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Dissertação Tamara Bianca Horn - Unisc

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL –<br />

MESTRADO<br />

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM GESTÃO E TECNOLOGIA AMBIENTAL<br />

<strong>Tamara</strong> <strong>Bianca</strong> <strong>Horn</strong><br />

INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS WETLANDS CONSTRUÍDOS +<br />

FOTOOZONIZAÇÃO CATALÍTICA NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DE<br />

CAMPUS UNIVERSITÁRIO<br />

Santa Cruz do Sul, março de 2011.


2<br />

<strong>Tamara</strong> <strong>Bianca</strong> <strong>Horn</strong><br />

INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS WETLANDS CONSTRUÍDOS +<br />

FOTOOZONIZAÇÃO CATALÍTICA NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DE<br />

CAMPUS UNIVERSITÁRIO<br />

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-<br />

Graduação em Tecnologia Ambiental – Mestrado,<br />

Área de Concentração em Gestão e Tecnologia<br />

Ambiental, Universidade de Santa Cruz do Sul –<br />

UNISC, como requisito parcial para obtenção do<br />

título de Mestre em Tecnologia Ambiental.<br />

Orientador: Prof. Dr. Ênio Leandro Machado<br />

Coorientadora: Profª. Drª. Lourdes Teresinha Kist<br />

Santa Cruz do Sul, março de 2011.


3<br />

<strong>Tamara</strong> <strong>Bianca</strong> <strong>Horn</strong><br />

INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS WETLANDS CONSTRUÍDOS +<br />

FOTOOZONIZAÇÃO CATALÍTICA NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DE<br />

CAMPUS UNIVERSITÁRIO<br />

Esta Dissertação foi submetida ao Programa de<br />

Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental –<br />

Mestrado, Área de Concentração Gestão e<br />

Tecnologia Ambiental, Universidade de Santa<br />

Cruz do Sul – UNISC, como requisito parcial<br />

para obtenção do título de Mestre em Tecnologia<br />

Ambiental.<br />

Dr. Marcos von Sperling<br />

Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG<br />

Dr. Odorico Konrad<br />

Centro Universitário Univates - UNIVATES<br />

Dr. Eduardo Aléxis Lobo Alcayaga<br />

Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC<br />

Drª. Ênio Leandro Machado<br />

Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC<br />

Orientadora


4<br />

“Purificando a água (ou o efluente), o aguapé<br />

(ou a macrófita aquática) contribui para sua<br />

reoxigenação. Ele faz gratuitamente este trabalho. É<br />

apenas lógico que alguns o considerem subversivo.<br />

Quem sabe, a atual crise nos faça repensar muita<br />

coisa. Por que não trabalhar com a Natureza, em vez<br />

de combatê-la sempre?”<br />

Adaptado de José Lutzenberger – Em Defesa do Aguapé<br />

Porto Alegre, 1985.


5<br />

AGRADECIMENTOS<br />

A minha exemplar família (Pai Darci, Mãe Lili, Tiago e Angel, Tiça e Dido, Qiao Qiao,<br />

Bento e meu amado Will) que sempre me deram força para estudar e colaboraram ao máximo<br />

para a conclusão do Mestrado. Obrigada, por todo apoio, carinho, dentre muitas outras ações<br />

em meu favor. Minha eterna gratidão!<br />

Ao meu orientador, Ênio Leandro Machado, pela paciência e ensinamentos que<br />

ampliaram meus caminhos e horizontes. Teu alto astral é cativante!<br />

A minha coorientadora, Lourdes Kist, por todo apoio e colaboração. Sempre disponível<br />

para transmitir seus ensinamentos com muita atenção e carinho.<br />

Aos Professores do Programa de Pós Graduação em Tecnologia Ambiental pelos<br />

ensinamentos transmitidos e principalmente a amizade conquistada, estendo os<br />

agradecimentos as funcionárias do MTA.<br />

Aos meus queridos companheiros do LATTAE, Filipe (B chefe), Rômulo (B1),<br />

Alexandre (B2) e Bárbara (B3) por toda a paciência, coleguismo e acima de tudo a amizade<br />

de vocês que carregarei comigo.<br />

Um carinho muito especial ao Leonardo Benvegnú pela parceria na fase inicial e ao<br />

atencioso Tiago Wermuth na fase final do meu projeto.<br />

A todos os bolsistas e funcionários do Laboratório de Engenharia Ambiental em<br />

especial a Daniela Mueller, Daniel Ferrari, Marcelo Kronbauer, Felipe Martini e Liliana<br />

Cargnelutti. Também minha gratidão ao pessoal do Laboratório de Ensino de Química.<br />

As minhas amigas do Laboratório de Ecotoxicologia, Geani Mohr e Camila Athanásio,<br />

que foram parceiras nota 10!<br />

Aos meus companheiros de ETE Daniel Stöelben e Rogério Schmidt. Obrigada pelo<br />

esforço, dedicação e pela amizade que conquistamos.<br />

Aos meus veteranos, Carlos Alexandre Lutterbeck, Joyce Gonçalves, Maria Fernanda<br />

Preussler Greco e Daniele Damasceno Silveira que foram essenciais para minha ambientação<br />

à UNISC, e principalmente a Dani, minha companheira de Wetlands!<br />

A CAPES pela concessão da bolsa integral que me permitiu concretizar o sonho de<br />

cursar o Mestrado.<br />

Agradeço a todos pelo incentivo, apoio e participação ao longo desta caminhada,<br />

somente com a ajuda de vocês foi possível a concretização deste projeto.


6<br />

RESUMO<br />

As pesquisas aqui apresentadas envolveram a concepção, montagem e operação de sistema<br />

integrado com Wetlands Construídos (WC’s) e Fotoozonização Catalítica (UV/TiO 2 /O 3 )<br />

através de Fotoozonizador Catalítico Tipo Cone (FTC) para o tratamento de efluentes de<br />

campus universitário. A proposta de integração WC’s + FTC envolveu alagados construídos<br />

em caixas de polietileno de alta densidade (PEAD) de 90 L de volume útil com sistema<br />

suporte composto por pedra britada nº 1 e 4 e areia média/grossa. Três das quatro<br />

configurações foram vegetadas com Hymenachne grumosa em uma configuração de<br />

sequência de três estágios de fluxo subsuperficial, sendo uma das configurações com fluxo<br />

misto. Os WC’s foram feitos com as seguintes características: W1- sistema vegetado; W2-<br />

sistema vegetado com estufa; W3 – sistema vegetado com intermediário de macrófita<br />

submersa Myriophyllum aquaticum em fluxo superficial e W4 – sistema com suporte sem<br />

vegetação. Os WC’s foram operados em fluxo contínuo com Tempo de Detenção Hidráulica<br />

(TDH) de 1,87 dias (Fase I) e de forma intermitente com TDH de sete dias (Fase II). O reator<br />

FTC, concebido previamente, foi operado em fluxo intermitente para tratamento da melhor<br />

condição dos WC’s (Fase III) visando melhorias de polimento para os efluentes que<br />

permitissem condições de sua reutilização. O FTC foi composto por sistema emerso de<br />

irradiação com suporte cônico de acrílico suportado com TiO 2 P25 da Degussa. A radiação<br />

UV-C aplicada foi gerada a partir de célula fotovoltaica de 1kVh e a recirculação do efluente<br />

com sistema de transferência gás-líquido Pitot-Venturi. Taxas de produção de ozônio por<br />

fotogeração de 160 mg h -1 foram aplicadas em até quatro horas de tratamento. Os parâmetros<br />

gerais e específicos para qualificação do efluente final do sistema integrado revelaram que a<br />

configuração W2 batelada + FTC reduziu DQO e DBO 5 na média em 62 e 88%,<br />

respectivamente. As reduções de NTK, N-NH 3 e Ptotal na média foram 27,4; 27,1 e 63,3%,<br />

respectivamente. Um dos entraves operacionais para aplicação do FTC foi a saturação da<br />

rampa tipo cone observada após quatro horas de operação. Em termos de detoxificação aguda,<br />

os afluentes brutos de moderadamente tóxico evoluem para efluentes tratados pouco tóxicos<br />

na etapa de fitorremediação (Fase I). A detoxificação crônica nesta fase foi ineficiente<br />

mantendo os efluentes em altamente tóxicos (W1, W2 e W3) e extremamente tóxico (W4). Já<br />

na etapa de UV/TiO 2 /O 3 (Fases II e III) a detoxificação foi ineficiente, aumentando a<br />

toxicidade do efluente em termos agudos e mantendo o efluente em extremamente tóxico em<br />

termos crônicos. Quanto à desinfecção, a efetividade é atribuída especialmente para a


7<br />

UV/TiO 2 /O 3 reduzindo a carga microbiana (UFC/100mL) de 1,4 . 10 5 para abaixo do limite<br />

de determinação. A condição de reutilização dos efluentes tratados está próximo do<br />

enquadramento de Classe 1 da NBR 13969/1997 especialmente quanto à carga microbiana.<br />

Ajustes para a redução da turbidez envolverão a melhor separação de fases do material<br />

particulado de TiO 2 desprendido da rampa, assim como ajuste do pH para valores entre 6 e 8<br />

com pós-ozonização do processo FTC, o qual é gerado no reator fotoquímico aplicado.<br />

Futuras investigações para detoxificação deverão atribuir aplicações analíticas que<br />

caracterizem os motivos da toxicidade crônica no sentido de definir métodos potenciais de<br />

tratamento para compor sistemas híbridos com os WC’s.<br />

Palavras-Chave: Wetlands Construídos; Fotoozonização Catalítica; detoxificação; efluentes<br />

domésticos; efluentes de campus universitário.


8<br />

ABSTRACT<br />

The presented research involves the design, assembling and operation of an integrated system<br />

with constructed wetlands (WC’s) and Catalytic Photoozonization (UV/TiO 2 /O 3 ) including<br />

Cone Type Reactor (FTC) for the treatment of university sewage. The integration WC’s +<br />

FTC involved constructed wetlands with 90 L useful volume supported with a system<br />

composed of gravel stones classified as number 1 and 4 and medium/thick sand. Three out of<br />

four configurations were vegetated with Hymenachne grumosa in three stages of<br />

subsuperficial flow sequence, and one of them was with hybrid flow. The WC's were<br />

designed with the following characteristics: W1-vegetated system; W2-vegetated system with<br />

greenhouse; W3 - intermediary system vegetated with submerged macrophyte Myriophyllum<br />

aquaticum in superficial flow and W4 – substratum system (without vegetation). The WC's<br />

were operated in continuous flow with Hydraulic Retention Time (HRT) of 1.8 days (Phase I)<br />

and intermittently with HRT of seven days (Phase II). The FTC reactor, previously<br />

designed/built, was applied after W2 (Phase III) to improve quality of treated wastewater with<br />

the objective of reutilization. The FTC was consisted of emerged irradiation system and a<br />

conical acrylic ramp supported with TiO 2 P25 Degussa. The UV-C radiation applied to the<br />

system was generated by photovoltaic cell energy of 1 kVh and recirculation system with gasliquid<br />

transfer Pitot-Venturi. The rate of ozone photoproduction was 160 mg h -1 and applied<br />

within four hours of treatment. The general and specific standards for water quality<br />

characterization of the final effluent on the integrated system revealed that the batch<br />

configuration W2 + FTC reduced COD and BOD 5 on average of 62 and 88%, respectively.<br />

The reductions of TKN, NH 3 -N and Total Phosphorous on average of 27.4, 27.1 and 63.3%,<br />

respectively. One of the disadvantages to implement the FTC was the saturation of the ramp<br />

observed after four hours of operation. In terms of acute detoxification, the affluent from<br />

moderately toxic decreased to slightly toxic effluents treated in the phytoremediation (Phase<br />

I). Chronic detoxification at this stage was ineffective, maintaining it in highly toxic (W1, W2<br />

and W3) and extremely toxic effluents (W4). In the UV/TiO 2 /O 3 (Phases II and III), the<br />

detoxification was inefficient, increasing the acute toxicity of the effluent and maintaining the<br />

effluent at extremely toxic in chronic toxicity. Referring to the disinfection efficacy, it is<br />

particularly attributed to UV/TiO 2 /O 3, greatly reducing the microbian load values<br />

(CFU/100mL) from 1.4.10 5 to below the limit of determination. The condition for reuse of<br />

treated effluent almost reach the standard of Class 1 according to NBR 13969/1997,


9<br />

specifically regarding the microbial load. Further adjustments to reduce turbidity should<br />

include phase separation of the particulate TiO 2 detached from the ramp, as well as<br />

adjustment of the pH between 6 and 8. It would be possible with post-ozonation process in the<br />

FTC reactor without TiO 2 application. Future investigations for detoxification should give<br />

analytical applications that characterize the reasons for chronic toxicity to define potential<br />

methods of treatment to compose hybrid systems with WC's.<br />

Keywords: Constructed Wetlands; Catalytic Photoozonization; detoxification; domestic<br />

sewage; university sewage.


10<br />

LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1. Tipos de Wetlands....................................................................................................30<br />

Figura 2. Representação esquemática de um filtro plantado com macrófitas .........................32<br />

Figura 3. Exemplares de macrófitas aquáticas utilizadas no tratamento de águas residuárias<br />

em diferentes países..................................................................................................................35<br />

Figura 4. Representação do biofilme associado ao sistema radicular .....................................38<br />

Figura 5. Mecanismo simplificado para a fotoativação de um semicondutor.........................57<br />

Figura 6. Esquema geral com a descrição de cada etapa de tratamento da ETE UNISC e<br />

localização do experimento com wetlands construídos............................................................61<br />

Figura 7. Análises microbiológicas .........................................................................................63<br />

Figura 8. Interpretação dos resultados microbiológicos..........................................................64<br />

Figura 9. Procedimentos no Laboratório de Ecotoxicidade da UNISC..................................65<br />

Figura 10. Esquema do teste de toxicidade aguda...................................................................66<br />

Figura 11. Realização do teste de toxicidade crônica com Ceriodaphnia dubia no Laboratório<br />

de Ecotoxicologia da UNISC. ..................................................................................................68<br />

Figura 12. Plantas utilizadas na pesquisa. ...............................................................................70<br />

Figura 13. Configurações das unidades experimentais de tratamento por WC’s....................73<br />

Figura 14. Detalhe do controlador de vazão homogênea para as os sistemas experimentais de<br />

WC’s.........................................................................................................................................74<br />

Figura 15. Cano de PVC e mangueira flexível utilizados para a manutenção da altura do<br />

fluxo..........................................................................................................................................75<br />

Figura 16. Vista interior das caixas preenchidas com substrato de brita e areia mostrando a<br />

dimensão das caixas e de cada camada de substrato. ...............................................................76<br />

Figura 17. Curva granulométrica da areia utilizada nos wetlands construídos .......................76<br />

Figura 18. Detalhe interno dos defletores tipo “chicana” da caixa intermediária da<br />

configuração W3.......................................................................................................................77<br />

Figura 19. Fotoozonizador Catalítico Tipo Cone....................................................................78<br />

Figura 20. Detalhes do Fotoozonizador Catalítico Tipo Cone................................................79<br />

Figura 21. FTC ........................................................................................................................80<br />

Figura 22. Detalhe da inserção da ponta do equipo através de isolamento com rolha de cortiça<br />

nas caixas dos sistema WC’s....................................................................................................81<br />

Figura 23. Construção dos sistemas WC’s e plantio das mudas. ............................................82


11<br />

Figura 24. Pontos de coleta do afluente e efluente dos WC’s.................................................84<br />

Figura 25. Adaptações feitas no sistema de abastecimento dos WC’s....................................91<br />

Figura 26. Problemas ocorridos na partida dos WC’s.............................................................92<br />

Figura 27. Altura média de Hymenachne grumosa durante a fase I (Caixa 1: caixa inicial;<br />

Caixa 2: caixa intermediária e Caixa 3: caixa final).................................................................93<br />

Figura 28. Desenvolvimento de Hymenachne grumosa ao longo do experimento.................94<br />

Figura 29. Desenvolvimento de Hymenachne grumosa após a poda......................................95<br />

Figura 30. Produtividade de biomassa de Hymenachne grumosa na fase I ............................96<br />

Figura 31. Comprimento médio de raiz atingida por Hymenachne grumosa em cada uma das<br />

caixas dos sistemas ...................................................................................................................97<br />

Figura 32. Produtividade de biomassa de Myriophyllum aquaticum na fase I........................98<br />

Figura 33. Produtividade de biomassa de Myriophyllum aquaticum na fase II ......................99<br />

Figura 34. Concentrações efluentes de DQO nos WC’s durante a fase I..............................101<br />

Figura 35. Concentrações efluentes de DBO 5 nos WC’s durante a fase I.............................103<br />

Figura 36. Concentrações efluentes de NTK nos WC’s durante a fase I ..............................105<br />

Figura 37. Concentrações efluentes de N-NH 3 nos WC’s durante a fase I ...........................106<br />

Figura 38. Concentrações efluentes de Ptotal nos WC’s durante a fase I .............................108<br />

Figura 39. Resultados da toxicidade aguda para o afluente e efluente dos WC’s durante a fase<br />

I...............................................................................................................................................110<br />

Figura 40. Resultados da toxicidade crônica para o afluente e efluente dos WC’s durante a<br />

fase I .......................................................................................................................................110<br />

Figura 41. Comparativo de eficiência de W2 em fluxo contínuo (fase I) e intermitente (fase<br />

II) ............................................................................................................................................114<br />

Figura 42. Comportamento de DQO durante a fases II e III ................................................116<br />

Figura 43. Comportamento de DBO 5 durante as fases II e III ..............................................117<br />

Figura 44. Comportamento do NTK durante as fases II e III................................................118<br />

Figura 45. Comportamento do NH 3 durante as fases II e III ................................................118<br />

Figura 46. Comportamento do NO - 3 durante as fases II e III................................................119<br />

Figura 47. Comportamento do Ptotal durante as fases II e III ..............................................119<br />

Figura 48. Comportamento de redução de coliformes totais durante as fases II e III...........121<br />

Figura 49. Comportamento de Escherichia coli durante as fases II e III..............................121<br />

Figura 50. Resultados da toxicidade aguda para o afluente e efluente do W2 e após aplicação<br />

de fotoozonização catalíca nas fases II e III...........................................................................123


12<br />

Figura 51. Resultados de toxicidade crônica para o afluente e efluente do W2 e após<br />

aplicação de fotoozonização catalítica nas fases II e III.........................................................123<br />

LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1. Geração média de esgotos domésticos nos setores de serviços...............................23<br />

Tabela 2. Valores estabelecidos pela Resolução CONSEMA/RS 128/2006 para o descarte de<br />

efluentes domésticos.................................................................................................................24<br />

Tabela 3. Concentração de fósforo total e coliformes termotolerantes para o descarte de<br />

efluentes de acordo com a Resolução CONSEMA/RS 128/2006............................................25<br />

Tabela 4. Classes de água de reuso da NBR 13.969/1997 e padrões de qualidade.................27<br />

Tabela 5. Vantagens e limitações da fitorremediação .............................................................29<br />

Tabela 6. Principais componentes dos WC’s ..........................................................................32<br />

Tabela 7. Principais mecanismos atuantes na remoção de poluentes em WC’s......................41<br />

Tabela 8. Métodos analíticos para caracterização do efluente bruto e efluentes tratados nos<br />

sistemas WC’s ..........................................................................................................................62<br />

Tabela 9. Escala de toxicidade relativa para CE(I) 50 48h (%) com Dapnhia magna ..............67<br />

Tabela 10. Métodos aplicados nas determinações analíticas do tecido vegetal de Hymenachne<br />

grumosa ....................................................................................................................................71<br />

Tabela 11. Características operacionais para as unidades de WC’s durante regime de fluxo<br />

contínuo ....................................................................................................................................83<br />

Tabela 12. Frequência de amostragens dos parâmetros físico-químicos e biológicos durante o<br />

período de regime em fluxo contínuo.......................................................................................84<br />

Tabela 13. Frequência de amostragens dos parâmetros analíticos durante a Fase III .............86<br />

Tabela 14. Concentração média e desvio padrão dos parâmetros de qualidade do afluente ...89<br />

Tabela 15. Composição química da biomassa foliar de Hymenachne grumosa no W1 e W2 96<br />

Tabela 16. Vazão efluente média em uma hora nos WC’s....................................................100<br />

Tabela 17. Comparativo de eficiência de remoção de DQO em termos de concentração e de<br />

carga removida .......................................................................................................................103<br />

Tabela 18. Comparativo de eficiência de remoção de DBO 5 em termos de concentração e de<br />

carga removida .......................................................................................................................104<br />

Tabela 19. Comparativo de eficiência de remoção de NTK em termos de concentração e de<br />

carga removida .......................................................................................................................106<br />

Tabela 20. Comparativo de eficiência de remoção de NH 3 em termos de concentração e de<br />

carga removida .......................................................................................................................107


13<br />

Tabela 21. Comparativo de eficiência de remoção de Ptotal em termos de concentração e de<br />

carga removida .......................................................................................................................108<br />

Tabela 22. Concentração média e desvio padrão (DP) dos efluentes dos WC’s durante a fase<br />

I...............................................................................................................................................113<br />

Tabela 23. Resultados médios e desvio padrão (DP) dos WC’s durante a fase II.................115<br />

Tabela 24. Comportamento médio e desvio padrão (DP) dos parâmetros gerais durante a fase<br />

III ............................................................................................................................................124


14<br />

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS<br />

ABNT<br />

AOAC<br />

APHA/AWWA<br />

CNRH<br />

COD<br />

CONAMA<br />

CONSEMA<br />

COT<br />

CTC<br />

d 10<br />

d 60<br />

DBO 5<br />

DQO<br />

E<br />

CE(I) 50<br />

Eh<br />

ET<br />

ETE<br />

eV<br />

FEPAM<br />

FH<br />

FT<br />

FTC<br />

IBGE<br />

CI(I) 50<br />

IWA<br />

LATTAE<br />

NBR<br />

NMP<br />

NTU<br />

OMS<br />

Associação Brasileira de Normas Técnicas<br />

Associação Oficial dos Químicos Analíticos; do inglês Association of Official<br />

Analytical Chemists<br />

Associação Americana de Saúde Pública - Métodos Padrões para a<br />

Análise de Água e Efluente; do inglês American Public Health Association –<br />

Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater<br />

Conselho Nacional de Recursos Hídricos<br />

Carbono Orgânico Dissolvido<br />

Conselho Nacional do Meio Ambiente<br />

Conselho Estadual do Meio Ambiente (Rio Grande do Sul)<br />

Carbono Orgânico Total<br />

Capacidade de Troca Catiônica<br />

Corresponde a 10% em peso total das partículas menores que ele<br />

Corresponde a 60% em peso total das partículas menores que ele<br />

Demanda Bioquímica de Oxigênio em 5 dias<br />

Demanda Química de Oxigênio<br />

Evaporação<br />

Concentração Efetiva Inicial Mediana<br />

Potencial de redução ou potencial redox<br />

Evapotranspiração<br />

Estação de Tratamento de Esgoto<br />

Elétron-Volt<br />

Fundação de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler<br />

Fotocatálise Heterogênea<br />

Fator de Toxicidade<br />

Fotorreator Tipo Cone<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

Concentração de Inibição<br />

Associação Internacional da Água; do inglês International Water Association<br />

Laboratório de Tecnologia de Tratamento de Águas e Efluentes<br />

Norma brasileira de regulamentação técnica<br />

Número Mais Provável<br />

Unidade Nefelométrica de Turbidez; do inglês Nephelometric Turbidity Unity<br />

Organização Mundial de Saúde


15<br />

PEAD<br />

pH<br />

PMS<br />

POA’s<br />

PROSAB<br />

Ptotal<br />

Q<br />

SAC’s<br />

SSedim<br />

SS<br />

SSF<br />

SST<br />

T<br />

TDH<br />

U<br />

UASB<br />

UFC<br />

uT<br />

USEPA<br />

UV<br />

UV/TiO 2 /O 3<br />

WC’s<br />

W1<br />

W2<br />

W3<br />

W4<br />

Polietileno de Alta Densidade<br />

Potencial Hidrogeniônico<br />

Plano Municipal de Saneamento<br />

Processos Oxidativos Avançados<br />

Programa de Pesquisa em Saneamento Básico<br />

Fósforo total<br />

Vazão<br />

Sistemas Alagados Construídos<br />

Sólidos sedimentáveis<br />

Sólidos em suspensão<br />

Sólidos Suspensos Fixos<br />

Sólidos Suspensos totais<br />

Transpiração<br />

Tempo de detenção hidráulica<br />

Coeficiente de Uniformidade<br />

Digestor Anaeróbio de Fluxo Ascendente; do inglês Upflow Anaerobic Sludge<br />

Blanket<br />

Unidades Formadoras de Colônias<br />

Unidade de Turbidez<br />

Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos; do ingles United States<br />

Environmental Protection Agency<br />

Ultravioleta<br />

Fotoozonização Catalítica<br />

Wetlands construídos<br />

Sistema subsuperficial vegetado com Hymenachne grumosa<br />

Sistema subsuperficial vegetado com Hymenachne grumosa e estufa<br />

Sistema vegetado com intermediário de macrófita submersa Myriophyllum<br />

aquaticum<br />

Sistema com substrato (sem vegetação)


16<br />

SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 18<br />

2 OBJETIVOS.................................................................................................................. 22<br />

2.1 Objetivo geral............................................................................................................. 22<br />

2.2 Objetivos específicos ................................................................................................. 22<br />

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................... 23<br />

3.1 Fontes de esgotos domésticos nos chamados setores de serviços.............................. 23<br />

3.2 Wetlands Construídos (WC’s) ................................................................................... 28<br />

3.2.1 Componentes de WC’s ............................................................................................... 31<br />

3.2.1.1 Substrato .................................................................................................................. 33<br />

3.2.1.2 Macrófitas aquáticas................................................................................................ 34<br />

3.2.1.3 Biofilme microbiano................................................................................................ 37<br />

3.2.1.4 Regime hidráulico: tipos de escoamento................................................................. 38<br />

3.3 Mecanismos para redução de cargas poluidoras nos WC’s ....................................... 40<br />

3.3.1 Sedimentação/Filtração .............................................................................................. 42<br />

3.3.2 Precipitação ................................................................................................................ 43<br />

3.3.3 Adsorção..................................................................................................................... 44<br />

3.3.4 Evapotranspiração ...................................................................................................... 45<br />

3.3.5 Volatilização............................................................................................................... 46<br />

3.3.6 Troca Iônica................................................................................................................ 47<br />

3.3.7 Transformações microbianas...................................................................................... 48<br />

3.3.8 Assimilação pelas plantas/tecidos vivos..................................................................... 49<br />

3.4 Sistemas integrados de tratamento de esgoto doméstico via WC’s ........................... 50<br />

4 METODOLOGIA......................................................................................................... 60<br />

4.1 Caracterização do local de estudo .............................................................................. 60<br />

4.2 Caracterização analítica do afluente e efluente.......................................................... 61<br />

4.3 Caracterização das macrófitas aquáticas.................................................................... 69<br />

4.4 Configuração e montagem dos WC’s e suas unidades integradas ............................. 72<br />

4.5 Fotoozonizador Catalítico Tipo Cone (FTC) ............................................................. 77<br />

4.6 Ensaios de tratamento ................................................................................................ 80


