26.10.2014 Views

controle glicêmico na gestação complicada pelo diabetes mellitus

controle glicêmico na gestação complicada pelo diabetes mellitus

controle glicêmico na gestação complicada pelo diabetes mellitus

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1º Ten Al WALLACE MENDES DA SILVA<br />

CONTROLE GLICÊMICO NA GESTAÇÃO<br />

COMPLICADA PELO DIABETES MELLITUS<br />

RIO DE JANEIRO<br />

2008


1° Ten Al WALLACE MENDES DA SILVA<br />

CONTROLE GLICÊMICO NA GESTAÇÃO COMPLICADA<br />

PELO DIABETES MELLITUS<br />

Projeto de pesquisa apresentado à Escola de Saúde do Exército<br />

como requisito parcial para aprovação no Curso de Formação de<br />

Oficiais do Serviço de Saúde, especialização em Aplicações<br />

Complementares às Ciências Militares<br />

ORIENTADOR: LEONARDO FONTENELE EKSTERMAN<br />

RIO DE JANEIRO<br />

2008


S586c<br />

Mendes-Silva, Wallace<br />

Controle glicêmico <strong>na</strong> gestação <strong>complicada</strong> <strong>pelo</strong> Diabetes<br />

Mellitus /. -Wallace Mendes da Silva. - Rio de Janeiro, 2008.<br />

36 f.; 30 cm.<br />

Orientador: Leo<strong>na</strong>rdo Fontenele Eksterman<br />

Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Escola de Saúde<br />

do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares<br />

às Ciências Militares.)<br />

Referências: f. 34-36.<br />

1. Controle Glicêmico. 2. Gestação. 3. Diabetes <strong>mellitus</strong>. I.<br />

Eksterman, Leo<strong>na</strong>rdo Fontenele. II. Escola de Saúde do Exército.<br />

III.Título.<br />

CDD 616.462


“Sonhe como se fosse viver para sempre, viva como se fosse morrer amanhã.”<br />

James Dean


A Deus, que me inspira a cada dia da minha vida e aos meus pais, que foram<br />

sempre instrumentos Dele a me conduzir.


AGRADECIMENTO<br />

Ao meu orientador Leo<strong>na</strong>rdo Fontenele Eksterman que, com muita dedicação,<br />

conduziu este trabalho, prestando valiosa orientação durante todo o tempo de nossa<br />

convivência.


RESUMO<br />

O <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong> é uma doença que apresenta crescente prevalência no mundo,<br />

principalmente nos países industrializados. Conseqüentemente, há um aumento da<br />

incidência de gestações <strong>complicada</strong>s <strong>pelo</strong> <strong>diabetes</strong>, seja gestacio<strong>na</strong>l ou prégestacio<strong>na</strong>l.<br />

O <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong> <strong>na</strong> gestação pode levar a inúmeras complicações<br />

materno-fetais e, dessa forma, comprometer a integridade de ambos. As<br />

complicações peri<strong>na</strong>tais <strong>na</strong> gestação <strong>complicada</strong> <strong>pelo</strong> <strong>diabetes</strong> estão diretamente<br />

relacio<strong>na</strong>das com o <strong>controle</strong> glicêmico materno. O presente trabalho tem o objetivo<br />

de revisar as principais abordagens <strong>na</strong> gestação <strong>complicada</strong> <strong>pelo</strong> <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong><br />

para um <strong>controle</strong> glicêmico satisfatório e conseqüente redução das complicações<br />

peri<strong>na</strong>tais.<br />

Palavras-chave: Controle Glicêmico. Gestação. Diabetes Mellitus.


ABSTRACT<br />

Diabetes <strong>mellitus</strong> is a disease that shows increasing prevalence in the world, mainly<br />

in developed countries. There is an increase in the incidence of preg<strong>na</strong>ncies<br />

complicated by <strong>diabetes</strong>, either gestatio<strong>na</strong>l or pre-gestatio<strong>na</strong>l. The <strong>diabetes</strong> during<br />

preg<strong>na</strong>ncy can lead to many complications to the fetus and the mother,<br />

compromising the integrity of both. The peri<strong>na</strong>tal complications in preg<strong>na</strong>ncy<br />

complicated by <strong>diabetes</strong> are directly related to mater<strong>na</strong>l glycemic control. The focus<br />

of this paper is reviewing the main approaches in preg<strong>na</strong>ncy complicated by <strong>diabetes</strong><br />

<strong>mellitus</strong> for a satisfactory glycemic control and consequent reduction of peri<strong>na</strong>tal<br />

complications.<br />

Key-words: Glycemic control. Preg<strong>na</strong>ncy. Diabetes Mellitus.


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 Classificação de Priscila White para Diabetes Mellitus Gestacio<strong>na</strong>l .....................14<br />

Tabela 2 Classificação Proposta por Hare para Diabetes Mellitus e Gestação ...................15<br />

Tabela 3 Recomendações para o cálculo do valor calórico da dieta em 24 h .....................20<br />

Tabela 4 Tipos de insuli<strong>na</strong> disponíveis ................................................................................24<br />

Tabela 5 Metas do <strong>controle</strong> da glicemia capilar durante a gestação ...................................25


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1 Proposta de Plano Terapêutico para Diabetes Gestacio<strong>na</strong>l ..................................30


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................11<br />

2 DESENVOLVIMENTO ...................................................................................12<br />

2.1 GENERALIDADES..........................................................................................12<br />

2.1.1 Epidemiologia ...............................................................................................12<br />

2.1.2 Classificação .................................................................................................13<br />

2.1.3 Metabolismo glicídico durante a gestação e Diabetes Mellitus ...............16<br />

2.1.4 Aconselhamento pré-gestacio<strong>na</strong>l .............................................................. 17<br />

2.2 TRATAMENTO DO DIABETES DURANTE A GESTAÇÃO ...........................18<br />

2.2.1 Acompanhamento pré-<strong>na</strong>tal ....................................................................... 18<br />

2.2.2 Orientação dietética .................................................................................... 19<br />

2.2.3 Atividade física ..............................................................................................21<br />

2.2.4 Insulinoterapia ............................................................................................. 22<br />

2.2.5 Monitorização da terapêutica ..................................................................... 25<br />

2.2.6 Antidiabéticos orais .................................................................................... 26<br />

3 CONCLUSÃO .................................................................................................32<br />

REFERÊNCIAS .........................................................................................................34


1 INTRODUÇÃO<br />

Nos últimos anos, houve um aumento global <strong>na</strong> prevalência de obesidade e<br />

de <strong>diabetes</strong> tipo 2. Estudos recentes evidenciam uma prevalência crescente também<br />

de <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. Análises<br />

multivariadas mostram ainda um aumento desproporcio<strong>na</strong>l de casos entre mulheres<br />

grávidas mais jovens (METZGER; BUCHANAN et al 2007). No Brasil, é de se<br />

esperar um aumento importante de novos casos também, devido ao aumento<br />

crescente de casos de obesidade, particularmente em mulheres em idade fértil<br />

(PASSOS; BARRETO et al 2005).<br />

A gestação <strong>complicada</strong> <strong>pelo</strong> <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong> está relacio<strong>na</strong>do a um maior<br />

risco de rotura prematura das membra<strong>na</strong>s ovulares, parto prematuro, apresentação<br />

pélvica, macrossomia fetal, além de risco elevado para o desenvolvimento de préeclâmpsia.<br />

Além da macrossomia, com relação ao feto, o risco para o<br />

desenvolvimento da síndrome da angústia respiratória, malformações,<br />

cardiomiopatia, icterícia, hipoglicemia, hipocalcemia, hipomagnesemia e policitemia<br />

com hiperviscosidade sanguínea encontra-se muito aumentado. Essas complicações<br />

e a mortalidade peri<strong>na</strong>tal estão diretamente relacio<strong>na</strong>das ao <strong>controle</strong> metabólico<br />

materno.<br />

Atualmente, a taxa de mortalidade peri<strong>na</strong>tal em filhos de mães diabéticas que<br />

recebem cuidados adequados é semelhante à da população geral. Este fato justifica<br />

o empenho que o profissio<strong>na</strong>l de saúde deve ter durante o acompanhamento destas<br />

gestantes (CHAVES-NETTO; DE SÁ 2008).<br />

A proposta desta revisão de literatura é a avaliação de evidências<br />

relacio<strong>na</strong>das ao manejo do <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong> <strong>na</strong> gestação, com particular atenção<br />

para a questão do <strong>controle</strong> glicêmico e o impacto nos desfechos peri<strong>na</strong>tais, além das<br />

possíveis repercussões futuras tanto para a mulher como para a sua prole.


