do grupo <strong>de</strong> moradores da<br />

Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong>.<br />

03<br />

Elaboração do Diagnóstico da Comunida<strong>de</strong><br />

Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong><br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


ETAPAS PARA O FUNCIONAMENTO DE UMA<br />

LINHA DE TRANSMISSÃO<br />

04<br />

O Setor Elétrico Brasileiro opera sob o regime <strong>de</strong> concessão,<br />

autorização ou permissão do Estado provendo serviços públicos <strong>de</strong><br />

eletricida<strong>de</strong> à população. O Operador Nacional do Sistema Elétrico<br />

(ONS) é responsável pela coor<strong>de</strong>nação e controle da operação das<br />

instalações <strong>de</strong> geração e transmissão <strong>de</strong> energia elétrica no Sistema<br />

Interligado Nacional (SIN), sob a fiscalização e regulação da Agência<br />

Nacional <strong>de</strong> Energia Elétrica (ANEEL).<br />

O ONS elabora uma série <strong>de</strong> estudos. Entre eles, uma pesquisa que<br />

mostra on<strong>de</strong> o sistema está sobrecarregado e on<strong>de</strong> está sobrando<br />

energia. A partir daí, a Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Energética (EPE)<br />

encomenda os estudos <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> técnica e ambiental e os<br />

encaminha para a Agência Nacional <strong>de</strong> Energia Elétrica (ANEEL), que<br />

através <strong>de</strong> Sessão Publica <strong>de</strong> Leilão licita a execução do<br />

empreendimento, seja ele <strong>de</strong> geração ou transmissão.<br />

No caso da LT 500 KV Bom Despacho 3 - Ouro Preto 2, quem<br />

<strong>de</strong>senvolveu os estudos <strong>de</strong> caracterização socioambiental foi a<br />

Companhia Energética <strong>de</strong> Minas Gerais (CEMIG) que apresentou o<br />

estudo da referida Linha <strong>de</strong> Transmissão (LT).<br />

Durante o leilão, várias empresas dão lances. A que apresentar o menor<br />

preço para o custo da energia, recebe o direito <strong>de</strong> implantar e operar o<br />

empreendimento.<br />

Após a conclusão da Sessão Publica <strong>de</strong> Leilão o resultado é homologado<br />

pela ANEEL e ao vencedor é outorgado o Decreto <strong>de</strong> Concessão por um<br />

período <strong>de</strong> 30 anos e em seguida a ANEEL celebra com o vencedor um<br />

Contrato <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Contrato <strong>de</strong> Concessão do Serviço Público <strong>de</strong><br />

Transmissão <strong>de</strong> Energia. No caso da LT 500 kV Bom Despacho 3 – Ouro<br />

Preto 2, Furnas foi a vencedora do leilão.<br />

A fase seguinte é a preparatória para o Licenciamento Ambiental. O<br />

vencedor do leilão <strong>de</strong>ve se dirigir aos municípios para apresentar a<br />

proposta do empreendimento, especificando on<strong>de</strong> a Linha <strong>de</strong><br />

Transmissão vai passar, a fim <strong>de</strong> verificar se esta não estará em conflito<br />

com nenhum plano da Prefeitura, ocasião em que é expedida a Certidão<br />

<strong>de</strong> Compatibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uso do Solo, on<strong>de</strong> o município atesta que o<br />

empreendimento, bem como a sua localização se enquadra no Código<br />

<strong>de</strong> Posturas Municipais e obe<strong>de</strong>ce a legislação.<br />

Parte-se, então para o Licenciamento Ambiental, porém, nesse<br />

momento o empreen<strong>de</strong>dor <strong>de</strong>ve apresentar todas as anuências <strong>de</strong>vidas,<br />

<strong>de</strong>staque, para o caso <strong>de</strong> Comunida<strong>de</strong>s Quilombolas, neste caso quem<br />

oferece a anuência é a Fundação Cultural Palmares.<br />

O processo <strong>de</strong> Licenciamento Ambiental possui três etapas distintas:<br />

Licenciamento Prévio, Licenciamento <strong>de</strong> Instalação e Licenciamento <strong>de</strong><br />

Operação.<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


05<br />

Licença Prévia (LP) - Deve ser solicitada a FEAM por meio <strong>de</strong> sua<br />

Superintendência Regional <strong>de</strong> Meio Ambiente e Desenvolvimento<br />

Sustentável (Supram) <strong>de</strong> Minas Gerais, na fase <strong>de</strong> planejamento do<br />

empreendimento. Nesta fase é elaborado o Estudo <strong>de</strong> Impacto<br />

Ambiental e o Relatório <strong>de</strong> Impacto ao Meio Ambiente (EIA/RIMA),<br />

estudos que são feitos para avaliar os impactos ambientais sobre as<br />

plantas, animais e socieda<strong>de</strong> locais. Essa licença não autoriza a<br />

instalação do projeto, e sim aprova a viabilida<strong>de</strong> ambiental do projeto e<br />

autoriza sua localização e concepção tecnológica. Além disso,<br />

estabelece as condições a serem consi<strong>de</strong>radas no <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

projeto executivo.<br />

Licença <strong>de</strong> Instalação (LI) - Autoriza o início da obra ou instalação do<br />

empreendimento. O prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa licença é estabelecido<br />

pelo cronograma <strong>de</strong> instalação do projeto ou ativida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong>ndo<br />

ser superior a 6 (seis) anos. Empreendimentos que impliquem<br />

<strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, também, do "Documento Autorizativo para<br />

Intervenção Ambiental – DAIA."<br />

Nesta fase se apresenta o Plano <strong>de</strong> Controle Ambiental – documento<br />

que apresenta os Programas Ambientais que visam à mitigação dos<br />

impactos ambientais. Em outras palavras, este documento contém todas<br />

as ações da empresa responsável pelo empreendimento que visam o<br />

tratamento dos impactos ambientais. Após a análise e aprovação dos<br />

documentos pelo órgão ambiental, é concedida a Licença <strong>de</strong><br />

Operação, e <strong>de</strong>terminadas as condicionantes a serem cumpridas pelo<br />

empreen<strong>de</strong>dor.<br />

Licença <strong>de</strong> Operação (LO) - Deve ser solicitada antes do<br />

empreendimento entrar em operação, pois é essa licença que autoriza o<br />

início do funcionamento da obra/empreendimento. Sua concessão está<br />

condicionada à vistoria a fim <strong>de</strong> verificar se todas as exigências e<br />

<strong>de</strong>talhes técnicos <strong>de</strong>scritos no projeto<br />

aprovado foram <strong>de</strong>senvolvidos e<br />

atendidos ao longo <strong>de</strong> sua instalação e<br />

se estão <strong>de</strong> acordo com o previsto nas LP<br />

e LI. O prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> é estabelecido,<br />

não po<strong>de</strong>ndo ser inferior a 4 (quatro)<br />

anos e superior a 10 (<strong>de</strong>z) anos.<br />

Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong><br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


O EMPREENDIMENTO<br />

06<br />

A LT 500 kV Bom Despacho 3 - Ouro Preto 2 integrará a Subestações <strong>de</strong><br />

Bom Despacho 3 à Subestação Ouro Preto 2 (ambas sob<br />

responsabilida<strong>de</strong> da Companhia Energética <strong>de</strong> Minas Gerais (CEMIG),<br />

localizadas respectivamente nos municípios mineiros <strong>de</strong> Bom<br />

Despacho, Itabirito e Ouro Preto.<br />

Com extensão <strong>de</strong> aproximadamente 180 quilômetros, cerca <strong>de</strong> 95% <strong>de</strong><br />

seu encaminhamento será em paralelo com a Linha <strong>de</strong> Transmissão já<br />

existente da CEMIG, a LT 500 kV Bom Despacho 3 - São Gonçalo do<br />

Pará - Ouro Preto 2. A nova Linha <strong>de</strong> Transmissão atravessará os<br />

seguintes municípios: Araújo, Bom Despacho, Bonfim, Brumadinho,<br />

Carmo do Cajuru, Divinópolis, Itabirito, Itatiaiuçu, Itaúna, Moeda,<br />

Perdigão, Rio Manso, e São Gonçalo do Pará.<br />

A faixa <strong>de</strong> servidão da Linha <strong>de</strong> Transmissão a ser implantada por<br />

Furnas é <strong>de</strong> 65 metros, com o compartilhamento <strong>de</strong> faixa <strong>de</strong> servidão<br />

com a Linha <strong>de</strong> Transmissão da CEMIG, a sua largura será reduzida em<br />