17<br />

4.6.1 Construção das configurações dos WC’s e operação em regime de fluxo contínuo<br />

(Fase I)................................................................................................................................. 82<br />

4.6.2 Operação do sistema W2 (coberto por estufa) em regime de batelada (Fase II)........ 85<br />

4.6.3 Fotoozonização catalítica através de Fotorreator Tipo Cone (FTC) (Fase III) .......... 86<br />

4.6.4 Aquisição e análises de dados .................................................................................... 86<br />

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................ 88<br />

5.1 Caracterizações do local de estudo e do afluente da ETE-UNISC ............................ 88<br />

5.2 Ensaios de tratamento ................................................................................................ 90<br />

5.2.1 Detalhamento da operação de partida dos WC’s........................................................ 90<br />

5.2.2 Crescimento das plantas e produção de biomassa...................................................... 92<br />

5.2.3 Fitorremediação em fluxo contínuo (Fase I) .............................................................. 99<br />

5.2.4 Fitorremediação em regime de batelada (Fase II) .................................................... 114<br />

5.2.5 Fotoozonização catalítica (Fase III) ......................................................................... 116<br />

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 125<br />

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 127<br />

Anexo A - Laudo da caracterização analítica do afluente................................................. 141<br />

Anexo B - Condições climáticas durante o experimento .................................................. 142<br />

Anexo C - Laudo do tecido vegetal de Hymenachne grumosa......................................... 143<br />

Anexo D - Comportamento analítico dos parâmetros em todas as amostragens durante a<br />

Fase I ................................................................................................................................. 145<br />

Anexo E – Comportamento analítico dos parâmetros em todas as amostragens durante a<br />

Fase II ................................................................................................................................ 152<br />

Anexo F - Comportamento geral dos parâmetros amostrados na Fase III........................ 155


18<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Os dados brasileiros de saneamento apontam para graves implicações higiênicosanitárias,<br />

econômicas e sociais e que carecem de aplicação do gerenciamento de forma<br />

integrada dos recursos hídricos. Fatores como este, e, o aumento das enfermidades por<br />

veiculação hídrica, corrobora com a necessidade urgente de desenvolvimento de<br />

tecnologias adaptadas às realidades regionais, mais baratas, eficientes e de fácil<br />

manutenção (ABRAHÃO, 2006; KADLEC & KNIGHT, 1996; PHILIPPI & SEZERINO,<br />

2004; ROQUE, 1997; SALATI JR. et al., 1999; SANDES, 2008; VOESE, 2008).<br />

Diante disso, alguns trabalhos estão sendo desenvolvidos na busca de tecnologias<br />

capazes de minimizar a toxicidade dos efluentes antes do lançamento nos corpos<br />

receptores, tratamento da água para abastecimento público e recuperação dos ecossistemas<br />

já impactados pelas atividades antrópicas (CUNHA, 2006; HERNANDO et al., 2005).<br />

Entre as técnicas de tratamento de efluentes domésticos usualmente empregadas a<br />

partir de redes coletoras, pode-se mencionar: lagoas anaeróbias; aeróbias e facultativas;<br />

lodos ativados; reatores anaeróbios e mais recentemente fitorremediação com macrófitas<br />

flutuantes e áreas úmidas ou wetlands construídos (MAZZOLA, 2003; PHILIPPI &<br />

SEZERINO, 2004; METCALF & EDDY, 2003; VON SPERLING, 2005). Entretanto, para<br />

o tratamento descentralizado nas residências, o processo mais comum inclui fossa séptica e<br />

sumidouro, sendo que a combinação fossa séptica e filtro anaeróbio também vem se<br />

tornando bastante comum. A opção sumidouro pode ser alternada para destinação em rede<br />

cloacal quando da disponibilidade.<br />

No contexto das demandas de saneamento no Brasil, o planejamento de<br />

desenvolvimento deveria considerar o atendimento e aplicação de dois extremos: regiões<br />

totalmente isentas de infraestrutura e algumas cidades onde os processos apenas anaeróbios<br />

de tratamento devam evoluir para agregar processos redutores do impacto eutrofizante,<br />

infectante e tóxico. Outra discussão importante para o sistema de saneamento é a adoção<br />

das unidades centrais de tratamento e aquelas descentralizadas.<br />

Especialmente para os sistemas descentralizados de tratamento de águas residuárias<br />

domésticas a demanda por pesquisas e aplicações de sistemas mais eficientes é maior.


19<br />

Neste sentido, agregar processos que permitam reduzir o potencial eutrofizante e<br />

potencializar o reuso das águas se faz necessário. Além do mais os aspectos operacionais,<br />

custo de implantação e manutenção e paisagismo são predicados para os investimentos na<br />

construção civil. Neste contexto, a fitorremediação aparece como opção pesquisada e<br />

aplicada (BRIX, 1997; PHILIPPI & SEZERINO, 2004; SEZERINO, 2006; VALENTIM,<br />

1999).<br />

A fitorremediação é uma tecnologia que desperta grande interesse mundial e surge,<br />

como uma alternativa para o tratamento de efluentes (KHAN, 2001; KADLEC &<br />

KNIGHT, 1996). Pode-se conceituar de forma simplificada, que fitorremediação é o uso de<br />

plantas e os microrganismos a elas associados, como técnica utilizada para a contenção,<br />

isolamento, remoção ou redução das concentrações de contaminantes em meio sólido,<br />

líquido ou gasoso (USEPA, 2000).<br />

As tendências de pesquisas em tratamento de efluentes abordam a remediação mais<br />

limpa, o reuso das águas, a recuperação de energia e nutrientes, a integração de métodos e<br />

processos e a análise do ciclo de vida. A fitorremediação através de wetlands construídos<br />

associa tais vantagens por ser um sistema de simples operação, baixo custo de implantação<br />

e manutenção, não exige mão-de-obra qualificada e com baixo consumo energético. Além<br />

disso, é uma alternativa diante da enorme heterogeneidade da sociedade brasileira, na qual<br />

são necessárias tecnologias simples e de baixo custo para o tratamento de esgotos,<br />

incluindo a utilização do efluente (TAVARES, 2004). Alternativas ambientalmente<br />

sustentáveis, empregadas sob a ótica da descentralização, são apontadas na literatura,<br />

destacando-se a utilização de sistemas naturais para o tratamento dos esgotos (SEZERINO<br />

et al., 2005). De acordo com Sezerino (2006), os sistemas wetlands construídos já vem<br />

sendo usados por países desenvolvidos como alternativa tecnológica para o tratamento de<br />

esgotos e na promoção do saneamento rural.<br />

A técnica de wetlands construídos como tratamento de efluentes vem sendo<br />

estudada por inúmeros grupos de pesquisa no intuito de desenvolver formas e arranjos para<br />

promover a depuração da matéria carbonácea, além de polimento ou remoção de nutrientes<br />

(PHILIPPI & SEZERINO, 2004). A expressão constructed wetlands é utilizada<br />

internacionalmente para a identificação deste tipo de sistema, que no Brasil ainda não tem<br />

um único nome. São utilizados termos como “zona de raízes”, “terras úmidas”, “leitos


20<br />

cultivados”, “áreas alagadas construídas”, “sistemas alagados construídos (SACs)”<br />

(BORGES, 2007), “leito de macrófitas”, “banhados construídos”, “sistemas fitopedológicos”<br />

e “filtros plantados com macrófitas” (PHILIPPI & SEZERINO, 2004) sendo<br />

que se optou pela denominação “wetlands construídos” (WC’s) que preferencialmente será<br />

utilizada ao longo desta pesquisa por ser de cunho internacional.<br />

Apesar dos ganhos ambientais dos WC’s, os fatores de carga poluente para NTK e<br />

Ptotal estabelecem exigências de área superficial que podem inviabilizar a aplicação dos<br />

alagados construídos. Para atenuação deste problema surge a estratégia de integrar<br />

processos que possam reduzir por pré-tratamento os fatores de carga e complementar como<br />

polimento as exigências legais e normativas que tendem a crescer na legislação ambiental,<br />

como a Resolução 129/2006 do Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA) do<br />

Estado do Rio Grande do Sul referente à toxicologia.<br />

A possibilidade de integração de tecnologias simples e de baixo custo, como<br />

reatores anaeróbios e WC’s já tem sido testada por diversos autores (ANDRADE NETO,<br />

1997; ALMEIDA 2005; SEZERINO et al., 2003; OLGUÍN et al., 1994; SOUSA et al.,<br />

2000; SOUSA et al., 2001; SOUSA et al., 2003; NUVOLARI, 2003; CHERNICHARO,<br />

1997) e permitem integrar as vantagens de ambos os tratamentos. Associando-se aos WC’s<br />

métodos de desinfecção e detoxificação como os Processos Oxidativos Avançados<br />

(POA’s), poderá também ser possível a geração de tratamento de alta eficiência, permitindo<br />

o reaproveitamento de efluentes tratados, minimizando assim o consumo de água e energia<br />

(ANTONIADIS, 2010; GRAFIAS, 2010).<br />

Dentre os processos de desinfecção, os POA’s são considerados uma alternativa<br />

promissora, pois além de desinfetar são capazes de detoxificar, descolorir, aumentar a<br />

biodegradabilidade de efluentes entre outras vantagens como o custo operacional baixo<br />

(JARDIM & TEIXEIRA, 2004). Assim, a utilização de POA’s para a desinfecção e<br />

detoxificação de efluentes domésticos está se tornando cada vez mais pesquisada e<br />

potencializada para a aplicação (PROSAB, 2001). Dentre os POA’s, a fotocatálise é o<br />

processo mais pesquisado para tratamento de efluentes domésticos, especialmente UV/TiO 2<br />

(NOGUEIRA & JARDIM, 1995; JARDIM & TEIXEIRA, 2004; DANIEL, 2001). Mais<br />

recentemente a combinação radiação ultravioleta (UV), ozonização (O 3 ) e o dióxido de<br />

titânio (TiO 2 ) gerou um processo conhecido como Fotoozonização Catalítica (UV/TiO 2 /O 3 )


21<br />

que potencializa melhorias, pois agrega aceptor eletrônico capaz de melhorar a cinética do<br />

processo (KÜHN FILHO, 2009; LOURENÇO, 2008; HUR et al., 2005).<br />

Assim, esta pesquisa avaliou a integração de métodos de tratamento de efluentes<br />

(WC’s + UV/TiO 2 /O 3 ) para a geração de tratamento de alta eficiência com adoção de<br />

conceitos de sustentabilidade para os processos de remediação.


22<br />

2 OBJETIVOS<br />

2.1 Objetivo geral<br />

Avaliar a integração de métodos (WC’s + UV/TiO 2 /O 3 ) de tratamento de efluentes<br />

de campus universitário caracterizando a eficiência em termos de parâmetros gerais de<br />

carga poluente e ensaios ecotoxicológicos.<br />

2.2 Objetivos específicos<br />

• Caracterizar os efluentes do campus central da UNISC com amostragem a partir<br />

do ponto de equalização para a unidade piloto de tratamento;<br />

• Avaliar configurações diferenciadas de fitorremediação a partir da análise de<br />

parâmetros químicos, físicos, físico-químicos, biológicos e ecotoxicológicos;<br />

• Determinar a eficiência do processo de fitorremediação combinado com a<br />

fotoozonização catalítica;<br />

• Estimar a potencialidade de reuso do efluente final do sistema de melhor<br />

desempenho.


23<br />

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA<br />

3.1 Fontes de esgotos domésticos nos chamados setores de serviços<br />

Um campus universitário, se enquadra nos chamados setores de serviços (Shopping<br />

Center, escolas, centros de eventos, teatro) que se distinguem por serem geradores de<br />

efluente doméstico bastante característico em concentração e quantidade. Em termos de<br />

concentração, tendem a serem ricos em nitrogênio amoniacal uma vez que o público<br />

temporário geralmente utiliza os sanitários apenas como mictório. Assim, o esgoto<br />

doméstico gerado em uma universidade tende a ser pobre em matéria orgânica e rico em<br />

nitrogênio amoniacal. Em termos de quantidade, a geração de esgoto doméstico em uma<br />

universidade pode ser considerada tanto para a população temporária quanto para os<br />

funcionários, como sendo de 50 L pessoa -1 d -1 , pois os funcionários se enquadrariam como<br />

funcionários de escritório conforme a NBR 7229 (ABNT, 1993). Na Tabela 1 é mostrada a<br />

geração média per capita em setores de serviços utilizados como referência no Brasil.<br />

Tabela 1. Geração média de esgotos domésticos nos setores de serviços<br />

Estabelecimento Unidade Geração média de<br />

esgoto (L)<br />

Hotel (exceto lavanderia e cozinha) Pessoa 100<br />

Alojamento provisório Pessoa 80<br />

2. Ocupantes temporários<br />

- fábrica em geral Pessoa 70<br />

- escritório Pessoa 50<br />

- edifícios públicos ou comerciais Pessoa 50<br />

- escola (externato) e locais de longa Pessoa 50<br />

permanência<br />

- bares Pessoa 6<br />

- restaurantes e similares Refeição 25<br />

- cinema, teatro e locais de curta permanência Lugar 2<br />

- sanitários públicos (A) Bacia sanitária 480<br />

Fonte: NBR 7229/1993.<br />

(A) estação rodoviária, ferroviária, estádio esportivo).


24<br />

A Resolução 357/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA)<br />

estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes em águas superficiais. Em<br />

seu capítulo IV Art. 24, estabelece que “Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente<br />

poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água, após o devido<br />

tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta<br />

Resolução e em outras normas aplicáveis”. Esta Resolução reporta valores máximos<br />

permitidos para lançamento de compostos nitrogenados, expresso como nitrogênio<br />

amoniacal, uma concentração de 20 mg L -1 . A Resolução trouxe a noção de efeitos<br />

toxicológicos a organismos aquáticos no enquadramento das águas.<br />

A Resolução 128/2006 do CONSEMA do estado do Rio Grande do Sul fixa os<br />

critérios e padrões de emissão de efluentes líquidos para as fontes geradoras que lancem<br />

seus efluentes em águas superficiais no Estado. Sendo que a vazão dos efluentes líquidos<br />

deve ter uma relação com a vazão de referência do corpo hídrico receptor de modo que o<br />

seu lançamento não implique em qualidade do corpo hídrico receptor inferior àquela<br />

estabelecida para a classe na qual ele está enquadrado. Para os efluentes líquidos<br />

domésticos, a Resolução estabelece valores de descarte de acordo com a vazão efluente<br />

(Tabela 2).<br />

Tabela 2. Valores estabelecidos pela Resolução CONSEMA/RS 128/2006 para o descarte de efluentes<br />

domésticos<br />

Faixa de vazão (m 3 d -1 ) DBO 5 (mg O 2 L -1 ) DQO (mg O 2 L -1 ) SS (mg L -1 )<br />

Q


25<br />

Tabela 3. Concentração de fósforo total e coliformes termotolerantes para o descarte de efluentes de acordo<br />

com a Resolução CONSEMA/RS 128/2006<br />

Faixa de vazão Fósforo Total Coliformes Termotolerantes<br />

(m 3 d -1 )<br />

Concentração<br />

(mg P L -1 )<br />

Eficiência<br />

(%)<br />

Concentração<br />

(NMP/100mL)<br />

Q < 200 - - - -<br />

200 ≤ Q < 500 - - 10 6 90<br />

500 ≤ Q < 1000 - - 10 5 95<br />

1000 ≤ Q < 2000 3 75 10 5 95<br />

2000 ≤ Q < 10.000 2 75 10 4 95<br />

10.000 ≤ Q 1 75 10 3 99<br />

Fonte: Resolução CONSEMA nº 128/06.<br />

Eficiência<br />

(%)<br />

A Resolução 129/2006 do CONSEMA/RS dispõe sobre os critérios e padrões de<br />

emissão para toxicidade de efluentes lançados em águas superficiais no Estado do Rio<br />

Grande do Sul. Em relação ao esgoto doméstico, tal Resolução aplica-se para fontes<br />

geradoras individualizadas de vazão igual ou superiores a 10.000 m 3 d -1 . A Resolução<br />

estabelece prazos para as fontes geradoras se adequarem aos níveis permitidos de<br />

toxicidade, sendo que vazão igual ou maior que 10.000 m 3 d -1 e menores que 30.000 m 3 d -1 ,<br />

estabelece prazo de: 1) oito anos para não apresentar toxicidade aguda em organismos-teste<br />

de pelo menos três diferentes níveis tróficos (Fator de Toxicidade (FT)=1; efeito não<br />

observado); 2) prazo de 12 anos para o efluente não apresentar toxicidade crônica para<br />

organismos-teste de pelo menos dois diferentes níveis tróficos; e, 3) prazo de 14 anos para<br />

o efluente não apresentar genotoxicidade. Em relação a vazões superiores o que muda são<br />

os prazos, sendo que para vazões iguais ou maiores que 30.000 m 3 d -1 e menor que 50.000<br />

m 3 dia -1 , os prazos são de oito, dez e 12 anos para cumprir as mesmas metas; e para vazões<br />

iguais ou maiores que 50.000 m 3 d -1 os prazos são de seis, oito e dez anos para o<br />

cumprimento das metas de toxicidade (CONSEMA, 2006).<br />

Todas essas resoluções regulamentam os níveis máximos permitidos para o descarte<br />

de efluentes líquidos em águas superficiais, contudo, atualmente as possibilidades de reuso<br />

destes efluentes estão sendo, a cada dia, mais estudadas e necessárias em função da<br />

escassez de água potável, sendo que através do reuso o efluente pode ser aplicado em usos<br />

menos restritivos.<br />

Outro aspecto a ser salientado é a dificuldade em operar e conceber adequadamente<br />

sistemas de tratamento que tenham eficiência para a redução do potencial eutrofizante e


26<br />

toxicológicos. Apesar de diminuir a restrição dos valores de emissões para NTK e Ptotal, a<br />

Resolução 128/2006 do CONSEMA/RS não é atendida para muitas unidades de tratamento<br />

que não configuraram adequadamente os fatores de carga poluente e a configuração mista<br />

dos sistemas óxico e anóxico. Quanto à toxicologia, o não cumprimento dos padrões limites<br />

ainda é mais crítico, pois a Resolução 129/2006 do CONSEMA/RS estabelece FT=1 para<br />

controle analítico com três níveis tróficos após 8 anos da sua publicação.<br />

Segundo Beekman (1996), como a demanda pela água continua a crescer, o retorno<br />

das águas servidas através do reuso vem se tornando um componente importante no<br />

planejamento, desenvolvimento e utilização dos recursos hídricos. A utilização das águas<br />

servidas para propósitos de uso não potável, como na agricultura, representa um potencial a<br />

ser explorado em substituição à utilização de água tratada e potável. Assim, o reuso de água<br />

para diversos fins, incluindo a irrigação, surge como alternativa para aumentar a oferta de<br />

água, garantindo economia do recurso e racionalização do uso desse bem.<br />

A prática do reuso em sistemas proporciona benefícios ambientais significativos,<br />

pois além de permitir que um volume maior de água permaneça disponível para outros<br />

usos, em certas condições, pode reduzir a poluição hídrica por meio da minimização da<br />

descarga de efluentes.<br />

Em relação aos esgotos domésticos, estão sendo implantados os chamados sistemas<br />

de reutilização principalmente das águas cinzas para diversos fins (KACKZALA, 2005).<br />

Diversos países já utilizam essa tecnologia e possuem regulamentação específica na<br />

temática. Porém o Brasil ainda está em fase inicial na efetivação e regulamentação da<br />

técnica, com grande potencial de crescimento.<br />

A primeira regulamentação que tratou de reuso de água no Brasil foi a NBR<br />

13969/1997 (ABNT, 1997). Nesta norma, o reuso é abordado como uma opção à destinação<br />

de esgotos de origem essencialmente doméstica ou com características similares. Quatro<br />

classes de água de reúso e seus respectivos padrões de qualidade foram definidos na norma<br />

e são apresentados na Tabela 4.


27<br />

Tabela 4. Classes de água de reuso da NBR 13.969/1997 e padrões de qualidade<br />

Água de reuso Aplicações Padrões de Qualidade<br />

Classe 1 Lavagem de carros e outros Turbidez < 5 uT<br />

usos com contato direto com o Coliformes termotolerantes < 200<br />

usuário<br />

NMP/100mL<br />

Sólidos Dissolvidos Totais < 200 mg L -1<br />

pH entre 6 e 8<br />

Cloro residual entre 0,5 a 1,5 mg L -1<br />

Classe 2<br />

Lavagem de pisos, calçadas e<br />

irrigação de jardins,<br />

manutenção de lagos e canais<br />

paisagísticos, exceto chafarizes<br />

Turbidez < 5 uT<br />

Coliformes termotolerantes < 500<br />

NMP/100mL<br />

Cloro residual superior a 0,5 mg L -1<br />

Classe 3 Descargas em vasos sanitários Turbidez < 10 uT<br />

Coliformes termotolerantes < 500 NMP/100<br />

mL<br />

Classe 4<br />

Fonte: NBR 13969/1997.<br />

Irrigação de pomares, cereais,<br />

forragens, pastagens para gado<br />

e outros cultivos através de<br />

escoamento superficial ou por<br />

sistema de irrigação pontual<br />

Coliformes termotolerantes < 5000 NMP/100<br />

mL<br />

Oxigênio dissolvido > 2 mg L -1<br />

Com o crescente interesse pelo tema, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos<br />

(CNRH), publicou a Resolução 54/2005, que estabelece os critérios gerais para a prática de<br />

reúso direto não potável de água. Nessa resolução, são definidas as cinco modalidades de<br />

reúso de água:<br />

- Reuso para fins urbanos: utilização de água de reúso para fins de irrigação paisagística,<br />

lavagem de logradouros públicos e veículos, desobstrução de tubulações, construção civil,<br />

edificações, combate a incêndio dentro da área urbana;<br />

- Reuso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reúso para produção agrícola e<br />

cultivo de florestas plantadas;<br />

- Reuso para fins ambientais: utilização de água de reuso para implantação de projetos de<br />

recuperação do meio ambiente;<br />

- Reuso para fins industriais: utilização de água de reuso em processos, atividades e<br />

operações industriais;<br />

- Reuso na aqüicultura: utilização de água de reúso para a criação de animais ou cultivo de<br />

vegetais aquáticos.<br />

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (IBGE, 2002),<br />

implantar um sistema de saneamento básico em todo o Brasil exigiria muito investimento


28<br />

financeiro. Além de que as condições geográficas na qual o país possui características<br />

territoriais urbanas e rurais tornaria isto praticamente inviável. Uma maneira de resolver<br />

este problema, principalmente para a zona rural seria a implantação de sistemas<br />

descentralizados, que são uma forma tecnológica para o meio ambiente e para a economia.<br />

3.2 Wetlands Construídos (WC’s)<br />

A fitorremediação é um processo no qual as plantas são utilizadas para o tratamento<br />

de solos, águas ou ar contaminados. A fitorremediação é definida como sendo o uso de<br />

sistemas vegetais e sua microbiota com a finalidade remover, capturar ou degradar<br />

substâncias tóxicas do ambiente (COSTA, 2004), degradar e sequestrar poluentes orgânicos<br />

e inorgânicos (RASKIN et al., 1994), sendo considerada uma tecnologia alternativa para o<br />

tratamento de efluentes domésticos e industriais (KHAN, 2001).<br />

Andrade et al. (2007) salientam que as plantas e bactérias interagem<br />

simbioticamente de forma que as plantas produzem, por meio da fotossíntese, a maior parte<br />

do oxigênio utilizado pelas bactérias aeróbias na degradação da matéria orgânica. As<br />

bactérias, por sua vez, liberam pela respiração o CO 2 que é empregado pelas algas e plantas.<br />

Outra simbiose que pode maximizar a eficiência da fitorremediação do meio aquático é a<br />

presença de micorrizas (fungos), o que aumenta a absorção de água e elementos<br />

inorgânicos pela planta.<br />

Sendo assim, este método é eficiente e tem baixo custo de implantação, pois as<br />

plantas aquáticas atuam como “agente purificador”, justificado pela intensa absorção de<br />

nutrientes e rápido crescimento, como também por oferecer amplas possibilidades de<br />

aproveitamento da biomassa colhida (GRANATO, 1995).<br />

Críticas ao tratamento de águas residuárias por sistemas de fitorremediação também<br />

são citadas, como por exemplo, a pesquisa de Helfield e Diamond (1997) que comentam<br />

que sistemas de fitorremediação na forma de alagados construídos não devem ser usados<br />

com dupla finalidade – melhoria na qualidade da água e recuperação do habitat aquático –<br />

uma vez que os riscos de biomagnificação de compostos tóxicos são significantes.