1 DESENVOLVIMENTO<br />

1.1 GENERALIDADES<br />

2.1.1 Epidemiologia<br />

A prevalência do <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong>, principalmente tipo 2 (DM2), vem<br />

aumentando de maneira significativa, sendo atualmente considerado de caráter<br />

epidêmico <strong>na</strong> maioria dos países industrializados (CAMPBELL 2000; ADEGHATE,<br />

SCHATTNER et al 2006).<br />

Entre adultos americanos aumentou 40% em 10 anos, de 4,9% em 1990 para<br />

6,9% em 1999. Ainda pior é a estimativa de que esta incidência aumentará 165% até<br />

2050 (BALKAU 2000; ADEGHATE, SCHATTNER et al 2006), sendo que 75% destes<br />

serão provavelmente, provenientes de países em desenvolvimento (Balkau 2000;<br />

Campbell 2000). Na faixa etária de 20 a 44 anos, aonde se encontram a maioria das<br />

mulheres em idade fértil, a prevalência do <strong>diabetes</strong> deverá dobrar nos próximos 20<br />

anos (BALKAU 2000; CAMPBELL 2000; CHAVES-NETTO, DE SÁ 2008). Esse<br />

aumento deve-se primariamente por causa da forte relação da doença com a<br />

obesidade, que vem apresentando aumento expressivo de novos casos nos EUA e<br />

outros países (ADEGHATE, SCHATTNER et al. 2006; BESSESEN 2008;<br />

KRONENBERG; WILLIAMS 2008). Mudanças no estilo de vida moderno, a<br />

urbanização da população, fatores alimentares e o sedentarismo, são alguns fatores<br />

relacio<strong>na</strong>dos com o aumento da prevalência de obesidade e conseqüentemente de<br />

<strong>diabetes</strong> (BESSESEN 2008; JENSEN, CHIUVE et al 2008).<br />

O aumento da prevalência do DM2, particularmente em pessoas mais jovens,<br />

tem levado ao crescimento do número de gestações <strong>complicada</strong>s. Muitas mulheres<br />

com diagnóstico de <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l provavelmente tinham DM2 não<br />

diagnosticado antes da gestação (KRONENBERG; WILLIAMS 2008; SIMMONS<br />

2008). Um estudo populacio<strong>na</strong>l prospectivo de Feig et al com 659.164 mulheres sem<br />

diagnóstico prévio de <strong>diabetes</strong>, evidenciou uma incidência de 21.823 (3,3%) casos<br />

de <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l. No período de duração do estudo a incidência de <strong>diabetes</strong>


gestacio<strong>na</strong>l aumentou cerca de 20% entre 1995 e 2001 (FEIG; ZINMAN et al. 2008).<br />

Conseqüentemente, o aumento do número de gestações <strong>complicada</strong>s <strong>pelo</strong> <strong>diabetes</strong><br />

é uma realidade já observada <strong>na</strong> prática nos centros de saúde que fazem<br />

acompanhamento pré-<strong>na</strong>tal, levando a uma necessidade crescente de trei<strong>na</strong>mento<br />

do profissio<strong>na</strong>l para lidar com as especificidades destas gestações de alto risco<br />

(CHAVES-NETTO; DE SÁ 2008).<br />

2.1.2 Classificação<br />

Em 1997, a Associação America<strong>na</strong> de Diabetes (ADA), formulou novos<br />

critérios diagnósticos para <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong>, baseando-se <strong>na</strong> etiologia da disfunção<br />

metabólica, deixando para trás a antiga classificação baseada <strong>na</strong> presença do uso<br />

de insuli<strong>na</strong> no tratamento. Estes critérios foram novamente revistos em 2003 com a<br />

inclusão do diagnóstico de glicemia de jejum alterada e do termo pré-<strong>diabetes</strong> para<br />

estes e para os com diagnóstico de tolerância a glicose alterada (1997; 2003; 2007).<br />

A classificação atual do <strong>diabetes</strong> inclui quarto grupos clínicos, conforme a etiologia:<br />

• Diabetes tipo 1 – destruição de células β pancreáticas, levando a deficiência<br />

absoluta de insuli<strong>na</strong><br />

• Diabetes tipo 2 – deficiência relativa de insuli<strong>na</strong> progressiva em paciente com<br />

resistência insulínica<br />

• Outros tipos específicos de <strong>diabetes</strong> devido a outras causas como defeitos<br />

genéticos das células β, defeitos genéticos da ação da insuli<strong>na</strong>, doenças do<br />

pâncreas exócrino e secundária a drogas<br />

• Diabetes <strong>mellitus</strong> gestacio<strong>na</strong>l (DMG) – diagnosticado durante a gestação<br />

(2007)<br />

Em 1949, Priscila White sugeriu classificar as mulheres com gravidez<br />

<strong>complicada</strong> <strong>pelo</strong> <strong>diabetes</strong> conforme o tempo de doença e suas complicações (tabela<br />

1). Esta classificação foi revisada e, mais recentemente, uma nova forma de<br />

classificação do <strong>diabetes</strong> <strong>na</strong> gravidez foi elaborada baseada <strong>na</strong>s complicações do<br />

<strong>diabetes</strong>, independente do tempo da doença, como indicado <strong>na</strong> tabela 2 (CHAVES-<br />

NETTO; DE SÁ 2008).


Tabela 1 Classificação de Priscila White para Diabetes Mellitus Gestacio<strong>na</strong>l<br />

Classe<br />

A<br />

B<br />

C<br />

D<br />

F<br />

R<br />

RF<br />

H<br />

T<br />

Critérios<br />

Dietoterapia é suficiente para tratamento, com qualquer duração da<br />

doença ou idade de início.<br />

Início com mais de 20 anos de idade e < 10 anos de duração.<br />

Início entre 10 e 20 anos de idade e duração entre 10 e 20 anos.<br />

Início antes de 10 anos de idade OU duração ≥ 20 anos OU<br />

retinopatia não proliferativa OU hipertensão (excluindo pré –<br />

eclâmpsia)<br />

Nefropatia<br />

Retinopatia proliferativa<br />

Coexistência de classes R e F<br />

Doença arterial coro<strong>na</strong>ria<strong>na</strong> clinicamente evidente<br />