12,5 metros. Assim a faixa <strong>de</strong> servidão, em 95% do traçado da futura<br />

Linha <strong>de</strong> Transmissão, terá a largura 52,5 metros, com uma distância<br />

entre eixos <strong>de</strong> 50 metros.<br />

Entretanto, nos vãos, em que a Linha <strong>de</strong> Transmissão da CEMIG<br />

existente for superior ou igual a 700 m não haverá compartilhamento.<br />

Assim a faixa <strong>de</strong> servidão será <strong>de</strong> 65 metros, aumentando um pouco a<br />

distância entre eixos da LT existente e a nova, que será <strong>de</strong> 70 metros.<br />

Vale <strong>de</strong>stacar que na faixa <strong>de</strong> servidão, não será permitida a construção<br />

<strong>de</strong> nenhum tipo benfeitoria por motivos <strong>de</strong> segurança, apesar <strong>de</strong> não<br />

haver comprovação <strong>de</strong> risco.<br />

Outra medida <strong>de</strong> segurança a ser implementada na construção <strong>de</strong>sta<br />

Linha <strong>de</strong> Transmissão é a altura mínima <strong>de</strong> cabo solo <strong>de</strong> no mínimo <strong>de</strong><br />

10 metros <strong>de</strong> altura e placas indicativas <strong>de</strong> segurança nas torres<br />

próximas às residências.<br />

O vão (espaço) médio entre as torres é <strong>de</strong> 465 metros, sendo o<br />

comprimento dos vãos <strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> acordo com a topografia do terreno<br />

e os obstáculos encontrados.<br />

O projeto da linha <strong>de</strong> transmissão está em fase <strong>de</strong> elaboração, mas<br />

po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>duzir que às três torres da CEMIG, que hoje são visíveis a<br />

uma distância aproximada <strong>de</strong> 1300m da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong><br />

<strong>Marinhos</strong>, será adicionada, em paralelo, a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> torres<br />

da nova Linha <strong>de</strong> Transmissão <strong>de</strong> Furnas.<br />

Será mobilizado durante a construção da Linha <strong>de</strong> Transmissão <strong>de</strong><br />

Furnas um efetivo que irá variar <strong>de</strong> 150 a 300 pessoas. As três torres a<br />

serem implantadas nas proximida<strong>de</strong>s da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong><br />

<strong>Marinhos</strong> levarão em média dois dias para a montagem cada uma,<br />

envolvendo <strong>de</strong> 25 a 30 trabalhadores. Com o objetivo <strong>de</strong> não alterar o<br />

cotidiano da comunida<strong>de</strong>, o tráfego <strong>de</strong> veículos para transporte <strong>de</strong><br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


material e trabalhadores será realizado pela estrada municipal que liga<br />

Moeda à Brumadinho¸ e no trecho próximo a comunida<strong>de</strong> esse trânsito<br />

será realizado pela faixa <strong>de</strong> servidão. Evitando-se assim o fluxo <strong>de</strong><br />

veículos pesados por <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus limites, alterando o mínimo do seu<br />

cotidiano.<br />

Os canteiros <strong>de</strong> obras para <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> material e administração do<br />

empreendimento <strong>de</strong>verão ser localizados nas se<strong>de</strong>s dos municípios <strong>de</strong><br />

Bom Despacho, Itaúna e Itabirito.<br />

Ao longo dos 180 quilômetros, apenas 23 (vinte e três) construções<br />

serão removidas. Dessa forma, nenhuma <strong>de</strong>stas estão localizadas no<br />

município <strong>de</strong> Brumadinho. Os proprietários serão in<strong>de</strong>nizados pelas<br />

terras <strong>de</strong> acordo com o valor <strong>de</strong> mercado, e, as benfeitorias, pelo valor<br />

<strong>de</strong> reposição.<br />

A comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> integra a relação <strong>de</strong><br />

comunida<strong>de</strong>s quilombolas do município <strong>de</strong> Brumadinho a ser ouvida<br />

neste processo, pois a lei exige que seja feita uma consulta às<br />

comunida<strong>de</strong>s tradicionais que se encontram próximas ao<br />

empreendimento que será construído por Furnas.<br />

Durante o licenciamento ambiental da LT 500 kV Bom Despacho 3 -<br />

Ouro Preto 2, ocorreram 2 (duas) Audiências Públicas, realizadas no<br />

mês <strong>de</strong> setembro/2010, nos municípios <strong>de</strong> Brumadinho e Divinópolis, e<br />

contaram com a presença <strong>de</strong> prefeitos municipais, juízes, vereadores e<br />

outros representantes do po<strong>de</strong>r público da região.<br />

Esta Linha <strong>de</strong> Transmissão é um investimento do Governo Fe<strong>de</strong>ral, no<br />

âmbito do Programa <strong>de</strong> Aceleração do Crescimento (PAC), e surge<br />

<strong>de</strong>vido ao crescimento da economia mineira. Em outras áreas serão<br />

necessárias novas linhas, que estarão interligadas para suprir uma<br />

possível falta <strong>de</strong> energia em outras partes do país, caso seja necessário.<br />

No que diz respeito à supressão <strong>de</strong> vegetação na construção <strong>de</strong> Linhas<br />

<strong>de</strong> Transmissão, sabe-se que, a construção <strong>de</strong>sses empreendimentos<br />

são realizados causando o mínimo possível <strong>de</strong> impactos, <strong>de</strong>vido à<br />

elevação das torres, sendo necessária a retirada somente nos locais <strong>de</strong><br />

implantação das torres e abertura na largura <strong>de</strong> 4 (quatro) metros <strong>de</strong><br />

picada para lançamento mecânico dos cabos. Além das medidas físicas<br />

e biológicas implantadas na construção, verifica-se que em média 18<br />

meses após a construção das Linhas <strong>de</strong> Transmissão a vegetação se<br />

recompõe naturalmente.<br />

07<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


CONTEXTUALIZAÇÃO DO TERRITÓRIO<br />

08<br />

Município <strong>de</strong> Brumadinho<br />

Brumadinho é um município brasileiro localizado na Zona Metalúrgica<br />

do estado <strong>de</strong> Minas Gerais. O município está localizado nas encostas da<br />

Serra da Moeda e integra o Circuito Veredas do Paraopeba, formado<br />

por mais 9 (nove) municípios. A região é cercada por montanhas e tem<br />

diversos atrativos naturais, com ativida<strong>de</strong>s relacionadas principalmente<br />

à abundância <strong>de</strong> água na região (cachoeiras, rios e cascatas).<br />

O município também é atravessado pelo Parque Estadual da Serra da<br />

Rola Moça, uma das principais áreas ver<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Minas Gerais e o terceiro<br />

maior parque em área urbana do país. Nele, estão localizados alguns<br />

dos principais mananciais <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água <strong>de</strong> Belo Horizonte<br />

e algumas espécies da fauna ameaçadas <strong>de</strong> extinção, como lobo guará,<br />

jaguatirica, raposa, preá, onça parda, entre outros. Situado numa área<br />

<strong>de</strong> transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica, possui paisagens<br />

características <strong>de</strong>sses dois biomas, além <strong>de</strong> Campos <strong>de</strong> Atitu<strong>de</strong> e<br />

Campos Ferruginosos.<br />

Antes <strong>de</strong> existir qualquer povoado no lugar on<strong>de</strong> está a cida<strong>de</strong>, as terras<br />

faziam parte do Distrito <strong>de</strong> Brumado do Paraopeba, pertencente ao<br />

Município <strong>de</strong> Bonfim. Quando formou-se o novo Município, <strong>de</strong>sligado<br />

<strong>de</strong> Bonfim, o mesmo <strong>de</strong>creto anexou-lhe os distritos <strong>de</strong> Aranha e São<br />

José do Paraopeba, saídos do Município <strong>de</strong> Itabirito e Pieda<strong>de</strong> do<br />

Paraopeba, <strong>de</strong>smembrado do Município <strong>de</strong> Nova Lima.<br />

A história <strong>de</strong> Brumadinho está dividida em duas fases distintas. A<br />

primeira, ainda no final do século XVII e início do século XVIII, com a<br />

ocupação do Vale do Paraopeba pelas ban<strong>de</strong>iras e entradas<br />

posteriores. Nessa fase, surgiram os povoados <strong>de</strong> São José do<br />

Paraopeba, Pieda<strong>de</strong> do Paraopeba, Aranha e Brumado do Paraopeba.<br />

A segunda fase refere-se ao período <strong>de</strong> nascimento da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Brumadinho propriamente dita, à época da construção do ramal do<br />