29<br />

Portanto, a fitorremediação, como todos os sistemas de tratamento de águas<br />

residuárias apresenta vantagens, assim como pode possuir algumas limitações como as<br />

expostas na Tabela 5.<br />

Tabela 5. Vantagens e limitações da fitorremediação<br />

Vantagens<br />

Limitações<br />

Baixo custo<br />

Os metais são remediados, se estiverem ao alcançe das<br />

raízes<br />

Melhoria da paisagem<br />

Tecnologia ainda em desenvolvimento e, portanto, ainda<br />

não aceita por organismos reguladores<br />

Reduzido impacto ambiental<br />

Aceitação pelo público<br />

O produto final (planta) pode ser<br />

valorizado economicamente.<br />

Reciclagem dos metais.<br />

Processo mais facilmente<br />

controlado do que com os<br />

microrganismos<br />

Tecnologia que fornece a sua<br />

própria energia (fotossíntese)<br />

Tratamento mais lento que as técnicas físico-químicas<br />

tradicionais (mesmo tempo de crescimento da planta)<br />

Se as concentrações de metais são muito tóxicas, a<br />

vegetação pode não se desenvolver<br />

Conhece-se pouco sobre o cultivo, genética, reprodução e<br />

as doenças das plantas fitorremediadoras<br />

Pode haver propagação da contaminação na cadeia<br />

alimentar se as plantas acumuladoras forem ingeridas por<br />

animais<br />

Se as plantas liberarem compostos que permitam o aumento<br />

da mobilidade dos metais estes em vez de serem<br />

assimilados pelas plantas podem ser lavados pelas águas<br />

subterrâneas<br />

A colheita das plantas que<br />

acumulam os metais pesados é fácil<br />

de realizar com a tecnologia<br />

existente<br />

Fonte: Adaptado de COSTA (2004); COOPER & FINDLATER (1990).<br />

As plantas geralmente são seletivas nos metais a remediar,<br />

embora possam remediar mais de um metal<br />

No entanto, algumas das limitações apresentadas na Tabela 5 a partir de Costa<br />

(2004) e Cooper & Findlater (1990) já poderiam ser consideradas como superadas, pois já<br />

existem vários WC’s licenciados por órgãos reguladores ambientais e com controle de<br />

impermeabilização que não permite a contaminação das águas subterrâneas.<br />

O uso da fitorremediação através dos chamados wetlands construídos foi idealizado<br />

a partir da observação dos processos presentes em alagados naturais (BORGES, 2007)<br />

(Figura 1A), pois estes propiciam os processos de autodepuração por estarem


30<br />

constantemente inundados como é o caso das chamadas regiões pantanosas, banhados e<br />

brejos. Trata-se de um ecossistema equilibrado, com a reciclagem de nutrientes através da<br />

interação entre água, vegetais e solo, obtida através de processos biogeoquímicos<br />

(SANDES, 2008).<br />

Nestes sistemas ocorre uma combinação de processos físicos, químicos e<br />

biológicos, incluindo sedimentação, precipitação, adsorção de partículas no solo,<br />

assimilação pelo tecido da planta e transformação bacteriana (BRIX, 1993), adsorção e<br />

oxidação de metais, simultaneidade na digestão aeróbia e anaeróbia de compostos<br />

orgânicos transformando estes em produtos menos danosos ao meio ambiente inclusive<br />

com nutrientes essenciais para biota dos WC’s (FERREIRA & ANJOS, 2003; KADLEC,<br />

1998; KADLEC & KNIGHT, 1996).<br />

Os WC’s são, pois, ecossistemas artificiais com diferentes tecnologias, utilizando os<br />

princípios básicos de modificação da qualidade da água dos wetlands naturais (KADLEC &<br />

KNIGT, 1996) (Figura 1B).<br />

Figura 1. Tipos de Wetlands. A: wetland natural no banhado da Estação Ecológica do Taim. B: wetland<br />

construído no Curtume Saigon Tan Tec, Ho Chi Min, Vietnan.<br />

Fonte. A: Autora. B: Tiago <strong>Horn</strong>, 2010.<br />

As propriedades dos wetlands incluem alta produtividade das plantas neles presentes,<br />

existência de grandes superfícies de adsorção no solo e nas plantas, interface<br />

aeróbica/anaeróbica e população microbiológica ativa (URBANIC-BERCIC, 1994). Os<br />

alagados artificiais ou WC’s podem ser considerados filtros biológicos nos quais os<br />

microrganismos (aeróbios e anaeróbios) e as macrófitas aquáticas são os principais


31<br />

responsáveis pela purificação da água (WOOD, 1995). Assim, o princípio de<br />

funcionamento dos WC’s é a associação da fitorremediação e processos físico-químicos<br />

nos quais segundo Marques (1999), há uma otimização das propriedades relativas às<br />

funções e ciclagem dos nutrientes, remoção de matéria orgânica, princípios ativos e metais.<br />

3.2.1 Componentes de WC’s<br />

O uso de alagados construídos (WC’s) para o tratamento secundário e terciário visa,<br />

sobretudo, propiciar a conservação destes sistemas alagados naturais otimizando os<br />

resultados para o tratamento de poluentes como a matéria orgânica, reciclando nutrientes e<br />

melhorando a qualidade do efluente tratado (SANTIAGO, 2005).<br />

Estes sistemas apresentam elevada capacidade de remoção de SST devido à<br />

filtração; remoção de DBO 5 e bactérias, proporcionada pela transferência de oxigênio até a<br />

zona radicular das plantas; grande capacidade de desnitrificação (COOPER, 1998). Ainda<br />

assim, pode-se destacar o baixo custo de implantação, a alta produção de biomassa que<br />

pode ser utilizada na alimentação animal, e a alta eficiência de melhoria dos parâmetros que<br />

caracterizam os recursos hídricos (PHILIPPI & SEZERINO, 2004).<br />

Contudo, é a finalidade do tratamento de efluentes via WC’s que vai determinar a<br />

escolha dos materiais a serem empregados, o fluxo de escoamento, as macrófitas a serem<br />

empregadas, bem como a utilização de unidades de tratamento primário que antecedem os<br />

WC’s (PHILIPPI & SEZERINO, 2004).<br />

Apesar das inúmeras vantagens que os WC’s podem apresentar, esta tecnologia ainda<br />

é nova no Brasil, mas vem ganhando espaço na área da Tecnologia Ambiental,<br />

principalmente em pesquisas de diversas universidades (SILVEIRA, 2010). A Figura 2<br />

mostra a disposição dos componentes dos WC’s e a Tabela 6 traz um resumo da atuação<br />

destes que serão melhor descritos a seguir.


32<br />

Figura 2. Representação esquemática de um filtro plantado com macrófitas<br />

Fonte: SILVEIRA (2010).<br />

Tabela 6. Principais componentes dos WC’s<br />

Solo/Substrato Plantas Regime Hidráulico Microbiota<br />

Atua como suporte<br />

físico para a planta<br />

Determina a saturação do<br />

solo<br />

Produzem o carbono<br />

capaz de manter as<br />

comunidades<br />

microbianas<br />

heterotróficas<br />

Composta por<br />

bactérias, fungos,<br />

protozoários e<br />

animais<br />

Disponibiliza maior<br />

área superficial<br />

reativa<br />

Aumenta a área de<br />

contato e aderência do<br />

biofilme por meio de<br />

raízes, caules e<br />

rizomas<br />

Determina a via bioquímica<br />

predominante do processo:<br />

aeróbia, anaeróbia e<br />

anóxica<br />

Promove a<br />

manutenção das<br />

condições de vida no<br />

meio (circulação de<br />

nutrientes)<br />

Serve como meio<br />

de aderência para a<br />

população<br />

microbiana<br />

Impede a colmatação<br />

do solo<br />

Indica as condições de<br />

oxigenação<br />

Promove simbiose<br />

com outros<br />

organismos<br />

Promove a remoção<br />

de compostos<br />

orgânicos e<br />

inorgânicos por<br />

processos físicos e<br />

químicos<br />

Transportam oxigênio<br />

até as raízes<br />

promovendo<br />

condições aeróbias<br />

Fonte: Adaptado de PHILIPPI & SEZERINO (2004).<br />

É uma ferramenta mundial<br />

de classificação dos WC’s<br />

naturais ou construídos<br />

Os organismos<br />

quimioautotróficos<br />

associam-se a<br />

remoção de matéria<br />

orgânica e<br />

transformações de<br />

nitrogênio


33<br />

3.2.1.1 Substrato<br />

Segundo Borges (2007), o leito (substrato) não serve apenas como local de fixação<br />

das plantas, mas como filtro na depuração dos poluentes, sendo usado como substrato<br />

frequentemente brita, areia, cascalho, argila e material orgânico. A escolha do material<br />

utilizado como substrato deve estar condicionada às finalidades do tratamento proposto,<br />

levando-se em conta a viabilidade econômica, condições de fluxo e potencial reativo<br />

(PHILIPPI & SEZERINO, 2004).<br />

Os substratos utilizados para o suporte dos vegetais cultivados em WC’s<br />

proporcionam a formação de sítios, onde as transformações químicas e bioquímicas, além<br />

de serem locais para acúmulo de poluentes removidos. Portanto, o substrato adotado pode<br />

contribuir para a maior eficiência do processo. Propriedades como troca catiônica, pH,<br />

condutividade elétrica e teor de matéria orgânica interferem em mecanismos como<br />

precipitação, sorção e degradação biológica (DAVIS, 1995).<br />

Segundo Philippi & Sezerino (2004), o material usado como substrato deve ser<br />

capaz de manter ao longo do tempo boas condições de fluxo (condutividade hidráulica)<br />

bem como o potencial reativo capaz de adsorver compostos inorgânicos como a amônia<br />

(NH 3 ) e ortofosfato (PO 3- 4 ).<br />

A condutividade hidráulica é extremamente relacionada com a estrutura do material<br />

de recheio, mais precisamente pelos espaços interpartículas que determinam a porosidade<br />

do material e pela textura descrita pela granulometria das partículas constituintes. Um solo<br />

muito poroso pode ser muito condutivo caso seus poros sejam grandes e bem<br />

interconectados, tal como se verifica em areias limpas, ou quase impermeáveis caso seus<br />

poros sejam muito pequenos, como ocorre em alguns solos argilosos. Em geral, solos com<br />

poros menores tendem a ser pouco condutivos, já que as conexões entre os poros são mais<br />

dificultadas (PREVEDELLO, 1996).<br />

De acordo com a NBR 13969, o diâmetro efetivo d 10 é definido como o diâmetro<br />

correspondente a 10% em peso total das partículas menores que ele (ABNT, 1997). Com<br />

base no d 10 e no diâmetro d 60 correspondente a 60% em peso total de toda partículas<br />

menores que este valor, pode-se determinar o coeficiente de uniformidade pela relação<br />

(CAPUTO, 1996):


34<br />

U= d 60 / d 10 (1)<br />

Onde: U= coeficiente de uniformidade (adimensional); d 60 e d 10 em milímetros.<br />

Desta relação pode-se considerar que um material com granulometria muito<br />

uniforme apresenta coeficiente de uniformidade inferior a 5 unidades; uniformidade média<br />

onde o coeficiente de uniformidade seja entre 5 e 15 unidades; e desuniforme quando o<br />

coeficiente de uniformidade for maior que 15 unidades (CAPUTO, 1996).<br />

São consideradas ideais para sistemas que se baseiam no princípio de filtração e<br />

crescimento de biofilme aderido a um meio suporte, materiais com partículas com as<br />

seguintes propriedades:<br />

- d 10 superior ou igual a 0,20 mm; coeficiente de uniformidade menor ou igual a 5<br />

unidades e coeficiente de permeabilidade menor ou igual a 10 -4 m s -1 (BUCKSTEEG, 1990;<br />

CONLEY et al., 1991; COOPER et al., 1996; PLATZER, 1999; ARIAS et al., 2001).<br />

Em relação ao potencial reativo do substrato, a natureza química do material cria<br />

uma força de atração com certas moléculas orgânicas e inorgânicas presentes nos esgotos,<br />

caracterizando um potencial de adsorção. Esta força é afetada por inúmeros fatores como a<br />

temperatura, natureza do solvente, área superficial do adsorvente, pH do meio, a presença<br />

de sais inorgânicos, entre outros. Vários estudos demonstraram que as macrófitas aquáticas<br />

adaptam-se a uma variedade muito grande de material de recheio, desde solos naturais até<br />

britas e areias (PHILIPPI & SEZERINO, 2004).<br />

3.2.1.2 Macrófitas aquáticas<br />

Para Irgang & Gastal Jr. (1996), o termo macrófitas aquáticas se refere a vegetais<br />

visíveis a olho nu com partes fotossinteticamente ativas, permanentemente, total ou<br />

parcialmente submersas em água doce ou salobra, por diversos meses, todos os anos, ou<br />

ainda flutuantes na mesma. Segundo Esteves (1998), ainda não se tem uma definição sobre<br />

a taxonomia das macrófitas aquáticas, tanto no que se refere aos vegetais inferiores como<br />

nos superiores, dificultando a realização da descrição sumária sobre os diversos grupos


35<br />

taxonômicos que compreendem as macrófitas. Logo, é importante ressaltar que essa<br />

designação é genérica, sem necessariamente haver relação taxonômica, apresentando<br />

conotação meramente ecológica (GENTELINE, 2007).<br />

Estas plantas estão divididas nas seguintes categorias: 1) Flutuantes: podem estar<br />

fixadas ou não ao fundo e sua folhagem principal flutua a superfície da água; 2) Submersas:<br />

crescem sob a água e podem estar fixas por raízes; 3) Emersas: sua folhagem principal está<br />

em contato com o ar e as suas raízes estão fixadas ao solo (HENRY-SILVA &<br />

CAMARGO, 2008).<br />

As plantas utilizadas para a fitorremediação devem apresentar tolerância às condições<br />

de alagamento contínuo conjugado com altas concentrações de poluentes presentes em<br />

águas residuárias (DAVIS, 1995) (Figura 3).<br />

Figura 3. Exemplares de macrófitas aquáticas utilizadas no tratamento de águas residuárias em diferentes<br />

países. A: Typha latifolia; B: Carex pseudocyperus; C: Scirpus lacustris e D: Lythrum salicaria.<br />

Fonte: A: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Typha_latifolia_bgiu.jpg; B: http://commons.wikimedia.<br />

org/wiki/File:Carex_pseudocyperus.jpeg; C: http://www.victoria-adventure.org/aquatic_plants/gallery_ scso.html<br />

e D: http://forums.jardinage.net/viewtopic.php?f=17&t=56175&start=60. Acesso em: 27 ago. 2010.


36<br />

Para Brix (1994; 1997), Reed et al. (1995), USEPA (2000) e Tanner (2001), as<br />

macrófitas aquáticas devem desempenhar os seguintes papéis: facilitar a transferência de<br />

gases (O 2 , CH 4 , CO 2 , N 2 O e H 2 S) do sistema; estabilizar a superfície do leito pela formação<br />

do sistema radicular, protegendo o sistema do processo erosivo e impedindo a formação de<br />

canais de escoamento preferencial na superfície do sistema; absorver macro e<br />

micronutrientes; suprir, com subprodutos da decomposição das plantas e exsudatos das<br />

raízes, carbono biodegradável para possibilitar a ocorrência do processo de desnitrificação;<br />

atuar como isolante térmico; proporcionar hábitat para a vida selvagem e agradável aspecto<br />

estético.<br />

Inúmeras são as espécies de macrófitas que podem ser empregadas na<br />

fitorremediação. A escolha está relacionada à tolerância da planta quanto a ambientes<br />

saturados de água (ou esgoto), seu potencial de crescimento, a presença destas plantas nas<br />

áreas onde o sistema será implantado, pois assim estarão adaptadas as condições climáticas<br />

da área em questão (IWA, 2000). Segundo Henry-Silva & Camargo (2008), as macrófitas<br />

nativas mais utilizadas no Brasil, são o aguapé (Eichornia crassipes), a alface ou repolho da<br />

água (Pistia stratiotes) e a salvínia (Salvinia molesta). Também citado por Klein e Amaral<br />

(1988), além destas ainda são muito comuns a Eichornia azurea (aguapé), Azolla<br />

caroliniana (azola), Lemna minor (lentilha-da-água) e Spirodela polyrrhiza (lentilha-daágua).<br />

Todas as plantas, tais como as macrófitas, requerem nutrientes para seu crescimento<br />

e reprodução. A produtividade primária das macrófitas aquáticas está diretamente<br />

relacionada à temperatura e à luminosidade além da disponibilidade de nutrientes, incluindo<br />

carbono e oxigênio dissolvido, sendo que essas variáveis podem influenciar em conjunto ou<br />

isoladamente as características fotossintéticas do vegetal, tanto sazonalmente quanto<br />

diariamente (CAMARGO et al., 2003).<br />

As macrófitas atuam como armazenadoras de nutrientes, sendo a assimilação destes<br />

pelas plantas, e subsequente poda para evitar retorno devido a morte e decomposição dos<br />

tecidos, responsável por valores de até 10% do total de nutrientes removidos (VYMAZAL,<br />

2005).<br />

Muitas são as utilidades da biomassa, no entanto, ainda existe um reduzido<br />

aproveitamento deste material produzido nos sistemas WC’s, onde as plantas necessitam


37<br />

ser retiradas periodicamente para otimizar a remoção de nutrientes (HENRY-SILVA &<br />

CAMARGO, 2006). Este método de tratamento de efluentes gera uma quantidade<br />

considerável de biomassa e com isso surge a necessidade de avaliar novas formas de<br />

reutilização deste material. Alternativamente, o volume ou o peso da biomassa pode ser<br />

reduzido por meio de processos térmicos, físicos, químicos ou microbianos. No caso da<br />

queima das plantas, por exemplo, a energia produzida representa uma valorização<br />

econômica do processo. No caso de contaminação metálica, as cinzas podem ser tratadas<br />

como um minério, do qual podem ainda serem extraídos os metais (MANT, 2001).<br />

Segundo Oashi (1999), utilizar eficazmente a biomassa renovável significa<br />

aproveitá-la de forma integral, adotando métodos e processos que transformem seus<br />

principais componentes em produtos úteis, tais como alimentos, energia, produtos químicos<br />

e também como nutrientes. Toda biomassa é constituída de uma base seca, que consiste<br />

quase que integralmente de lignocelulose, nome dado a um conjunto de três polímeros que<br />

são: celulose, hemicelulose e lignina, que serve para produzir uma variedade de<br />

combustíveis, entre os quais se destacam alternativas para gasolina e óleo diesel, como para<br />

a produção de uma gama de substâncias químicas que sustentam a vida moderna.<br />

A produção de energia e aproveitamento da biomassa celulósica pode ser uma<br />

alternativa promissora para dar um destino adequado à biomassa gerada na fitorremediação<br />

evitando assim o descarte destes em aterros e/ou lixões (GRECO, 2010).<br />

3.2.1.3 Biofilme microbiano<br />

Vários estudos ressaltam a formação de colônias de microrganismos aderidos junto<br />

aos tecidos das plantas, sendo estes constituídos por bactérias, protozoários e fungos<br />

micorrízicos. Porém, as bactérias são as mais representativas e importantes na<br />

decomposição da matéria orgânica e ciclagem de nutrientes (PHILIPPI & SEZERINO,<br />

2004).<br />

Com a liberação de oxigênio pelas raízes na água, já ocorre a oxidação de<br />

substâncias. Contudo, o processo mais importante que suporta a base científica do uso das<br />

macrófitas é a simbiose entre as plantas e os microrganismos presentes. Como na rizosfera<br />

ocorre uma justaposição entre uma região aeróbia e outra anóxica, com a presença de


38<br />

nitrato, ocorre o desenvolvimento de várias bactérias que executam o processo de<br />

nitrificação-desnitrificação (NAIME & GARCIA, 2005). A introdução do oxigênio no solo<br />

é necessária para que ocorram os processos de oxidação da matéria orgânica, carboidratos e<br />

elementos que podem ser nocivos para as plantas, assim como metais pesados e gases a<br />

base de enxofre. Ao redor da raiz ocorre um adensamento de bactérias, formando o<br />

chamado biofilme, que realizam a decomposição da matéria orgânica, através da oxidação,<br />

como mostra a Figura 4.<br />

Figura 4. Representação do biofilme associado ao sistema radicular<br />

Fonte: SEZERINO (2006).<br />

3.2.1.4 Regime hidráulico: tipos de escoamento<br />

Os WC’s empregados no tratamento de águas residuárias e no controle da poluição,<br />

são classificados, de acordo com a literatura, em dois grandes grupos em relação ao<br />

escoamento do efluente (KADLEC & KNIGHT, 1996; IWA, 2000; COOPER et al., 1996).<br />

Isto inclui sistema subsuperficial e superficial, sendo que para o subsuperficial há variações<br />

de escoamento horizontal e vertical. O detalhamento das sudivisões é descritos a seguir:<br />

a) Sistemas de lâmina livre ou de escoamento superficial: consistem em um<br />

reservatório construído no solo que servirá de suporte para o desenvolvimento das raízes<br />

das macrófitas (salvo se estas forem flutuantes), possuindo uma estrutura de controle de<br />

nível de água/efluente. De acordo com a predominância da macrófita o sistema de fluxo<br />

superficial ainda pode subdividir-se em (SALATI, 2003):


39<br />

a.1) Sistemas de wetlands com macrófitas flutuantes: consiste em uma lagoa rasa com<br />

uma ou várias espécies de macrófitas flutuantes que formam um grande grupo de plantas<br />

vasculares. Uma das espécies mais estudadas é Eichornia crassipes (aguapé ou jacintod’água),<br />

por sua grande capacidade de crescimento vegetativo, além de Lemna spp. e Pistia<br />

stratiotes. Estes sistemas são utilizados para diferentes finalidades, entre as quais se<br />

destacam como tratamento terciário para remoção de nutrientes (especialmente fósforo e<br />

nitrogênio) que são incorporados à biomassa das plantas. A redução da matéria carbonácea<br />

(DBO 5 ) e SS ocorre principalmente através do metabolismo microbiano e por<br />

sedimentação.<br />

a.2) Sistemas de wetlands com macrófitas submersas: neste sistema as macrófitas<br />

aquáticas ficam totalmente submersas, ou seja, suspensas na massa líquida podendo ou não<br />

estar enraizadas no sedimento do fundo. Muitas vezes plantas submersas apresentam como<br />

característica uma porção aérea que estende acima da superfície da água ou efluente, para<br />

florescer e aumentar a captura de luz (IWA, 2000). Alguns exemplos são Egeria densa,<br />

Elodea canadensis e Myriophyllum aquaticum. O principal uso potencial destas macrófitas<br />

submersas é o polimento de águas de esgoto após o tratamento secundário. Com o aumento<br />

de oxigênio na água pelo processo fotossíntetico durante o período diurno, altas taxas de<br />

oxigenação são obtidas, o que forma condições para a mineralização da matéria orgânica.<br />

a.3) Sistemas de wetlands com macrófitas emergentes: sistemas com fluxo superficial<br />

em que as macrófitas (caule, folhas e flores) se estendem além da massa líquida. As mais<br />

comuns são Scirpus spp., Typha spp., Juncus spp. e Eleocharis spp. Os materiais<br />

particulados (SS) tendem a sedimentar devido à baixa velocidade de escoamento. Estas<br />

partículas contêm componentes que promovem uma DBO 5 , formas fixadas de nitrogênio<br />

total e fósforo total, metais, entre outros. Estes poluentes insolúveis fazem parte dos<br />

elementos dos ciclos biogeoquímicos da massa líquida e da superfície do solo. Ao mesmo<br />

tempo, as frações dissolvidas da DBO 5 , nitrogênio e fósfoto total são adsorvidos no solo,<br />

pelos microrganismos e pela vegetção presente. Estes elementos dissolvidos, também,<br />

entram nos ciclos existentes no meio (KADLEC & KNIGHT, 1996).<br />

Philippi & Sezerino (2004) ainda classificam como pertencendo aos sistemas de fluxo<br />

superficial:


40<br />

- Sistemas de wetlands com substrato flutuante: algumas macrófitas emergentes são<br />

capazes de formar uma espécie de substrato flutuante que é constituído de grande<br />

quantidade de tecidos mortos, provenientes da própria macrófita, que se acumulam e<br />

formam um emaranhado de matéria orgânica, de onde novas espécies podem se fixar e<br />

crescer. O gênero Typha é um exemplo de macrófita que pode formar este tipo de<br />

emaranhado.<br />

b) Sistemas de escoamento subsuperficial (filtros plantados com macrófitas): neste<br />

sistema existe preenchimento com algum tipo de recheio (brita, areia, solo) no qual o<br />

escoamento da água/efluente ocorre abaixo da superfície deste substrato. Nestes sistemas<br />

ocorre a utilização de macrófitas emergentes, às quais desenvolvem o sistema radicular<br />

preso ao substrato. A profunda penetração do sistema radicular permite a exploração de um<br />

grande volume de sedimentos, dependendo da espécie considerada. Uma espécie típica de<br />

macrófita aquática emergentes utilizada em vários países é Phragmites australis e no Brasil<br />

destacam-se os gêneros Typha e Eleocharis.<br />

O sistema de fluxo subsuperficial ainda é subdividido de acordo com a finalidade de<br />

purificação de águas em (PHILIPPI & SEZERINO, 2004):<br />

b.1) Sistemas com fluxo subsuperficial horizontal: o efluente a ser tratado é disposto na<br />

porção inicial do leito de onde irá percolar vagarosamente através do material filtrante até<br />

atingir a porção final. Esta percolação tende a seguir um fluxo horizontal e é impulsionada<br />

pela declividade do fundo. Durante a percolação, o esgoto entrará em contato com as<br />

regiões aeróbias, anóxicas e anaeróbias. A camada aeróbia é mais evidente ao redor das<br />

raízes, pois estas tendem a transportar o oxigênio da parte aérea para as raízes.<br />

b.2) Sistemas com fluxo subsuperficial vertical: o efluente é disposto sob a superfície<br />

inundando e percolando verticalmente ao longo de todo o perfil vertical do módulo de<br />

tratamento, sendo coletado no fundo por meio de um sistema de drenagem/coleta.<br />

3.3 Mecanismos para redução de cargas poluidoras nos WC’s<br />

A remoção de poluentes nos WC’s envolve uma complexidade de processos físicos,<br />

químicos e biológicos que ocorrem simultaneamente. Os processos de tratamento incluem


41<br />

sedimentação, filtração, precipitação, sorção, decomposição microbiológica, nitrificação e<br />

desnitrificação (KADLEC, 1998; WYNN & LIEHR, 2001). Sendo que cada constituiente<br />

destes sistemas apresentam influência de forma distinta para a remoção dos poluentes, ou<br />

seja, é dependente da própria coluna d’água, substrato, vegetação (macrófitas), população<br />

de microrganismos associados e animais vertebrados e invertebrados (FIGUEIROA, 1996).<br />

A eficiência de um WC está diretamente relacionada à percentagem de nutrientes e<br />

substâncias químicas absorvidas, transformadas ou decompostas pelo ecossistema ali<br />

formado (CUNHA, 2006).<br />

Grande parte das transformações bioquímicas ocorridas e WC’s são controladas<br />

pela população microbiana presente (KADLEC et al., 2004). A degradação biológica de<br />

micropoluentes orgânicos pode ser verificada em locais com atividade microbiana intensa.<br />

A rizosfera expansiva das macrófitas proporciona o surgimento de uma zona enriquecida<br />

para que os microrganismos se envolvam na degradação de compostos orgânicos por meio<br />

de organismos aeróbios e facultativos aderidos às raízes e rizomas das plantas e presentes<br />

no substrato, ou por via fermentativa, realizada por organismos anaeróbios nos sítios de<br />

potencial oxi-redução negativos.<br />

Os mecanismos citados na Tabela 7 são encontrados na maioria das configurações<br />

de WC’s.<br />

Tabela 7. Principais mecanismos atuantes na remoção de poluentes em WC’s<br />

Constituintes das águas<br />

Mecanismos de remoção<br />

residuárias<br />

Sedimentação/Filtração<br />

Decomposição<br />

Sólidos Totais Precipitação e coprecipitação<br />

Oxidação pelos microrganismos<br />

Assimilação pelas plantas<br />

Degradação microbiana (aeróbia e anaeróbia)<br />

DBO e DQO<br />

Sedimentação (acumulação de matéria orgânica na<br />

superfície do sedimento)<br />

Filtração<br />

Reações de adsorção aos sítios das plantas e<br />

microbiota<br />

Fósforo<br />

Precipitação com Al, Fe, Ca e argilo minerais do<br />

solo<br />

Formação de complexos com a matéria orgânica<br />

Assimilação pelas plantas aquáticas e microbiota<br />

continua


Constituintes das águas<br />

residuárias<br />

Nitrogênio<br />

Sulfato<br />

Metais<br />

Fenol<br />

Patógenos<br />

42<br />

Continuação da Tabela 7<br />

Mecanismos de remoção<br />

Amonificação seguida pela Nitrificação e<br />

Desnitrificação<br />

Assimilação pelas plantas aquáticas<br />

Volatilização da amônia<br />

Adsorção (troca catiônica)<br />

Respiração do sulfato<br />

Precipitação de sulfetos metálicos<br />

Sedimentação/Filtração<br />

Reações de adsorção<br />

Precipitação com material orgânico e acúmulo no<br />

sedimento<br />

Precipitação na forma de hidróxidos e sulfetos<br />

Assimilação pelas plantas aquáticas<br />

Transformações microbianas (oxidação)<br />

Adsorção a matéria orgânica e partículas do solo<br />

Degradação microbiana<br />

Sedimentação/Filtração<br />

Radiação Ultravioleta<br />

Oxidação<br />

Adsorção a matéria orgânica<br />

Predação e ataque por vírus<br />

Morte natural<br />

Exposição a biocidas excretados por macrófitas<br />

Fonte: BRIX, 1993; ESTEVES, 1998; FAULKNER & RICHARDSON, 1989; GERSBERG, GEARHEART<br />

& IVES, 1989; KADLEC, 1994; KADLEC et al., 2000; LEITÃO et al., 2006; REDDY & D’ANGELO,<br />

1994; REED, CRITES & MIDDLEBROOKS, 1995; WATSON et al., 1989.<br />

3.3.1 Sedimentação/Filtração<br />

Muitos poluentes presentes em águas residuárias estão associados com a quantidade<br />

de matéria sólida presente. Em WC de escoamento subsuperficial os sólidos em suspensão<br />

que não foram removidos nas unidades primárias de tratamento, são retidos por filtração e<br />

sedimentação (COOPER et al., 1996 apud PHILIPPI & SEZERINO, 2004). Ambas estão<br />

relacionadas às baixas velocidades de percolação dos esgotos nos WC’s, associadas com a<br />

presença de macrófitas e o material de recheio (KADLEC & KNIGHT, 1996). Os<br />

mecanismos de filtração são complexos e consistem na sedimentação, no impacto das<br />

partículas com adesão ao material inerte e na composição do biofilme (METCALF &<br />

EDDY, 1991).


