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religião, moral e metafísica em human, demasiado humano ... - FaJe

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Põe termo rapidamente ao modo de pensar positivista; para ele, trata-se<br />

apenas de um meio para a libertação, para a rejeição das tradições. Contudo,<br />

a sua época positivista não é desprovida de consequências: nela elaborou o<br />

seu estilo de suspeita, a sua maneira de denegrir refinou-se, desenvolveu uma<br />

arte elevada da difamação e do desencantamento, a alegria sacrílega de<br />

explicar o superior a partir do inferior, o ideal do instinto, a grandeza da<br />

existência a partir do d<strong>em</strong>asiado <strong>human</strong>o, o desmascaramento que opera com<br />

a genealogia ab inferior. (FINK, 1988, p. 58)<br />

Ao apresentar aqui a figura nietzschiana do espírito livre, é importante<br />

esclarecer que tal categoria não deve ser interpretada como uma atitude fixa ou imóvel<br />

no t<strong>em</strong>po, já que se trata da figura de uma transição, o que caracteriza fort<strong>em</strong>ente essa<br />

segunda fase de Nietzsche.<br />

Fink (1988, p.55) esclarece que o espírito livre “parece ser um<br />

desmistificador capaz de dissipar as ilusões”, sua frieza e desconfiança significam uma<br />

negação a qualquer tipo de idealismo e “prepara o terreno para a chegada de uma<br />

afirmação” (FINK, 1988, p. 55).<br />

O espírito livre aparece como o grande cético que suspeita de tudo aquilo<br />

<strong>em</strong> que o hom<strong>em</strong> mais confiava até então. Com isso, sua filosofia encontrará na orig<strong>em</strong><br />

dos conceitos morais não um fundamento metafísico, mas uma criação <strong>human</strong>a,<br />

d<strong>em</strong>asiado <strong>human</strong>a como forma originária desses conceitos. O filósofo passa a<br />

investigar a gênese histórica de valores como b<strong>em</strong>, mal, verdade, falsidade, virtude,<br />

vício, castigo, culpa, apontando o hom<strong>em</strong> como criador de tais conceitos. Tal análise<br />

encontrará no espírito livre uma possível saída para ultrapassar os sentimentos morais<br />

cunhados pela metafísica platônico-cristã, abandonando tais crenças para o cultivo de<br />

novas possibilidades e da realização de novas experiências ainda não vivenciadas pelo<br />

hom<strong>em</strong>.<br />

De acordo com Lobosque,<br />

O hom<strong>em</strong> apreciado por Nietzsche, enquanto “hom<strong>em</strong> do conhecimento”,<br />

não é o cientista, n<strong>em</strong> o erudito, n<strong>em</strong> o trabalhador filosófico: é o filósofo<br />

legislador e criador de valores, numa elevada posição de comando no que<br />

concerne aos rumos da cultura. Embora tenha traços do cético e do crítico,<br />

não coincide n<strong>em</strong> com um n<strong>em</strong> com outro. A posição cética de suspeita lhe é<br />

necessária, mas não basta; a atividade crítica é também requerida por sua<br />

tarefa, mas não a esgota. Cabe-lhe não apenas conhecer, mas ser e significar<br />

algo de novo. As mais elevadas formas de conhecimento têm consciência de<br />

seu caráter perspectivista, ficcional e inventivo, subordinando-se à<br />

necessidade de criar um sentido para o hom<strong>em</strong>, e dependendo, portanto, da<br />

sua vontade. (LOBOSQUE, 2010, p. 212)<br />

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