Transplante prévio


Tabela 2 Classificação Proposta por Hare para Diabetes Mellitus e Gestação<br />

Categoria do <strong>diabetes</strong><br />

Não-complicado<br />

Complicado<br />

Doença microvascular<br />

Retinopatia<br />

Não proliferativa<br />

Proliferativa<br />

Nefropatia<br />

Macroalbuminúria<br />

Microalbuminúria<br />

Hipertensão<br />

Pré – existente<br />

Induzida pela gestação<br />

Pré – eclâmpsia / Toxemia<br />

Doença macrovascular<br />

Doença arterial coro<strong>na</strong>ria<strong>na</strong><br />

Neuropatia autonômica


2.1.3 Metabolismo glicídico durante a gestação e Diabetes Mellitus<br />

O feto é um grande consumidor de nutrientes essenciais para seu<br />

crescimento. A demanda de glicose é permanente, já que o feto não realiza<br />

gliconeogênese, e necessita de um aporte energético mesmo nos períodos de jejum<br />

materno. As únicas fontes energéticas disponíveis são a glicose e os aminoácidos<br />

que passam por difusão facilitada. Por este motivo, espera-se que os níveis<br />

glicêmicos da gestante durante o período de jejum sejam 15 a 20mg/dL mais baixos<br />

do que em não gestantes.<br />

Por outro lado, diversos hormônios atuam <strong>na</strong> mobilização de nutrientes<br />

maternos para o feto. Estrogênio, progestero<strong>na</strong>, cortisol e hormônio lactogênico<br />

placentário humano (HPL) têm suas concentrações séricas elevadas principalmente<br />

nos dois últimos trimestres de gravidez (CHAVES-NETTO; DE SÁ 2008).<br />

Desta forma, a gestação é normalmente associada com uma resistência<br />

insulínica progressiva, que se inicia por volta de sua metade e progride até o terceiro<br />

trimestre em níveis que se assemelham aos encontrados no <strong>diabetes</strong> tipo 2. A<br />

resistência insulínica encontrada <strong>na</strong> gravidez é resultado de uma combi<strong>na</strong>ção da<br />

adiposidade mater<strong>na</strong> aumentada e o efeito dessensibilizador da insuli<strong>na</strong><br />

principalmente associado aos hormônios secretados pela placenta (BUCHANAN;<br />

XIANG et al 2007).<br />

A placenta huma<strong>na</strong> expressa virtualmente todas as citoci<strong>na</strong>s conhecidas,<br />

incluindo o fator de necrose tumoral, a resisti<strong>na</strong>, e a lepti<strong>na</strong>, que são produzidas<br />

também <strong>pelo</strong> tecido adiposo. A descoberta que algumas destes adipoci<strong>na</strong>s são<br />

peças-chave <strong>na</strong> regulação da ação da insuli<strong>na</strong>, sugere interações possíveis entre a<br />

placenta e o tecido adiposo <strong>na</strong> fisiopatologia da resistência insulínica induzida pela<br />

gravidez. A interação entre os dois sistemas tor<strong>na</strong>-se mais evidente no <strong>diabetes</strong><br />

gestacio<strong>na</strong>l (DESOYE; HAUGUEL-DE MOUZON 2007).<br />

O HPL tem papel fundamental <strong>na</strong>s mudanças metabólicas capazes de levar a<br />

intolerância à glicose, devido à sua ação anti-insulínica e lipolítica. A sensibilidade<br />

periférica à insuli<strong>na</strong> no 3º trimestre cai em 50% e a produção hepática de glicose é<br />

30% maior do que no início da gestação, apesar de níveis mais elevados de insuli<strong>na</strong><br />

circulante. A partir do segundo trimestre, devido maior produção de hormônios


hiperglicemiantes, há aumento de cerca de 30% <strong>na</strong> glicogenólise mater<strong>na</strong><br />

comparado com valores pré-gravídicos. Além disso, a resposta insulínica pósprandial<br />

se tor<strong>na</strong> 3 a 4 vezes maior durante a 36º sema<strong>na</strong>, com queda de mais de<br />

50% <strong>na</strong> sensibilidade à insuli<strong>na</strong>, quando comparado a valores pré-gravídicos. No<br />

terceiro trimestre de gestação os níveis circulantes de insuli<strong>na</strong>, em mulheres não<br />

diabéticas é 30% maior que fora da gravidez.<br />

Esta situação, que caracteriza um estado de resistência insulínica, predispõe<br />

ao aparecimento de DMG. Além disso, mulheres que desenvolvem a doença<br />

parecem ter ainda um déficit de secreção de insuli<strong>na</strong> em comparação a mulheres<br />

que permanecem com tolerância normal a glicose (CHAVES-NETTO; DE SÁ 2008).<br />

2.1.4 Aconselhamento pré-gestacio<strong>na</strong>l<br />

A necessidade de planejamento da gestação <strong>na</strong>s mulheres em idade fértil<br />

previamente diabéticas deve ser abordada freqüentemente, educando em relação à<br />

necessidade de <strong>controle</strong> glicêmico estrito pré-concepcio<strong>na</strong>l (CHAVES-NETTO, DE<br />

SÁ 2008; KITZMILLER, BLOCK et al 2008)<br />

As mulheres com <strong>diabetes</strong> que estão contemplando a gravidez devem ser<br />

avaliadas e, se indicado, devem ser tratadas para possível nefropatia, neuropatia, e<br />

retinopatia diabéticas. Devem também ser avaliadas doença cardiovascular,<br />

hipertensão, dislipidemia, depressão e tireoidopatia. O uso de medicações também<br />

deve ser avaliado antes da concepção, visto que muitas drogas usadas para tratar o<br />

<strong>diabetes</strong> e suas complicações podem ser contra-indicadas ou não recomendadas<br />

para uso durante a gestação (KITZMILLER; BLOCK et al 2008).<br />

Apresentam contra-indicações potenciais para gestar, as pacientes<br />

portadoras de:<br />

- doença cardíaca isquêmica;<br />

- retinopatia proliferativa ativa, não tratada;<br />

- insuficiência re<strong>na</strong>l: clearance da creatini<strong>na</strong> < que 50 ml/min ou creatini<strong>na</strong> sérica > 2<br />

mg/dl ou proteinúria acima de 2g/24h;<br />

- gastroenteropatia severa: náuseas, vômitos e diarréia (CHAVES-NETTO; DE SÁ<br />

2008).


1.1 TRATAMENTO DO DIABETES DURANTE A GESTAÇÃO<br />

2.2.1 Acompanhamento pré-<strong>na</strong>tal<br />

Os riscos de complicações materno-fetais <strong>na</strong> gestante diabética justificam um<br />

acompanhamento pré-<strong>na</strong>tal mais cuidadoso. A freqüência de consultas vai variar<br />

em função da classificação do <strong>diabetes</strong> e do tipo de tratamento. As mulheres com<br />

diagnóstico de <strong>diabetes</strong> pré-gestacio<strong>na</strong>l e gestacio<strong>na</strong>l em uso de insuli<strong>na</strong> devem ser<br />

acompanhadas quinze<strong>na</strong>lmente até trinta sema<strong>na</strong>s de gestação e sema<strong>na</strong>lmente até<br />

o parto. Os casos de <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l controlados somente com dieta são<br />

acompanhados quinze<strong>na</strong>lmente até trinta e quatro sema<strong>na</strong>s e após esta data<br />

sema<strong>na</strong>lmente.<br />

Na primeira consulta pré-<strong>na</strong>tal, a gestante deve ser informada sobre a<br />

importância de um bom <strong>controle</strong> glicêmico <strong>na</strong> redução da morbidade e mortalidade<br />

peri<strong>na</strong>tais. O uso de ácido fólico é recomendado <strong>na</strong> fase inicial da gravidez, <strong>na</strong> dose<br />

de 100 a 400 mcg/dia, pois também é eficaz para a prevenção de anormalidades do<br />

fechamento do tubo neural nos filhos de mães diabéticas. Para os casos de<br />

<strong>diabetes</strong> prévio à gestação, além dos exames de roti<strong>na</strong> pré-<strong>na</strong>tal, farão parte da<br />

avaliação as provas de função re<strong>na</strong>l, proteinúria de 24 h, clearence de creatini<strong>na</strong>,<br />

cultura de uri<strong>na</strong> e fundo de olho a cada trimestre.<br />

A hemoglobi<strong>na</strong> glicada (HbA1c) deve ser avaliada por causa do aumento da<br />

incidência de abortamento e de malformações associados ao mau <strong>controle</strong> glicêmico<br />

pré-gestacio<strong>na</strong>l. A HbA1c reflete o perfil glicêmico <strong>na</strong>s últimas 10 sema<strong>na</strong>s e o seu<br />

uso para avaliação do tratamento é questionável. Além disso, a maioria dos estudos<br />

descreve pouca correlação entre HbA1c e os valores médios de glicemia de jejum,<br />

pré e pós-prandial. Da mesma forma, a associação entre HbA1c e desfechos da<br />

gestação no <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong> gestacio<strong>na</strong>l ou macrossomia foi insatisfatória (HOD;<br />