43<br />

À medida que o esgoto é disposto no WC e percola no leito, a condutividade<br />

hidráulica inerente ao material tende a ser reduzida até que ocorra a completa colmatação<br />

do mesmo. Portanto, a colmatação é uma conseqüência da retenção de sólidos, do<br />

crescimento do biofilme aderido (LANGERGRABER et al., 2003) e precipitação química<br />

(PLATZER & MAUCH, 1997). Ciclos intermitentes de aplicação em WC de escoamento<br />

subsuperficial de fluxo vertical são mais eficientes para aeração do material filtrante e<br />

conduzem a uma rápida biodegradação da matéria orgânica, diminuindo assim, a<br />

velocidade de colmatação.<br />

A distribuição dos tamanhos dos grãos que compõem o material filtrante influencia<br />

diretamente na condutividade hidráulica e no volume de vazios, sendo por isso um<br />

importante parâmetro de projeto de dimensionamento destes sistemas (PHILIPPI &<br />

SEZERINO, 2004).<br />

O processo físico de sedimentação e filtração dos sólidos suspensos também é<br />

responsável pela remoção de porções significativas de outros constituintes das águas<br />

residuárias como DBO 5 , nutrientes e patógenos (KADLEC et al., 2000).<br />

3.3.2 Precipitação<br />

Para a remoção de fósforo nos WC’s, os mecanismos mais atuantes são as reações de<br />

adsorção e precipitação quando este tem oportunidade de contato com um volume<br />

significante do substrato. O fósforo inorgânico pode, também, se tornar indisponível por<br />

adsorção à fase sólida, por precipitação e complexação pelo material orgânico retido nos<br />

WC’s, embora se saiba que, por dessorção da fase sólida e, ou, alterações químicas no meio<br />

e por mineralização do materail orgânico pode voltar a ser disponibilizado no líquido<br />

(FREITAS, 2006).<br />

A precipitação do PO 3- 4 com óxidos de Fe, Al ou Ca dissolvidos, forma combinações<br />

sólidas (fosfato de Fe, Al ou Ca) no solo ou água. Estes minerais de fosfato são<br />

potencialmente muito estáveis no solo e podem ser, dessa forma, mantidos por longo<br />

tempo. Estas reações são controladas pela interação do pH e potencial redox com os<br />

minerais presentes, bem como a área superficial dos grãos (DRIZO et al., 1999).


44<br />

A precipitação pode ocorrer também através de argilas que tem grande capacidade de<br />

adsorção de fosfato, e dentre elas, principalmente aquelas que têm ferro e alumínio em sua<br />

constituição.<br />

3.3.3 Adsorção<br />

As reações no solo envolvem certos elementos como a argila, os óxidos de ferro e<br />

alumínio, os componentes de cálcio presentes e o pH do solo. Solos de textura muito fina,<br />

bem como os de alto teor de argila, tendem a ter um alto potencial de adsorção mas<br />

aumentam o tempo hidráulico de residência. A brita e a areia que possuem textura grosseira<br />

têm baixa capacidade de adsorção do fósforo, por exemplo, e os solos hidromórficos, que<br />

são ácidos e orgânicos, têm um elevado potencial de adsorção devido à presença de ferro e<br />

alumínio (REED et al., 1995).<br />

A capacidade do meio em adsorver fósforo é limitada e, caso os limites sejam<br />

ultrapassados, os WC’s tornam-se incapazes de reter mais desse elemento por sorção<br />

(USEPA, 2000).<br />

O termo sorção geralmente é aplicado aos processos de adsorção do íon ortofosfato<br />

pela argila e óxidos de ferro ou alumínio no solo (sorção química). Em pH maior que 6, as<br />

reações ocorrem através de combinações de adsorção com o Fe e Al, seguidos de<br />

precipitação com o cálcio fosfatado solúvel. Para pH menores, a precipitação com fosfatos<br />

de Fe e Al tornam-se significantes.<br />

No Brasil, Sezerino & Philippi (2000) apontaram para uma eficiência de remoção de<br />

ortofosfatos de 92% em sistema composto por tanque séptico seguido de um WC de<br />

escoamento subsuperficial. Salati Filho et al. (2000) obtiveram eficiência de remoção de<br />

ortofosfato de 70% e fósforo total de 67% em uma unidade em escala piloto aplicada como<br />

tratamento terciário.<br />

Em relação aos metais, grande parte destes apresenta afinidade por adsorção e<br />

formação de complexos com materiais orgânicos e vão sendo acumulados nos WC’s<br />

(WATSON, 1989).


45<br />

3.3.4 Evapotranspiração<br />

Além da evaporação, o retorno da água para a atmosfera pode ocorrer através do<br />

processo de transpiração, no qual a água absorvida pelos vegetais é evaporada a partir de<br />

suas folhas. A evapotranspiração (ET) é o conjunto de processos físicos e fisiológicos que<br />

provocam a transformação da água precipitada na superfície da terra em vapor. Sendo a<br />

evaporação (E) o conjunto de fenômenos de natureza física que transformam em vapor a<br />

água precipitada sobre a superfície do solo, a água dos mares, rios, lagos e dos reservatórios<br />

de acumulação; e, a transpiração (T) é o processo de evaporação decorrente de ações<br />

fisiológicas dos vegetais, que por meio das raízes retiram água do solo para suas atividades<br />

vitais parte dessa água é cedida à atmosfera em forma de vapor, na superfície das folhas<br />

(GARCEZ & ALVAREZ, 1988). Os valores de água emitidos para a atmosfera através das<br />

plantas representam uma porção significativa do movimento da água através do ciclo<br />

hidrológico. De forma geral, a ET tem influência direta da superfície avaliada e dos<br />

fenômenos climáticos como temperatura, radiação solar, vento, umidade do ar, pressão de<br />

vapor, precipitação, além da vegetação (MEDEIROS, 2002), que podem variar bastante de<br />

um local para outro.<br />

A ET pode ser expressa como a quantidade equivalente de água evaporada por<br />

unidade de tempo, geralmente expressa como lâmina de água por unidade de tempo (mm<br />

d -1 ) (BURMAN et al., 1983).<br />

No início do século 20, Otis (1914) observou que áreas colonizadas com macrófitas<br />

aquáticas normalmente apresentavam maiores perdas de água quando comparadas com a<br />

superfície livre de água. O autor atribuiu que as maiores perdas estavam relacionadas às<br />

diferenças da morfologia interna e externa das espécies. Considerando que são plantas com<br />

diferentes hábitos de crescimento, algumas com folhas com disposição ereta em posição<br />

oblíqua à superfície d'água, como as dos gêneros Typha, Pontederia e Eichhornia, outras<br />

com folhas dispostas sobre a superfície, como as dos gêneros Lemna, e outras com folhas<br />

dispostas em roseta e bastante pilosas, com Pistia stratiotes, os resultados evidenciam a<br />

importância da forma da planta e da estrutura de suas colonizações em relação às perdas<br />

d'água por ET. Rosa et al. (2009), avaliando a ação de macrófitas aquáticas concluiram que<br />

a colonização por qualquer macrófitas aquáticas por eles estudadas aumentou as perdas<br />

d’água dos mesocosmos, sendo os maiores valores observados para Typha latifolia, quando


46<br />

comparada com Echinochloa polystachya, Brachiaria subquadripara, Pontederia<br />

lanceolata e Myriophyllum aquaticum.<br />

Kadlec (1998) observou que estandes densos de vegetação emergente reduziram a<br />

perda total de água e concluiu que a vegetação removeu menos água através da transpiração<br />

do que teria evaporado de água de superfície aberta. Também, wetlands que mostram taxa<br />

de ET igual ou ligeiramente inferior da evaporação e aqueles experimentos que mostram<br />

taxas mais elevadas de ET têm sido realizados sob pequena escala incapaz de compensar os<br />

efeitos de borda.<br />

Gallina (2010), avaliando a taxa de ET de um sistema WC de escoamento<br />

subsuperficial no município de Guaporé, RS, obteve uma taxa média de 23,08%, sendo que<br />

esta variou de 4,67 a 67,5% em 20 dias de avaliação.<br />

Em relação à utilização de macrófitas aquáticas em sistemas WC’s no tratamento de<br />

efluentes, o processo de ET pode influenciar significativamente o volume final do efluente<br />

e consequentemente a concentração dos poluentes. Portanto, segundo Dornelas et al.,<br />

(2009), as eficiências de wetlands devem ser calculadas com base na carga (vazão x<br />

concentração) removida, e não apenas com base na concentração, uma vez que a vazão<br />

efluente é menor, o que faz com que o efluente saia mais concentrado. Altas taxas de ET<br />

podem levar à concentração do efluente devido à perda de água, mesmo com grandes<br />

reduções em carga de determinados poluentes (KADLEC, 1998).<br />

3.3.5 Volatilização<br />

O principal elemento que sofre o mecanismo de volatilização é o nitrogênio. O<br />

+<br />

nitrogênio amoniacal (NH 4 e NH 3 ) é a forma de nitrogênio mais reduzida e quando o pH<br />

da suspensão estiver inferior a 8, praticamente todo o nitrogênio amoniacal encontra-se na<br />

forma de NH + 4 que é fixa. No entanto, quando o pH for de 9,5, aproximadamente 50% do<br />

nitrogênio estará na forma de NH 3 que é volátil e 50% na forma de NH + 4 . Caso o valor do<br />

pH seja superior a 11, praticamente todo ele estará na forma de NH 3 (VON SPERLING,<br />

2005). As perdas de NH 3 através da volatilização de solos alagados e de sedimentos são<br />

insignificantes se o pH for menor do que 7,5 e muitas vezes não são importantes se o pH<br />

for menor do que 8,0. Em pH igual a 9,3 a relação de amônia para íon amônio é 1:1 e as


47<br />

perdas podem ser elevadas. A volatilização da amônia não atinge valores significativos em<br />

WC’s, pois o pH no interior dos mesmos tende a se manter na faixa da neutralidade, não<br />

favorecendo tal processo, que ocorre predominantemente em meios básicos<br />

(MANNARINO, 2003).<br />

Em uma ampla revisão de literatura, Vymazal (1995) apud IWA (2000) resume que a<br />

taxa de volatilização do nitrogênio é controlada pela concentração de NH + 4 na água,<br />

temperatura, velocidade do vento, radiação solar, a natureza e número de plantas aquáticas<br />

e a capacidade do sistema de trocar o pH em ciclos diurnos (a ausência de CO 2 aumenta a<br />

volatilização). Poach et al. (2002) mostraram que em WC’s em escala piloto, valores entre<br />

7 e 16% da carga de nitrogênio aplicada (16 a 53 kg N -1 ha -1 d -1 ) foi perdida por<br />

volatilização, e que a volatilização respondeu por valores entre 12 e 33% de todo o<br />

nitrogênio removido nos WC’s.<br />

Quanto à remoção de fósforo é possível que ocorra nos WC’s como gás PH 3<br />

(KADLEC & KNIGHT, 1996). Isto pode ocorrer em ambientes de baixo potencial redox<br />

juntamente com o metano. Dévai et al. (1988) apud Kadlec & Knight (1996) estimaram que<br />

aproximadamente 1,7 g PH 3 m 2 ano -1 foi perdido em um sistema de WC’s na Hungria.<br />

3.3.6 Troca Iônica<br />

O potencial de troca catiônica de um material filtrante é quantificado através do<br />

índice CTC (Capacidade de Troca Catiônica), o qual mede o número de sítios ativos<br />

ligantes por massa ou volume (expresso usualmente como meq 100 g -1 ) (PHILIPPI &<br />

SEZERINO, 2004).<br />

As propriedades CTC do tecido vegetal das macrófitas está atribuído a grupos<br />

funcionais carboxílicos (-COOH). Estudos têm sido conduzidos no intuito de determinar os<br />

valores das diversas macrófitas empregadas nos WC’s. Em relação aos metais<br />

positivamente carregados, estes se ligam aos sítios ativos, carregados negativamente,<br />

dispostos na superfície do material adsorvente.


48<br />

3.3.7 Transformações microbianas<br />

Dentre os mecanismos de redução de cargas poluidoras as quais os microrganismos<br />

estão associados pode-se citar a degradação, a oxidação e o processo de<br />

nitrificação/desnitrificação.<br />

A degradação via microrganismos ocorre devido à necessidade destes em obter<br />

energia e fonte de carbono para seu metabolismo e reprodução. Estas fontes de energia e<br />

carbono, portanto, são obtidas por meio de reações de oxi-redução dos compostos orgânicos<br />

e inorgânicos presentes nas águas residuárias, e na captação da luz solar, bem como na<br />

utilização do carbono orgânico e do dióxido de carbono (CO 2 ).<br />

A matéria carbonácea é na maior parte, degradada aerobiamente (na presença de O 2 )<br />

por microrganismos, principalmente bactérias aderidas ao material filtrante e raízes das<br />

macrófitas. A degradação anaeróbia (ausência de O 2 ) também ocorre, e em sistemas<br />

saturados de água/efluente, como em WC’s de escoamento superficial de fluxo horizontal,<br />

como a maior forma de degradação. A degradação da matéria orgânica na forma aeróbia é<br />

governada por bactérias aeróbias heterotróficas, sendo os principais agentes de redução de<br />

DBO 5 . O processo de degradação anaeróbia da matéria orgânica é mediado por bactérias<br />

facultativas ou anaeróbias obrigatórias ocorrendo em dois estágios: primeiro a conversão da<br />

matéria orgânica gerando ácidos e álcoois e, segundo, dá-se a conversão da matéria<br />

orgânica para a síntese de novas células, a metano e dióxido de carbono (PHILIPPI &<br />

SEZERINO, 2004).<br />

Cabe ressaltar que nutrientes inorgânicos (C, N, P, S, K, Ca e Mg) também são<br />

importantes ao metabolismo microbiano.<br />

Em relação ao fósforo, os microrganismos presentes em WC’s (bactérias, fungos,<br />

algas) requerem este elemento para para seu crescimento e o incorporam em seus tecidos.<br />

Como estes seres crescem e multiplicam-se rapidamente, ocorre desta forma, uma rápida<br />

incorporação do fósforo presente nas águas residuárias.<br />

Dentre as transformações microbianas, a sequência de processos de nitrificação e<br />

denitrificação são os principais mecanismos atuantes na redução do nitrogênio em WC’s. A<br />

nitrificação é um processo quimioautotrófico, definida como a oxidação biológica da<br />

amônia a nitrato sob condições aeróbias e mediadas, principalmente, pelos gêneros<br />

Nitrosomonas e Nitrobacter (IWA, 2000). A nitrificação ocorre em duas etapas sendo a


49<br />

primeira a conversão da amônia a nitrito e a segunda, o nitrito formado é convertido a<br />

nitrato. Uma série de fatores influenciam neste processo como pH, alcalinidade,<br />

temperatura, fonte de carbono inorgânico, concentração de amônia e quantidade de<br />

oxigênio dissolvido. Aproximadamente 4,3 mg de O 2 por mg de nitrogênio amoniacal são<br />

necessárias para oxidar a amônia a nitrato.<br />

A denitrificação biológica é um processo no qual o nitrato é convertido em nitrito e<br />

este reduzido a óxido nítrico, óxido nitroso, e finalmente a nitrogênio na forma de gás, sob<br />

condições anóxicas (COOPER et al., 1996), sendo os três últimos voláteis.<br />

3.3.8 Assimilação pelas plantas/tecidos vivos<br />

O fósforo também é incorporado nos tecidos dos organismos vivos associados aos<br />

WC’s. A faixa de concentração incorporada no tecido das macrófitas varia entre 0,1 a 0,4%<br />

em peso seco (KADLEC & KNIGHT, 1996). Brix (1997) aponta para uma remoção de<br />

fósforo (incorporação seguido de poda) de aproximadamente 30 a 150 kg m 2 ano -1 (0,008 a<br />

0,041 g m 2 dia -1 ). A retirada pelas plantas pode ser significante em sistemas de baixa-taxa e<br />

fluxo superficial, quando a colheita da vegetação é praticada rotineiramente. Nestes casos a<br />

colheita pode representar de 20 a 30% da remoção de fósforo, porém a vegetação usada nos<br />

WC’s não é considerada um fator significante na remoção de fósforo. Se não for realizada a<br />

colheita nos WC’s de fluxo superficial o fósforo volta para o sistema aquático devido ao<br />

decaimento natural da vegetação. A remoção de fósforo por aguapés e outras plantas<br />

aquáticas fica limitado às necessidades das plantas não excedendo 50-70% do fósforo<br />

presente no afluente (REED et al., 1995).<br />

Este mecanismo também é atuante em relação aos metais, onde estes não são<br />

removidos durante o tratamento, mas sim acumulados ou na massa filtrante ou no tecido<br />

das plantas, sendo portanto, um potencial poluídor. Cooper et al. (1996) relata que cargas<br />

acumuladas em cerca de 414,9 g Pb ha -1 , 502,9 g Cu ha -1 , 766,9 g Zn ha -1 e 62,9 g Cd ha -1<br />

foram associadas a Typha spp..<br />

Segundo Brix (1997) está na faixa de 200 a 2.500 kg N ha -1 ano -1 (0,05 a 0,68 g m 2<br />

d -1 ) a capacidade de retirada de nitrogênio (assimilação seguida de poda da biomassa) pelas<br />

macrófitas.


50<br />

3.4 Sistemas integrados de tratamento de esgoto doméstico via WC’s<br />

A integração de diferentes métodos de tratamento de esgotos possibilita unir as<br />

vantagens e também minimizar as ineficiências de cada tratamento, aparecendo como<br />

alternativa para a remediação de impactos ambientais de forma mais limpa. Estas<br />

integrações também são apresentadas como definições de sistemas sequenciais, combinados<br />

ou híbridos. Estas integrações podem envolver os WC’s com processos convencionais<br />

como o caso dos reatores anaeróbios de manta de lodo de fluxo ascendente (UASB) +<br />

WC’s (SOUSA et al., 2004; BEVILACQUA et al., 2009), assim como com os processos<br />

ditos avançados como a osmose reversa (MURRAY-GULDE et al., 2003) e POA’s<br />

(ARAÑA et al., 2008; ANTONIADIS et al., 2010; GRAFIAS et al., 2010).<br />

A utilização de WC’s na melhoria da qualidade das águas residuárias, apesar de bem<br />

difundida em todo o mundo, pode ser ainda considerada uma tecnologia recente no Brasil<br />

(CUNHA, 2006). A utilização de WC’s como uma tecnologia de tratamento de águas<br />

residuárias tem sua origem na Europa, nos anos 60, com seu uso para redução de materiais<br />

orgânicos em efluentes de origem industrial e, atualmente são bastante utilizados em países<br />

desenvolvidos para tratar águas de drenagem de minas ácidas, águas pluviais, efluentes<br />

secundários de estações de tratamento de esgotos e, mais recentemente, chorumes de<br />

aterros sanitários (DOBBERTEEN & NICKERSON, 1991). As experiências nos países em<br />

desenvolvimento, entretanto, ainda não são significativas apesar de as condições naturais de<br />

muitos países que se encontram em climas tropicais (temperaturas elevadas, com poucas<br />

variações e incidência de luz solar durante todo o ano, por exemplo, contribuindo para o<br />

crescimento das plantas e microrganismos e para a aceleração processos químicos e<br />

biológicos que ocorrem em seu interior) serem favoráveis ao uso de WC’s (WYNN &<br />

LIEHR, 2001).<br />

Os WC’s são utilizados no tratamento secundário e terciário, especialmente quando<br />

se trata de efluentes domésticos de composição complexa. Mas torna-se necessário sempre<br />

o tratamento primário para impedir acumulações de sólidos, evitando assim, o processo de<br />

colmatação. A estação de tratamento utilizando wetlands é um sistema físico-biológico,<br />

com estrutura de biofiltro, constituído por raízes. Neste sistema, o esgoto é lançado, por<br />

meio de uma rede de tubulações instaladas na área plantada, ou seja, na zona de raízes. Esta


51<br />

área plantada deve ser dimensionada de acordo com a demanda de esgoto prevista para a<br />

situação predeterminada (VAN KAICK, 2002).<br />

Para esgotos domésticos cerca de 90% da eliminação da DQO ocorre em um período<br />

de sete dias de detenção em WC’s de fluxo superficial. A redução de nutrientes, compostos<br />

de fósforo e nitrogênio, requer um tempo maior de retenção do substrato. Para eliminar os<br />

nutrientes em cerca de 90% é necessária uma retenção de 7 a 14 dias de fluxo superficial<br />

(KADLEC & KNIGHT, 1996).<br />

O Brasil é um dos países mais avançados, mundialmente, em pesquisa e utilização de<br />

sistemas anaeróbios de tratamento de efluentes, sendo um dos primeiros países no mundo a<br />

usar reatores que empregam esse tipo de tecnologia como unidades principais de grandes<br />

estações de tratamento de efluentes domésticos (ZANELLA et al., 2009).<br />

O reator UASB possui grande potencial para tratamento de esgotos em regiões<br />

tropicais. Este reator remove cerca de 70% de material carbonáceo com TDH relativamente<br />

pequeno, 0,25 dias. Contudo, o efluente advindo desse reator, bem como de demais<br />

tratamentos anaeróbios, necessitam de um pós-tratamento para remover a matéria orgânica<br />

insolúvel e nutrientes, principalmente o fósforo e nitrogênio, pois tendem a não atender as<br />

exigências ambientais legais de descarte de efluentes. Vários estudos já realizados na<br />

tentativa de pós-tratar efluente anaeróbio, sendo que se destacam os WC’s pela sua<br />

capacidade de remover carga poluidora, manter a conservação dos ecossistemas terrestres e<br />

aquáticos, reduzirem o aquecimento global da terra, fixar o carbono do meio ambiente,<br />

mantendo o equilíbrio do CO 2 , além de conservar a biodiversidade (DENNY, 1997). Nesse<br />

sentido, nessas últimas décadas, em vários países do mundo estão sendo feitas pesquisas<br />

utilizando estes sistemas para o pós-tratamento de esgotos domésticos tratados<br />

anaerobiamente (VAN KAICK, 2002).<br />

Sousa et al. (2000) avaliaram a eficiência WC’s no pós-tratamento de esgoto<br />

proveniente de um reator UASB. Dos quatro sistemas instalados, três eram plantados e um<br />

não plantado (controle) e operados com diferentes cargas hidráulicas: 4,5; 3,3 e 2,3 cm d -1 .<br />

As eficiências médias de remoção de matéria orgânica (DQO) entre 76 e 84%, para cargas<br />

aplicadas variando de 6,58 a 14,2 g DQO m -2 d -1 . Os autores indicam que o aumento da<br />

carga hidráulica aplicada não interferiu na qualidade do efluente produzido pelos sistemas,<br />

portanto os sistemas estavam subcarregado de matéria orgânica. Porém, o controle produziu


52<br />

efluente com concentração similar aos demais, portanto, a presença de Juncus sp. pouco<br />

influenciou na remoção de matéria orgânica. Para a remoção de nutrientes, atingiu a<br />

eficiência de 86 e 87% para nitrogênio amoniacal e nitrogênio total, respectivamente. No<br />

wetland controle a remoção de NTK foi de apenas 27% a 31% e Ptotal de 50%, podendo,<br />

portanto, dizer que os sistemas vegetados foram considerados eficientes para a remoção de<br />

nutrientes. Macrófitas do gênero Juncus sp. apresentaram-se capazes de remover nitrogênio<br />

e fósforo de efluente pré-tratado anaerobiamente.<br />

Sousa et al. (2004) avaliando a eficiência de pós-tratamento de efluente de reator<br />

UASB em WC’s com taxa de aplicação hidráulica de 23 mm d -1 , verificaram redução de 70<br />

a 86% de DQO nos sistemas vegetados com Juncus sp., porém não houve diferença<br />

significativa em relação ao sistema não-vegetado (controle). Desta forma constataram que<br />

as plantas não tiveram influência significativa para a remoção de matéria orgânica.<br />

Diferentemente em relação ao NTK que se mostrou significativamente diferente nos<br />

sistemas vegetados. Em relação ao fósforo, observaram uma eficiência bastante grande no<br />

primeiro ano de avaliação (82 a 90%), seguido de um decaindo nos anos seguintes. Os<br />

autores associaram esse decaimento à saturação do substrato com compostos de fósforo<br />

precipitado. Mesmo não havendo diferença significativa, a concentração de coliformes dos<br />

sistemas vegetados se manteve inferior ao sistema não-vegetado. O efluente dos WC’s se<br />

enquadra para a destinação de culturas não consumidas cruas.<br />

Dornelas et al. (2009) avaliaram a eficiência de WC’s de fluxo subsuperficiais<br />

horizontais como pós-tratamento de efluentes de reator UASB, comparando o desempenho<br />

de uma unidade plantada e outra não plantada (controle). O efluente final apresentou<br />

excelente qualidade em termos de matéria orgânica e sólidos suspensos, mas apresentou<br />

baixa capacidade de remoção de nutrientes. Os valores médios de concentração efluente<br />

para as unidades plantadas e não plantadas foram, respectivamente: DBO 5 : 15 e 17 mg L -1 ;<br />

DQO: 43 e 52 mg L -1 ; SST: 6 e 4 mg L -1 ; NT: 29 e 32 mg L -1 ; Ptotal: 1,9 e 1,9 mg L -1 ; E.<br />

coli: 1,5.10 5 e 5,1.10 5 NPM/100 mL. O sistema plantado apresentou concentrações<br />

efluentes e eficiências de remoção significativamente melhores em relação a não plantada<br />

para os parâmetros DQO, NT e E. coli. Os autores evidenciam que WC’s de fluxo<br />

subsuperficial podem efetivamente tratar efluente de reatores anaeróbios. Em termos de<br />

eficiência global, os sistemas UASB + WC plantada atingiu remoção de 91 e 90% em


53<br />

DBO 5 e DQO respectivamente, e o sistema UASB + WC não plantada removeu 90 e 88%<br />

destes parâmetros. A mesma situação ocorreu para SST, produzindo efluentes finais 97% e<br />