Paraopeba da Estrada <strong>de</strong> Ferro Central do Brasil, já no início do século<br />

XX.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da cultura cafeeira e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se extrair e<br />

exportar minérios <strong>de</strong> ferro, abundantes na região, provocaram a<br />

construção do ramal do Paraopeba da Estrada <strong>de</strong> Ferro Central do<br />

Brasil, fazendo nascer e <strong>de</strong>senvolver o povoado, com a chegada <strong>de</strong><br />

trabalhadores e imigrantes estrangeiros. Começou assim o povoado a<br />

tomar aspectos <strong>de</strong> uma pequena cida<strong>de</strong>, já com um pequeno comércio<br />

estabelecido, várias moradias e uma população fixa <strong>de</strong> tamanho<br />

razoável.<br />

O nome "Brumadinho" <strong>de</strong>ve-se ao fato do local estar próximo à antiga<br />

vila <strong>de</strong> Brumado Velho, que por sua vez teria sido assim <strong>de</strong>nominada<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


pelos ban<strong>de</strong>irantes por causa das brumas comuns em toda a região<br />

montanhosa em que se situa o município, especialmente no período da<br />

manhã.<br />

A população <strong>de</strong> 34.391 habitantes se distribui nos 640 Km² do seu<br />

território, segundo dados do IBGE. Embora o município <strong>de</strong> Brumadinho<br />

seja atravessado pelas rodovias BR-381 (São Paulo-Belo Horizonte) e<br />

BR-040 (Rio <strong>de</strong> Janeiro-Belo Horizonte), o principal acesso à se<strong>de</strong><br />

municipal a partir da capital é por uma estrada direta, através do<br />

município <strong>de</strong> Ibirité. Há uma curta divisa direta com o município da<br />

capital, mas localizada numa área montanhosa <strong>de</strong> difícil acesso. Têm<br />

como municípios limítrofes: Ibirité, Sarzedo, Mário Campos, São<br />

Joaquim <strong>de</strong> Bicas, Igarapé, Itatiaiuçu, Rio Manso, Bonfim, Belo Vale,<br />

Moeda, Itabirito, Nova Lima e Belo Horizonte, do qual dista 49<br />

quilômetros.<br />

Apesar <strong>de</strong> sua pequena população,<br />

Brumadinho é importante para a região<br />

metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte por<br />

causa <strong>de</strong> seus gran<strong>de</strong>s mananciais <strong>de</strong><br />

água, possibilitados pela extensão<br />

relativamente gran<strong>de</strong> do município e<br />

pelo relevo montanhoso. Um quarto da<br />

á g u a q u e a b a s t e c e a r e g i ã o<br />

metropolitana vem dos mananciais <strong>de</strong><br />

Brumadinho e dos municípios vizinhos,<br />

através dos sistemas Rio Manso e<br />

Catarina, operados pela Companhia <strong>de</strong><br />

Saneamento <strong>de</strong> Minas Gerais (COPASA).<br />

09<br />

Economia<br />

As ativida<strong>de</strong>s econômicas presentes na região são: o turismo,<br />

especialmente, pela presença do Instituto Inhotim e da paisagem<br />

natural da região, a agropecuária <strong>de</strong> pequena expressivida<strong>de</strong><br />

econômica, especialmente se comparada às indústrias e serviços,<br />

ativida<strong>de</strong>s que compõe a gran<strong>de</strong> parte do Produto Interno Bruto do<br />

1<br />

município .<br />

1 - Fonte:IBGE, Diretoria<br />

<strong>de</strong> Pesquisas, Coor<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong> Contas Nacionais.<br />

Saú<strong>de</strong><br />

No que diz respeito aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, segundo dados do<br />

2<br />

IBGE , 22 (vinte e dois) dos 25 (vinte e cinco) estabelecimentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

são públicos, sendo 2 (dois) <strong>de</strong>les fe<strong>de</strong>rais e 20 (vinte) municipais.<br />

Apenas um estabelecimento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> está apto a receber pacientes<br />

para internação em um dos seus 42 (quarenta e dois) leitos.<br />

Existem 8 (oito) estabelecimentos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> com atendimentos<br />

ambulatoriais com atendimentos odontológicos e 1 (um) <strong>de</strong>stes possui<br />

2 - Fonte: IBGE,<br />

Assistência Médica<br />

Sanitária 2005; Malha<br />

municipal digital do<br />

Brasil: situação em2005.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro:IBGE,<br />

2006.<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


atendimentos <strong>de</strong> emergência contando com as seguintes<br />

especialida<strong>de</strong>s: Pediatria, Obstetrícia, Clínica Médica, Cirurgia geral e<br />

Ortopedia.<br />

10<br />

3<br />

Sistema <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água e esgoto<br />

No que diz respeito ao abastecimento <strong>de</strong> água, o distrito Se<strong>de</strong> conta<br />

com sistema público operado, pela Companhia <strong>de</strong> Saneamento <strong>de</strong><br />

Minas Gerais (COPASA), em regime contínuo, havendo média<br />

incidência <strong>de</strong> vazamentos. O povoado <strong>de</strong> Pires, Parque da Cachoeira,<br />

Parque do Lago e Alberto Flores ainda não são atendidos.<br />

O distrito <strong>de</strong> São João do Paraopeba possui uma população estimada<br />

<strong>de</strong> 584 habitantes sendo o índice <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong> 100%. O sistema<br />

<strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água é operado pela Prefeitura Municipal <strong>de</strong><br />

Brumadinho em regime continuo, havendo muito pouca incidência <strong>de</strong><br />

vazamentos. A captação é feita por 02(dois) poços subterrâneos<br />

localizados na área central do Distrito (próximo à Escola Professora<br />

Yolandina Melo Silva e o outro na saída <strong>de</strong> São José do Paraopeba para<br />

a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Rodrigues). A vazão total é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10m³/hora,<br />

sendo aduzida a 02 (duas) caixas <strong>de</strong> água na entrada das quais são<br />

feitos os tratamentos através <strong>de</strong> pastilhas <strong>de</strong> cloro. A distribuição é feita<br />

através <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> PVC <strong>de</strong> diâmetro variando <strong>de</strong> 20 a 50 mm com 8 km<br />

<strong>de</strong> extensão. A principal <strong>de</strong>ficiência da comunida<strong>de</strong> é a falta <strong>de</strong> água<br />

nas proximida<strong>de</strong>s da igreja local, <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> pressão.<br />

Não existem re<strong>de</strong>s para coletas <strong>de</strong> esgoto, sendo usadas fossas<br />

individuais as quais po<strong>de</strong>m causar contaminação do lençol freático. Em<br />

algumas localida<strong>de</strong>s há lançamento dos <strong>de</strong>jetos diretamente nos cursos<br />

d'água.<br />

No Plano Municipal <strong>de</strong> Saneamento Básico, a Prefeitura aponta as<br />

seguintes medidas:<br />

• Garantir a oferta <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> coleta e tratamento <strong>de</strong> esgotos<br />

sanitários no mínimo a 90% da população da Se<strong>de</strong> Municipal,<br />

Distritos e Comunida<strong>de</strong>s citados no Plano até o ano <strong>de</strong> 2014, em<br />

etapas <strong>de</strong>finidas conforme o Índice <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são ao serviço;<br />

• Implantar imediatamente os serviços <strong>de</strong> proteção dos<br />

mananciais e do lençol freático.<br />

3 - Fonte: Plano Municipal<br />

<strong>de</strong> Saneamento Básico <strong>de</strong><br />

Brumadinho, 2008<br />

4<br />

Educação<br />

No Censo Escolar <strong>de</strong> 2008 Brumadinho contava com 74 (setenta e<br />

quatro) docentes a nível pré-escolar, 66 ( sessenta e seis) estavam<br />

distribuídos nas 16 (<strong>de</strong>zesseis) escolas públicas municipais, enquanto, 8<br />

(oito) <strong>de</strong>sempenhavam suas funções na re<strong>de</strong> privada. Os 307 (trezentos<br />

e sete) professores lecionavam em 19 (<strong>de</strong>zenove) escolas <strong>de</strong> ensino<br />