YOGEV 2007).<br />

No 2º trimestre o foco principal é o rastreamento de malformações congênitas.<br />

A ultra-sonografia e o ecocardiograma fetal devem excluir os defeitos do tubo neural<br />

e cardíacos, que são os mais freqüentes. Outras dismorfoses como os defeitos


esqueléticos em particular a agenesia sacral, as anormalidades re<strong>na</strong>is e<br />

gastrointesti<strong>na</strong>is, também são comuns.<br />

Os principais riscos no 3º trimestre são a morte fetal intra–uteri<strong>na</strong> e as<br />

complicações clínico–obstétricas tais como a toxemia gravídica, polidramnia,<br />

macrossomia fetal, crescimento intrauterino restrito (CIR) e parto prematuro, além de<br />

possibilidade de trauma feto–materno durante o <strong>na</strong>scimento como consequência da<br />

macrossomia fetal.<br />

A prevenção destes riscos é realizada mediante um bom <strong>controle</strong> glicêmico. A<br />

vigilância obstétrica é dirigida a monitorização fetal através do cardiotocografia e<br />

ultra-sonografia para a estimativa de peso fetal e a avaliação do volume de liquido<br />

amniótico.<br />

Em caso de risco de <strong>na</strong>scimento prematuro, pode-se usar corticóide para<br />

aceleração da maturidade pulmo<strong>na</strong>r fetal. Porém, pode ser necessária a inter<strong>na</strong>ção<br />

da paciente para manter-se estreita vigilância mater<strong>na</strong> e fetal. A avaliação dos níveis<br />

glicêmicos deve ser realizada antes e 1 hora após as principais refeições e a dose<br />

necessária de insuli<strong>na</strong> pode até triplicar.<br />

As complicações infecciosas <strong>na</strong> gestação podem levar a uma rápida<br />

descompensação do <strong>diabetes</strong>, principalmente <strong>na</strong>s mulheres com <strong>diabetes</strong> tipo 1,<br />

com possível indicação de inter<strong>na</strong>ção hospitalar para melhor <strong>controle</strong> do quadro.<br />

As complicações peri<strong>na</strong>tais <strong>na</strong> gestação <strong>complicada</strong> <strong>pelo</strong> <strong>diabetes</strong> estão<br />

relacio<strong>na</strong>das diretamente com o <strong>controle</strong> glicêmico materno desde o momento da<br />

concepção. O <strong>controle</strong> i<strong>na</strong>dequado no primeiro trimestre está relacio<strong>na</strong>do ao<br />

aumento do risco de malformações congênitas e abortamento. No 2º e 3º trimestres,<br />

há risco aumentado de macrossomia fetal, distócias, hipoglicemia neo<strong>na</strong>tal,<br />

síndrome da angustia respiratória nos recém-<strong>na</strong>tos e necessidade de cesaria<strong>na</strong><br />

(METZGER, LOWE et al 2008).<br />

2.2.2 Orientação dietética<br />

A intervenção nutricio<strong>na</strong>l é reconhecida como a base terapêutica do <strong>diabetes</strong><br />

gestacio<strong>na</strong>l. O tratamento dietético é fundamental para alcançar desfechos<br />

favoráveis <strong>na</strong> gestação, já que a quantidade e qualidade da alimentação têm<br />

impacto sobre o crescimento e desenvolvimento fetais.


O tratamento do <strong>diabetes</strong> <strong>na</strong> gestação implica em restrições de nutrientes e<br />

calorias para normalização da glicemia. O desafio é o equilíbrio entre as<br />

necessidades nutricio<strong>na</strong>is de uma gestação saudável e a necessidade de <strong>controle</strong><br />

glicêmico (HOD; YOGEV 2007). Desta forma, a dieta deve ser sempre<br />

individualizada, além de levar em conta as diferentes fases da gestação, permitindo<br />

um ganho de peso materno e desenvolvimento fetal adequados. Recomenda-se,<br />

ainda, planejar e distribuir ao longo do dia a fim de prevenir episódios de<br />

hiperglicemia, hipoglicemia ou cetose. As doses de insuli<strong>na</strong> e os horários de sua<br />

administração de vem ser adaptados ao conteúdo dos nutrientes fornecidos em cada<br />

refeição <strong>na</strong>s mulheres que fazem uso de insuli<strong>na</strong>. Em geral, é necessário fracio<strong>na</strong>r<br />

a ingestão alimentar em 3 grandes e 3 peque<strong>na</strong>s refeições.<br />

As recomendações do Fourth Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Workshop-Conference on<br />

Gestatio<strong>na</strong>l Diabetes Mellitus foram confirmadas no último workshop. Deve-se<br />

manter a glicemia de jejum abaixo de 96 mg/dL e glicemia 1 hora após início da<br />

alimentação (pós-prandial) até 140 mg/dL ou 2 horas pós-prandial até 120 mg/dL.<br />

As evidências de estudos observacio<strong>na</strong>is sugerem que quando a glicemia é mantida<br />

abaixo de 87 mg/dL, há um risco aumentado de bebês pequenos para a idade<br />

gestacio<strong>na</strong>l (METZGER; BUCHANAN et al 2007).<br />

O cálculo do valor calórico diário da dieta poderá ser baseado no peso ideal<br />

pré-gravídico (Tabela 3).<br />

Tabela 3 Recomendações para o cálculo do valor calórico da dieta em 24 h<br />

Primeiro trimestre Segundo trimestre Terceiro trimestre<br />

Baixo peso<br />

30 cal/KgPI/dia 36-40cal/KgPI/dia 36-40 cal/KgPI/dia<br />

(120% peso ideal)<br />

PI = Peso ideal


O conteúdo calórico deve ser distribuído seguinte forma: 40 a 55% de<br />

carboidratos; 15-20% de proteí<strong>na</strong>s e; 30-40% de gorduras.<br />

A ingestão de carboidratos simples deve ser evitada, devido à rápida liberação<br />

de glicose pós-prandial. Alimentos ricos em carboidratos complexos e fibras devem<br />

ser preferidos.<br />

A ceia tem grande importância, principalmente <strong>na</strong>s mulheres que fazem uso<br />

de insuli<strong>na</strong> á noite e deve conter 25 gramas de carboidratos complexos, além de<br />

proteí<strong>na</strong>s ou lipídios para evitar hipoglicemia durante a madrugada. A quantidade de<br />

proteí<strong>na</strong>s ingeridas durante a gestação deve ser aumentada em 10 a 14 gramas por<br />

dia.<br />

Mulheres que fazem uso de insuli<strong>na</strong> podem ser orientadas a fazerem o ajuste<br />

da dose pré-prandial de insuli<strong>na</strong> de ação rápida através do cálculo do conteúdo de<br />

carboidrato de cada refeição. Inicialmente, <strong>na</strong>quelas que apresentam um bom<br />

<strong>controle</strong> da glicemia, recomenda-se fazer 1,5 unidades de insuli<strong>na</strong> rápida ou ultrarápida<br />

no café da manhã e 1,0 unidade no almoço e jantar para cada 10 gramas de<br />

carboidrato ingerido. Os ajustes serão feitos individualmente, conforme as glicemias<br />

pós-prandiais apresentadas.<br />

O uso de adoçantes artificiais, como o aspartame, a sacari<strong>na</strong> e o acesulfame-<br />

K, durante a gestação é considerado seguro e é liberado pela agência reguladora<br />

america<strong>na</strong>, o FDA. Não há estudos sobre a segurança do ciclamato e do<br />

esteviosídeo. O aspartame somente ultrapassa a barreira placentária quando<br />

ingerido em grandes quantidades. O consumo médio de aspartame no <strong>diabetes</strong> é<br />

de 2 a 4 mg/kg/dia, quantidade bastante inferior a 50mg/kg/dia, considerada tóxica.<br />