6 mg L -1 no sistema plantado e 98% e 4 mg L -1 no sistema não plantado. Em relação aos<br />

nutrientes (N e P), a remoção foi menos expressiva (NT: 14% no sistema plantado e 6% no<br />

sistema não plantado; PT: 35% ambos sistemas). Houve remoções de 1 a 2 unidades<br />

logarítmicas para E. coli, com melhor desempenho para a unidade plantada. Os autores<br />

ressaltam a considerável perda de água por evapotranspiração na wetland plantada e<br />

evaporação na WC não plantada, com valores médios de 42% e 22%, respectivamente.<br />

Zanella et al. (2009) avaliaram a eficiência de WC’s em escala piloto vegetados com<br />

Cyperus papyrus para o pós-tratamento de efluente de campus universitário, pré-tratado<br />

anaerobiamente com reator compartimentado de três câmaras. Os autores enfatizam que<br />

mesmo com TDH baixo (1,5 dias), o sistema foi capaz de remover matéria orgânica e<br />

sólidos, atingindo remoção média de 62 ± 27% para DQO, 49 ± 45% para DBO 5 , chegando<br />

a valores mínimos de 0,9 mg L -1 e eficiência máxima de remoção de 97%. O sistema foi<br />

adequado à remoção de sólidos com valores médios de 71 % para sólidos em suspensão, e<br />

uma concentração mínima de 0,3 mg L -1 de SST, 0 mg L -1 para SSF, e para SSV atingiu a<br />

concentração mínima de 0,3 mg L -1 . Para o fósforo, a eficiência de remoção não foi<br />

constante, sendo o valor médio de 27,7 ± 30,4% de remoção. O sistema também não se<br />

mostrou eficiente para a remoção de microrganismos do grupo coliforme, sendo que os<br />

valores mínimos alcançados de 6,0.10 5 NMP/100 mL para coliformes totais e 1,0.10 3<br />

NMP/100 mL para coliformes termotolerantes, sendo os percentuais médios de remoção de<br />

86 ± 30 % e 92 ± 12 %, respectivamente. As remoções de coliformes e fósforo foram<br />

consideradas com baixa eficiência pelos autores.<br />

Bevilacqua et al. (2009) avaliaram a aplicação de WC’s como pós-tratamento de<br />

esgotos sanitários em reator UASB, em termos de remoção de ovos de helmintos. Os<br />

autores testaram diferentes configurações, incluindo variações de fluxo (superficial e<br />

subsuperficial) e de macrófita cultivada (Brachiaria arrecta e Typha sp.). Verificaram-se<br />

reduções de ovos de helmintos nas configurações testadas, porém não para atingir o limite<br />

da Organização Mundial da Saúde (OMS) para irrigação com esgotos sanitários (< 1 ovo de<br />

helmintos/L). As eficiências de remoção variaram entre 79% no fluxo subsuperficial e 84%<br />

no fluxo superficial. As porcentagens de amostras com níveis não detectáveis de ovos de


54<br />

helmintos nos efluentes foram: 50% no fluxo superficial e 40% no fluxo subsuperficial. A<br />

detecção de ovos nos efluentes se deu em números relativamente elevados, sendo que os<br />

autores concluem que WC’s, sob as condições operacionais testadas, não demonstraram<br />

estabilidade na remoção de ovos de helmintos.<br />

Pereira et al. (2009) avaliaram a eficiência de WC’s como pós-tratamento de<br />

efluente de reator UASB para aproveitamento da biomassa para alimentação animal. Foram<br />

testados os fluxos superficial e subsuperficial e vegetadas com dois tipos de macrófitas<br />

(Brachiaria arrecta e Typha spp.). O efluente do reator UASB continuou apresentando<br />

altas concentrações para todos os parâmetros biológicos analisados, resultando na<br />

contaminação das macrófitas. Na pior situação houve 10 4 E. coli, 228 cistos de Giardia sp.,<br />

321,4 oocistos de Cryptosporidium sp. e 147,2 ovos de helmintos por 100 g (peso úmido).<br />

A unidade que apresentou maior valor médio para E. coli foi a de fluxo superficial (2,7.10 4<br />

NMP/100g). A contaminação da cobertura vegetal foi menor na unidade de fluxo<br />

subsuperficial, mas wetlands construídos parecem não proteger a contaminação da parte<br />

aérea das macrófitas, levando a risco potencial à saúde humana (operadores) e animal<br />

(eventual consumidor da biomassa).<br />

Santiago & Calijuri (2009) avaliaram a eficiência de pós-tratamento de esgoto<br />

doméstico em WC’s com fluxo subsuperficial, pré-tratado anaerobiamente em sistema<br />

decanto-digestor. O sistema de tratamento apresentou 85% de remoção da matéria orgânica<br />

em termos de DQO e 86% de DBO 5 ; 90% de remoção de SST. A remoção dos nutrientes,<br />

nitrogênio amoniacal, fósfoto total e solúvel foram de: 25%, 36% e 40%, respectivamente.<br />

Verificou-se uma evapotranspiração em torno de 34% da vazão que entrava nos WC’s. A<br />

matéria orgânica, removida primeiramente no decanto-digestor, imprimia eficiência de<br />

remoção média da ordem de 68% de DQO e de DBO 5 e a eficiência global do sistema em<br />

86 ± 8% para DQO e 85 ± 11% para DBO 5 . A eficiência global de remoção de sólidos<br />

ficou em 90 ± 38% para SST com mínimo de não detectável e máximo de 28 mg L -1 . A<br />

eficiência de remoção de nitrogênio amoniacal foi pequena, havendo aumento do mesmo<br />

no efluente ao sistema. A eficiência global de remoção do fósforo foi de 36 ± 25% para o<br />

fósforo total e de 40 ± 43% para o fósforo total solúvel. Os dois alagados apresentaram<br />

baixa eficiência de remoção de E. coli (2,1 unidades logarítmicas), sendo menor que a<br />

eficiência do decanto-digestor.


55<br />

Freitas (2008) avaliou a eficiência de tratamento de efluente doméstico do campus<br />

universitário da UNISC com WC’s vegetado por Pennisetum purpureum. A melhor<br />

eficiência de remoção atingida pelo sistema foi de 43%, atingindo concentração de 48,9<br />

mg L -1 de matéria orgânica em termos de DQO. A concentração do efluente em nitrogênio<br />

amoniacal variou entre 73 e 50,5 mg L -1 , sendo que a remoção ficou em torno de 50% de<br />

eficiência. Para o sistema vegetado por Zizaniopsis bonariensis apresentou redução da<br />

matéria orgânica em DQO de 26% e de nitrogênio amoniacal em 50%, sendo que houve<br />

elevação dos valores de nitrogênio amoniacal para 500 mg L -1 e 799 mg L -1 . Foi observado<br />

que no mês em que não houve redução de DQO no sistema, coincidiu com o período no<br />

qual provavelmente não houve desenvolvimento de raízes.<br />

Voese (2008) avaliando o pós-tratamento em WC’s vegetados por Typha sp. e<br />

Pennisetum purpureum para efluente doméstico pré-tratado em reator UASB do campus<br />

universitário da UNISC, obteve 72% de redução de DQO e 65% de redução de nitrogênio<br />

-<br />

amoniacal. A maior conversão de N-NO 3 ocorreu no wetland de fluxo descendente.<br />

Durante a fase vegetada por P. purpureum houve alta redução de DQO total (71,6%). Neste<br />

sistema, houve tendência de manutenção do pH entre 7,5 e 8,0. As reduções de demanda<br />

química de oxigênio apresentam valores de 72% da DQO inicial na etapa de anaerobiose e<br />

65% de redução do nitrogênio amoniacal.<br />

Mazzola et al. (2005) avaliaram o desempenho de leitos cultivados de fluxo vertical<br />

em batelada com diferentes tempos de reação (24, 48, 72 e 96 h) sendo um dos sistemas<br />

vegetado com Eleocharis sp. e outro não-vegetado. Para o tempo de reação de 24h os<br />

resultados em termos de concentração passaram de 12,4 para 12,1 mg L -1 de Ptotal; de 39,0<br />

para 35,0 mg L -1 de NH 3 e mantiveram os valores de 0,76 mg L -1 de NO - 3 . Os resultados em<br />

48 h de TDH o efluente passou para 10,0 mg L -1 de Ptotal; de 37,0 para 34,0 mg L -1 de NH 3<br />

e de 0,76 para 0,45 mg L -1 de NO - 3 . Melhores resultados foram obtidos em 96 h: 10,9 para<br />

10,10 mg L -1 de Ptotal; 33,7 para 30,0 mg L -1 de NH 3 e 0,85 para 0,30 mg L -1 de NO - 3 .<br />

A combinação dos WC’s com processos ditos avançados tem sido contemplada por<br />

pesquisas com os POA’s. Os POA’S se destacam por serem uma tecnologia alternativa ao<br />

tratamento de várias matrizes ambientais. Nesses processos, os contaminantes não são<br />

simplesmente transferidos de fase, mas sim, degradados através de uma série de reações<br />

químicas (JARDIM & TEIXEIRA, 2004; NOGUEIRA & JARDIM, 1998). Os POA’s são


56<br />

processos não seletivos, podendo degradar inúmeros compostos, independente da presença<br />

de outros; transformam produtos refratários em compostos biodegradáveis; podem ser<br />

usados integrados a outros processos (pré e pós tratamento); geralmente não necessitam de<br />

disposição final; melhoram as qualidades organolépticas da água tratada e apresentam a<br />

capacidade de detoxificação e desinfecção. Além disso, podem ser usados para destruir<br />

compostos orgânicos tanto em fase aquosa, como em fase gasosa ou adsorvidos numa<br />

matriz sólida.<br />

Esses processos se caracterizam por transformar a grande maioria dos<br />

contaminantes orgânicos em dióxido de carbono, água e ânions inorgânicos, através das<br />

reações de degradação que envolvem espécies transitórios oxidantes, principalmente os<br />

radicais hidroxila (HO·). Estes radicais podem ser gerados através de reações envolvendo<br />

oxidantes fortes, como o ozônio (O 3 ) e peróxido de hidrogênio (H 2 O 2 ), semicondutores,<br />

como dióxido de titânio (TiO 2 ) e óxido de zinco (ZnO) e irradiação ultravioleta (UV)<br />

(MANSILLA et al., 1997), sendo que os processos que contam com catalisadores sólidos<br />

são chamados heterogêneos, enquanto que os demais são chamados homogêneos. Tais<br />

catalisadores são substâncias que aumentam a velocidade da reação para atingir o equilíbrio<br />

químico sem sofrerem alteração química, sendo que as reações feitas na presença destas<br />

substâncias são chamadas de reações catalíticas.<br />

A fotocatálise heterogênea (FH) baseia-se na irradiação de um fotocatalisador<br />

(semicondutor inorgânico), no caso o TiO 2 , cuja energia do fóton deve ser maior ou igual à<br />

energia do "band gap" (quantidade mínima de energia requerida para excitar o elétron) do<br />

semicondutor para provocar a transição eletrônica. Dessa forma, sob irradiação, um elétron<br />

é promovido da banda de valência para a banda de condução formando sítios oxidantes e<br />

redutores que catalisam reações químicas, oxidando compostos orgânicos até CO 2 e H 2 O, e<br />

reduzindo metais dissolvidos ou outras espécies presentes (ZIOLLI & JARDIM, 1998)<br />

(Figura 5).


57<br />

Figura 5. Mecanismo simplificado para a fotoativação de um semicondutor<br />

Fonte: JARDIM & TEIXEIRA (2004) apud SURI et al. (1993).<br />

Quando partículas de TiO 2 , que estão em contato ou muito próximas de<br />

microrganismos e são irradiadas, os radicais hidroxila gerados atacam a superfície<br />

microbiana danificando componentes da célula. As vantagens em se utilizar reações<br />

heterogêneas são: amplo espectro de compostos orgânicos que podem ser mineralizados,<br />

possibilidade da não utilização de receptores adicionais de elétrons tais como H 2 O 2 ,<br />

possibilidade de reuso do fotocatalisador, e possibilidade de uso da radiação solar como<br />

fonte de luz para ativar o catalisador (SURI et al., 1993). Outra importante aplicação da<br />

fotocatálise heterogênea é a desinfecção de esgoto sanitário e água de abastecimento,<br />

operações importantes para o controle de doenças de veiculação hídrica, com a grande<br />

vantagem de não gerar subprodutos carcinogênicos tais como trialometanos, como pode<br />

ocorrer na cloração.<br />

A energia necessária para ativar o TiO 2 é cerca de 3,2 eV, que corresponde à<br />

radiação UV de comprimento de onda menor que 387 nm. Isto possibilita a utilização da<br />

luz solar como fonte de radiação, uma vez que comprimentos de onda nesta faixa<br />

representam, aproximadamente, 3 % do espectro solar que atinge a superfície terrestre.<br />

Vários estudos avaliaram a integração de FH com aplicação de ozônio, gerando um<br />

tratamento chamado de Fotoozonização catalítica (UV/TiO 2 /O 3 ) (ALBRECHT, 2007;<br />

KÜHN FILHO, 2008; LOURENÇO, 2008; COLLETTA, 2008).


58<br />

Kühn Filho (2009), investigando a integração de reator UASB + WC’s com<br />

UV/TiO 2 /O 3 de Fotocatalisador Tipo Cone (FTC) com os efluentes domésticos do campus<br />

universitário da UNISC, obteve desinfecção superior a 90% com tempo de detenção<br />

hidráulica de 1 min. Em tempos de detenção hidráulica de 30 min a CE(I) 50 com Daphnia<br />

magna foi de 69,6%, mantendo-se na faixa de moderadamente a pouco tóxica. Reduções<br />

dos índices de eutrofização também foram observadas, com os valores de fósforo total<br />

reduzidos em 30% no efluente oxidado. Os valores de NTK tiveram reduções inferiores a<br />

4%. A combinação UASB + fotoozonização catalítica demonstrou potencial redutor de<br />

patogenicidade e eutrofização.<br />

Lourenço (2008) avaliou a aplicação de radiação ultravioleta (UV) em reator tubular<br />

e fotoozonização catalítica (UV/TiO 2/ O 3 ) em reator tipo coluna para a desinfecção de<br />

efluentes secundários previamente tratado por reator UASB + WC’S usando o efluente do<br />

campus universitário da UNISC. Esta autora obteve resultados que demonstraram a<br />

aplicabilidade dos reatores tipo tubular e coluna para desinfecção total do esgoto tratado em<br />

4 e 12 min, respectivamente. Foram observadas reduções de 60% de nitrogênio amoniacal,<br />

41% de alcalinidade total e 4,8% de redução de turbidez.<br />

Antoniadis et al. (2007) estudando a integração dos métodos foto-Fenton + WC’s<br />

para o tratamento de esgoto urbano sintético, observaram reduções significativas do<br />

carbono orgânico dissolvido (COD) e DQO com faixas superiores a 80%. No entanto, os<br />

valores de N-NH + 4 , NO - 3 foram elevados no pós-tratamento dos dois sistemas passando de<br />

77,5 para 92,3 mg L -1 e de 2 para 34 mg L -1 , respectivamente. As reduções de fósforo<br />

foram em média de 73% no tratamento com foto-Fenton e adicional redução de 17,9% foi<br />

observada após passagem pelos WC’s.<br />

Araña et al. (2008) estudaram a integração fotocatálise (TiO 2 /UV) + WC’s para o<br />

tratamento de pesticidas e fungicidas comerciais. Estes autores monitoraram a evolução dos<br />

compostos gerados durante diferentes tempos de aplicação da TiO 2 /UV via cromatografia<br />

gasosa e espectrometria de massas e cromatografia líquida de alta eficiência podendo<br />

associar a toxicidade crônica a determinados compostos gerados na degradação de<br />

pesticidas. No comparativo da eficiência de redução da toxicidade de Lemna minor nos três<br />

sistemas WC’s avaliados (um deles vegetado com Phragmites australis; outro vegetado<br />

com Papyrus sp.; e outro com substrato não-vegetado) observou-se que a presença das


59<br />

espécies empregadas nestes WC’s não influenciaram na degradação dos compostos e<br />

consequentemente na redução da toxicidade. Quando os pesticidas foram avaliados na<br />

integração TiO 2 /UV (aplicada por uma hora) e WC’s maiores reduções de toxicidade foram<br />

obtidas.<br />

Grafias et al. (2010) descreveram a ineficiência de um POA que demonstrou que os<br />

valores de CE(I) 50 para Vibrio fischeri ficaram extremamente tóxicos com valores de 3,8%<br />

no afluente e 2% após tratamento com a eletro-oxidação do efluente de agroindústria de<br />

processamento de azeitona. Quando na combinação eletro-oxidação e pós-tratamento com<br />

WC’s, a toxicidade passa a valores de CE(I) 50 de 26%, sendo considerado altamente tóxico.<br />

Já quando a eletro-oxidação é aplicada como pós-tratamento dos WC’s, a CE(I) 50 atinge<br />

valores médios de 45%, sendo mais eficiente que a primeira combinação (eletrooxidação/WC’s),<br />

porém sendo o efluente ainda considerado altamente tóxico.


60<br />

4 METODOLOGIA<br />

4.1 Caracterização do local de estudo<br />

O sistema experimental foi instalado na Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), no<br />

Campus da UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul, RS. O levantamento dos dados<br />

referentes à ETE foi feito junto à Coordenação Ambiental da Prefeitura do Campus da<br />

UNISC.<br />

De acordo com a Coordenação Ambiental, o esgoto drenado para tratamento na ETE,<br />

é originário dos mictórios e bacias sanitárias, sendo que os restaurantes possuem sistemas<br />

de tratamento com caixa separadora de óleos e graxas e posterior encaminhamento para a<br />

ETE UNISC.<br />

Quanto aos laboratórios, todos os resíduos são coletados segregadamente e<br />

encaminhados para a Central de Tratamento de Resíduos (CETER). A ETE foi<br />

dimensionada para um equivalente populacional de 18.000 pessoas (estudantes e<br />

funcionários), sendo que a média por semestre é de 11.500 indivíduos divididos nos três<br />

turnos de funcionamento das aulas no campus, sendo mais concentrados no período<br />

noturno.<br />

A ETE em escala real é constituída pelas seguintes etapas de tratamento:<br />

gradeamento, desarenador, tanque equalizador, Reator anaeróbio de fluxo ascendente de<br />

manta de lodo (UASB), biofiltro aerado, decantador e leito de secagem de lodo (Figura 6).<br />

A ETE opera com vazão máxima de 129,6 m³ dia -1 e mínima de 57,6 m³ dia -1 sendo que a<br />

média é 103,2 m³ dia -1 .<br />

Após o tratamento na ETE UNISC, o efluente tratado é encaminhado para a rede<br />

coletora municipal, e desta, acaba sendo descartado indiretamente pelas galerias e canal<br />

pluvial municipal, no Arroio Lajeado. O Arroio Lajeado apresenta vazão média de 588,2<br />

m 3 d -1 (DUPONT, 2010).


61<br />

Tanque<br />

equalizador<br />

Leito de secagem de lodo<br />

Decantador<br />

Biofiltro aerado<br />

Reator UASB<br />

Gradeamento<br />

e Desarenador<br />

Experimento: Wetlands Construídos<br />

Figura 6. Esquema geral com a descrição de cada etapa de tratamento da ETE UNISC e localização do<br />

experimento com wetlands construídos Fonte: Guilherme Becker.<br />

4.2 Caracterização analítica do afluente e efluente<br />

Uma caracterização inicial do efluente bruto foi realizada em 15 de março de 2010<br />

sendo avaliados os parâmetros DBO 5 , DQO, N-NH 3 , N-NO - 3 , NTK e Ptotal, determinados<br />

pela Central Analítica da UNISC (Anexo A). O monitoramento regular da ETE UNISC é<br />

exclusivo para o efluente tratado. Para esta caracterização, foi realizada uma coleta de<br />

amostra simples do tanque equalizador da ETE UNISC. As amostras de cada parâmetro<br />

foram coletadas e armazenadas de acordo com orientação do laboratório de análises para<br />

cada método.<br />

No decorrer da experimentação com os WC’s, os parâmetros físico-químicos do<br />

afluente e efluentes foram analisados no Laboratório de Tecnologia e Tratamento de Águas<br />

e Efluentes (LATTAE) da UNISC, exceto N-NO - 3 , K + e Na + que foram analisados na<br />

Central Analítica da UNISC via contratação de serviços.<br />

O afluente e efluentes dos sistemas WC’s foram caracterizados através dos<br />

parâmetros analíticos e metodologia de acordo com a Tabela 8. Todas as amostragens<br />

foram constituídas por amostras simples, sendo analisadas logo após a coleta, porém


62<br />

quando houve necessidade, as mesmas foram preservadas de acordo com as recomendações<br />

de cada método. Os pontos de coleta e as frequencias de amostragens dos afluentes e<br />

efluentes dos sistemas WC’s são definidas no item 4.6.1.<br />

Tabela 8. Métodos analíticos para caracterização do efluente bruto e efluentes tratados nos sistemas WC’s<br />

Parâmetros Método Fonte<br />

DQO Colorimétrico/Titulométrico APHA/AWWA, 2005<br />

DBO 5 Método de Winkler/Titulométrico APHA/AWWA, 2005<br />

OD Titulométrico APHA/AWWA, 2005<br />

SSedim Cone de Imhoff APHA/AWWA, 2005<br />

Temperatura<br />

Termômetro Analógico<br />

Turbidez Método Ótico APHA/AWWA, 2005<br />

pH Potenciométrico APHA/AWWA, 2005<br />

Condutividade Eletroquímico APHA/AWWA, 2005<br />

Cor aparente (λ 420nm)<br />

Colorimétrico<br />

Fósforo Total Colorimétrico/Molibdato de Amônio APHA/AWWA, 2005<br />

N-NH 3 Destilação/Titulométrico APHA/AWWA, 2005<br />

NTK Digestão ácida APHA/AWWA, 2005<br />

-<br />

N-NO 3 Colorimetria/Ácido Fenoldissulfônico APHA/AWWA, 2005<br />

K + Fotometria de Chama APHA/AWWA, 2005<br />

Na + Fotometria de Chama APHA/AWWA, 2005<br />

Ecotoxicidade aguda CE(I) 50 (Daphnia magna) ABNT 12.713, 2004<br />

Ecotoxicidade crônica CI(I) 50 (Ceriodaphnia dubia) ABNT 13.373, 2005<br />

Coliformes totais Placas Petrifilm 3M® AOAC, 2000<br />

Escherichia coli Placas Petrifilm 3M® AOAC, 2000<br />

Para a determinação de oxigênio dissolvido, o efluente foi coletado em garrafas de<br />

Van Dorn, sendo adicionados os reagentes para a complexação do oxigênio ainda em<br />

campo, posteriormente a titulação foi realizada no LATTAE pelo Método de Winkler.<br />

A determinação de Escherichia coli e coliformes totais foram realizadas no<br />

Laboratório de Ensino de Microbiologia da UNISC, sendo utilizado o protocolo Petrifilm<br />

3M® para a contagem destes parâmetros que se baseia na coloração e formação de gás das<br />

colônias de bactérias (AOAC, 2000) com algumas adaptações. A coleta das amostras para<br />

E. coli e coliformes totais foi realizada em frascos esterilizados em autoclave à 121ºC por<br />

20 minutos de vidro âmbar com capacidade de 100 mL. Em capela de fluxo laminar, todos<br />

os materiais foram dispostos e deixou-se por ação de luz ultravioleta (UV) por um período<br />

de 15 minutos. Após, os frascos de coleta foram higienizados externamente com álcool


63<br />

70% e invertidos manualmente por 25 vezes para homogeneização da amostra. Antes da<br />

inoculação fez-se uma diluição de 10 -1 com solução salina peptonada 0,1% estéril em tubos<br />

de ensaio colocando-se 9 mL desta solução e 1 mL da amostra. A solução formada foi<br />

homogeneizada em vórtex por 10 segundos. Houve sempre o cuidado de flambar os tubos<br />

de ensaio no Bico de Bunsen no momento de sua abertura e fechamento. Em seguida, foi<br />

retirada com micropipetador automático uma alíquota de 1 mL e depositada sobre a placa<br />

levantando o filme superior. Em seguida, abaixou-se o filme superior evitando a entrada de<br />

bolhas de ar. Houve o cuidado para espalhar o conteúdo de maneira uniforme. Após a<br />

gelificação do meio de cultura, as placas identificadas foram incubadas em estufa<br />

microbiológica à 35º C ± 1º C por 48 h ± 2h (Figura 7).<br />

Figura 7. Análises microbiológicas. A: capela de fluxo laminar usada para a inoculação das amostras. B:<br />

incubação das amostras em placas Petrifilm 3M®.<br />

Fonte: Autora.<br />

De acordo com o protocolo Petrifilm 3M®, a contagem de coliformes totais<br />

corresponde ao total de colônias azuis e vermelhas associadas com gás em 24h de<br />

incubação. As placas foram incubadas novamente por mais 24h para a detecção de novas<br />

colônias azuis associadas com gás. O total de colônias azuis após 48 horas da incubação<br />

foram consideradas E. coli (Figura 8).


64<br />

Figura 8. Interpretação dos resultados microbiológicos. A: colônias vermelhas associadas com gás<br />

(coliformes totais). B: colônias vermelhas não associadas com gás (aeróbios). C: colônias azuis associadas<br />

com gás (Escherichia coli) e D: colônias azuis não associadas com gás.<br />

Fonte: Autora.<br />

A contagem das colônias foi realizada em contador de colônia e quando necessário<br />

em microscópio estereoscópico. O método tem eficiência em determinações de 15 a 150<br />

colônias, sendo que quando houve número inferior a 15, o resultado deve ser considerado<br />

como estimado. Quando houve mais de 150 colônias, apenas um quadrado representativo<br />

foi contabilizado e o resultado multiplicado por 20, conforme protocolo Petrifilm 3M®. A<br />

expressão dos resultados foi em Unidades Formadoras de Colônias em 100 mL de efluente<br />

(UFC/100 mL).<br />

Os testes ecotoxicológicos foram realizados no Laboratório de Ecotoxicologia da<br />

UNISC sendo utilizada a espécie Daphnia magna Straus como organismo-teste para a<br />

ecotoxicidade aguda e Ceriodaphnia dubia Richard como organismo-teste para a<br />

ecotoxicidade crônica. As coletas foram realizadas em garrafas PET de 600 mL e<br />

armazenadas em congelamento por um período máximo de até três meses para a realização<br />

dos testes, sendo que os procedimentos metodológicos utilizados seguem as normas da<br />

NBR 12713 (ABNT, 2004) para Daphnia magna e NBR 13373 (ABNT, 2005) para<br />

Ceriodaphnia dubia.<br />

Para os ensaios agudos, os organismos-teste foram cultivados em água reconstituída,<br />

composta por água destilada e desionizada e nutrientes (meio M4), com pH variando de 7,0<br />

a 8,0 (ABNT 2004). A água reconstituída foi aerada para a solubilização total dos sais,


65<br />

saturação de oxigênio dissolvido e estabilização do pH durante pelo menos 12 horas antes<br />

da sua utilização.<br />

Cada lote comportou de 25 a 30 indivíduos, exclusivamente fêmeas, pois elas são<br />

geneticamente idênticas. As culturas foram mantidas em ambiente com temperatura<br />

controlada de 20 ºC ± 2 ºC e em fotoperíodo de 16 horas luz. Estas condições foram obtidas<br />

através da utilização de incubadora de DBO modificada (Figura 9). Diariamente retiraramse<br />

as ecsúvias e os neonatos para realização de ensaios. A cada mês, a sensibilidade dos<br />

organismos-teste foi avaliada através de um ensaio com a substância de referência<br />

dicromato de potássio (K 2 Cr 2 O 7 ).<br />

Figura 9. Procedimentos no Laboratório de Ecotoxicidade da UNISC. A: Incubadora modificada utilizada<br />

para cultivo de Daphnia magna; B: realização de um ensaio ecotoxicológico agudo.<br />

Fonte: Autora.<br />

Utilizou-se como alimento a alga Scenedesmus subspicatus Chodat, fornecendo a<br />

quantia aproximada de 10 6 células mL -1 por organismo adulto, diariamente ou com<br />

intervalo de, no máximo dois dias.<br />

Para o cultivo da alga, manteve-se uma cultura estoque que serviu como inóculo. Ela<br />

foi mantida de 4 ºC a 10 ºC, em meio líquido, por no máximo um mês, para obtenção de<br />

células viáveis para semeadura. Utilizou-se o meio de cultura algácea Oligo (ABNT, 2004),<br />

cujas soluções para preparo foram estocadas de 4ºC a 10ºC, por no máximo seis meses.


