24.10.2014 Views

religião, moral e metafísica em human, demasiado humano ... - FaJe

religião, moral e metafísica em human, demasiado humano ... - FaJe

religião, moral e metafísica em human, demasiado humano ... - FaJe

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

escritos e pensamentos, um caminho para si mesmo e, finalmente, um terceiro período –<br />

de total amadurecimento de seus trabalhos tardios, é ainda algo muito sintomático e<br />

geral. Este regime se aplica também às obras de Nietzsche, já que, por causa de seu<br />

colapso intelectual precoce, aos 45 anos, o filósofo não conseguiu fazer uma obra tardia,<br />

n<strong>em</strong> sequer uma obra capital.<br />

Para conseguir uma tríplice divisão, no curto espaço de sua atividade<br />

criadora, gerando uma ruptura <strong>em</strong> seu sentido <strong>human</strong>o, essa divisão é introduzida no<br />

processo de desenvolvimento contínuo de tensão profunda, ou mesmo violenta, da<br />

produção filosófica de Nietzsche. Da mesma forma não se pode conciliar tal divisão,<br />

considerando uma abordag<strong>em</strong> histórico-biográfica para promover ou aumentar, de<br />

alguma forma, a compreensão de todo o seu pensamento filosófico e de toda sua<br />

produção intelectual.<br />

Fink (1988) entende que é também duvidoso o valor de tal periodização, que<br />

r<strong>em</strong>ete, sobr<strong>em</strong>aneira, a noções biográficas do filósofo que se esforçam por apresentar<br />

uma história da vida intelectual de Nietzsche. Porém, para o autor, isso não garante de<br />

modo algum uma evolução daquilo que cronologicamente é, de maneira objetiva, o mais<br />

significativo dentre o conjunto dessas obras. O que Fink pretende <strong>em</strong> seu estudo é<br />

reduzir-se a examinar as obras de Nietzsche e procurar nas mesmas os t<strong>em</strong>as<br />

fundamentais, s<strong>em</strong> se ater diretamente às referências biográficas.<br />

Assim, Fink descreve os motivos que o levaram a não interpretar o filósofo<br />

pelo viés biográfico:<br />

Em cada livro, ele narra a sua vida, as suas experiências, a sua solidão, a sua<br />

dúvida de si mesmo; por vezes, t<strong>em</strong>-se a sensação de estar a assistir a um<br />

enorme autodesnudamento e a uma autoencenação, a uma notável e cintilante<br />

mistura de confissão e teatralidade, que tanto provoca interesse como<br />

aversão. (FINK, 1988, p. 46-47)<br />

A análise biográfica deste filósofo constitui, portanto, um probl<strong>em</strong>a para<br />

qu<strong>em</strong> realmente pretende aprofundar na sua filosofia. Em Ecce Homo, o filósofo explica<br />

o porquê de, a partir de sua obra Humano, d<strong>em</strong>asiado <strong>human</strong>o, ter sido tão<br />

incompreendido pelos seus cont<strong>em</strong>porâneos, sobretudo pelos al<strong>em</strong>ães. Afirma<br />

Nietzsche:<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!