O aspartame está contra-indicado para as mães portadoras de fenilcetonúria. A<br />

sacari<strong>na</strong> e o acesulfame K ultrapassam a placenta, mas não há efeitos adversos<br />

relatados, até a presente data.<br />

2.2.3 Atividade física<br />

A atividade física pode fazer parte da estratégia de tratamento do <strong>diabetes</strong><br />

gestacio<strong>na</strong>l, uma vez que melhora a sensibilidade periférica à insuli<strong>na</strong>, facilitando a


utilização periférica da glicose. Este efeito pode evitar ou retardar a necessidade de<br />

uso de insuli<strong>na</strong> <strong>na</strong>s mulheres com DMG.<br />

Pacientes previamente sedentárias não devem ser encorajadas a iniciarem<br />

exercícios físicos intensos durante a gestação, entretanto, a prescrição de atividade<br />

física leve como um programa de caminhadas regulares, sob supervisão. Gestantes<br />

que já praticavam exercícios regularmente podem mantê-los, evitando os de alto<br />

impacto.<br />

Está contra-indicada a prática de exercício físico durante a gestação em caso<br />

de doença hipertensiva induzida pela gestação, ruptura prematura de membra<strong>na</strong>s,<br />

trabalho de parto prematuro, cervix incompetente ou cerclagem, sangramento<br />

uterino persistente após o segundo trimestre, crescimento intrauterino retardado,<br />

síndrome nefrótica, retinopatia pré e proliferativa, hipoglicemia sem aviso, neuropatia<br />

periférica avançada e disautonomia.<br />

Os exercícios devem ser realizados em ambientes apropriados para evitar<br />

calor excessivo e o risco de desidratação.<br />

As diabéticas em insulinoterapia devem ter suas doses de insuli<strong>na</strong> e dieta<br />

ajustadas nos dias em que forem realizar a atividade física a fim de evitar<br />

hipoglicemia.<br />

2.2.4 Insulinoterapia<br />

Aproximadamente 93% dos médicos, segundo Owen e cols, iniciam a terapia<br />

insulínica em mulheres com <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l se glicemia de jejum persiste<br />

acima de 105 mg/dL, apesar da dieta. Cerca de 20% das mulheres com DMG irão<br />

necessitar de insuli<strong>na</strong> durante a gravidez.<br />

A dose de insuli<strong>na</strong> deve ser individualizada, podendo ser prescrita,<br />

inicialmente, de 0,3 a 0,5 U/kg. Gestantes obesas e aquelas que já se encontram no<br />

3 o trimestre necessitam de doses mais elevadas (até 1,0 unidade/kg/dia) devido a<br />

insulino-resistência mais acentuada. Existem atualmente diversos tipos de insuli<strong>na</strong>s<br />

disponíveis (tabela 4). Insuli<strong>na</strong> huma<strong>na</strong> deve ser a escolha preferencial para evitarse<br />

a produção de anticorpos <strong>pelo</strong> feto. Na maioria das vezes, múltiplas injeções são<br />

necessárias para evitar picos de hiperglicemia pós-prandiais, especialmente no DM


tipo 1. Os esquemas mais usados incluem insuli<strong>na</strong> de ação intermediária duas<br />

vezes ao dia associada a administração pré-prandial de insuli<strong>na</strong> de ação rápida.<br />

Análogos de insuli<strong>na</strong> ainda não foram aprovados para uso nestas mulheres, embora<br />

vários centros venham utilizando análogos de ação ultra-rápida nos últimos anos,<br />

sem relatos de aumento do risco de malformações ou outros eventos adversos<br />

comparados com o uso da insuli<strong>na</strong> regular (tabela 4). Bombas de infusão contínua<br />

de insuli<strong>na</strong> podem ser usadas e apresentam eficácias semelhantes ao tratamento<br />

com múltiplas injeções.<br />

Em mulheres que usavam insuli<strong>na</strong> antes da gestação, freqüentemente é<br />

necessário reduzir a sua dose em 10 a 20% durante o primeiro trimestre. Com<br />

aproximadamente 18 a 24 sema<strong>na</strong>s de gestação, esta dose passa a aumentar. No<br />

terceiro trimestre, o aumento da produção de hormônios placentários com ação<br />

antagônica à da insuli<strong>na</strong> resulta em uma necessidade ainda maior de insuli<strong>na</strong>,<br />

chegando a atingir o dobro da dose pré-gravídica, até cerca de 36 sema<strong>na</strong>s.<br />

Após o parto, a necessidade de insuli<strong>na</strong> cai abruptamente, muitas vezes, não<br />

sendo necessário o uso de insuli<strong>na</strong> <strong>na</strong>s primeiras 24hs e nos dias subseqüentes a<br />

dose deve ser ajustada para 1/3 da dose pré-gravídica.


Tabela 4 Tipos de insuli<strong>na</strong> disponíveis<br />

PERFIL DE AÇÃO<br />

INSULINAS TIPO DE AÇÃO INÍCIO PICO DURAÇÃO<br />

EFETIVA<br />

DURAÇÃO<br />

MÁXIMA<br />

Aspart/Lispro<br />

(análogos ultrarápidos)<br />

Ultra-rápida 5-15 min 1-2 h 3-4 h 4-6 h<br />

Regular Rápida (R) 30-60 min 2-4 h 3-6 h 6-10 h<br />

NPH/lenta Intermediária 1-2 h 4-8 h 10-16 h 14-18 h<br />

Glargi<strong>na</strong><br />

-<br />

(análogo de ação<br />

prolongada)<br />

Prolongada<br />

1-3 h<br />

20-24 h<br />

Detemir<br />

-<br />

(análogo de ação<br />

prolongada)<br />

Prolongada<br />

1-3 h<br />

Dose<br />

dependente<br />

Dose<br />

dependente


2.2.5 Monitorização da terapêutica<br />

A monitorização cuidadosa do <strong>controle</strong> glicêmico é essencial para o manejo<br />

adequado destas pacientes. A freqüência de monitorização da glicemia capilar é<br />

variável: mulheres em insulinoterapia devem realizar as medidas antes e 1 ou 2<br />

horas após as refeições, da mesma forma que mulheres com DM prévio (tabela 5).<br />

Nas mulheres tratadas ape<strong>na</strong>s com dieta, a freqüência necessária de automonitorização<br />

da glicemia capilar depende das glicemias de jejum e pós-prandiais<br />

apresentadas <strong>na</strong>s consultas, da disponibilidade fi<strong>na</strong>nceira da paciente e do<br />

julgamento médico, devendo ser individualizada.<br />

Tabela 5 Metas do <strong>controle</strong> da glicemia capilar durante a gestação<br />

Jejum<br />

60-90 mg/dL<br />

1 hora pós-prandial 100-120 mg/dL<br />

Entre 2 e 6 h<br />

60-120mg/dL<br />

Para avaliação da glicemia plasmática, adicio<strong>na</strong>r 15% aos valores acima<br />

A medida da HbA1c deve ser feita a cada trimestre <strong>na</strong>s mulheres com<br />

<strong>diabetes</strong> pré-existente para avaliar a eficácia da terapêutica.<br />

Nas gestantes com DM1, a medida de ceto<strong>na</strong>s <strong>na</strong> uri<strong>na</strong> está indicada <strong>na</strong><br />

vigência de hiperglicemia acentuada (>250 mg/dL) e/ou doenças intercorrentes,<br />

principalmente as infecciosas. É importante correlacio<strong>na</strong>r o teste com outros<br />

achados clínicos, já que cetonúria é encontrada em mais de 30% das amostras de<br />

uri<strong>na</strong> da manhã em gestantes, mesmo não diabéticas, durante o período de jejum.