66<br />

As amostras coletadas foram testadas baseando-se na exposição de neonatos de<br />

Dapnhia magna com idade de 2 a 26 horas de vida, em diluições da amostra por um<br />

período de 48 horas.<br />

A partir de cada amostra foram preparadas cinco diluições contendo meio de teste e<br />

amostra e um controle contendo apenas meio de teste, sendo as diluições realizadas com<br />

precisão volumétrica utilizando-se progressão geométrica de razão ½. Exemplificando, um<br />

teste pode constituir-se das seguintes diluições: 100% (amostra sem diluição), 50%, 25%,<br />

12,5% e 6,25% da amostra, além do controle negativo (sem adição de amostra). No<br />

controle negativo e como diluente foi utilizado o meio ISO (ABNT, 2004).<br />

Cada diluição foi colocada em 2 béqueres de 50 mL, com aproximadamente 25 mL<br />

de solução-teste em cada. Foram testados 20 organismos por diluição, sendo expostos 10<br />

em cada béquer (Figura 10). No controle foi utilizado o meio de teste, sendo aceito, no<br />

máximo, 10% de imobilidade (uma morte em cada béquer).<br />

Figura 10. Esquema do teste de toxicidade aguda.<br />

Fonte BRENTANO (2006).<br />

Os organismos-teste foram acrescentados aos copos de Becker, fazendo-se a<br />

distribuição sempre da menor para a maior concentração do agente tóxico, iniciando pelo<br />

controle. Os frascos foram cobertos com filme PVC e levados para a incubadora de teste.<br />

Durante o teste, os organismos não são alimentados nem ficam expostos à luz. Após 48h se<br />

estabelece o número de indivíduos imóveis por concentração avaliada. O resultado do teste<br />

aponta a menor quantidade de diluição que causa efeito agudo sobre os organismos.


67<br />

A CE(I) 50 (Concentração Efetiva) representa a concentração nominal da amostra, no<br />

início do ensaio, que causa efeito agudo (imobilidade) a 50% dos organismos durante o<br />

tempo de exposição. Após a exposição de 48 horas, os cálculos para se obter a porcentagem<br />

de mortalidade por concentração (CE(I) 50 ), foram realizados a partir dos dados de<br />

imobilidade dos organismos testados em cada concentração. Para isso, foram utilizados os<br />

métodos estatísticos Trimmed Sperman-Karber Method (HAMILTON et al., 1979) para<br />

dados não paramétricos.<br />

A partir dos resultados das determinações da CE(I) 50 48h, utilizou-se uma escala de<br />

toxicidade relativa conforme mostra a Tabela 9.<br />

Tabela 9. Escala de toxicidade relativa para CE(I) 50 48h (%) com Dapnhia magna<br />

Percentil CE(I) 50 48h Toxicidade<br />

25% 75% Pouco Tóxica<br />

Fonte: Lobo et al. (2006).<br />

Para a realização dos testes de toxicidade crônica, foram utilizados organismos jovens<br />

de Ceriodaphnia dubia, com 2 a 26 horas de idade, obtidos a partir da postura das fêmeas<br />

cultivadas. O método consiste na exposição dos neonatos a várias diluições da amostra por<br />

um período de aproximadamente sete dias (ABNT 13373, 2005).<br />

As matrizes foram cultivadas em copos de Becker de 500 mL com aproximadamente<br />

25 organismos, em temperatura controlada de 25 ºC ± 2 ºC e fotoperíodo de 16 horas luz.<br />

Cada ensaio foi realizado com cinco diluições além do controle negativo (somente<br />

água reconstituída). As diluições (solução-teste) foram preparadas com precisão<br />

volumétrica, em progressão geométrica de razão ½. Para cada diluição, utilizaram-se 10<br />

réplicas, dispondo individualmente 10 organismos de Ceriodaphnia dubia em tubos de<br />

ensaio de 16 cm. Os tubos foram identificados e cobertos por filme de PVC para evitar a<br />

evaporação e contaminação do teste com possíveis resíduos suspensos no ar.<br />

Na Figura 11 é possível visualizar a estrutura necessária para realização dos testes,<br />

bem como a dimensão real necessária para o desenvolvimento de um único teste.


68<br />

Figura 11. Realização do teste de toxicidade crônica com Ceriodaphnia dubia no Laboratório de<br />

Ecotoxicologia da UNISC.<br />

Fonte: Autora.<br />

No preparo do teste, utilizou-se água reconstituída como diluente. As soluções-teste<br />

foram preparadas no momento da exposição do organismo, utilizando as devidas<br />

proporções de amostra e água reconstituída. O organismo-teste foi exposto à solução-teste,<br />

sendo transferido de forma a evitar a alteração da concentração final da mesma. Para tal<br />

utilizou-se pipeta de Pasteur a fim de não causar dano ou estresse aos indivíduos. Teve-se o<br />

cuidado de liberar o organismo próximo da superfície da solução para evitar a entrada de ar<br />

sob sua carapaça e consequente flutuação.<br />

Os testes foram mantidos nas mesmas condições ambientais que os lotes de cultivo,<br />

com luminosidade difusa (fotoperíodo de 16 horas de luz) e temperatura de 23°C a 27°C.<br />

Os organismos-teste receberam diariamente alimentação, sendo fornecido como alimento a<br />

alga clorofícea Pseudokircheriella subspicatus e uma solução (8g em 100 mL de água<br />

deionizada) de composto comercial do microcrustáceo Artemia salina (BioArtemia®), em<br />

concentrações próximas a 10 7 células mL -1 .<br />

Os testes foram montados sempre em sextas-feiras e a leitura era realizada em dias<br />

intercalados, assim: segundas, quartas e sexta-feiras.<br />

Em cada leitura observava-se a sobrevivência e o número de jovens gerados por<br />

fêmea. Nesse momento também se substituía a solução-teste antiga, caracterizando um teste


69<br />

semi-estático, tendo-se o cuidado de as soluções-teste estarem na temperatura de 23°C a<br />

27°C no momento da transferência dos organismos. Em cada troca da solução-teste,<br />

retirou-se a Ceriodaphnia dubia adulta e transferiu-se para um novo tubo contendo nova<br />

solução-teste com a respectiva diluição. As jovens foram registradas e contabilizadas e a<br />

solução-teste antiga era descartada. Em sextas-feiras, caso a soma dos jovens gerados no<br />

controle (meio de cultivo) durante a semana não atingissem o mínimo de 15 organismos<br />

jovens em 60% das fêmeas adultas sobreviventes mais uma leitura era realizada aos<br />

sábados, tendo o cuidado de não ultrapassando o oitavo dia, conforme instrução da norma<br />

ABNT 13373 (2005).<br />

Para a realização dos cálculos estatísticos, foram considerados os critérios de<br />

reprodução e mortalidade, sendo que, para a execução dos cálculos utilizou-se o programa<br />

estatístico proposto por Norberg King (1993). O cálculo foi realizado em porcentagem e o<br />

resultado do ensaio foi expresso em concentração inicial de inibição, CI(I) 50 , ou seja,<br />

concentração nominal da amostra que causa redução na reprodução de 50% dos indivíduos<br />

em relação ao controle.<br />

A escala de toxicidade relativa é a mesma que usada para expressão dos resultados de<br />

ecotoxicidade aguda de acordo com Lobo et al. (2006) (Tabela 9) somente adaptando para<br />

CI(I) 50 .<br />

4.3 Caracterização das macrófitas aquáticas<br />

A espécie Hymenachne grumosa (Nees) Zuloaga escolhida como principal a ser<br />

avaliada nos WC’s é bastante comum em campos sulinos, sendo forrageira e usada como<br />

alimento animal. Esta espécie já foi utilizada em experimentos anteriores com o mesmo<br />

efluente, podendo citar os trabalhos de Silveira (2010), tendo sido obtidos bons resultados<br />

para a redução dos parâmetros físico-químicos e produção de biomassa.<br />

Para a identificação do táxon, exsicatas da planta foram montadas e levadas ao<br />

Laboratório de Botânica da UFRGS para a identificação com o auxílio da Dra. Ilsi Boldrini,<br />

mediante a chave de identificação taxonômica de Guglieri & Longhi-Wagner (2000) e<br />

comparativo com exsicatas depositadas no Herbário ICN do Instituto de Biociências da


70<br />

UFRGS. O material utilizado na identificação foi depositado no Herbário da UNISC<br />

(HCB), sob o código HCB 02866.<br />

As mudas de H. grumosa foram coletadas às margens da estrada RS-287 na várzea<br />

do Arroio Plumbs em Vera Cruz, RS, próximo a uma lavoura de arroz (29 º 42’10.59”S e 52 º<br />

35’53.26”O). A área foi escolhida pela presença predominante da macrófita aquática<br />

emergente escolhida, a qual caracteriza peculiarmente esta área por se distribuir de forma<br />

homogênea, formando imensos estandes de vegetação (Figura 12).<br />

Figura 12. Plantas utilizadas na pesquisa. A: área de coleta dos propágulos da macrófita emergente em Vera<br />

Cruz. B: inflorescência de H. grumosa. C: área de coleta da espécie submersa em Pântano Grande. D: plantas<br />

adultas de M. aquaticum em ambiente natural.<br />

Fonte:A, C e D: Autora.; B: Jaqueline Spellmeier, 2009.<br />

Neste experimento também se avaliou, em menor intensidade, a macrófita submersa<br />

Myriophyllum aquaticum (Vell.) Verdc.. Esta espécie foi coletada no município de Pântano


71<br />

Grande, RS, em propriedade conhecida como Rincão Gaia (30º09’27.07”S 52º19’47.42”O).<br />

As mesmas encontravam-se em lago artificial, mas com abastecimento de água natural.<br />

Esta espécie foi escolhida em função dos bons resultados apresentados para a redução de<br />

nitrogênio amoniacal em trabalho de Greco (2010) com o mesmo efluente. A identificação<br />

da macrófita submersa seguiu a bibliografia de Souza & Lorenzi (2005) e Lorenzi (2008).<br />

A caracterização da biomassa de H. grumosa foi realizada a partir da poda da<br />

biomassa a uma altura de 0,15 m acima da superfície do meio suporte dos WC’s em 10 de<br />

setembro de 2010. Também foi verificada a profundidade atingida pelas raízes da plantas<br />

dentro dos leitos, através de escavações feitas no meio suporte e medições com trena.<br />

Em laboratório, a biomassa úmida foi determinada em balança granatária. Após foi<br />

retirada uma quantidade de aproximadamente dois quilos, esta porção foi picada em<br />

pedaços de aproximadamente 5 cm e submetida à temperatura de 65ºC em estufa<br />

bacteriológica até atingir massa seca com peso constante. Este material foi encaminhado<br />

para análises da composição química do tecido vegetal no Laboratório de Solos da UFRGS,<br />

sendo analisados os parâmetros e respectiva metodologia conforme demonstrado na Tabela<br />

10. Não houve separação das partes do vegetal, sendo analisado, portanto, brotos, plantas<br />

jovens e adultas, estruturas reprodutivas do material vegetal.<br />

Tabela 10. Métodos aplicados nas determinações analíticas do tecido vegetal de Hymenachne grumosa<br />

Parâmetros<br />

Metodologia aplicada/Limite de detecção<br />

Carbono orgânico - % (m/m) Combustão úmida/Walkey Black / 0,01%<br />

Nitrogênio (TKN) - % (m/m) Kjeldahl / 0,01 %<br />

Fósforo total - % (m/m) Digestão úmida nítrico-perclórica/ ICP-OES / 0,01 %<br />

Potássio total - % (m/m) Digestão úmida nítrico-perclórica/ ICP-OES / 0,01 %<br />

Sódio total - mg/kg Digestão úmida nítrico-perclórica/ ICP-OES / 10<br />

mg/kg<br />

Para a determinação da taxa de crescimento, realizou-se mensalmente a medição da<br />

altura de todas as mudas de cada sistema.<br />

A macrófita submersa M. aquaticum foi agregada ao experimento apenas após a<br />

primeira poda da macrófita emergente H. grumosa, sendo determinada a biomassa total<br />

antes da colocação da macrófita. A determinação da biomassa produzida foi realizada a


72<br />

partir da diferença de peso dos exemplares iniciais e finais após um período de 7 dias<br />

(GRECO, 2010).<br />

4.4 Configuração e montagem dos WC’s e suas unidades integradas<br />

Para este estudo foram construídas quatro diferentes configurações de sistemas<br />

WC’s, todas elas constituídas de três compartimentos (caixas) sequenciais precedidas por<br />

um tanque equalizador de 1.000 litros de volume útil, um decantador/digestor e um<br />

distribuidor e controlador de vazões. Já o pós-tratamento dos efluentes do WC de melhor<br />

desempenho foi realizado via fotoozonização catalítica com o reator FTC.<br />

O detalhamento dos sistemas descritos anteriormente são feitos nas fases de I a III.<br />

Todos os WC’s foram dispostos sobre uma estrutura metálica na forma de degraus<br />

de escada, estando a caixa inicial de cada sistema a 1,4 m do chão; a caixa intermediária a<br />

75 cm do chão e a caixa final a 10 cm do chão (Figura 13).<br />

As configurações foram as seguintes:<br />

a) W1: as três caixas foram vegetadas com a macrófita aquática emergente<br />

Hymenachne grumosa e apresentavam o fluxo subsuperficial;<br />

b) W2: as três caixas foram vegetadas com H. grumosa e o fluxo do efluente foi<br />

também subsuperficial. Além disso, toda a estrutura era disposta dentro de uma estufa<br />

plástica com estrutura de madeira. O plástico de cobertura era transparente e com 1 mm de<br />

espessura sendo que o mesmo isolou todo o sistema, exceto por uma abertura deixada na<br />

parte inferior final para facilitar a entrada na estufa para a realização das coletas do<br />

efluente, medição e poda das plantas;<br />

c) W3: configuração de fluxos mistos sequenciais, sendo que as caixas inicial e<br />

final apresentavam fluxo subsuperficial e foram vegetadas com H. grumosa, já a<br />

intermediária apresentava fluxo superficial e foi mantida por um período sem vegetação,<br />

cujos resultados serviram para atuar como o controle (testemunha). No período pós-poda da<br />

planta emergente, a caixa intermediária foi vegetada pela macrófita aquática submersa<br />

Myriophyllum aquaticum. A referência de controle foi considerada com o comparativo dos<br />

períodos com e sem vegetação.


73<br />

d) W4: configuração para avaliar a eficiência do sistema suporte sem vegetação,<br />

sendo as caixas preenchidas com o substrato, não estando nenhuma delas vegetada. O fluxo<br />

do efluente foi subsuperficial;<br />

Figura 13. Configurações das unidades experimentais de tratamento por WC’s. A: sistema de regulação de<br />

vazão com garrafa PET e equipo hospitalar; B: configuração W1; C: configuração W2; D: configuração de<br />

fluxos mistos, W3 e E: configuração W4 (controle).<br />

Fonte: Guilherme Becker.<br />

A caixa armazenadora era constituída de polietileno com capacidade de 1.000 litros<br />

e foi utilizada como equalizador para o afluente do experimento.<br />

O decantador/digestor foi construído em fibra de vidro com fundo cônico. Este<br />

compartimento apresentava a capacidade de 0,15 m 3 (VOESE, 2008), havendo um Tempo<br />

de Detenção Hidráulica (TDH) de 1,04 dias, proporcionando continuidade da atividade<br />

anaeróbia do afluente ao sistema experimental já iniciada no tanque equalizador da ETE<br />

UNISC.<br />

O controle da vazão para os sistemas WC’s foi constituído através de um sistema<br />

adaptado com garrafa PET e equipo de soro hospitalar com pinça rolete (Figura 14).


74<br />

Figura 14. Detalhe do controlador de vazão homogênea para as os sistemas experimentais de WC’s.<br />

Fonte: Guilherme Becker.<br />

As mangueiras do equipo e a garrafa foram cobertas por papel alumínio para evitar a<br />

incidência de luz solar e assim, evitar a proliferação de algas. A garrafa PET foi<br />

posicionada com o bocal para baixo, servindo para eventuais drenagens para a limpeza da<br />

garrafa.<br />

Os compartimentos foram constituídos por caixas plásticas de polietileno de alta<br />

densidade (PEAD) com formato retangular (92 cm de comprimento; 55 cm de largura; 58,5<br />

cm de altura). Entre as caixas de cada uma das configurações havia uma distância de<br />

aproximadamente 5 cm onde um cano de PVC de 0,5” e mangueira plástica flexível foram<br />

instalados para a manutenção do fluxo subsuperficial das caixas, sendo este mantido a 37<br />

cm de altura (Figura 15).<br />

As caixas foram preenchidas com camadas sobrepostas de substrato até<br />

aproximadamente 13 cm da borda superior, exceto a caixa intermediária do sistema W3, a<br />

qual não foi preenchida com substrato e será melhor descrita posteriormente.


75<br />

Figura 15. Cano de PVC e mangueira flexível utilizados para a manutenção da altura do fluxo<br />

Fonte: Autora.<br />

O substrato foi constituído por uma camada de aproximadamente 10 cm de brita nº<br />

4 (64 a 100 mm) colocada ao fundo das caixas. Sobre esta, uma camada de<br />

aproximadamente 5 cm de brita nº 1 (20 a 40 mm) foi colocada. Ambas as pedras britadas<br />

são de origem basáltica. Na parte da entrada do efluente das caixas, foi montada uma<br />

espécie de camada vertical de brita nº 1 e 4 conforme demonstrado da Figura 16.<br />

O restante foi preenchido com areia de diâmetro que variava entre 0,13 a 3,2 mm,<br />

sendo considerada de acordo com Caputo (1996) como areia média (entre 0,42 a 1,2 mm) a<br />

grossa (entre 1,2 a 4,8 mm). O ensaio granulométrico foi realizado no Laboratório de<br />

Engenharia Ambiental da UNISC com método de Peneiras Vibratórias. O diâmetro efetivo<br />

(d 10 ) da areia utilizada era de 0,298 mm e d 60 era de 0,596 mm, apresentando, portanto, um<br />

Coeficiente de Uniformidade (U) de 2 (adimensional; sendo U= d 60 /d 10 ) (Figura 17).<br />

Este ensaio permitiu verificar que a areia utilizada estava de acordo com as<br />

recomendações da literatura quanto à granulometria e índices físicos para sistemas WC’s,<br />

destacando-se (BUCKSTEEG, 1990; CONLEY et al., 1991; COOPER et al., 1996;<br />

PLATZER, 1999; ARIAS et al., 2001) que afirmam que o diâmetro efetivo (d 10 ) deve ser<br />

superior ou igual a 0,20 mm e o coeficiente de uniformidade menor ou igual a 5 unidades.


76<br />

Figura 16. Vista interior das caixas preenchidas com substrato de brita e areia mostrando a dimensão das<br />

caixas e de cada camada de substrato.<br />

Fonte: Guilherme Becker.<br />

Figura 17. Curva granulométrica da areia utilizada nos wetlands construídos<br />

Após o preenchimento do substrato, determinou-se o volume útil real das caixas<br />

pelo enchimento com água através de um balde com volume conhecido, sendo que foi


77<br />

atingindo o volume útil real de 90 litros. Neste momento, observou-se a necessidade das<br />

caixas receberem reforço estrutural de barras de ferro fundido de 0,5 cm de espessura, uma<br />

vez que demonstraram abaulamento quando preenchidas com a água.<br />

A caixa intermediária da configuração W3 (fluxos mistos) foi constituída de<br />

material metálico e internamente apresenta defletores (tipo “chicanas”) para permitir maior<br />

contato do efluente com as raízes da macrófita aquática já que o fluxo de escoamento nesta<br />

caixa era superficial (Figura 18). Esta foi mantida sem vegetação durante o período de<br />

março a setembro funcionando, portanto, como controle (testemunha). Durante este período<br />

foi coberta com tela de nylon a fim de evitar a proliferação de insetos. Entre 10 de setembro<br />

e 10 de outubro de 2010 (período pós-poda) foi vegetada com a espécie de macrófita<br />

submersa M. aquaticum.<br />

Figura 18. Detalhe interno dos defletores tipo “chicana” da caixa intermediária da configuração W3<br />

Fonte: Guilherme Becker.<br />

4.5 Fotoozonizador Catalítico Tipo Cone (FTC)<br />

A concepção e construção do FTC fizeram parte do trabalho de Kühn Filho (2009)<br />

(Figura 19). Para este trabalho optou-se pela configuração FTC2 deste autor. Esta<br />

configuração era constituída de sistema colimador, rampa em acrílico para fixação do TiO 2<br />

P25 Degussa, com adesão via aplicação de clorofórmio; tanque equalizador com volume


78<br />

útil de 30 L e sistemas de transferência gás-líquido tipo Pitot-Venturi. O FTC foi concebido<br />

para realização dos ensaios em batelada, com taxa de recirculação de 1,5 m 3 h -1 e com<br />

volume útil do cone em 0,3 L.<br />

Figura 19. Fotoozonizador Catalítico Tipo Cone. 1 – Colimador com suporte para as lâmpadas germicidas<br />

(30 W, λ= 254 nm) dotado de entrada e saída de ar. 2 – Lâmpadas germicidas de baixa pressão de vapor de<br />

mercúrio monocromáticas (30 W, λ= 254 nm). 3- Tubos de silicone para sucção de ar no colimador e<br />

fotorreator. Tubos de PVC (∅ = 1 polegada) para recirculação dos efluentes. 4 – Rampas tipo cone, em<br />

acrílico, de 5 mm com ou sem TiO 2 . 5 – Tanque equalizador recirculador com 30 L de volume útil, em<br />

acrílico, dotados de adaptadores de PVC com flanges de vedação. 6 – Tubo tipo Pitot-Venturi. 7 - Bomba<br />

centrífuga de 0,5 HP.<br />

Fonte: KÜHN FILHO (2009).<br />

Assim como Kühn Filho (2009) foram dispostas apenas quatro lâmpadas UV<br />

Phillips 30 W no colimador, sendo que o mesmo tem a capacidade para até oito lâmpadas<br />

(Figura 20). O colimador é acoplado ao reator tipo cone onde são ligadas duas mangueiras<br />

de coleta de gás O 3 e estas são interligadas ao sistema de transferência gás-líquido Pitot-<br />

Venturi.


79<br />

Figura 20. Detalhes do Fotoozonizador Catalítico Tipo Cone. A: FTC. B: vista interna do colimador. C e D:<br />

sistema de transferência gás-líquido modelo Pitot-Venturi<br />

Fonte: A: Autora. B a D: KÜHN FILHO, 2009.<br />

O efluente escoa através do cone de acrílico onde foi fixado o dióxido de titânio<br />

(TiO 2 ) P25 Degussa, formando um filme. O cone totaliza uma área superficial de 6.720<br />

cm 2 . O tanque equalizador atua na recirculação do efluente e apresenta capacidade de 30 L<br />

(Figura 21).<br />

Este cone encontra-se envolto de um arranjo de lâmpadas ultravioletas de 30W, de<br />

forma que cada lâmpada posicione-se no centro de cada face do cone.


80<br />

Figura 21. FTC. A: rampa de acrílico impregnada com TiO 2 . B: tanque equalizador<br />

Fonte: Autora.<br />

4.6 Ensaios de tratamento<br />

Para este experimento, parte do esgoto que chegava a ETE UNISC era desviado do<br />

tanque equalizador através de bomba centrífuga de 1 HP (Kohlbach modelo ME 5598). A<br />

bomba centrífuga foi coberta por um cano de PVC cortado para evitar a ação do tempo<br />

(chuva; incidência solar).<br />

Em seguida, o afluente ao experimento era desviado até uma caixa d’água de<br />

polietileno com capacidade de 1.000 litros que serviu para o armazenamento do mesmo. O<br />

abastecimento era feito em três momentos ao longo do dia (8h; 16h; 24h) sendo regulados<br />

através de um temporizador (Foxlux modelo FX- TBA) conectado à bomba centrífuga por<br />

15 minutos, o qual bombeava aproximadamente 300 L a cada momento de abastecimento.<br />

Após, o afluente seguiu para um decantador/digestor com capacidade de 0,15m 3 e<br />

então, através de um sistema adaptado com garrafa PET e equipo de soro hospitalar com<br />

pinça rolete, era encaminhado para quatro diferentes sistemas experimentais de WC’s.<br />

A vazão de entrada em cada sistema era regulada através do rolete do equipo de<br />

soro em 100 mL min -1 , com auxílio de cronômetro e proveta. Para evitar a formação do


81<br />

biofilme, a garrafa PET e todos os equipos foram cobertos por papel alumínio evitando<br />

assim, a incidência de luz solar. Quando se observava o total entupimento dos equipos,<br />

eram feitas sucções com uma seringa de 100 mL para desobstruir a passagem do afluente.<br />

Também foram realizadas limpezas dos equipos quando a sucção com a seringa não era<br />

suficiente.<br />

Para a fixação dos equipos nos sistemas WC’s, foi adaptado um sistema de vedação<br />

e encaixe através da passagem da ponta do equipo internamente em uma rolha de cortiça, a<br />

qual era encaixada nos sistemas (Figura 22).<br />

Figura 22. Detalhe da inserção da ponta do equipo através de isolamento com rolha de cortiça nas caixas dos<br />

sistema WC’s<br />

Fonte: Guilherme Becker.<br />

Todo o efluente tratado nos sistemas wetlands construídos foram reencaminhados<br />

para o tanque equalizador da ETE através de um mangueira de 0,5”.<br />

As condições climáticas e ambientais durante todo o período experimental foram<br />

obtidas da Estação Meteorológica da UNISC sendo os dados tabulados no programa<br />

WeatherLink 5.6 Davis (Anexo B).