4 - Fontes: ( 1 ) Ministério<br />

da Educação, Instituto<br />

Nacional <strong>de</strong> Estudos e<br />

Pesquisas Educacionais -<br />

INEP - Censo Educacional<br />

2008; (2) Ministério da<br />

Educação, Instituto<br />

Nacional <strong>de</strong> Estudos e<br />

Pesquisas Educacionais -<br />

INEP - Censo da<br />

Educação Superior 2007.<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


fundamental, assim distribuídos: 56 (cinqüenta e seis) entre as 3 (três)<br />

escolas públicas estaduais, 214 (duzentas e quatorze), nas 14 (quatorze)<br />

escolas públicas municipais e 73 (setenta e três), nas 2 (duas) escolas<br />

privadas. Já no ensino médio, eram 76 (setenta e seis) docentes em 3<br />

(três) escolas, 64 (sessenta e quatro) professores estavam ligados às 2<br />

(duas) escolas públicas estaduais localizadas no município, enquanto os<br />

outros 12 (doze) trabalhavam na única escola privada local.<br />

Quanto ao número <strong>de</strong> alunos matriculados, 815 (oitocentos e quinze)<br />

eram do pré-escolar, 754 (setecentos e cinqüenta e quatro) em escolas<br />

municipais; 61 (sessenta e um) em escolas privadas, 5.255 ( cinco mil,<br />

quinhentos e vinte e cinco) do ensino fundamental, 1.106 (um mil, cento<br />

e seis), em escolas estaduais; 3.735 ( três mil, setecentos e trinta e cinco),<br />

em escolas municipais, 384 ( trezentos e oitenta e quatro), em escolas<br />

privadas, 1.315 (um mil, trezentos e quinze) do ensino médio, 1.231 (<br />

um mil, duzentos e trinta e um) escolas estaduais, 84 ( oitenta e quatro)<br />

escolas privadas e 1.309 (um mil, trezentos e nove) do superior. Em<br />

Brumadinho existe apenas uma instituição <strong>de</strong> nível superior, que é<br />

particular, a Faculda<strong>de</strong> ASA <strong>de</strong> Brumadinho .<br />

11<br />

Pobreza<br />

O Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano (IDH) é um dado utilizado pela<br />

Organização das Nações Unidas (ONU) para analisar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada população. Os critérios utilizados para<br />

calcular o IDH são: Produto Interno Bruto (PIB) per capita (calculado com<br />

base na parida<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra); educação (taxa <strong>de</strong><br />

alfabetização da população adulta e número médio <strong>de</strong> anos cursados<br />

na escola); nível <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (expectativa <strong>de</strong> vida da população e taxa <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong> infantil). O Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano varia <strong>de</strong><br />

5<br />

zero a um, quanto mais se aproxima <strong>de</strong> um, maior o IDH <strong>de</strong> um local.<br />

5 - Wagner <strong>de</strong> Cerqueira e<br />

Francisco, Equipe Brasil<br />

Escola<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


COMUNIDADES QUILOMBOLAS NO ESTADO<br />

6<br />

DE MINAS GERAIS<br />

Fonte: Comissão Pró-Índio<br />

<strong>de</strong> São Paulo.<br />

12<br />

Dados produzidos pelo Centro <strong>de</strong> Documentação Eloy Ferreira da Silva -<br />

CEDEFES atestam que existem aproximadamente 400 (quatrocentos)<br />

comunida<strong>de</strong>s quilombolas no Estado <strong>de</strong> Minas Gerais distribuídas por<br />

mais <strong>de</strong> 155 (cento e cinquenta e cinco) municípios. As regiões do<br />

estado com maior concentração <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s quilombolas são a<br />

região norte e a nor<strong>de</strong>ste, com <strong>de</strong>staque nesta última para o Vale do<br />

Jequitinhonha.<br />

A maior parte das comunida<strong>de</strong>s quilombolas do estado apresenta-se<br />

em contexto rural. No entanto, Minas Gerais se <strong>de</strong>staca pela presença<br />

significativa <strong>de</strong> quilombos em áreas urbanas.<br />

A maioria dos quilombos rurais ocupa atualmente pequenas extensões<br />

<strong>de</strong> terras por causa <strong>de</strong> um intenso processo <strong>de</strong> grilagem. A falta <strong>de</strong> terras<br />

acaba por provocar problemas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda. O pouco espaço<br />

dificulta a vivência <strong>de</strong> algumas práticas culturais. A religiosida<strong>de</strong>, a<br />

música, a dança e o trabalho coletivo são práticas que proporcionam a<br />

base da existência <strong>de</strong>sses grupos étnicos. Sem a garantia <strong>de</strong> um espaço<br />

coletivo, como um terreno, um espaço cultural, muitas manifestações e<br />

práticas tradicionais ficam inviáveis <strong>de</strong> serem realizadas.<br />

Segundo as informações coletadas no projeto sobre Comunida<strong>de</strong>s<br />

Quilombolas da Comissão Pró-Índio <strong>de</strong> São Paulo, po<strong>de</strong>mos dizer que a<br />

garantia dos direitos territoriais, a implantação <strong>de</strong> alternativas <strong>de</strong><br />

geração <strong>de</strong> renda e o acesso à água compõem os principais <strong>de</strong>safios<br />

vividos pelos quilombolas em Minas Gerais.<br />

Após o “1º Encontro das Comunida<strong>de</strong>s Negras e Quilombolas <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais”, organizado pela Fundação Cultural Palmares e pelo Instituto<br />

<strong>de</strong> Defesa da Cultura Negra e Afro-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes – “Fala Negra” em<br />

2004, as comunida<strong>de</strong>s quilombolas <strong>de</strong> Minas Gerais perceberam a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se articularem para fortalecer a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus direitos,<br />

que vinham sendo amplamente violados. Em 2005, criaram uma<br />

Organização Não-Governamental (ONG): N'golo - Fe<strong>de</strong>ração das<br />

Comunida<strong>de</strong>s Quilombolas do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Des<strong>de</strong> então, a organização vem mobilizando quilombolas <strong>de</strong> todo o<br />

estado . Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009, aproximadamente 300 quilombolas<br />

ocuparam a Superintendência Regional do INCRA, em Belo<br />

Horizonte/MG, como forma <strong>de</strong> protestar e exigir agilida<strong>de</strong> no processo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação e titulação dos territórios quilombolas no Estado. Na<br />

época, existiam 465 comunida<strong>de</strong>s quilombolas i<strong>de</strong>ntificadas. No<br />

entanto, nenhuma <strong>de</strong>las encontrava-se titulada. Os quilombolas<br />

apontavam ser esta uma explícita violação <strong>de</strong> seus direitos garantidos<br />

no artigo 68 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias<br />

(ADCT), da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho<br />

(OIT) sobre povos indígenas e tribais e do Decreto Fe<strong>de</strong>ral<br />

nº4887/2003.<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


Denunciavam, ainda, que a morosida<strong>de</strong> do processo contribui para a<br />

perpetuação da vulnerabilida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s quilombolas,<br />

<strong>de</strong>ixando-as <strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong> saneamento básico, <strong>de</strong> acesso as políticas<br />

públicas governamentais, gerando insegurança alimentar e<br />

habitacional – segundo notícia elaborada pela própria N'golo e por Frei<br />

Gilvan<strong>de</strong>r.<br />

13<br />

Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong><br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


COMUNIDADE QUILOMBOLA DE<br />

MARINHOS<br />

14<br />

As informações aqui apresentadas foram coletadas nas reuniões<br />

realizadas com os moradores visando a elaboração do Diagnóstico<br />

Social Participativo, citado no início <strong>de</strong>ste documento, e expressam a<br />

opinião da comunida<strong>de</strong>.<br />

Origem da Comunida<strong>de</strong><br />

No período da vigência da escravidão no Brasil, havia na região várias<br />

fazendas <strong>de</strong>stinadas a criação <strong>de</strong> gado, como a fazenda do Antonio<br />

Hermenegildo, dos Maia, do Zé Diogo e a dos Martins. Essa última<br />

também comercializava negros e negras escravizadas, por isso ficou<br />

conhecida também como Fazenda dos Escravos.<br />

“ Aprendi a falar fazenda dos escravos com meu avô Joaquim<br />

Jerônimo e minha mãe Olandina , por isso falo Fazenda dos<br />

Escravos.” (Sr. Antônio Cambão)<br />

Segundo Nair <strong>de</strong> Fátima Silva, moradora <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong>, a família do Sr.<br />

