religião, moral e metafÃsica em human, demasiado humano ... - FaJe
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ilusório daquelas condutas <strong>human</strong>as que para ele, no primeiro período, valiam como<br />
acessos originais e verdadeiros para a vida no mundo” (FINK, 1988, p. 49).<br />
Fink compreende que a destruição da metafísica pela psicologia “consiste<br />
no objetivo principal de Nietzsche <strong>em</strong> Humano, d<strong>em</strong>asiado <strong>human</strong>o – que visa à<br />
separação estabelecida por Schopenhauer entre coisa <strong>em</strong> si e aparição, que é ela própria<br />
uma simplificação de pensamentos kantianos (noumenon / fenômeno)” (FINK, 1988, p.<br />
50).<br />
Trata-se, para Nietzsche, de uma desmistificação de algo superficial, capaz<br />
de encobrir um processo ainda mais profundo. O livro, portanto, constitui numa recusa<br />
radical de qualquer tipo de idealismo.<br />
Para Fink:<br />
A religião (no sentido grego), a metafísica e a arte eram vistas como maneiras<br />
de acesso ao coração do mundo, infinitamente superiores a toda a ciência; o<br />
helenismo, Schopenhauer e Wagner representavam para o jov<strong>em</strong> Nietzsche a<br />
trindade da compreensão essencial. E agora tudo se inverte: a ciência, a<br />
reflexão crítica, a desconfiança metódica tomam agora o comando: a<br />
metafísica, a religião e a arte estão à mercê da sentença daquelas; já não são<br />
consideradas como modos fundamentais da verdade, mas ilusão, que é<br />
preciso desfazer. (FINK, 1988, p. 47)<br />
O pensamento científico é o que predomina nesta fase <strong>em</strong> Nietzsche, <strong>em</strong><br />
detrimento da arte, da religião, da metafísica e da filosofia, e aqui, o filósofo desenvolve<br />
sua análise contundente acerca do conhecimento científico, para dissipar tal ilusão<br />
estabelecida através do pensamento artístico de influência metafísica:<br />
No que toca ao conhecimento das verdades, o artista t<strong>em</strong> uma <strong>moral</strong>idade<br />
mais fraca do que o pensador, ele não quer absolutamente ser privado das<br />
brilhantes e significativas interpretações da vida, e se guarda contra métodos<br />
e resultados sóbrios e simples. Aparent<strong>em</strong>ente luta pela superior dignidade e<br />
importância do ser <strong>human</strong>o; na verdade, não deseja abrir mão dos<br />
pressupostos mais eficazes para a sua arte, ou seja, o fantástico, mítico,<br />
incerto, extr<strong>em</strong>o, o sentido para o simbólico, a superestimação da pessoa, a<br />
crença <strong>em</strong> algo miraculoso no gênio: considera o prosseguimento de seu<br />
modo de criar mais importante que a devoção científica à verdade <strong>em</strong><br />
qualquer forma, por mais simplesmente que ela se manifeste. (NIETZSCHE,<br />
2000, p. 115-116)<br />
Nietzsche procurará ir na contramão dessas ilusões fornecidas pela arte com<br />
expressões metafísicas e, segundo Janz (1981), na primeira parte de Humano,<br />
d<strong>em</strong>asiado <strong>human</strong>o, produzida durante as férias, aparece o caráter autobiográfico do que<br />
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