82<br />

4.6.1 Construção das configurações dos WC’s e operação em regime de fluxo contínuo<br />

(Fase I)<br />

A construção das configurações de WC’s ocorreu entre os meses de dezembro de<br />

2009 e fevereiro de 2010. O sistema foi abastecido pela primeira vez em quatro de março<br />

de 2010, e neste mesmo dia as mudas foram plantadas. Para o estabelecimento das<br />

macrófitas aquáticas nos WC’s utilizaram-se propágulos completos.<br />

Antes do plantio, as mudas foram mantidas em água por um período máximo de<br />

duas horas até que fossem realizadas medições da altura das mudas e tamanho de raiz.<br />

Foram plantadas 16 mudas por caixa (equivalente a 31,6 mudas m -2 ), medindo em torno de<br />

0,25 m e com média de comprimento de raiz em 6 cm (Figura 23).<br />

Figura 23. Construção dos sistemas WC’s e plantio das mudas. A: WC’s já construídos; B: mudas mantidas<br />

hidratadas; C: medições dos propágulos e raiz; D: plantio dos propágulos.<br />

Fonte: Autora.<br />

Algumas mudas apresentavam pequenos brotos que foram contabilizados (sendo:<br />

35 no sistema W1; 13 no sistema W2 e 14 no sistema W3). Algumas mudas pereceram e<br />

foram substituídas no dia 12 de abril de 2010, ou seja, após um mês do plantio inicial.


83<br />

O período de experimentação em fluxo contínuo foi de quatro de março a 12 de<br />

outubro de 2010, sendo que entre o período de 1º de julho até 26 de julho de 2010 o sistema<br />

não operou com regularidade devido a problemas de funcionamento da bomba.<br />

Algumas características dos sistemas WC’s são apresentadas na Tabela 11.<br />

Tabela 11. Características operacionais para as unidades de WC’s durante regime de fluxo contínuo<br />

Parâmetro Unidade Valor<br />

Altura dos leitos m 0,45<br />

Altura do líquido nos leitos m 0,37<br />

Comprimento m 0,92<br />

Largura m 0,55<br />

Volume útil efetivo total de cada sistema m 3 0,27<br />

Volume útil efetivo de cada compartimento m 3 0,09<br />

Área superficial total de cada sistema m 2 1,518<br />

Área superficial de cada compartimento m 2 0,506<br />

Coeficiente volumétrico m dia -1 0,094<br />

Vazão afluente m 3 dia -1 0,144<br />

Tempo de Detenção Hidráulica (=V/Q) no sistema dia 1,87<br />

O sistema foi monitorado de março a dezembro de 2010, sendo que as primeiras<br />

amostragens foram iniciadas a partir de uma semana de abastecimento dos sistemas com o<br />

afluente.<br />

Para o processo de amostragem dos parâmetros físico-químicos e biológicos foram<br />

estabelecidos pontos fixos na caixa final de cada uma das configurações, exceto do sistema<br />

W3, o qual foi avaliado a intermediária e final (Figura 24). As amostras foram simples,<br />

sendo coletadas através da desconexão da mangueira flexível que existia entre as caixas e<br />

na caixa final. O efluente era coletado inicialmente em uma bombona plástica com<br />

capacidade de cinco litros e posteriormente transferido para os frascos característicos de<br />

cada parâmetro. O afluente ao experimento foi coletado da garrafa PET que servia de<br />

distribuição deste para os quatro sistemas de WC’s. Nesta, foi instalada uma torneira para<br />

tal coleta.


84<br />

Figura 24. Pontos de coleta do afluente e efluente dos WC’s. A: afluente ao experimento; B: coleta do<br />

efluente do sistema W1; C: coleta do efluente do sistema W2; D: caixa intermediária do sistema W3 vegetado<br />

por Myriophyllum aquaticum; E: caixa final do sistema W3 plantado com H. grumosa e F: coleta do efluete<br />

do sistema W4 (controle).<br />

Fonte: Guilherme Becker.<br />

Durante a fase I, todas as amostras dos parâmetros analisados foram coletadas e<br />

preservadas de acordo com as recomendações de cada método conforme a Tabela 8 e<br />

tiveram a frequência de amostragem de acordo com a Tabela 12.<br />

Tabela 12. Frequência de amostragens dos parâmetros físico-químicos e biológicos durante o período de<br />

regime em fluxo contínuo<br />

SEMANAL<br />

MENSAL<br />

Temperatura<br />

Ecotoxicidade aguda (Daphnia magna)<br />

Turbidez<br />

Ecotoxicidade crônica (Ceriodaphnia dubia)<br />

Condutividade<br />

Coliformes totais<br />

pH<br />

Escherichia coli<br />

OD<br />

Altura das plantas<br />

Cor<br />

Condições climáticas (Precipitação; ET; temperatura;<br />

luminosidade).<br />

DQO<br />

Sólidos Sedimentáveis<br />

DBO 5<br />

-<br />

N-NO 3<br />

QUINZENAL<br />

NTK<br />

N-NH 3<br />

SEMESTRAL<br />

Biomassa aérea produzida e comprimento de raiz<br />

P total Análise do tecido vegetal (Corgânico; NTK; Ptotal; Na + e K + )<br />

Na + e K + no efluente


85<br />

4.6.2 Operação do sistema W2 (coberto por estufa) em regime de batelada (Fase II)<br />

Após a definição de que o sistema W2 (estufa plástica) apresentou maior<br />

produtividade de biomassa durante o regime de fluxo contínuo (fase I), este também foi<br />

operado em regime de batelada com TDH de sete dias total no sistema.<br />

Este experimento foi realizado em triplicata para a verificação da influência do<br />

aumento do TDH na eficiência de tratamento, sendo realizado no período de 13 de outubro<br />

a 03 de novembro de novembro de 2010. Para que fosse possível este regime de fluxo,<br />

efetuou-se o fechamento da abertura de saída da caixa final e continuou-se o preenchimento<br />

com o afluente através da aplicação do mesmo na caixa inicial. Quando foi observado que<br />

havia atingido o nível normal de escoamento (aproximadamente 37 cm), efetuou-se o<br />

fechamento da abertura de saída da caixa intermediária para que esta fosse também<br />

preenchida com efluente. O mesmo procedimento foi realizado para o preenchimento das<br />

caixas intermediária e inicial deste sistema.<br />

Após o TDH de sete dias, efetuou-se a coleta das amostras e análise dos parâmetros a<br />

serem analisados, e efetuou-se a total renovação do efluente do sistema para assim, reiniciar<br />

a nova batelada.<br />

Os parâmetros analisados com o efluente do sistema W2 durante o regime de<br />

batelada estão detalhados na Tabela 8, exceto OD que não foi analisado durante esta fase.<br />

Ao final de cada batelada de sete dias, parte do efluente foi desviado novamente<br />

para o tanque equalizador da ETE da UNISC e parte para realização do teste de<br />

Fotoozonização Catalítica (UV/TiO 2 /O 3 ) descrito na Fase III.<br />

Os demais sistemas (W1; W3 e W4) também foram mantidos em batelada de sete<br />

dias, porém como não foi o maior foco desta fase experimental (Fase II), apenas<br />

amostraram-se os parâmetros: condutividade, cor, pH, temperatura e turbidez. Ao final de<br />

sete dias, também se efetuou renovação do efluente dos sistemas para dar início a nova<br />

batelada.


86<br />

4.6.3 Fotoozonização catalítica através de Fotorreator Tipo Cone (FTC) (Fase III)<br />

Para o experimento de fotoozonização catalítica (UV/TiO 2 /O 3 ) foram coletados 15<br />

litros do efluente do sistema W2. Este foi colocado no FTC o qual permaneceu com o<br />

tratamento por tempo de quatro horas.<br />

Durante o tratamento da fase III, foram amostrados o afluente ao experimento com<br />

WC’s coletando-se da garrafa PET, o efluente do W2 que foi o foco da aplicação da<br />

fotoozonização catalítica e alíquotas foram retiradas durante o experimento de UV/TiO 2 /O 3<br />

para a determinação dos parâmetros analíticos conforme a Tabela 8 (exceto OD e SSedim<br />

não avaliados nesta fase) e a frequência foi de acordo com a Tabela 13.<br />

Tabela 13. Frequência de amostragens dos parâmetros analíticos durante a Fase III<br />

Parâmetros<br />

Coletas nos WC’s<br />

Coletas no FTC<br />

Tempos de coleta no FTC<br />

Temperatura Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 1h, 2h, 3h e 4h<br />

Turbidez Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 1h, 2h, 3h e 4h<br />

Condutividade Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 1h, 2h, 3h e 4h<br />

pH Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 1h, 2h, 3h e 4h<br />

Cor Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 1h, 2h, 3h e 4h<br />

DQO Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 4h<br />

DBO 5 Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 4h<br />

N-NH 3 Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 2h e 4h<br />

P total Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 4h<br />

-<br />

N-NO 3 Afluente; efluente do W2<br />

UV/TiO 2 /O 3 4h<br />

NTK Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 2h e 4h<br />

Na + Afluente; efluente do W2 -<br />

K + Afluente; efluente do W2 -<br />

Coliformes totais Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 2h e 4h<br />

Escherichia coli Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 2h e 4h<br />

Ecotoxicidade aguda Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 2h e 4h<br />

Ecotoxicidade crônica Afluente; efluente do W2 UV/TiO 2 /O 3 4h<br />

4.6.4 Aquisição e análises de dados<br />

Para a verificação da diferença entre os sistemas wetlands construídos (W1; W2;<br />

W3 e W4), realizou-se a análise de variância não-paramétrica de Kruskal-Wallis.


87<br />

A possível diferença em relação à presença ou não da macrófita aquática<br />

Myriophyllum aquaticum na caixa intermediária do sistema W3 foi avaliado pelo teste U de<br />

Mann-Whitney.<br />

Para todas as análises estatísticas realizadas, optou-se por avaliações nãoparamétricas<br />

em função da grande variabilidade dentro de cada parâmetro, pelo pequeno<br />

número de amostragens em cada sistema avaliado e pela não normalidade dos dados<br />

(confirmado pelo Teste de Lilliefors). A estruturação do banco de dados foi realizada no<br />

Microsoft Office Excel 2007 e Microcal Origin 3.0, sendo que todas as análises estatísticas<br />

foram efetuadas no software BioEstat 5.0 (AYRES et al., 2007), sendo consideradas<br />

significativas ao nível de significância de 5% (p ≤ 0,05) para todos os testes realizados.<br />

Os valores efluentes medidos para cada variável foram comparados com os padrões<br />

das Resoluções CONSEMA 128/06 e 129/06.


88<br />

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

5.1 Caracterizações do local de estudo e do afluente da ETE-UNISC<br />

A Universidade de Santa Cruz do Sul implantou no ano de 2006 no seu Campus<br />

Universitário de Santa Cruz do Sul, RS, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE UNISC)<br />

que opera sob Licença de Operação nº 4584/2007 – DL expedida pela FEPAM – Fundação<br />

de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler.<br />

A ETE UNISC possui tratamento a nível preliminar por grade mecanizada e<br />

desarenador. Após o desarenador existe uma Calha Parshall a qual é utilizada para<br />

determinar a vazão de entrada na ETE UNISC. A nível primário, o tratamento é feito por<br />

Reator Anaeróbio de Manta de Fluxo Ascendente (UASB); e, a nível secundário por Filtro<br />

Biológico Percolador, seguido de decantador secundário. O lodo gerado no reator anaeróbio<br />

é desidratado em leito de secagem e posteriormente enviado para fertilização das árvores do<br />

entorno da ETE UNISC.<br />

A ETE UNISC atua com vazão média de aproximadamente 103 m 3 d -1 , sendo a<br />

vazão máxima de 129,6 m³ d -1 e mínima de 57,6 m³ d -1 . O regime de contribuição pode<br />

chegar a 16 h d -1 , incluindo o período de limpeza noturna. Sendo que os picos de vazões<br />

geralmente ocorrem em torno de 12h, 13h 30 e 16h 30.<br />

O tanque equalizador possui formato cilíndrico com altura de 3,1 m e diâmetro de<br />

3,49 m. O acionamento da bomba que succiona o esgoto para o reator anaeróbio é<br />

controlada por “boias”, sendo que o volume útil induz a um TDH de 1,96 h, o que<br />

proporciona início de atividade anaeróbia.<br />

O perfil do esgoto drenado para tratamento na ETE, é originário apenas dos<br />

mictórios e bacias sanitárias, podendo portanto, ser considerado como águas negras e<br />

amarelas. Não existem estações de recalque, sendo que a localização da ETE UNISC foi<br />

escolhida para haver deslocamento do esgoto por gravidade. De acordo com a Prefeitura do<br />

Campus, a população flutuante média por semestre é de 11.500 indivíduos, sendo que a<br />

maior contribuição desta população flutuante é na forma de urina já que a universidade é


89<br />

considerada um local de prestação de serviços de curta permanência. Na Tabela 14 podem<br />

ser observados os valores médios obtidos nas análises do afluente da unidade piloto, sendo<br />

este coletado após a passagem pelo decantador/digestor. Este foi considerado o ponto de<br />

referência para denominação Afluente dos WC’s (Figura 6).<br />

Tabela 14. Concentração média e desvio padrão dos parâmetros de qualidade do afluente<br />

Parâmetros Afluente Resolução CONSEMA/RS-<br />

128/06 e 129/06<br />

Média Desvio padrão 100 ≤ Q < 200 m 3 d -1<br />

DQO 264,5 124,7 ≤ 330<br />

DBO 5 224,3 111,9 ≤ 120<br />

NTK 41,8 17,2 -<br />

NH 3 36,8 20,6 ≤ 20<br />

-<br />

NO 3 0,8 0,3 -<br />

Ptotal 8,6 9,2 -<br />

OD 0,08 0,3 -<br />

Condutividade 832,7 227,1 -<br />

pH 7,9 0,5 -<br />

Temperatura 16,9 4,1 ≤ 40<br />

Turbidez 139,6 108,1 -<br />

Cor 0,21 0,21 Não conferir mudança ao corpo<br />

receptor<br />

SSedim 5,4 6,7 ≤ 140 mg L -1<br />

CE(I) 50 51,3 17,3 FT=1 para toxicidade aguda*<br />

CE(I) 50 = 100%<br />

CI(I) 50 17,6 11,5 -<br />

Coliformes totais 1,2 . 10 6 9,7 . 10 5 -<br />

Escherichia coli 8,2 . 10 5 6,4 . 10 5 -<br />

Para os parâmetros a unidades adotada é mg L -1 , com exceção de Coliformes totais e E. coli - UFC/100mL;<br />

condutividade - µs cm -1 ; temperatura - ºC; turbidez – NTU e cor λ 420; CE(I) 50 48h e CI(I) 50 em %.<br />

* Resolução CONSEMA 129/06<br />

O que se esperaria como característica dos fatores de carga poluente neste efluente<br />

do setor de serviços é a menor quantidade de material carbonáceo com proporções<br />

superiores de NTK e Ptotal. Isto seria esperado, pois as principais contribuições são para as<br />

águas amarelas. No entanto, os valores de DQO e NTK apresentados na Tabela 14 estão<br />

dentro da normalidade (OLIVEIRA & VON SPERKING, 2005).<br />

Como pode ser observado, o afluente dos WC’s possui impacto eutrofizante,<br />

especialmente nitrogênio na sua forma amoniacal (NH 3 ). Esta substância também apresenta<br />

um potencial risco de toxicidade, sendo que este já foi observado por Dupont (2010) e


90<br />

Colletta (2008) que inferiram a relação de toxicidade presente no mesmo efluente ao<br />

nitrogênio amoniacal. Não há uma normativa oficial que possa ser aplicada para a vazão da<br />

ETE UNISC, uma vez que, a Resolução 129/2006 do CONSEMA/RS que trata sobre os<br />

limites máximos de toxicidade para o descarte de efluentes, é aplicada quando a vazão<br />

mínima do efluente doméstico for igual ou superior a 10.000 m 3 d -1 .<br />

Como descrito na metodologia, o afluente ao sistema experimental com WC’s<br />

permaneceu por um período em uma caixa d’água de polietileno e posteriormente foi<br />

encaminhado para um decantador/digestor. Este período foi suficiente para a continuidade<br />

da atividade anaeróbia já iniciada no tanque equalizador da ETE UNISC. Porém, a<br />

eficiência atingida por esta etapa não foi foco da pesquisa, sendo o efluente do<br />

decantador/digestor considerado o afluente ao experimento com WC’s.<br />

Os fatores usuais de carga de efluentes secundários para os WC’s trabalham com<br />

proporção DQO:NTK:Ptotal de 36,1:8,49:1 (SOUSA et al., 2004) enquanto que para o caso<br />

estudado estabelece proporções de 30,86:4,87:1. Este déficit de material carbonáceo pode<br />

reduzir a eficiência de remediação dos WC’s. Os resultados obtidos por Matos et al. (2010)<br />

demonstraram fatores de carga entre 25 e 40 g m 2 d -1 de DBO 5 para o tratamento de<br />

efluentes de laticínios. A partir dos valores médios da Tabela 14 pode ser considerado que a<br />

relação de carga superficial aplicada foi 21,3 g m -2 d -1 para W1, W2 e W4.<br />

5.2 Ensaios de tratamento<br />

5.2.1 Detalhamento da operação de partida dos WC’s<br />

A montagem do experimento foi concluída na primeira semana do mês de março,<br />

sendo que o início da alimentação foi concomitante com o plantio dos propágulos. No<br />

início do experimento era frequente a perda de coluna d’água através da válvula de retenção<br />

horizontal da bomba de sucção e, portanto, necessitava-se desconectar as tubulações e<br />

encher manualmente, com água, para que a bomba voltasse a succionar o esgoto do tanque<br />

equalizador da ETE UNISC até o experimento.


91<br />

Para correção deste problema foi adaptado um registro hidráulico de PVC para<br />

facilitar o abastecimento manual caso fosse necessário o preenchimento do cano com água,<br />

bem como se realizou a substituição da válvula de retenção horizontal (Figura 25).<br />

Figura 25. Adaptações feitas no sistema de abastecimento dos WC’s<br />

Fonte: Autora.<br />

Nas primeiras semanas foi comum o entupimento das caixas devido a não<br />

estabilização das camadas de meio suporte, sendo observado o carreamento de areia e<br />

inclusive britas de diâmetro pequeno pela tubulação de interligação das caixas. Os<br />

entupimentos foram corrigidos pela desobstrução dos canos de saída do efluente das caixas<br />

e aumento da camada vertical de brita da saída das mesmas (Figura 26).


92<br />

A<br />

B<br />

B<br />

Figura 26. Problemas ocorridos na partida dos WC’s. A: detalhe do entupimento ocorrido nas primeiras<br />

semanas; B: correção do entupimento com a escavação da areia e colocação de brita.<br />

Fonte: Autora.<br />

A vazão necessitava de ajustes frequentes, devido ao acúmulo de sólidos suspensos,<br />

formação de biofilme e algas no interior da tubulação, mesmo com o revestimento de papel<br />

alumínio para barrar a incidência solar. Assim, procedeu-se a desobstrução dos equipos<br />

hospitalares e a regulação da vazão foi feita em triplicata com proveta e cronômetro com<br />

frequência de três vezes por semana, até atingir 100 mL min -1 , vazão esta que se manteve<br />

durante a Fase I deste experimento.<br />

5.2.2 Crescimento das plantas e produção de biomassa<br />

Algumas mudas necessitaram de substituição ao final de quinze dias de<br />

funcionamento dos sistemas (W1: 9 mudas; W2: 3 mudas e W3: 3 mudas), sendo que no<br />

W1 as plantas pareciam menos vistosas do que nos demais. Isto pode ter ocorrido em<br />

função de que este sistema permaneceu sombreado a maior parte do tempo em função de<br />

outro experimento instalado próximo.<br />

Após um mês de plantio, já podia se observar que as mudas estavam bem adaptadas.<br />

A cada mês de desenvolvimento foram realizadas medições da altura dos exemplares até a<br />

realização da poda em setembro.


93<br />

Em todo o período, houve um desenvolvimento bastante diferenciado das plantas da<br />

estufa (W2) em relação aos demais. A média de altura atingida pelas plantas foi de 168,2<br />

cm neste sistema, sendo que nos demais atingiram apenas 82,3 e 93,2 cm para W1 e W3,<br />

respectivamente. Guglieri & Longhi-Wagner (2000) relatam que esta espécie atinge de 90 a<br />

250 cm.<br />

Na Figura 27 observa-se uma tendência de maior altura atingida pelas caixas iniciais,<br />

seguido pelas intermediárias e posteriormente a caixa final. Isto pode ter ocorrido pela<br />

maior disponibilidade de nutrientes nas caixas iniciais, bem como pela maior incidência de<br />

radiação solar, já que estas estavam em altura mais elevada e ocorria menor sombreamento<br />

devido ao reator UASB da ETE UNISC e de outra unidade com WC’s que se localizava ao<br />

lado do experimento. O contrário é observado para o sistema W3, no qual a maior altura<br />

das plantas foi na caixa final.<br />

O acompanhamento do desenvolvimento de H. grumosa pode ser visualizado na<br />

Figura 28.<br />

Figura 27. Altura média de Hymenachne grumosa durante a fase I (Caixa 1: caixa inicial; Caixa 2: caixa<br />

intermediária e Caixa 3: caixa final)


94<br />

Figura 28. Desenvolvimento de Hymenachne grumosa ao longo do experimento. A: plantio dos propágulos;<br />

B: após um mês do plantio; C: três meses após o plantio; D: quatro meses após o plantio; E: desenvolvimento<br />

diferenciado das plantas do W2 e F: seis meses de desenvolvimento (um dia antes da poda).<br />

Fonte: Autora.


95<br />

Nas primeiras semanas após a poda já pode ser observado o bom desenvolvimento<br />

das plantas (Figura 29).<br />

Figura 29. Desenvolvimento de Hymenachne grumosa após a poda. A: uma semana após a poda; B: duas<br />

semanas após a poda; C: detalhe das plantas do W3 após 4 semanas da poda e D: inflorescência de H.grumosa<br />

5 semanas após a poda.<br />

Fonte: Autora.<br />

Tanto que em exatas cinco semanas após a poda, todas as mudas liberaram haste<br />

floral, exceto as plantas do W3, no qual nenhuma delas floresceu durante todo o período<br />

amostral. Humbert (1974) relaciona o nitrogênio como sendo um nutriente envolvido no<br />

florescimento, sendo que altas doses podem desequilibrar a relação C:N diminuindo o<br />

florescimento. Isto pode conferir com o ocorrido com as plantas da estufa que apresentaram<br />

a menor eficiência de remoção de nitrogênio (NTK e NH 3 ) que influenciou negativamente<br />

no florescimento. Outro dado importante foi em relação à produtividade de H. grumosa,<br />

que foi determinada após a realização da poda dos exemplares em 10 de setembro de 2010<br />

(Figura 30).


96<br />

Figura 30. Produtividade de biomassa de Hymenachne grumosa na fase I<br />

A maior produtividade de biomassa foi observada no sistema W2 que atingiu 165,1<br />

ton ha -1 ano -1 . Este foi seguido pelo sistema W3 com produtividade de 62,5 ton ha -1 ano -1 e<br />

posteriormente o sistema W1 produziu 49,7 ton ha -1 ano -1 . Cabe ressaltar que o sistema W3<br />

apresentava apenas duas caixas vegetadas com H. grumosa e mesmo assim atingiu maior<br />

biomassa que o sistema W1. A menor produtividade deste sistema também pode estar<br />

atrelada à menor incidência de radiação solar, pois este permanecia a maior parte do dia<br />

sombreado.<br />

A retenção na biomassa do sistema W1 e W2 pode ser visualizada na Tabela 15<br />

(Anexo C).<br />

Tabela 15. Composição química da biomassa foliar de Hymenachne grumosa no W1 e W2<br />

C orgânico NTK K + Na + Ptotal MAT<br />

% MA (g) % MA (g) % MA (g) mg kg -1 MA % MA(g) g<br />

*<br />

*<br />

*<br />

(mg) *<br />

*<br />

W1 46 304,5 3,2 21,1 1,4 9,2 70 46,3 0,24 1,6 662<br />

W2 45 902,4 2,7 54,1 1,7 34,1 133 266 0,29 5,8 2005,4<br />

Resultados expressos no material seco a 65 ºC.<br />

MA: massa acumulada; MAT: massa seca acumulada total em seis meses de operação.<br />

* massa acumulada com base no cálculo da massa seca total.


97<br />

Durante a poda dos exemplares de H. grumosa, selecionou-se uma planta da parte<br />

central (evitar efeito de borda) em cada uma das caixas para a medição do comprimento da<br />

raiz (Figura 31).<br />

Figura 31. Comprimento médio de raiz atingida por Hymenachne grumosa em cada uma das caixas dos<br />

sistemas<br />

A espécie H. grumosa obteve uma média de crescimento de suas raízes de 37,3 cm o<br />

que foi semelhante ao encontrado por Silveira (2010) avaliando esta em WC’s seqüenciais<br />

com dois compartimentos. Em comparação com alguns estudos de outras gramíneas<br />

(Família Poaceae) em WC’s, estes dados mostram que o comprimento das raízes de H.<br />

grumosa foi superior, sendo média de 30 cm para o capim – tifton 85 (Cynodon dactylon<br />

Pers.) e de 20 cm para o capim-elefante (Pennisetm purpureum Schum) (ABRAHÃO,<br />

2006). Este dado é bastante relevante, uma vez que quanto mais profundo a rizosfera<br />

projetar suas raízes, mais oxigênio poderá ser fornecido para o substrato aumentando a zona<br />

aeróbia do leito.<br />

Na Figura 31 também se pode observar uma tendência das raízes das plantas das<br />

caixas finais apresentarem maior comprimento. O que pode ser ocorrido devido à<br />

necessidade de ampliarem a área de contato com o efluente já que menor carga chega até as<br />

plantas finais.


98<br />

Durante o último mês da fase I (após a poda dos exemplares de H. grumosa) a caixa<br />

intermediária do sistema W3 foi vegetada por M. aquaticum a qual se procedeu a<br />

determinação da biomassa produzida a cada sete dias (Figura 32).<br />

Figura 32. Produtividade de biomassa de Myriophyllum aquaticum na fase I<br />

A quantidade inicial colocada na caixa intermediária foi 94 g. A primeira avaliação<br />

foi realizada após sete dias, mostrando redução desta quantidade para 63 g. Isso pode ter<br />

ocorrido pela não adaptação das plantas ao ambiente saturado de poluentes uma vez que<br />

estas foram retiradas de ambiente natural. Assim, optou-se em adicionar 100 g desta<br />

espécie que já haviam sido mantidas em caixa de manutenção externa ao experimento sob<br />

adição de efluente doméstico. Na avaliação posterior observou-se um incremento de 10,7 g<br />

(14,5%) o que prova que as plantas se aclimataram ao efluente e nas avaliações<br />

subseqüentes foram sempre observados aumentos da biomassa (3ª avaliação: 75% de<br />

aumento), sendo que o valor ao final da fase I foi de 112,4 ton ha -1 ano -1 (4ª avaliação:<br />

6,3% de aumento).<br />

Greco (2010) observou crescimento de 40 g (5,4%) de massa de M. aquaticum em<br />

sistema de fluxo contínuo, sendo a espécie que melhor resistiu às altas concentrações de<br />

nitrogênio amoniacal no efluente doméstico.