José Jerônimo, originária da Fazenda dos Martins, iniciou o<br />

povoamento na região conhecida como Açudinho. Depois foram<br />

levados a São José do Paraopeba para construírem a igreja matriz nesta<br />

localida<strong>de</strong>. Já livres, seguiram para <strong>Marinhos</strong> e se estabeleceram em<br />

uma região chamada Varginha. No início a comunida<strong>de</strong> contava com<br />

pouco mais <strong>de</strong> 15 casas.<br />

“On<strong>de</strong> eu nasci, em Varginha, eles falavam que era uma família só,<br />

a do Joaquim Jerônimo. E cada casa tinha um pilão on<strong>de</strong> eles<br />

socavam o café e o arroz. Parecia uma orquestra. Parecia que eles<br />

todos combinavam uma hora e socavam o café.” (Sr. Antônio<br />

Cambão)<br />

Nas reuniões realizadas nesta comunida<strong>de</strong>, percebeu-se que existem<br />

poucas informações acerca da história local. Essa lacuna <strong>de</strong> informação<br />

se <strong>de</strong>ve a recusa dos moradores mais antigos em falar sobre o passado,<br />

como foi relatado pelo morador local, Sr. Antônio Cambão:<br />

“Quando eu perguntava um pouquinho mais eles não gostavam <strong>de</strong><br />

estar passando. Creio que era por causa do sofrimento.”<br />

Havia na região também fazen<strong>de</strong>iros que absorveram a mão <strong>de</strong> obra<br />

local após a abolição da escravatura. No entanto, em alguns casos, as<br />

relações <strong>de</strong> trabalho não modificaram muito apesar da Lei Áurea. Isso<br />

podia ser observado na forma <strong>de</strong> pagamento pelo trabalho contratado,<br />

que se dava, muitas vezes, em gêneros alimentícios, como um pedaço<br />

<strong>de</strong> toucinho, um saco <strong>de</strong> feijão, etc. Até poucas décadas atrás, os<br />

trabalhadores rurais <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> ex-escravizados recebiam vales a<br />

serem trocados nos armazéns da região como forma <strong>de</strong> pagamento. O<br />

surgimento <strong>de</strong> novos postos <strong>de</strong> trabalho na região foram essenciais<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


para a mudança <strong>de</strong>ssa dinâmica.<br />

No entanto, a presença dos fazen<strong>de</strong>iros não foi<br />

responsável apenas por relações <strong>de</strong>siguais <strong>de</strong><br />

trabalho, como no caso do Sr. Antônio<br />

Hermenegildo. Descen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> fazen<strong>de</strong>iros da<br />

região, doou o terreno on<strong>de</strong> hoje existe a escola, o<br />

campo <strong>de</strong> futebol e a igreja.<br />

O segundo momento <strong>de</strong> povoamento da<br />

comunida<strong>de</strong> ocorreu a partir <strong>de</strong> 1917, com a<br />

construção da linha férrea para o transporte <strong>de</strong><br />

lenha, gado e leite, sendo esses dois últimos itens<br />

importantes ativida<strong>de</strong>s econômica da região.<br />

Uma hipótese para a origem do nome da<br />

comunida<strong>de</strong> tem ligação com a linha <strong>de</strong> trem, que<br />

segundo relato <strong>de</strong> moradores presentes nas<br />

reuniões, Marinho era o nome do engenheiro<br />

responsável pela construção.<br />

15<br />

Território<br />

Moenda<br />

A comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> está situada no distrito <strong>de</strong> São<br />

José do Paraopeba, que faz parte do município <strong>de</strong> Brumadinho. Está<br />

localizada há 26 Km da se<strong>de</strong> do município e a 62 Km <strong>de</strong> Belo Horizonte.<br />

A comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> abriga aproximadamente 80<br />

(oitenta) famílias, em área total que é <strong>de</strong>sconhecida pelos moradores.<br />

A área que abriga a comunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ter sido muito maior que a atual.<br />

Segundo relatado nas reuniões, no passado era comum os habitantes<br />

da região realizarem a troca <strong>de</strong> terras como forma <strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong><br />

dívidas, o que po<strong>de</strong> ter diminuído o tamanho original da comunida<strong>de</strong>.<br />

<strong>Marinhos</strong> possui uma igreja <strong>de</strong>dicada a Nossa Senhora da Conceição,<br />

uma escola municipal e um posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, serviços esses que são<br />

utilizados não só pelos seus moradores, como também por resi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

comunida<strong>de</strong>s vizinhas como Rodrigues, Ribeirão, Colégio, entre outras.<br />

A comunida<strong>de</strong> foi reconhecida como quilombola pela Fundação<br />

Cultural Palmares, em julho <strong>de</strong> 2010.<br />

Assim como as <strong>de</strong>mais comunida<strong>de</strong>s da região, a comunida<strong>de</strong><br />

quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> é impactada em seu território pela operação<br />

da linha férrea <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da empresa MRS Logística S.A., que<br />

transporta minérios na região. O trem atravessa a comunida<strong>de</strong> várias<br />

vezes nos períodos diurno e noturno, produzindo gran<strong>de</strong> impacto<br />

sonoro ao moradores locais.<br />

Antes da construção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>svio, há aproximadamente 2 (dois) anos,<br />

o trem, muitas vezes, sem nenhum aviso parava na linha férrea e os<br />

moradores eram impedidos <strong>de</strong> cruzá-la, causando atrasos e<br />

impossibilitando a saída do trem, a mobilida<strong>de</strong> dos moradores para<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


outras localida<strong>de</strong>s, incluindo aqueles que<br />

necessitavam <strong>de</strong> atendimentos médicos.<br />

Outra ameaça ao território da<br />

comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong><br />

relatada pelos moradores, era a<br />

presença da Mineradora Ferrous que<br />

v i s a v a a c o n s t r u ç ã o d e u m<br />

empreendimento na área. Caso esse<br />

projeto fosse adiante, não só <strong>Marinhos</strong>,<br />

mas também outras comunida<strong>de</strong>s<br />

(quilombolas ou não) teriam <strong>de</strong> ser<br />

removidas da região. Essas comunida<strong>de</strong>s<br />

se reuniram e conseguiram paralisar esse<br />

projeto até o presente momento.<br />

16<br />

Sino da Igreja<br />

Educação<br />

A escola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> oferece ensino do 2º ao 5º ano para estudantes<br />

da comunida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> localida<strong>de</strong>s vizinhas. A partir daí os alunos passam<br />

a estudar em outras escolas localizadas nas adjacências, a saber:<br />

distrito <strong>de</strong> Aranha (6º ao 9º ano) e Melo Franco (Ensino Médio). No<br />

distrito <strong>de</strong> São José do Paraopeba há a oferta <strong>de</strong> educação infantil e na<br />

se<strong>de</strong> do município <strong>de</strong> Brumadinho, Ensino Superior.<br />

No que diz respeito à aplicação da Lei 11.645 - que torna obrigatório o<br />

ensino <strong>de</strong> História e Cultura Africana, Afrobrasileira e Indígena, a escola<br />

<strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> utiliza material específico sobre as comunida<strong>de</strong>s<br />

quilombolas da região e realiza ativida<strong>de</strong>s em alguns momentos do ano<br />

letivo, como por exemplo, a Mostra Cultural. No ano <strong>de</strong> 2011, a<br />

programação contemplou um dia <strong>de</strong> contação <strong>de</strong> histórias e entrevistas<br />

realizadas pelas crianças às pessoas idosas da comunida<strong>de</strong> a fim <strong>de</strong><br />

valorizar a história local. Em novembro a escola comemora a semana<br />

da Consciência Negra.<br />

Antes mesmo do reconhecimento <strong>de</strong><br />

<strong>Marinhos</strong> pela Fundação Cultural<br />

Palmares enquanto comunida<strong>de</strong><br />

quilombola, a escola já recebia<br />

tratamento <strong>de</strong>stinado a uma instituição<br />

<strong>de</strong> ensino quilombola por terem classes<br />

<strong>de</strong> alunos provenientes da Comunida<strong>de</strong><br />

Q u i l o m b o l a d o S a p é . E s s e<br />

reconhecimento implica no recebimento<br />

<strong>de</strong> benefícios, como mais recursos do<br />

governo fe<strong>de</strong>ral a serem aplicados na<br />

merenda escolar, como também na<br />

formação <strong>de</strong> professores.<br />

Um sistema <strong>de</strong> transporte escolar leva as<br />

crianças para as escolas que ficam, no<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011<br />

