24.10.2014 Views

religião, moral e metafísica em human, demasiado humano ... - FaJe

religião, moral e metafísica em human, demasiado humano ... - FaJe

religião, moral e metafísica em human, demasiado humano ... - FaJe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O estilo aforismático inaugurado com Humano, d<strong>em</strong>asiado <strong>human</strong>o acabou<br />

se tornando comum <strong>em</strong> obras posteriores, já que aparece como “característica do<br />

segundo período de sua filosofia uma predominância do estilo aforístico inspirado nos<br />

<strong>moral</strong>istas franceses” 4 (GIACOIA, 2000, p. 24).<br />

A respeito da reflexão sobre a linguag<strong>em</strong> e a escrita presentes na obra,<br />

Itaparica nos mostra que,<br />

A principal suspeita se dá contra os poderes representativos da linguag<strong>em</strong>.<br />

Seguindo o nominalismo, Nietzsche considera que as palavras são<br />

inevitavelmente arbitrárias, com relação ao objeto que elas designam e por<br />

isso estão impossibilitadas de alcançar uma pretensa essência das coisas.<br />

(ITAPARICA, 2002, p. 11-12)<br />

A crítica feita por Nietzsche à linguag<strong>em</strong> metafísica parece iniciar-se com o<br />

estilo aforismático e o filósofo nos mostra, <strong>em</strong> Humano, d<strong>em</strong>asiado <strong>human</strong>o, “que o<br />

criador da linguag<strong>em</strong> não foi modesto a ponto de crer que dava às coisas apenas<br />

denominações, ele imaginou, isto sim, exprimir com as palavras o supr<strong>em</strong>o saber sobre<br />

as coisas” (NIETZSCHE, 2000, p. 21).<br />

Dessa forma, Itaparica entende que a filosofia de Nietzsche, ao reconhecer a<br />

limitação da linguag<strong>em</strong>, procura através de seu estilo aforismático, escapar do discurso<br />

usual por “intermédio de um virtuosismo estilístico que recorre a um uso atento das<br />

figuras de retórica, explorando a poliss<strong>em</strong>ia das palavras e experimentando diversas<br />

formas de expressão” (ITAPARICA, 2002, p. 12).<br />

Ainda para Itaparica (2002, p. 12), a “filosofia de Nietzsche operará s<strong>em</strong>pre<br />

<strong>em</strong> duplo registro: por um lado, criticará as concepções metafísicas como sendo ilusões<br />

fornecidas pela crença na linguag<strong>em</strong>; por outro, procurará romper os limites impostos<br />

pela linguag<strong>em</strong>”.<br />

No segundo volume de Humano, d<strong>em</strong>asiado <strong>human</strong>o, o filósofo dirá que<br />

forma e conteúdo são indissociáveis: “Melhorar o estilo significa melhorar o<br />

pensamento, e nada senão isso”! (NIETZSCHE, 2008, p. 226). Dessa maneira, para a<br />

compreensão da filosofia de Nietzsche, desenvolvida nesta obra, a questão do estilo<br />

4 Segundo Giacoia (2000, p. 24), esses <strong>moral</strong>istas eram representados pela “corrente filosófica francesa<br />

dos séculos XVI e XVII que se notabilizou pela capacidade de observação psicológica dos probl<strong>em</strong>as da<br />

<strong>moral</strong>idade e dos costumes, expressos <strong>em</strong> estilo literário caracteristicamente breve, denominado aforismo,<br />

ou <strong>em</strong> máximas e sentenças morais. François de La Rochefoucauld (1613-1680) foi um de seus principais<br />

representantes. O aforismo t<strong>em</strong> extraordinária importância no modo de pensar e escrever de Nietzsche”.<br />

20

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!