2.2.6 Antidiabéticos orais<br />

A principal abordagem para <strong>controle</strong> da glicemia em mulheres grávidas com<br />

<strong>diabetes</strong> é dietoterapia associada ou não ao uso de insuli<strong>na</strong>. A terapia insulínica é<br />

efetiva para alcançar os níveis desejados de glicemia, mas é incoveniente, por ser<br />

administrada por via parenteral, e dispendiosa. As gestantes que iniciam a terapia<br />

com insuli<strong>na</strong> necessitam de trei<strong>na</strong>mento para garantir a sua administração segura.<br />

Além disso, o seu uso está associado à hipoglicemia e ganho ponderal. Dessa<br />

forma, drogas orais efetivas e seguras podem oferecer vantagens sobre a insuli<strong>na</strong>.<br />

As drogas anti-diabéticas orais, previamente consideradas inseguras para a<br />

gestação, estão sendo reavaliadas para o seu uso em gestantes com <strong>diabetes</strong><br />

<strong>mellitus</strong> não insulino-dependentes. A maioria das evidências disponíveis sugere que<br />

algumas dessas drogas, quando usadas <strong>na</strong>s doses habituais para não grávidas,<br />

podem ser seguras e benéficas para mulheres no período gestacio<strong>na</strong>l. Todavia, são<br />

necessários estudos clínicos bem conduzidos e em grande escala para confirmar a<br />

segurança e eficácia dessas drogas para uso em gestantes diabéticas e se tor<strong>na</strong>r<br />

mais aceita <strong>na</strong> comunidade médica. Atualmente, recomenda-se cautela no uso dos<br />

hipoglicemiantes orais <strong>na</strong> gestação, além de sempre levar em conta os benefícios e<br />

riscos da administração deles.<br />

Mulheres com <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong> gestacio<strong>na</strong>l raramente são tratadas com<br />

sulfoniluréias e vários especialistas desaconselham o seu uso durante a gestação<br />

<strong>pelo</strong> risco potencial de hipoglicemia neo<strong>na</strong>tal e malformações fetais. Há pouca<br />

informação sobre a eficácia dessas drogas nesse grupo de mulheres. Esta<br />

recomendação é baseada principalmente em estudo feitos antes da disponibilidade<br />

de drogas como a glibenclamida e glipizida, que são comumente usados hoje.<br />

Porém, foi demonstrado em estudos laboratoriais que a glibenclamida não cruza a<br />

placenta huma<strong>na</strong> em quantidades significativas, diferente de outras sulfoniluréias e<br />

metformi<strong>na</strong> (ELLIOTT; SCHENKER et al 1994; ELLIOTT; LANGER et al 1997).<br />

Baseado nesses achados e <strong>na</strong> hiperglicemia leve da maioria das mulheres com<br />

<strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l, a glibenclamida parece uma boa alter<strong>na</strong>tiva à terapia insulínica<br />

nessas gestantes.<br />

Langer e cols realizaram um estudo em 2000, envolvendo 404 diabéticas<br />

divididas em dois grupos a fim de receberem tratamento com glibenclamida ou


insuli<strong>na</strong>. Nas mulheres com <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l, o grau de <strong>controle</strong> glicêmico e<br />

desfechos peri<strong>na</strong>tais foram essencialmente os mesmos tanto para as tratadas com<br />

glibenclamida como para as tratadas com insuli<strong>na</strong>. A taxa de parto de recém-<strong>na</strong>tos<br />

grandes para a idade gestacio<strong>na</strong>l (GIG) e a incidência de macrossomia foi<br />

semelhante ao descrito em mulheres sem <strong>diabetes</strong>. A ação primária das<br />

sulfoniluréias é aumentar a secreção de insuli<strong>na</strong>, assim, reduzir a produção hepática<br />

de glicose, levando à reversão da glicotoxicidade e melhora indireta da sensibilidade<br />

à insuli<strong>na</strong>. A glibenclamida foi tão efetiva quanto a insuli<strong>na</strong> no <strong>controle</strong> glicêmico e<br />

poucas mulheres foram deslocadas do grupo da glibenclamida para o de insuli<strong>na</strong>.<br />

Nas mulheres tratadas com glibenclamida após a organogênese as taxas de<br />

anomalias foram semelhantes nos dois grupos e semelhantes às taxas encontradas<br />

<strong>na</strong>s mulheres sem <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l. Conclui-se que a glibenclamida pode ser<br />

uma alter<strong>na</strong>tiva efetiva em mulheres com <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l (LANGER; CONWAY<br />

et al 2000).<br />

A glibenclamida não foi detectada no soro do cordão umbilical de nenhuma<br />

criança, um resultado que confirma os estudos in vitro de perfusão placentária nos<br />

quais não houve nenhuma detecção de transferência materno-fetal imediatamente<br />

após o parto. Além disso, a glibenclamida não teve nenhum efeito <strong>na</strong> captação e<br />

transporte placentário de glicose, e a hiperglicemia mater<strong>na</strong> não alterou a<br />

transferência placentária de glibenclamida in vitro. A presença de concentrações<br />

similares de insuli<strong>na</strong> no soro do cordão nos dois grupos de tratamento também<br />

indica que pouca ou nenhuma glibenclamida alcança o feto. Em um estudo com<br />

ratas grávidas, a transferência de glibenclamida marcada com trítio pela placenta foi<br />

detectada. No entanto, estes achados podem ser devido a diferenças <strong>na</strong><br />

permeabilidade placentária entre as espécies.<br />

Apesar dos estudos citados, o uso de drogas sulfoniluréias orais em<br />

gestantes continua limitado, e dessa forma, há escassez de informação sobre sua<br />

eficácia. Os dados disponíveis são de estudos retrospectivos com pequenos<br />

números de mulheres, muitas das quais tinham <strong>diabetes</strong> pré-gestacio<strong>na</strong>l. Na maioria<br />

desses estudos, a freqüência de óbito peri<strong>na</strong>tal ou anomalias congênitas estava<br />

aumentada, e a proporção de recém-<strong>na</strong>tos GIG foi elevada em três estudos.<br />

O uso da glibenclamida pode ser seguro e eficaz no tratamento do <strong>diabetes</strong><br />

gestacio<strong>na</strong>l a partir da 2° trimestre de gestação. Porém, faltam estudos de avaliação<br />

de riscos a longo prazo para a criança precocemente exposta as sulfoniluréias. Até


o momento, recomenda-se que seu uso deve ser indicado ape<strong>na</strong>s em casos<br />

excepcio<strong>na</strong>is e evitado durante o primeiro trimestre da gestação.<br />

A metformi<strong>na</strong> é uma opção lógica para mulheres com <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong><br />

gestacio<strong>na</strong>l. Ela melhora a sensibilidade à insuli<strong>na</strong>, provavelmente por ação <strong>na</strong> AMP<br />

ci<strong>na</strong>se, e não está associada à ganho de peso ou hipoglicemia. Um estudo recente<br />

sugeriu que a metformi<strong>na</strong> isolada ou associada à insuli<strong>na</strong> é uma opção efetiva e<br />

segura <strong>na</strong>s pacientes com <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong> gestacio<strong>na</strong>l e que apresentam critérios<br />

para o início de terapia insulínica. A metformi<strong>na</strong> é mais aceitável para as mulheres<br />

com <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l quando comparadas com a insuli<strong>na</strong>. Ainda faltam dados<br />

sobre segurança a longo prazo (ROWAN, HAGUE et al 2008).<br />

A metformi<strong>na</strong> vem sendo utilizada com sucesso no tratamento da infertilidade<br />

em mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP). Ela parece ser benéfica<br />

em termos de redução <strong>na</strong> incidência de perda gestacio<strong>na</strong>l precoce e<br />

desenvolvimento de <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l, reduzindo os níveis de insuli<strong>na</strong> e a<br />

resistência insulínica, já que inibe a produção excessiva de androgênios <strong>na</strong>s<br />

mulheres com a SOP. No entanto, estes estudos foram realizados em pacientes<br />

não diabéticas com SOP e não em gestantes diabéticas. Além disso, nenhum<br />

desses estudos foi randomizado e controlado e a maioria envolveu um número<br />

relativamente pequeno de pacientes<br />

Um estudo de 33 mulheres com <strong>diabetes</strong> tipo 2 descreveu o uso de<br />

metformi<strong>na</strong>. Neste pequeno grupo, 18% dos recém-<strong>na</strong>tos eram GIG, 30% tiveram<br />

icterícia, e 9% tiveram anomalias congênitas major. Outro estudo randomizado com<br />

