Resumo biodiesel 2012 Raquel Rev cla[1].pdf - INT
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5° Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel<br />
8º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel<br />
Análise comparativa da extração de lipídeos totais e triacilglicerídeos em<br />
diferentes fases de crescimento de Chlorella vulgaris spp.<br />
<strong>Raquel</strong> de Carvalho Rezende (UFRJ/<strong>INT</strong>, raquel.c.rezende@gmail.com), Daniel Mendonça Moreira (UFRJ/<strong>INT</strong>,<br />
dm-moreira@hotmail.com), Donato Alexandre Gomes Aranda (UFRJ, donato@eq.ufrj.br), Cláudia Maria Luz<br />
Lapa Teixeira (<strong>INT</strong>, <strong>cla</strong>udia.teixeira@int.gov.br)<br />
Palavras Chave: extração, lipídeos totais, triacilglicerídeos, Chlorella vulgaris.<br />
1 - Introdução<br />
As reservas de combustíveis fósseis<br />
comercialmente exploráveis crescem a taxas menores que o<br />
consumo, assim surge a necessidade da busca por<br />
combustíveis produzidos a partir de matéria-prima<br />
renovável. As microalgas têm sido reconhecidas como fonte<br />
alternativa promissora para a produção de <strong>biodiesel</strong>, dadas<br />
as inúmeras vantagens que apresentam em relação às<br />
oleaginosas 1 . Além das microalgas apresentarem alto<br />
percentual em lipídeo alto, os triacilglicerídeos<br />
componentes destes são semelhantes aos encontrados nas<br />
oleaginosas, o que justifica o uso dessa matéria-prima para<br />
produção de <strong>biodiesel</strong>.<br />
Um número grande de microalgas tem sido<br />
estudado, dentre as quais se destaca Chlorella vulgaris. Esta<br />
é uma espécie de grande potencial para produção de<br />
<strong>biodiesel</strong> devido à sua alta taxa de crescimento, fácil cultivo<br />
e difícil contaminação mesmo em sistemas abertos 2 . Para<br />
cultivo comercial de Chlorella tem-se relatos 3 de<br />
produtividade em torno de 140 t.h.ano -1 , que é sete vezes a<br />
produtividade em biomassa de dendê, oleaginosa de maior<br />
produtividade em biomassa.<br />
Em geral, o teor de lipídeos encontrado em<br />
Chlorella spp., quando cultivada em condições normais,<br />
está em torno de 14 a 30% em peso de biomassa seca 4,5 .<br />
Contudo, condições específicas no cultivo e na cultura<br />
podem estrategicamente aumentar o conteúdo lipídico.<br />
Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi comparar o<br />
percentual de lipídeos totais e triacilglicerídeos em<br />
diferentes fases de crescimento da cultura.<br />
2 - Material e Métodos<br />
A biomassa de Chlorella vulgaris foi obtida em<br />
condições habituais de cultivo, a saber, 25±2°C e 17µmol<br />
m -2 s -1 . O cultivo foi realizado em garrafas do tipo pet cristal<br />
de volume nominal de 6L e mantido sob agitação<br />
pneumática.<br />
Para avaliação do teor lipídico em diferentes fases de<br />
crescimento, foi obtida biomassa na fase exponencial de<br />
crescimento, no início da fase estacionária e no final da fase<br />
estacionária; com a densidade óptica de 0.5, 1.0 e 1.3,<br />
respectivamente. A densidade óptica foi relacionada com o<br />
peso seco da biomassa pela equação y=1,6166x<br />
(R 2 =0,9988) .<br />
A extração de lipídeos totais foi realizada por meio<br />
de clorofórmio: metanol (2:1), segundo o protocolo de<br />
Folch e colaboradores, 1957 6 , modificado pelo uso de<br />
ultrassom.<br />
O percentual de triacilglicerídeos nos lipídeos<br />
totais foi determinado pelo método glicerol-3-fosfato<br />
oxidase-p-clorofenol (triglicérides monoreagente K117;<br />
Bioclin). Todas as medidas foram realizadas em triplicata.<br />
3 - Resultados e Discussão<br />
Dentre as biomassas obtidas em diferentes fases de<br />
crescimento, a biomassa obtida no fim da fase estacionária<br />
apresentou maior teor em lipídios totais, de 25,91% (fig. 1)<br />
sendo 2,89% deste valor representados por triacilglicerídeos<br />
(fig. 2).<br />
% Lipídeos totais<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