Escola Municipal Antônio Hermenegildo Paiva – <strong>Marinhos</strong>


máximo, uma hora <strong>de</strong>ntro na condução. Apesar do tempo <strong>de</strong><br />

permanência na condução ser pequeno, os moradores chamam a<br />

atenção para a falta <strong>de</strong> um acompanhante para as crianças, bem como<br />

a ausência <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>irinhas nos assentos, comprometendo a segurança<br />

do transporte dos alunos. Apesar disso, um aspecto elogiado pelos pais<br />

<strong>de</strong> alunos e reconhecido pela comunida<strong>de</strong> é a boa qualida<strong>de</strong> e o alto<br />

valor nutricional da merenda escolar, que é fornecida às crianças.<br />

17<br />

Trabalho e Renda<br />

As oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho na comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong><br />

são escassas, segundo relatos dos moradores presentes nas reuniões.<br />

Alguns moradores ligados ao Grupo <strong>de</strong> Roça comercializam em<br />

pequena escala produtos como feijão, fubá e doces, entre outros. Os<br />

moradores relatam dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produzir e comercializar em maior<br />

escala e alegam dois motivos:<br />

a) Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> obter o “Cartão do Produtor”, emitido pela<br />

Secretaria da Fazenda do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais, dada a<br />

exigência <strong>de</strong> documento que comprove a posse da terra,<br />

documento este que poucos moradores possuem;<br />

b) O serviço <strong>de</strong> aluguel <strong>de</strong> equipamento a produtores rurais<br />

oferecido pela Secretaria Municipal <strong>de</strong> Agricultura é avaliado<br />

como <strong>de</strong>ficiente pela comunida<strong>de</strong>. No provimento <strong>de</strong> máquinas,<br />

a custos mais baixos que os <strong>de</strong> mercado para preparar as terras<br />

para o cultivo e/ou para fazer a colheita, privilegia-se as<br />

proprieda<strong>de</strong>s maiores levando muito tempo para prestar os<br />

serviços nas roças menores, fazendo com que, por vezes,<br />

percam a produção em parte ou totalmente.<br />

Os empregadores que absorvem a mão <strong>de</strong> obra da comunida<strong>de</strong> são: os<br />

proprietários rurais do entorno, o Instituto Inhotim, a Prefeitura<br />

Municipal <strong>de</strong> Brumadinho, a empresa Vale do Rio Doce e a fábrica <strong>de</strong><br />

blocos pré-moldados.<br />

Existe na comunida<strong>de</strong> há mais ou menos trinta anos, um grupo <strong>de</strong><br />

mulheres artesãs <strong>de</strong>nominado Grupo Ver<strong>de</strong> Marinho, que também é<br />

responsável pela geração <strong>de</strong> renda na comercialização <strong>de</strong> seus<br />

produtos, mas, segundo <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong>stas mulheres, a venda dos<br />

produtos confeccionados não garante o sustento das famílias das<br />

mesmas.<br />

Saú<strong>de</strong><br />

A comunida<strong>de</strong> possui um posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que aten<strong>de</strong> não só os<br />

moradores <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong>, mas também, os moradores <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s<br />

próximas. Apesar disso, não foram relatadas reclamações em relação à<br />

distribuição <strong>de</strong> remédios, nem aos atendimentos médicos que ocorrem<br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


duas vezes por semana e atendimentos odontológicos que acontece<br />

apenas uma.<br />

A comunida<strong>de</strong> é atendida também pelo Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família<br />

(PSF) que conta com uma equipe formada por 1 (um) médico, 1 (um)<br />

enfermeiro, 2 (dois) técnicos <strong>de</strong> enfermagem e 4 (quatro) agentes<br />

comunitários <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, sendo que uma <strong>de</strong>las resi<strong>de</strong> em <strong>Marinhos</strong>.<br />

Entretanto, foi i<strong>de</strong>ntificado pela comunida<strong>de</strong> problemas no atendimento<br />

médico no PSF, <strong>de</strong>vido à alta rotativida<strong>de</strong> dos médicos que prestam<br />

atendimentos à comunida<strong>de</strong> fazendo com que, muitas vezes, os serviços<br />

sejam interrompidos por diversos meses até que seja contratado um<br />

novo profissional da área.<br />

A comunida<strong>de</strong> conta com coleta <strong>de</strong> lixo domiciliar 3 (três) vezes por<br />

semana, o que ajuda a diminuir a incidência <strong>de</strong> algumas doenças,<br />

sobretudo aquelas transmitidas por vetores. Por outro lado, apesar da<br />

existência <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto, os <strong>de</strong>jetos são <strong>de</strong>spejados<br />

diretamente no Córrego Gran<strong>de</strong>, sem nenhum tipo <strong>de</strong> tratamento. A<br />

água contaminada atinge não só a própria comunida<strong>de</strong>, mas<br />

comunida<strong>de</strong>s vizinhas como a comunida<strong>de</strong> quilombolas <strong>de</strong> Rodrigues.<br />

18<br />

Transporte<br />

Há uma linha <strong>de</strong> ônibus com apenas 3 (três) horários para saída da<br />

comunida<strong>de</strong> e mais 3 (três) para o retorno. O valor da passagem do<br />

ônibus é consi<strong>de</strong>rado alto, o que as vezes dificulta a mobilida<strong>de</strong> dos<br />

moradores. Além disso, em <strong>de</strong>terminados períodos do dia os ônibus<br />

circulam lotados, principalmente o do primeiro horário (07h00),<br />

apontando assim a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais ônibus em horários <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

utilização.<br />

Esporte e Lazer<br />

Apesar do gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> festas e celebrações, existem<br />

poucos espaços <strong>de</strong> lazer na comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong><br />

<strong>Marinhos</strong>. A reforma do campo <strong>de</strong> futebol aparece como<br />

uma <strong>de</strong>manda da comunida<strong>de</strong> para a revitalização do time<br />

<strong>de</strong> futebol, Estrela Marinhense Futebol Clube – único time do<br />

distrito e nas proximida<strong>de</strong>s, que tem a documentação<br />

necessária para disputar campeonatos locais e regionais. No<br />

entanto, foi <strong>de</strong>stacado em diversas ocasiões a carência <strong>de</strong><br />

equipamentos, materiais, uniformes, etc.<br />

Festas<br />

A comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> é bastante festiva.<br />

Gran<strong>de</strong> parte das celebrações são em homenagem a santos<br />

1ª Festa <strong>de</strong> São Benedito em <strong>Marinhos</strong><br />

Diagnóstico Social Participativo da Comunida<strong>de</strong> Quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> - <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011


católicos e estão ligadas à Congada ou ao<br />

Moçambique. No mês <strong>de</strong> janeiro há a festa em<br />

homenagem a São Sebastião, no mês <strong>de</strong> maio<br />

à Nossa Senhora da Santa Cruz, seguida pela<br />

festa da Colheita realizada no terceiro sábado<br />

do mês <strong>de</strong> junho, por São Benedito no mês <strong>de</strong><br />

agosto, Nossa Senhora do Rosário no mês <strong>de</strong><br />

outubro e, Nossa Senhora da Conceição no<br />

mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro. Neste mesmo mês acontece<br />

também a adoração do Natal. Outras festas<br />

que fazem parte do calendário da<br />

comunida<strong>de</strong>, mas que não são <strong>de</strong> cunho<br />

religioso são: o Carnaval - nos meses <strong>de</strong><br />

fevereiro e/ou março, a Festa Junina no mês <strong>de</strong><br />

junho, o Festival da Canção, no mês <strong>de</strong><br />

setembro e, a comemoração do dia da<br />

Consciência Negra, no mês <strong>de</strong> novembro.<br />

Segurança<br />

19<br />

Festa da Consciência Negra<br />

Quando da realização <strong>de</strong> festas não há policiamento local, tornando<br />

mais frequentes as brigas e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns durante os eventos. Foi<br />

informado pelos presentes nas reuniões, que a retirada dos quebramolas<br />

para a instalação do asfalto, comprometeu a segurança no<br />

trânsito na comunida<strong>de</strong>, pois a partir <strong>de</strong> então, automóveis e<br />

motocicletas <strong>de</strong>slocam-se sem o <strong>de</strong>vido controle <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>.<br />

Organização Comunitária e Participação<br />

A comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> é bastante ativa, contando com<br />

várias organizações, <strong>de</strong> diversos perfis, que atuam na comunida<strong>de</strong>. Em<br />

sua gran<strong>de</strong> maioria são organizações e iniciativas locais, como relatou<br />

uma moradora:<br />

“Tudo aqui é gran<strong>de</strong>. Se trabalha em conjunto.” (Sra.Nair <strong>de</strong> Fátima Silva)<br />

As organizações atuantes na comunida<strong>de</strong> são:<br />

Associação Comunitária <strong>de</strong> Moradores e Amigos <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> –<br />

Com gran<strong>de</strong> atuação no local, é a ligação entre a comunida<strong>de</strong> e a<br />

Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Brumadinho, <strong>de</strong>mais órgãos, comunida<strong>de</strong>s do<br />

entorno e parceiros como o Instituto Inhotim. É responsável pela<br />

organização <strong>de</strong> diversas ativida<strong>de</strong>s agregadoras dos membros da<br />

comunida<strong>de</strong> como a Quadrilha, o Festival da Canção, assim como a<br />

marca “Mulata que Planta”, que comercializa doces, fubá, arroz e<br />

milho. Promove, ainda, em parceria com o “Mova Brasil”, o curso <strong>de</strong><br />

alfabetização <strong>de</strong> jovens e adultos (EJA). Essa organização é vista pelos<br />

moradores como a “voz da comunida<strong>de</strong>”.<br />

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Associação Água Cristalina 2000 – Iniciada em 2000 pelos padres<br />

da Congregação dos Sagrados Corações, em parceria com os<br />

moradores, a Associação – que até hoje é responsável pela gestão do<br />

serviço - montou uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> água limpa a baixo custo<br />

para 8 (oito) comunida<strong>de</strong>s, entre elas: Sapé, <strong>Marinhos</strong>, Rodrigues,<br />

Ribeirão e Lagoa. Todas as comunida<strong>de</strong>s citadas anteriormente são<br />

quilombolas e possuem o reconhecimento da Fundação Cultural<br />

Palmares, segundo os presentes – exceto a última, que ainda está em<br />

processo <strong>de</strong> reconhecimento. Segundo relatos nas reuniões, a re<strong>de</strong> foi<br />

custeada pelos próprios moradores, que estão muito satisfeitos com o<br />

serviço. Todos possuem hidrômetros nas residências, e pagam uma taxa<br />

mensal no valor <strong>de</strong> R$ 15,00 (quinze reais) para o consumo <strong>de</strong> 12.000<br />

litros <strong>de</strong> água por residência, que é avaliada como suficiente pelos<br />

moradores.<br />

Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação – Vista como importante parceira<br />

da comunida<strong>de</strong>. A escola promove reuniões <strong>de</strong> pais, alunos e<br />

professores, possibilitando o diálogo com a comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong><br />

<strong>Marinhos</strong>.<br />

Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> – Reconhecida com importante<br />

parceira que têm atuação satisfatória na comunida<strong>de</strong>. O médico<br />

comparece ao posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> duas vezes<br />

por semana. No posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são<br />

a t e n d i d a s p e s s o a s d e o u t r a s<br />

comunida<strong>de</strong>s, mas apesar disso, os<br />

moradores <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> afirmam que a<br />

qualida<strong>de</strong> do atendimento não é<br />

comprometida. Todos que procuram<br />

atendimentos no posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são<br />

atendidos e recebem remédios quando<br />

necessário.<br />

Irmanda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nossa Senhora do<br />

Rosário e São Benedito – Desempenha<br />

um papel fundamental na manutenção<br />

da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong>.<br />

Responsável pela organização do Congado e do<br />

Moçambique, reúne também moradores das comunida<strong>de</strong>s<br />

quilombolas <strong>de</strong> Rodrigues e do Sapé.<br />

Grupo <strong>de</strong> Pastorinhas – É um grupo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, apesar<br />

<strong>de</strong> ser composto pelas mesmas pessoas que participam do<br />

Congado e do Moçambique.<br />

Grupo Ver<strong>de</strong> Marinho – Grupo <strong>de</strong> artesanato local. Reúne<br />

também costureiras que recebem capacitação em corte e<br />

costura e artesanato duas vezes por semana. O curso,<br />

ministrado a 10 (<strong>de</strong>z) alunas, é uma parceria entre a<br />

Associação Água Cristalina 2000 e a Prefeitura Municipal<br />

<strong>de</strong> Brumadinho.<br />

20<br />

Festa <strong>de</strong> São Benedito e N.Sra. do Rosário<br />

Festa das Pastorinhas<br />

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Grupo <strong>de</strong> Roça – Existe há 25 anos.<br />

Surgiu a partir da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2<br />

(duas) famílias obterem ajuda na<br />

alimentação. Oito famílias se juntaram<br />

para plantar milho, arroz e feijão. Até<br />

hoje a produção é dividida entre os<br />

componentes do grupo . Hoje o número<br />

<strong>de</strong> famílias permanece e há uma busca<br />

em tornar a produção 100% orgânica.<br />

No terceiro domingo <strong>de</strong> julho acontece a<br />

Festa da Colheita, com <strong>de</strong>sfile <strong>de</strong> carros<br />

<strong>de</strong> bois. Em setembro <strong>de</strong> 2011 aconteceu<br />

também o <strong>de</strong>sfile em Brumadinho, se<strong>de</strong><br />

do município.<br />

Casa <strong>de</strong> Nazaré – Antiga casa <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> seminaristas, hoje é a casa<br />

d e i r m ã s . A t e n d e m t o d a s a s<br />

c o m u n i d a d e s p r ó x i m a s , a l é m<br />

comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong>,<br />

incluindo as quilombolas ou não da<br />

região localizadas no entorno <strong>de</strong><br />

<strong>Marinhos</strong>.<br />

Correios – Serviço bastante valorizado<br />

pelos presentes nas reuniões. Antes da<br />

instalação <strong>de</strong>sse serviço na comunida<strong>de</strong>,<br />

os moradores precisavam se <strong>de</strong>slocar até a se<strong>de</strong> do município<br />

(Brumadinho) para postar e receber as correspondências. Em alguns<br />

casos, quando recebem correspondências ou encomendas com<br />

urgências <strong>de</strong> entrega , os moradores são comunicados prontamente<br />

pelos Correios.<br />

Pastoral da Criança – Aten<strong>de</strong> crianças e gestantes. Trabalha em<br />

conjunto com o Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família na pesagem das<br />

crianças e <strong>de</strong>mais serviços. O grupo manifestou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais<br />

voluntários.<br />

Estrela Marinhense Futebol Clube – Time <strong>de</strong> futebol local. Já foi<br />

bastante atuante, mas agora está <strong>de</strong>sativado. Um trabalho <strong>de</strong> base é<br />

feito com as crianças, pelos Srs. Fernando e Robson Santana,<br />

moradores da comunida<strong>de</strong>, auxiliado por voluntários. Os presentes nas<br />

reuniões <strong>de</strong>sejam a reativação do time, incluindo a construção <strong>de</strong><br />

espaço comunitário para a realização <strong>de</strong> jogos e campeonatos locais<br />

e/ou regionais.<br />

Grupo <strong>de</strong> Percussão – Esta é uma iniciativa, na comunida<strong>de</strong>, do<br />

Projeto <strong>de</strong> Iniciação Musical do Inhotim com financiamento do<br />

Ministério do Turismo. São ministradas aulas <strong>de</strong> percussão, para<br />

aproximadamente 18 (<strong>de</strong>zoito) crianças e adolescentes, duas vezes por<br />

semana. O professor do curso é um músico morador da comunida<strong>de</strong><br />

21<br />

Na Roça e Festa da Colheita<br />

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conhecido como “Rei Batuque”. Os instrumentos são emprestados pela<br />

Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Brumadinho. A comunida<strong>de</strong> está procurando<br />

patrocinadores para a compra <strong>de</strong> instrumentos próprios.<br />

Instituto Inhotim – É entendido pelos moradores da comunida<strong>de</strong> como<br />

importante parceiro. Aproximadamente 20 (vinte) pessoas da<br />

comunida<strong>de</strong> são empregados nesta instituição, além <strong>de</strong> oferecer<br />

visitação gratuita para os moradores. Também apoia projetos da<br />

comunida<strong>de</strong> e, participa das festivida<strong>de</strong>s e reuniões comunitárias<br />

realizadas na comunida<strong>de</strong>.<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa – Parceira do projeto “Grupo <strong>de</strong><br />

Roça - Quem planta e cria tem alegria”. Ensinou aos componentes do<br />

grupo a produção do adubo orgânico, além <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> tratamento<br />

do solo, das plantas e dos animais. É realizado na comunida<strong>de</strong> o curso<br />

“Agropecuária Orgânica e Homeopatia”. As aulas acontecem durante<br />

um sábado por mês, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2009, para aproximadamente 25 (vinte e<br />

cinco) pessoas, moradores <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong> e <strong>de</strong> outras comunida<strong>de</strong><br />