151 mulheres com <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l, onde 58 receberam clorpropamida, 46<br />

tolbutamida e 47 insuli<strong>na</strong>, as sulfoniluréias não foram associadas com mortalidade<br />

peri<strong>na</strong>tal mais alta ou anomalias congênitas quando comparadas com insuli<strong>na</strong><br />

(NOTELOVITZ, 1971).<br />

A eficácia da metformi<strong>na</strong> no <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l é, presumivelmente,<br />

atribuída aos seus efeitos <strong>na</strong> sensibilidade à insuli<strong>na</strong> e conseqüente melhora do<br />

<strong>controle</strong> glicêmico. Porém, ainda não evidência direta de bons estudos<br />

documentando a eficácia e segurança do seu uso em pacientes com <strong>diabetes</strong>,<br />

apesar de não haver, a princípio, associação com toxicidade (FEIG, BRIGGS et al<br />

2007).<br />

A metformi<strong>na</strong>, no entanto, atravessa a barreira placentária e poderia afetar<br />

diretamente a fisiologia fetal. Atualmente é considerada Classe B, já que estudos


em animais não indicam riscos para o feto, mas faltam estudos controlados <strong>na</strong><br />

gestação. Um grande ensaio clínico prospectivo, randomizado e controlado<br />

chamado “Metformin in Gestatio<strong>na</strong>l Diabetes (MiG)”, comparando o uso de<br />

metformi<strong>na</strong> e insuli<strong>na</strong> no <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l está em andamento <strong>na</strong> Austrália e<br />

Nova Zelândia (SIMMONS, WALTERS et al 2004). Este estudo nos trará base para<br />

decisões quanto ao uso ou não de metformi<strong>na</strong> no <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l (ROWAN<br />

2007).<br />

A partir do perfil atual de segurança tanto da glibenclamida quanto da<br />

metformi<strong>na</strong>, Langer propôs a seguinte abordagem terapêutica para o <strong>diabetes</strong><br />

gestacio<strong>na</strong>l: tratamento dietético para pacientes com glicemia de jejum inferior a 96<br />

mg/dl ou glicemia aleatória menor que 120 mg/dL ou HbA1c abaixo de 7%; terapia<br />

com hipoglicemiantes orais (glibenclamida e/ou metformi<strong>na</strong>) para glicemia de jejum<br />

até 140 mg/dL ou glicemia aleatória de até 180 mg/dL ou HbA1c inferior a 12%. No<br />

entanto, as faixas de glicemia e valores de HbA1c que determi<strong>na</strong>m as opções<br />

terapêuticas nesse plano são muito altos (HbA1c > 12%) (Langer 2002; Langer<br />

2002). Desta forma, Ho FL e col sugeriram outro plano terapêutico para o <strong>diabetes</strong><br />

gestacio<strong>na</strong>l ilustrado <strong>na</strong> figura 1 (HO, LIEW et al 2007).


Figura 1 Proposta de Plano Terapêutico para Diabetes Gestacio<strong>na</strong>l<br />

Diabetes Gestacio<strong>na</strong>l<br />

SIM<br />

Glicemia de jejum < 95 mg/dL<br />

Glicemia aleatória < 120 mg/dL<br />

HbA1c ≤ 6.5%<br />

SIM<br />

Dieta<br />

NÃO<br />

Glicemia de jejum ≥ 95 mg/dL e < 140 mg/dL<br />

Glicemia aleatória ≥ 120 mg/dL e < 180 mg/dL<br />

HbA1c > 6.5% e ≤ 8.8 %<br />

SIM<br />

Considerar uso de<br />

Glibenclamida<br />

e/ou metformi<strong>na</strong><br />

NÃO<br />

Glicemia de jejum ≥ 140 mg/dL<br />

Glicemia aleatória ≥ 180 mg/dL<br />

HbA1c > 8.8 %<br />

SIM<br />

Insuli<strong>na</strong><br />

HbA1c: hemoglobi<strong>na</strong> glicada A1c


A acarbose é promissora para o tratamento do <strong>diabetes</strong> gestacio<strong>na</strong>l por não<br />

ser absorvida no intestino de forma significativa, não tendo efeitos sistêmicos.<br />

Contudo, Assim como os outros hipoglicemiantes orais, grandes estudos<br />

randomizados e controlados ajudariam a determi<strong>na</strong>r o uso da acarbose <strong>na</strong> gestação.<br />

Esta droga é classificada com Categoria B <strong>pelo</strong> FDA para uso <strong>na</strong> gestação.<br />

Não há estudos ou descrição de tratamento de <strong>diabetes</strong> <strong>na</strong> gestação com<br />

outros antidiabéticos orais além dos discutidos no presente trabalho.


3 CONCLUSÃO<br />

O <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong> pode trazer diversos problemas no transcorrer da<br />

gestação ou após o parto. Essas conseqüências adversas podem ser evitadas ou<br />

minimizadas mediante rigoroso <strong>controle</strong> glicêmico. A redução da glicemia pósprandial<br />

se correlacio<strong>na</strong> melhor com a diminuição das complicações peri<strong>na</strong>tais em<br />

comparação com a glicemia pré-prandial. O <strong>controle</strong> adequado do <strong>diabetes</strong> pode<br />

diminuir a freqüência de macrossomia fetal, hipoglicemia neo<strong>na</strong>tal, cesaria<strong>na</strong> devido<br />

a distócias e outras complicações.<br />

É consenso que a intervenção nutricio<strong>na</strong>l é a pedra angular <strong>na</strong> prevenção das<br />

complicações do <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong> <strong>na</strong> gestação. Há dificuldades relacio<strong>na</strong>das à<br />

adesão, uma vez que ela representa mudanças nos hábitos de vida. O aspartame, a<br />

sacari<strong>na</strong> e o acesulfame-K são os adoçantes artificiais liberados <strong>pelo</strong> FDA para uso<br />

<strong>na</strong> gestação. Ainda não há estudos que garantam a segurança dos outros produtos<br />

disponíveis no mercado.<br />

Os exercícios físicos podem auxiliar <strong>na</strong> melhora da resistência insulínica,<br />

reduzindo a necessidade do uso de insuli<strong>na</strong>. Portanto, devem ser encorajados,<br />

principalmente <strong>na</strong>quelas gestantes que praticavam alguma atividade antes da<br />

gestação. Contudo, a gestante sedentária que deseja iniciar precisa ser avaliada<br />

criteriosamente e deve-se atentar para as contra-indicações. Os exercícios que<br />

produzam impacto precisam ser evitados <strong>na</strong> gestação.<br />

A insulinoterapia continua sendo a principal ferramenta para o <strong>controle</strong> da<br />

glicemia <strong>na</strong>s pacientes em que a dieta não é suficiente. É o tratamento<br />

farmacológico melhor estudado e seus benefícios são inquestionáveis. No entanto,<br />

a sua via de administração, necessidade de trei<strong>na</strong>mento e custo são fatores<br />

limitantes e que podem dificultar a adesão.<br />

A monitorização domiciliar tem particular importância <strong>na</strong>s usuárias de insuli<strong>na</strong><br />

e deve ser incentivada antes das principais refeições e 1 ou 2 horas após. Há, em<br />

geral, tendência ao aumento das necessidades de insuli<strong>na</strong> com a progressão da<br />

gestação. É imprescindível no manejo do <strong>diabetes</strong> <strong>na</strong> gravidez, a rápida


identificação e correção da hiperglicemia, reduzindo as chances de complicações<br />

peri<strong>na</strong>tais.<br />

Há uma atual tendência de aceitação do uso de anti-diabéticos orais em<br />

gestantes com <strong>diabetes</strong> não insulino-dependente. Há evidências recentes<br />

mostrando que há drogas orais que podem ser seguras e, além disso, úteis,<br />

especialmente para aquelas pacientes que tem hiperglicemia leve a moderada e não<br />

desejam múltiplas aplicações de insuli<strong>na</strong> ao longo do dia. Em alguns países onde o<br />

uso de insuli<strong>na</strong> nem sempre é possível, a opção do uso destas drogas pode ser<br />

interessante. Alguns centros já as utilizam em situações especiais. No entanto, há<br />

necessidade de estudos controlados para que essa recomendação possa ser<br />

difundida de forma mais ampla. Outra perspectiva futura é a associação de drogas<br />

sensibilizadoras da insuli<strong>na</strong> como a metformi<strong>na</strong>, associadas à insuli<strong>na</strong> <strong>na</strong> tentativa<br />

de melhorar o <strong>controle</strong> e reduzir a dose total de insuli<strong>na</strong>.<br />