Figura 1. Análise comparativa da extração de lipídeos<br />
totais em diferentes fases de crescimento de Chlorella<br />
vulgaris (■) fase exponencial (■) início de fase estacionária<br />
(■) fim de fase estacionária. As barras verticais representam<br />
o desvio padrão (n=3).<br />
% Triacilglicerídeos<br />
3,5<br />
3<br />
2,5<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
0,5<br />
0<br />
Figura 2. Análise comparativa da obtenção de<br />
triacilglicerídeos em diferentes fases de crescimento de<br />
Chlorella vulgaris (■) fase exponencial (■) início de fase<br />
estacionária (■) fim de fase estacionária. As barras verticais<br />
representam o desvio padrão (n=3).<br />
Embora se tenha obtido maior percentual de<br />
lipídeos totais e triacilglicerídeos na fase estacionária, esta<br />
se torna inviável em produção comercial devido ao tempo<br />
de crescimento da biomassa (em torno de 45 dias).<br />
Levando-se em consideração os resultados de<br />
SALVADOR - BAHIA<br />
16 a 19 DE ABRIL DE <strong>2012</strong>
5° Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel<br />
8º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel<br />
triacilglicerídeos, matéria-prima para a produção de<br />
<strong>biodiesel</strong>, torna-se favorável economicamente a escolha da<br />
fase inicial de crescimento, pois esta biomassa é produzida<br />
em aproximadamente 25 dias.<br />
Embora seja possível encontrar muitos relatos na<br />
literatura sobre o teor lipídico de Chlorella vulgaris, tornase<br />
difícil comparar resultados. Isto porque, geralmente, são<br />
utilizadas condições distintas tais como temperatura,<br />
intensidade de luz, fluxo de CO 2 , composição do meio de<br />
cultura, dentre outros fatores. Outro fato que dificulta a<br />
comparação de resultados é a limitação de trabalhos<br />
envolvendo quantificação de triacilglicerídeos, sendo mais<br />
comumente apenas a análise do perfil de ácidos graxos.<br />
Os resultados encontrados para lipídios totais<br />
foram superiores aos de Converti e colaboradores (2009) 7 ,<br />
que encontraram 14,71% de lipídeos totais para Chlorella<br />
vulgaris CCAP 211 crescida em 25°C e 70µmol m -2 s -1 , e de<br />
Zheng e colaboradores 8 (2011), que fizeram a extração de<br />
Chlorella vulgaris por meio de ultrassom e obtiveram15%<br />
de lipídeos totais, para cultivo em 25°C e 80µmol m -2 s 1 .<br />
As próximas etapas deste trabalho envolvem<br />
estudos para avaliar o teor lipídico em condições de<br />
“stress”, tais como deprivação em fósforo e em nitrogênio.<br />
Os fatores de estresse serão avaliados por meio do<br />
planejamento fatorial de experimentos com o objetivo de<br />
estudar a interação entre as variáveis selecionadas e<br />
encontrar o ponto ótimo dentre as faixas avaliadas.<br />
4 - Agradecimentos<br />
Ao apoio financeiro da CAPES, UFRJ e <strong>INT</strong>, sem<br />
o qual este trabalho não seria possível.<br />
5 - Bibliografia<br />
1 Coutinho, P.; Bomtempo, J.V.; Quim. Nova, 34, 910,<br />
2011.<br />
2<br />
Huntley, M. E. and Redalje, D. G. Mitigation and<br />
Adaptation Strategies for Global Change, 2006.<br />
3<br />
Pulz, O. Photobioreactors: production systems for<br />
phototrophic microorganisms. Appl. Microbiol. Biotechnol,<br />
57, 287, 2001.<br />
4 Illman, A.M., Scragg, A.H., Shales, S.W. Enzyme and<br />
Microbial Technology, 27, 631, 2000.<br />
5 Spolaore, P., Joannis-Cassan, C., Duran, E., Isambert, A.<br />
Commercial applications of microalgae. J. Biosci. Bioeng,<br />
101, 87, 2006.<br />
6<br />
Folch, J; Lees, M; G H S Stanley.The Journal of<br />
Biological Chemistry, 1957.<br />
7<br />
Converti, A; Casazza, A A; Ortiz, E y; Perego, P; Del<br />
Borghi, M. Chemical Engineering and Processing, 48,<br />
1146, 2009.<br />
8 H, Zheng; J, Yin; Z, Gao; H, Huang; X, Ji; C, Dou. Appl<br />
Biochem Biotechnol, 164 (7):1215-24, 2011.<br />
SALVADOR - BAHIA<br />
16 a 19 DE ABRIL DE <strong>2012</strong>