(quilombolas ou não).<br />

Igreja Católica – Presente na comunida<strong>de</strong> através das ativida<strong>de</strong>s<br />

religiosas. As missas são realizadas 2 (duas) vezes por mês.<br />

Socieda<strong>de</strong> São Vicente <strong>de</strong> Paula – Grupo <strong>de</strong> apoio que organiza<br />

mutirões e oferece ajuda aos moradores menos favorecidos. Existe há<br />

aproximadamente 45 (quarenta e cinco) anos.<br />

22<br />

Diagrama <strong>de</strong> Venn<br />

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DESAFIOS / POTENCIALIDADES/ QUESTÕES<br />

MAIS EVIDENTES<br />

23<br />

Estão relacionados abaixo os <strong>de</strong>safios, potencialida<strong>de</strong>s e questões mais<br />

relevantes que surgiram durantes as reuniões realizadas a comunida<strong>de</strong><br />

quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong>.<br />

Infra estrutura<br />

• Restauração da estação <strong>de</strong> trem;<br />

• Asfalto no trecho entre Aranhas e Casinhas (até a travessia da linha,<br />

na entrada <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong>);<br />

• Calçamento <strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong>, incluindo a rua 2;<br />

• Iluminação pública precária. Existem postes, mas a maioria está com<br />

<strong>de</strong>feito. Um <strong>de</strong>les, próximo à casa da Sra. Lenilda Maria <strong>de</strong> Carvalho<br />

está caindo;<br />

• Saneamento. A comunida<strong>de</strong> possui uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto, mas os<br />

<strong>de</strong>jetos são <strong>de</strong>spejados diretamente no Córrego Gran<strong>de</strong>, sem<br />

tratamento. A água contaminada atinge comunida<strong>de</strong>s vizinhas como a<br />

comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> Rodrigues. Essa água, se limpa, po<strong>de</strong>ria ser<br />

utilizada para irrigar hortas resi<strong>de</strong>nciais e/ou comunitárias. A Prefeitura<br />

Municipal <strong>de</strong> Brumadinho fez uma proposta <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> fossas<br />

sépticas para tratamento dos <strong>de</strong>jetos, mas isso ainda não aconteceu até<br />

o presente momento;<br />

• Instalação <strong>de</strong> telefones públicos. Existe apenas uma linha fixa pública<br />

(orelhão) na comunida<strong>de</strong>. O sinal para telefones celulares é muito<br />

fraco;<br />

• Policiamento em dias <strong>de</strong> festas.<br />

Trabalho e Renda<br />

• Profissionalização da produção e comercialização <strong>de</strong> produtos locais;<br />

• Instalação <strong>de</strong> uma padaria comunitária. Já existe um projeto na Casa<br />

<strong>de</strong> Nazaré;<br />

• Aquisição <strong>de</strong> maquinário e ampliação do espaço do Grupo Ver<strong>de</strong><br />

Marinho;<br />

• Melhoria do serviço <strong>de</strong> aluguel <strong>de</strong> maquinário oferecido pela<br />

Secretaria Municipal <strong>de</strong> Agricultura <strong>de</strong> Brumadinho, bem como, a<br />

aquisição/empréstimo <strong>de</strong> uma Colheita<strong>de</strong>ira para a comunida<strong>de</strong>;<br />

• Evasão da comunida<strong>de</strong> em busca <strong>de</strong> emprego, especialmente por<br />

parte dos jovens;<br />

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• Artesanato, corte e costura e comercialização <strong>de</strong> produtos alimentícios<br />

são potenciais ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda.<br />

24<br />

Esporte, Lazer e Espaços Comunitários<br />

• Reativação do time <strong>de</strong> futebol com estrutura para o campo <strong>de</strong> futebol;<br />

• Espaço comunitário para a realização <strong>de</strong> eventos;<br />

• Reforma da Casa da Associação;<br />

• Criação do Centro Juvenil, para formação e lazer dos jovens da<br />

comunida<strong>de</strong>;<br />

• Divulgação <strong>de</strong> talentos locais, como a dupla musical “Dino Marcos e<br />

Dilaminho”.<br />

Organização Comunitária<br />

• Registro da história local e dos “causos”;<br />

• Envolvimento dos jovens na preservação da cultura local, também<br />

através do Grupo <strong>de</strong> Percussão.<br />

Educação<br />

• Instalação e manutenção <strong>de</strong> uma creche na comunida<strong>de</strong>.<br />

Construção do diagnóstico na comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong><br />

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SUGESTÕES DE PROPOSTAS DE MITIGAÇÃO<br />

25<br />

As propostas apresentadas a seguir, or<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> acordo com a<br />

priorida<strong>de</strong>, foram construídas coletivamente pelos moradores da<br />

comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong>, em reunião realizada no dia 02<br />

<strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2011, como sugestões <strong>de</strong> mitigação para os impactos<br />

causados quando da construção e operação da LT 500 kV Bom<br />

Despacho 3 - Ouro Preto 2.<br />

1. Reforma da Casa da Associação Comunitária, <strong>de</strong> acordo com<br />

projeto já existente. Esse projeto visa a construção <strong>de</strong> um espaço<br />

comunitário único que agregue diversas iniciativas <strong>de</strong>mandadas<br />

pela comunida<strong>de</strong> como espaço para realização <strong>de</strong> reuniões, festas<br />

7<br />

comemorativas, centro <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>, padaria , <strong>de</strong>ntre outros;<br />

2. Sistema <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto, visando a recuperação do<br />

Córrego Gran<strong>de</strong>;<br />

3 . A s f a l t o e c a l ç a m e n t o c o m o d e s c r i t o n o i t e m<br />

“Desafios/Potencialida<strong>de</strong>s/ Questões mais Evi<strong>de</strong>ntes”;<br />

4. Construção <strong>de</strong> estrutura básica do campo <strong>de</strong> futebol<br />

(alambrado, vestiário, banheiro e arquibancada);<br />

5. Reforma da estação <strong>de</strong> trem, incluindo a caixa d'água e o túnel, e<br />

a construção <strong>de</strong> uma passarela visando a segurança dos usuários.<br />

7 - A EMATER tem um<br />

projeto chamado “Minas<br />

sem Fome”, no qual a<br />

comunida<strong>de</strong> quilombola <strong>de</strong><br />

<strong>Marinhos</strong> foi contemplada<br />

com equipamentos para a<br />

montagem <strong>de</strong> uma padaria<br />

caseira. A produção será<br />

<strong>de</strong>stinada à merenda<br />

escolar. A comunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do espaço físico<br />

para a instalação dos<br />

equipamentos já<br />

adquiridos.<br />

Estação <strong>de</strong> trem <strong>de</strong> <strong>Marinhos</strong><br />

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FONTES CONSULTADAS<br />

26<br />

IBGE, Diretoria <strong>de</strong> Pesquisas, Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Contas Nacionais.<br />

____. Assistência Médica Sanitária 2005.<br />

____. Censo da Educação Superior 2007.<br />

____. Malha municipal digital do Brasil: situação em 2005. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

2006.<br />

JARDIM, Décio Lima & JARDIM, Márcio Cunha. Histórias e Riquezas do<br />

Município <strong>de</strong> Brumadinho. Brumadinho, Prefeitura Municipal, 1982.<br />

Ministério da Educação, Instituto Nacional <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas<br />

Educacionais - INEP – Censo Educacional 2008.<br />

Página eletrônica da Comissão Pró-Índio <strong>de</strong> São Paulo. Programa<br />

Comunida<strong>de</strong>s Quilombolas no Brasil. http://www.cpisp.org.br/comunida<strong>de</strong>s<br />

Último acesso em outubro <strong>de</strong> 2011.<br />

Página eletrônica da empresa MRS Logística S.A. (www.mrs.com.br)<br />

Último acesso em outubro <strong>de</strong>2010.<br />

Página eletrônica Brasil Escola http://www.brasilescola.com<br />

Último acesso em outubro <strong>de</strong> 2011.<br />

Página eletrônica do Centro <strong>de</strong> Documentação Eloy Ferreira da Silva – Ce<strong>de</strong>fes<br />

http://www.ce<strong>de</strong>fes.org.br. Último acesso em outubro <strong>de</strong> 2011.<br />

Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Brumadinho, Plano Municipal <strong>de</strong> Saneamento Básico<br />

<strong>de</strong> Brumadinho,2008.<br />

SIMÕES, Mariana Emiliano. Festa <strong>de</strong> Nossa Senhora do Rosário dos Arturos:<br />

imagens <strong>de</strong> uma celebração. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado.Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro(UFRJ)/Escola <strong>de</strong> Belas Artes. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2009.<br />

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