Em relação às novas recomendações sobre as drogas orais, o mais<br />

importante não é identificar os pacientes que poderiam se beneficiar, e sim aqueles<br />

nos quais elas não devem ser usadas. Devemos lembrar que quanto maior o tempo<br />

de exposição fetal à hiperglicemia, maiores são os riscos de complicações. Desta<br />

forma, em pacientes com hiperglicemia moderada ou grave, o uso destas drogas<br />

isoladamente seria contra-indicado.


REFERÊNCIAS<br />

"Report of the Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes<br />

Mellitus." Diabetes Care 20(7): 1183-97, 1997.<br />

"Report of the expert committee on the diagnosis and classification of <strong>diabetes</strong><br />

<strong>mellitus</strong>." Diabetes Care 26 Suppl 1: S5-20, 2003.<br />

"Standards of medical care in <strong>diabetes</strong>--2007." Diabetes Care 30 Suppl 1: S4-S41,<br />

2007.<br />

ADEGHATE, E., P. SCHATTNER, et al. (2006). "An update on the etiology and<br />

epidemiology of <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong>." Ann N Y Acad Sci 1084: 1-29.<br />

BALKAU, B. (2000). "The DECODE study. Diabetes epidemiology: collaborative<br />

a<strong>na</strong>lysis of diagnostic criteria in Europe." Diabetes Metab 26(4): 282-6.<br />

BESSESEN, D. H. (2008). "Update on obesity." J Clin Endocrinol Metab 93(6): 2027-<br />

34.<br />

BUCHANAN, T. A., A. Xiang, et al. (2007). "What is gestatio<strong>na</strong>l <strong>diabetes</strong>?" Diabetes<br />

Care 30 Suppl 2: S105-11.<br />

CAMPBELL, I. W. (2000). "Epidemiology and clinical presentation of type 2<br />

<strong>diabetes</strong>." Value Health 3 Suppl 1: 3-6.<br />

CHAVES-NETTO, H. and R. M. DE SÁ (2008). Obstetrícia Básica, Atheneu.<br />

DESOYE, G. and S. HAUGUEL-DE MOUZON (2007). "The human placenta in<br />

gestatio<strong>na</strong>l <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong>. The insulin and cytokine network." Diabetes Care 30<br />

Suppl 2: S120-6.


ELLIOTT, B. D. Langer, O. et al. (1997). "Human placental glucose uptake and<br />

transport are not altered by the oral antihyperglycemic agent metformin." Am J<br />

Obstet Gynecol 176(3): 527-30.<br />

ELLIOTT, B. D., S. SCHENKER, et al. (1994). "Comparative placental transport of<br />

oral hypoglycemic agents in humans: a model of human placental drug transfer." Am<br />

J Obstet Gynecol 171(3): 653-60.<br />

FEIG, D. S., G. G. BRIGGS, et al. (2007). "Oral antidiabetic agents in preg<strong>na</strong>ncy and<br />

lactation: a paradigm shift?" Ann Pharmacother 41(7): 1174-80.<br />

FEIG, D. S., B. ZINMAN, et al. (2008). "Risk of development of <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong> after<br />

diagnosis of gestatio<strong>na</strong>l <strong>diabetes</strong>." Cmaj 179(3): 229-34.<br />

HO, F. L., C. F. LIEW, et al. (2007). "Oral hypoglycaemic agents for <strong>diabetes</strong> in<br />

preg<strong>na</strong>ncy - an appraisal of the current evidence for oral anti-diabetic drug use in<br />

preg<strong>na</strong>ncy." Ann Acad Med Singapore 36(8): 672-8.<br />

HOD, M. and Y. YOGEV (2007). "Goals of metabolic ma<strong>na</strong>gement of gestatio<strong>na</strong>l<br />

<strong>diabetes</strong>: is it all about the sugar?" Diabetes Care 30 Suppl 2: S180-7.<br />

JENSEN, M. K., S. E. CHIUVE, et al. (2008). "Obesity, behavioral lifestyle factors,<br />

and risk of acute coro<strong>na</strong>ry events." Circulation 117(24): 3062-9.<br />

KITZMILLER, J. L., J. M. BLOCK, et al. (2008). "Ma<strong>na</strong>ging preexisting <strong>diabetes</strong> for<br />

preg<strong>na</strong>ncy: summary of evidence and consensus recommendations for care."<br />

Diabetes Care 31(5): 1060-79.<br />

KRONENBERG, H. and R. H. WILLIAMS (2008). Williams textbook of endocrinology.<br />

Philadelphia, PA, Saunders/Elsevier.<br />

LANGER, O. (2002). "Oral hypoglycemic agents in preg<strong>na</strong>ncy: their time has come."<br />

J Matern Fetal Neo<strong>na</strong>tal Med 12(6): 376-83.


LANGER, O. (2002). "When diet fails: insulin and oral hypoglycemic agents as<br />

alter<strong>na</strong>tives for the ma<strong>na</strong>gement of gestatio<strong>na</strong>l <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong>." J Matern Fetal<br />

Neo<strong>na</strong>tal Med 11(4): 218-25.<br />

LANGER, O., D. L. CONWAY, et al. (2000). "A comparison of glyburide and insulin in<br />

women with gestatio<strong>na</strong>l <strong>diabetes</strong> <strong>mellitus</strong>." N Engl J Med 343(16): 1134-8.<br />

METZGER, B. E., T. A. BUCHANAN, et al. (2007). "Summary and recommendations<br />

of the Fifth Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Workshop-Conference on Gestatio<strong>na</strong>l Diabetes Mellitus."<br />

Diabetes Care 30 Suppl 2: S251-60.<br />

METZGER, B. E., L. P. LOWE, et al. (2008). "Hyperglycemia and adverse preg<strong>na</strong>ncy<br />

outcomes." N Engl J Med 358(19): 1991-2002.<br />

NOTELOVITZ, M. (1971). "Sulphonylurea therapy in the treatment of the preg<strong>na</strong>nt<br />

diabetic." S Afr Med J 45(9): 226-9.<br />

PASSOS, V. M., S. M. BARRETO, et al. (2005). "Type 2 <strong>diabetes</strong>: prevalence and<br />

associated factors in a Brazilian community--the Bambui health and aging study."<br />

Sao Paulo Med J 123(2): 66-71.<br />

ROWAN, J. A. (2007). "A trial in progress: gestatio<strong>na</strong>l <strong>diabetes</strong>. Treatment with<br />

metformin compared with insulin (the Metformin in Gestatio<strong>na</strong>l Diabetes [MiG] trial)."<br />

Diabetes Care 30 Suppl 2: S214-9.<br />

ROWAN, J. A., W. M. HAGUE, et al. (2008). "Metformin versus insulin for the<br />

treatment of gestatio<strong>na</strong>l <strong>diabetes</strong>." N Engl J Med 358(19): 2003-15.<br />

SIMMONS, D. (2008). "Diabetes during and after preg<strong>na</strong>ncy: screen more, monitor<br />

better." Cmaj 179(3): 215-6.<br />

SIMMONS, D., B. N. Walters, et al. (2004). "Metformin therapy and <strong>diabetes</strong> in<br />

preg<strong>na</strong>ncy." Med J Aust 180(9): 462-4.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!