99<br />

Efetuou-se a continuidade da avaliação da produção de biomassa de M. aquaticum no<br />

período de batelada de sete dias de TDH (Figura 33) que se mostrou superior a obtida na<br />

fase I, sendo 339,2 ton ha -1 ano -1 .<br />

Figura 33. Produtividade de biomassa de Myriophyllum aquaticum na fase II<br />

As taxas de produtividade foram maiores do que o período em regime de fluxo<br />

contínuo sendo que os incrementos em cada uma das avaliações foram de 59,8%, 42,2% e<br />

35,9% na 1ª, 2ª e 3ª avaliação, respectivamente. Isto pode ter ocorrido pelo maior tempo de<br />

contato entre as raízes e o efluente permitindo maior nutrição da planta e consequente<br />

produção de biomassa vegetal.<br />

5.2.3 Fitorremediação em fluxo contínuo (Fase I)<br />

Esta fase abrangeu o período de partida dos WC’s e foi concluída no dia 12 de<br />

setembro de 2010. O início da amostragem se deu quando completou uma semana de<br />

operação, sendo a frequência e parâmetros amostrados conforme a metodologia já descrita.<br />

Durante o período em regime de fluxo contínuo as cargas médias aplicadas nos<br />

sistemas WC’s foram de: 25,1 g DQO m 2 d -1 ; 3,9 g NTK m 2 d -1 ; 0,8 g Ptotal m 2 d -1 ; 3,5 g N-


100<br />

NH 3 m 2 d -1 . Sousa et al. (2004) trabalharam com valores nas faixas de 5,01 a 9,45 g DQO<br />

m 2 d -1 , 1,16 a 1,93 g NTK m 2 d -1 e 0,15 a 0,22 g Ptotal m 2 d -1 . Este comparativo indica a<br />

necessidade de compensação do TDH para adequação dos fatores de carga na partida do<br />

sistema em fluxo contínuo, no entanto, como descrito anteriormente, a menor vazão<br />

passível de controle foi a de 100 mL min -1 , que estabelece TDH de 1,87 dias contra valores<br />

de 7 a 10 dias.<br />

Neste regime de operação, a caixa intermediária do sistema W3 não foi vegetada,<br />

atuando portanto, como controle. No último mês da fase I, esta foi vegetada com M.<br />

aquaticum.<br />

Embora exista imprecisão, as perdas por evapotranspiração do efluente nos sistemas<br />

WC’s foram notórias. A intenção era de apresentar todos os resultados em termos de carga<br />

removida, ou seja, levando em consideração as perdas de efluente por evapotranspiração,<br />

como é recomendado para o cálculo de eficiência de WC’s (DORNELAS et al., 2009). Esta<br />

recomendação é justificável uma vez que altas taxas de evapotranspiração podem levar à<br />

concentração do efluente devido à perda de água/efluente, mesmo com grandes reduções<br />

em carga de determinados poluentes (KADLEC, 1998). Contudo, para isto se faria<br />

necessário controle rigoroso da vazão de saída dos sistemas WC’s. Tentou-se realizar a<br />

observação da vazão de saída pela colocação de uma bombona plástica com capacidade de<br />

cinco litros previamente graduada, ao final de cada sistema WC’s. Aguardou-se uma hora e<br />

o volume de saída foi quantificado. Porém, desta maneira somente conseguiu-se valores em<br />

quatro tentativas (10/08 início às 15h 15; 09/09 início às 8h 30; às 9h 30 e às 11h 50),<br />

sendo que nas demais tentativas não se observava vazão de saída em uma hora de avaliação<br />

mesmo havendo vazão de entrada (Tabela 16). Este fato também foi relatado por Zanella<br />

(2008).<br />

Tabela 16. Vazão efluente média em uma hora nos WC’s<br />

W1 W2 W3 W4<br />

Q entrada (L) 6 6 6 6<br />

Q saída (L) 3,46 2,69 2,71 2,69<br />

Q entrada - Q saída 2,54 3,31 3,29 3,31<br />

ET (%) 42,3% 55,2% 54,8% 55,2%


101<br />

Também deve ser considerado que as perdas por ET na escala realizada para este<br />

trabalho serão bem maiores do que para escala real, fato que é destacado por Kadlec (1998)<br />

em função da incapacidade de compensação do chamado efeito de borda.<br />

Assim sendo, optou-se em apresentar os resultados predominantemente na forma de<br />

concentração dos parâmetros analizados, contudo cálculos de carga removida foram<br />

realizados a fim de comparação, sendo que para estes cálculos levou-se em consideração os<br />

valores obtidos de ET demonstrados na Tabela 16 para cada um dos WC’s avaliados.<br />

O valor de DQO do afluente variou entre em 130 a 470 mg L -1 durante a fase I, sendo<br />

que a média do período foi 264,5 mg L -1 . O comportamento dos sistemas WC’s em relação<br />

a DQO pode ser visualizado na Figura 34, no qual podem ser observadas as concentrações<br />

efluentes dos WC’s em relação a este parâmetro.<br />

Concentração mg/L<br />

300<br />

DQO<br />

Concentração mg L -1<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

A<br />

B<br />

C<br />

D<br />

Mean<br />

Max<br />

Min<br />

P1<br />

P99<br />

0<br />

A B C D<br />

Unidades dos wetlands construídos<br />

Figura 34. Concentrações efluentes de DQO nos WC’s durante a fase I (desvio padrão para n=9) (A=W1;<br />

B=W2; C=W3; D=W4)<br />

O comparativo de eficiência demonstra superioridade para redução de DQO no W3,<br />

apesar da superioridade estar na faixa de 4 a 16% aproximadamente na referência aos


102<br />

demais WC’s (Tabela 17). As diferenças de composição incluem variações do regime misto<br />

de macrófitas (H.grumosa e M.aquaticum) e da hidrodinâmica da caixa intermediária.<br />

Segundo Matos et al. (2010), quanto maior o aporte de matéria orgânica, maior a<br />

eficiência de remoção da carga orgânica nos wetlands (na faixa de 25 a 40 g DBO 5 m 2 d -1 ).<br />

No entanto, a fração de DQO no efluente estudado é inferior aos valores usais para esgoto<br />

doméstico, mesmo assim todos os sistemas WC’s avaliados conseguiram atingir eficiências<br />

consideradas altas, apesar do reduzido TDH da fase I (1,87 d). Sousa et al. (2004)<br />

trabalhando com efluente de reator UASB com TDH de 7 a 10 dias obtiveram redução de<br />

DQO entre 70 e 86%.<br />

A análise de variância não paramétrica (Kruskal-Wallis) dos valores em termos de<br />

concentração mostrou que não houve diferença significatica ao nível de 5% (p= 0,27) entre<br />

as formas de tratamento (W1; W2; W3 e W4), ou seja, estatisticamente os tratamentos<br />

avaliados obtiveram reduções semelhantes em termos de DQO.<br />

Considerando que a caixa intermediária do sistema W3 foi vegetada com a espécie de<br />

macrófita aquática submersa M. aquaticum no último mês deste regime operacional,<br />

ressalta-se que para um total de quatro determinações, os valores de DQO do efluente desta<br />

caixa demonstraram redução de 64%, sendo inferior ao período em que esteve sem<br />

vegetação, que foi de 70,8% (n=11).<br />

Entretanto, com a aplicação do Teste U de Mann-Whitney observa-se que não houve<br />

diferença significativa (p= 0,24) entre os períodos com e sem a presença da macrófita M.<br />

aquaticum. Este resultado pode estar associado à limitação do período operacional, pois<br />

com uma maior freqüência das caracterizações analíticas, assim como melhores controles<br />

dos parâmetros operacionais, acrescentaria maior exatidão e precisão dos dados que<br />

revelariam o que as observações práticas deveriam demonstrar. A taxa de crescimento da<br />

biomassa nos diferentes sistemas seria uma destas observações, correlacionando-a,<br />

principalmente, às variações do potencial de eutrofização.<br />

Reconsiderando que as legislações fazem referência de controle apenas em termos de<br />

concentração deve ser observado que a medida mais efetiva para controle da remediação<br />

dos efluentes fossem em termos de parâmetro de carga. Neste sentido, é realizado na Tabela<br />

17 o comparativo entre as eficiências de redução da concentração e da carga de DQO<br />

removida.


103<br />

Tabela 17. Comparativo de eficiência de remoção de DQO em termos de concentração e de carga removida<br />

Eficiência em termos de concentração<br />

Média Média<br />

afluente de efluente Eficiência*<br />

DQO de DQO<br />

Eficiência em termos de carga<br />

Carga<br />

efluente<br />

de DQO<br />

Carga<br />

afluente de<br />

DQO<br />

Eficiência<br />

mg L -1 mg L -1 % g m -2 d -1 g m -2 d -1 %<br />

W1 264,5 71,3 69,2 25,1 3,9 84,4<br />

W2 264,5 50,6 81,6 25,1 2,1 91,6<br />

W3 264,5 38,9 85,5 25,1 1,7 93,3<br />

W4 264,5 56,2 76,3 25,1 2,4 90,4<br />

* considerada a eficiência média para todo o período amostral da fase I e não apenas em termos de valores de<br />

concentração afluente médio e efluente médio.<br />

Os efluentes dos WC’s avaliados se enquadram nos padrões de lançamento deste<br />

parâmetro da Resolução 128/2006 do CONSEMA/RS que é de 330 mg L -1 para a vazão da<br />

ETE UNISC.<br />

A exemplo das avaliações anteriores foram caracterizados os comportamentos dos<br />

WC’s em relação ao material carbonáceo em termos de DBO 5 . Os valores são apresentados<br />

na Figura 35 e Tabela 18.<br />

Concentração mg/L<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

Concentração mg L -1<br />

DBO<br />

A<br />

B<br />

C<br />

D<br />

Mean<br />

Max<br />

Min<br />

P1<br />

P99<br />

0<br />

A B C D<br />

Unidades dos wetlands construídos<br />

Figura 35. Concentrações efluentes de DBO 5 nos WC’s durante a fase I (desvio padrão para n=11; p= 0,71<br />

para Kruskal-Wallis; p=0,06 para Teste U de Mann-Whitney) (A=W1; B=W2; C=W3; D=W4)


104<br />

Tabela 18. Comparativo de eficiência de remoção de DBO 5 em termos de concentração e de carga removida<br />

Eficiência em termos de concentração<br />

Média Média<br />

afluente de efluente Eficiência*<br />

DBO 5 de DBO 5<br />

Eficiência em termos de carga<br />

Carga<br />

efluente<br />

de DBO 5<br />

Carga<br />

afluente de<br />

DBO 5<br />

Eficiência<br />

mg L -1 mg L -1 % g m -2 d -1 g m -2 d -1 %<br />

W1 224,3 21,9 89,6 21,3 1,2 94,3<br />

W2 224,3 18,6 89,9 21,3 0,8 96,2<br />

W3 224,3 19,3 89,8 21,3 0,8 96,2<br />

W4 224,3 16,5 90,7 21,3 0,7 96,7<br />

* considerada a eficiência média para todo o período amostral da fase I e não apenas em termos de valores de<br />

concentração afluente médio e efluente médio.<br />

Os efluentes dos WC’s avaliados se enquadram nos padrões de lançamento deste<br />

parâmetro da Resolução 128/2006 do CONSEMA/RS que é de 120 mg L -1 para a vazão da<br />

ETE UNISC.<br />

Os valores apresentados demonstram elevada eficiência para remoção do material<br />

carbonáceo, o que é comparável aos percentuais dos trabalhos de Zanella (2008): 79,2 e<br />

72,9% para DQO e DBO 5 , respectivamente. Outro dado comparativo é o que foi<br />

desenvolvido por Dornelas et al., (2009). Neste caso as reduções de DQO e DBO 5 foram 68<br />

e 63%, respectivamente. Apesar das diferenças de composição dos efluentes, os fatores de<br />

carga são semelhantes.<br />

Tanto para as avaliações de redução de DBO 5 e DQO observam-se os valores<br />

semelhantes de desempenho, na comparação dos WC’s vegetados com o controle (W4).<br />

Observações semelhantes também foram obtidas por Avelar (2008); Silva (2007) e Sousa et<br />

al. (2001). O que pode ser considerado é que os mecanismos preponderantes para remoção<br />

da carga poluente nos WC’s exaltam a maior contribuição do sistema suporte, sendo que o<br />

desempenho de remoção do material carbonáceo é efetivo devido à preponderância dos<br />

mecanismos de adsorção, biodegradação aeróbia e anaeróbia, sedimentação e filtração. A<br />

análise da variância entre os sistemas e entre o período com M. aquaticum foram<br />

consideradas não significativas. Dornelas et al. (2009) também não encontraram diferença<br />

significativa na concentração final em wetland vegetado com Typha latifolia e não<br />

vegetado.<br />

Considera-se também que em fatores de carga de DQO e DBO 5 mais elevados a<br />

eficiência seria mantida, pois trabalhos com WC’s demonstram que em taxas de carga


105<br />

orgânica da ordem de 25 a 40 g m -2 d -1 de DBO 5 e com relações DQO:NTK:Ptotal<br />

semelhantes, mantêm bom desempenho (MATOS et al., 2010).<br />

Outro aspecto importante de avaliação diz respeito à atenuação do potencial<br />

eutrofizante das águas residuárias estudadas. Neste índice de impacto, primeiramente, são<br />

apresentados os dados de redução da carga poluente de material nitrogenado.<br />

Os parâmetros de carga poluente avaliados foram N-NH 3 e NTK. Algumas<br />

considerações com o íon NO - 3 também foram feitas.<br />

A concentração média de NTK do período avaliado na fase I foi de 41,8 mg L -1 . A<br />

principal contribuição da carga nitrogenada no afluente é amoniacal com valores médios de<br />

36,8 mg L -1 , ou seja 88% da carga poluente nitrogenada avaliada. Já a contribuição da<br />

fração de nitrogênio na forma de íon nitrato foi de 0,8 mg L -1 , o que corresponde a 1,9%.<br />

Assim sendo, as avaliações foram direcionadas especialmente para as variações da fração<br />

amoniacal no tratamento com os WC’s.<br />

Os dados apresentados na Figura 36 mostram o comportamento dos WC’s em<br />

relação às reduções de NTK. Aqui também foram considerados os comparativos de<br />

concentração e fatores de carga (Tabela 19).<br />

Concentração mg/L<br />

Concentração mg L -1<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

NTK<br />

A<br />

B<br />

C<br />

D<br />

Mean<br />

Max<br />

Min<br />

P1<br />

P99<br />

10<br />

A B C D<br />

Unidades dos wetlands construídos<br />

Figura 36. Concentrações efluentes de NTK nos WC’s durante a fase I (desvio padrão para n=10; p= 0,94<br />

para Kruskal-Wallis; p=0,50 para Teste U Mann-Whitney) (A=W1; B=W2; C=W3; D=W4)


106<br />

Tabela 19. Comparativo de eficiência de remoção de NTK em termos de concentração e de carga removida<br />

Eficiência em termos de concentração<br />

Média Média<br />

afluente de efluente Eficiência*<br />

NTK de NTK<br />

Eficiência em termos de carga<br />

Carga<br />

efluente<br />

de NTK<br />

Carga<br />

afluente de<br />

NTK<br />

Eficiência<br />

mg L -1 mg L -1 % g m -2 d -1 g m -2 d -1 %<br />

W1 41,8 25,6 29,6 3,9 1,4 64,1<br />

W2 41,8 30,5 17,6 3,9 1,3 66,6<br />

W3 41,8 25,7 32,4 3,9 1,1 71,7<br />

W4 41,8 27,5 32,7 3,9 1,2 69,2<br />

* considerada a eficiência média para todo o período amostral da fase I e não apenas em termos de<br />

concentração média afluente e efluente.<br />

As variações dos dados de NTK estabelecem contrariedades para a expectativa de<br />

desempenho dos WC’s em relação à produção de biomassa. Talvez, a consideração para a<br />

menor redução da carga nitrogenada no W2 esteja associada ao fato da saturação dos<br />

vapores amoniacais na estufa, visto que o equilíbrio entre a carga amoniacal na fase suporte<br />

não teria favorecimento de deslocamento para a fase vapor. Isto foi mais efetivo nos<br />

sistemas abertos, o que demonstraria uma limitação para a remoção de nutrientes com ciclo<br />

exogênico em ambiente fechado.<br />

Os dados observados para as variações de N-NH 3 reproduzem os já apresentados para<br />

NTK (Figura 37 e Tabela 20).<br />

Concentração mg/L<br />

Concentração mg L -1<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

NH3<br />

A<br />

B<br />

C<br />

D<br />

Mean<br />

Max<br />

Min<br />

P1<br />

P99<br />

10<br />

0<br />

A B C D<br />

Unidades dos wetlands construídos<br />

Figura 37. Concentrações efluentes de N-NH 3 nos WC’s durante a fase I (desvio padrão para n=15; p=0,96<br />

para Kruskal-Wallis; p=0,17 para Teste U de Mann-Whitney) (A=W1; B=W2; C=W3; D=W4)


107<br />

Tabela 20. Comparativo de eficiência de remoção de NH 3 em termos de concentração e de carga removida<br />

Eficiência em termos de concentração<br />

Média Média<br />

afluente de efluente Eficiência*<br />

N-NH 3 de N-NH 3<br />

Eficiência em termos de carga<br />

Carga<br />

efluente<br />

de N-NH 3<br />

Carga<br />

afluente de<br />

N-NH 3<br />

Eficiência<br />

mg L -1 mg L -1 % g m -2 d -1 g m -2 d -1 %<br />

W1 36,8 21,8 23,7 3,5 1,2 65,7<br />

W2 36,8 24,8 14,7 3,5 1,1 68,6<br />

W3 36,8 22,9 29,6 3,5 1,0 71,4<br />

W4 36,8 22,2 22,0 3,5 0,9 74,3<br />

* considerada a eficiência média para todo o período amostral da fase I e não apenas em termos de<br />

concentração média afluente e efluente.<br />

Em termos das exigências da legislação nenhum dos sistemas testados atenderia a<br />

resolução CONSEMA 128/06. As restrições incluem 20 mg L -1 de NH 3 , assim como uma<br />

eficiência mínima de 75% em termos de concentração. No entanto, em termos de fatores de<br />

carga as reduções mostram maior efetividade e poderiam atingir a eficiência mínima.<br />

Embora tenha sido determinada com um menor número de amostras, a redução de<br />

NO - 3 atingiu valores máximos de 30% no W1. Um maior detalhamento nos estudos futuros<br />

será necessário, pois concomitantemente à redução também há oxidação dos íons N-NH + 4 a<br />

NO - 3 no suporte dos WC’s.<br />

No período em que a caixa intermediária do sistema W3 permaneceu sem vegetação<br />

(controle) a média de redução de NTK na mesma foi -31,3% (n=6), demostrando baixa<br />

contribuição. Já quando a mesma foi vegetada com M. aquaticum, a remoção se mostrou<br />

mais eficaz, atingindo uma média de 36,9%. Cabe ressaltar que o número de amostragens<br />

no período vegetado foi inferior, sendo apenas três eventos amostrais. O mesmo ocorreu<br />

para NH 3 , sendo 22,6% de redução quando vegetada e uma média de aumento da<br />

concentração quando no período sem vegetação (-28,8%). Greco (2010) avaliou a<br />

eficiência de sete diferentes espécies de macrófitas flutuantes e submersas em sistema<br />

superficial com taxa de aplicação de 0,033 g NH 3 m -2 d -1 e observou que M. aquaticum foi<br />

a espécie mais eficiente para a redução da carga nitrogenada na forma amoniacal (94,3%)<br />

em TDH de sete dias.<br />

Em relação à análise estatística de variância entre os tratamentos para NTK e N-NH 3<br />

para os valores em termos de concentração mostraram que não houve diferença<br />

significativa e nem no período com e sem a presença de M. aquaticum.


108<br />

Do ponto de vista da ação eutrofizante a avaliação das reduções de fósforo nos WC’s<br />

assume papel mais importante, devido à ação limitante do fósforo (ESTEVES, 1998). Os<br />

dados para avaliação da redução de fósforo nos WC’s são apresentados na Figura 38 e<br />

Tabela 21.<br />

Concentração mg/L<br />

Ptotal<br />

16 A<br />

B<br />

14<br />

C<br />

D<br />

12<br />

Mean<br />

Max<br />

10<br />

Min<br />

P1<br />

8<br />

P99<br />

Concentração mg L -1<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

A B C D<br />

Unidades dos wetlands construídos<br />

Figura 38. Concentrações efluentes de Ptotal nos WC’s durante a fase I (desvio padrão para n=16; p=0,07<br />

para Kruskal-Wallis; p=0,08 para Teste U de Mann-Whitney) (A=W1; B=W2; C=W3; D=W4)<br />

Tabela 21. Comparativo de eficiência de remoção de Ptotal em termos de concentração e de carga removida<br />

Eficiência em termos de concentração<br />

Média Média<br />

afluente de efluente Eficiência*<br />

Ptotal de Ptotal<br />

Eficiência em termos de carga<br />

Carga<br />

efluente<br />

de Ptotal<br />

Carga<br />

afluente de<br />

Ptotal<br />

Eficiência<br />

mg L -1 mg L -1 % g m -2 d -1 g m -2 d -1 %<br />

W1 8,6 4,4 32,7 0,8 0,24 70,0<br />

W2 8,6 2,5 51,6 0,8 0,11 86,2<br />

W3 8,6 3,7 38,6 0,8 0,16 80,0<br />

W4 8,6 4,1 28,6 0,8 0,18 77,5<br />

* considerada a eficiência média para todo o período amostral da fase I e não apenas em termos de<br />

concentração média afluente e efluente.<br />

O que pode ser considerado a partir dos dados é que há coerência na maior taxa de<br />

redução de fósforo com o sistema WC de maior produção de biomassa vegetal. Outro


109<br />

aspecto importante, tanto para a eficiência em termos de concentração quanto de carga, é<br />

que a potencialidade para formação de fosfina só poderia ser considerada para regiões de<br />

potencial redox extremamente baixo, o que não foi considerado para os WC’s estudados em<br />

função do valor médio de oxigênio dissolvido de 1,37 mg L -1 O 2 e medidas do potencial<br />

redox característicos do meio anóxico (Eh= -111,4 mV (W1); Eh= -49,63 mV (W2); Eh= -<br />

57,77 mV (W3) e Eh= -84,57 mV (W4)). Segundo Von Sperling (2005), Eh acima de 100<br />

mV caracterizam meio sob condições aeróbias; Eh entre -100 a +100 mV meios sob<br />

condições anóxicas e Eh abaixo de -100 mV meio sob condições anaeróbias.<br />

Em função dos agentes eutrofizantes seria interessante experimentar em estudos<br />

futuros uma configuração seqüencial de WC’s em estufa e abertos (W1), pois desta forma<br />

teríamos as melhores condições de remoção de NTK, N-NH 3 e Ptotal. O que também deve<br />

ser considerado é que para que o sistema misto (W3) apresentasse melhores condições para<br />

redução do potencial eutrofizante devería ter um meio mais óxico. Assim como, a<br />

necessidade de maior tempo de contato efetivo do sistema radicular com o efluente. No<br />

entanto, pesquisas de novas configurações de sistemas de tratamento e uso de energias<br />

limpas para proporcionar o sistema óxico devem ser feitas. Vários trabalhos com os WC’s<br />

são citados na literatura com TDH’s entre 2 e 10 dias, dependendo das cargas poluentes<br />

(SOUSA et al., 2004; DORNELAS et al., 2009).<br />

De todos os parâmetros avaliados neste trabalho, a ecotoxicidade é o que configura as<br />

maiores necessidades de aprofundamento, pois se trata de um parâmetro biológico geral<br />

que não associa os resultados a compostos específicos ou classe de compostos.<br />

Para as águas amarelas, que configuram a principal contribuição dos efluentes aqui<br />

estudados, podem estar presentes poluentes orgânicos persistentes e íons inorgânicos<br />

tóxicos, neste caso especialmente o íon amônio. Novamente na correlação dos efeitos<br />

tóxicos dos efluentes do campus da UNISC percebe-se o valor na escala relativa de<br />

toxicidade aguda de medianamente tóxico e de extremamente tóxico para a toxicidade<br />

crônica. Os dados são apresentados nas Figuras 39 e 40.


110<br />

Figura 39. Resultados da toxicidade aguda para o afluente e efluente dos WC’s durante a fase I<br />

Figura 40. Resultados da toxicidade crônica para o afluente e efluente dos WC’s durante a fase I<br />

A efetividade da detoxificação aguda foi obtida para todos os WC’s tornando-os<br />

pouco tóxicos. No entanto, uma maior precisão e exatidão do parâmetro ecotóxico seria<br />

necessário para diferenciar os desempenhos dos WC’s. Se associda a redução do íon<br />

amônio estivesse a toxicidade aguda, melhores valores teríamos para o W2, já que este foi o


111<br />

tratamento que mais reduziu toxicidade aguda. Dupont (2010) obteve os mesmos valores<br />

médios do afluente sendo considerados medianamente tóxico. Sendo que esta autora,<br />

avaliando a eficiência de detoxificação da ETE UNISC, comprovou que o tratamento não é<br />

efetivo, pois o efluente tratado não é nem capaz de mudar de faixa de toxicidade.<br />

Silva et al. (2010), avaliando o efluente urbano submetido ao tratamento com reator<br />

anaeróbio + WC’s, obtiveram reduções de toxicidade aguda para Daphnia similis do<br />

efluente bruto com CE(I) 50 em torno de 70% para um efluente tratado com CE(I) 50 de<br />

aproximadamente 98% tanto no sistema vegetado quanto no sistema não-vegetado.<br />

Os dados de toxicidade crônica mostraram que não houve efetividade no tratamento<br />

quanto a este parâmetro. Todos os tratamentos apenas conseguiram reduzir a toxicidade<br />

crônica relativa ao nível de altamente tóxico, exceto o W4 que na média não permitiu<br />

alterar a faixa de toxicidade, mantendo-se igual ao afluente do tratamento sendo<br />

considerado extremamente tóxico. Araña et al., (2008), observaram que a presença ou não<br />

de plantas não foi capaz de influenciar a toxicidade de Lemna minor em WC’s para o<br />

tratamento de pesticidas. Murray-Gulde et al., (2003), trabalhando com efluente de WC’s<br />

pré-tratados com osmose reversa, conseguiram reduzir a toxicidade crônica de<br />

Ceriodaphnia dubia nas avaliações de sobrevivência, no entanto em termos de<br />

reprodutibilidade esta não foi significativa em relação ao controle não permitindo<br />

considerações finais sobre a detoxificação quando o efeito de controle do organismo-teste<br />

foi a reprodutibilidade.<br />

De uma forma geral a efetividade de tratamento dos sistemas WC’s é apresentada<br />

complementarmente na Tabela 22. Os dados dos parâmetros gerais e específicos<br />

demonstram efetividade comparável para todos os WC’s quanto à oxigenação e redução da<br />

condutividade. O efeito de migração do ambiente óxico para anaeróbio garante oxigenação<br />

do afluente mesmo com a demanda para redução do material carbonáceo. Os sistemas<br />

vegetados apresentam os aerênquimas que poderiam explicar resultados superiores para o<br />

W3 ainda que configurando um sistema intermediário entre anóxico e óxico.<br />

Outro aspecto relevante com os dados da Tabela 22 é o do efeito filtrante do sistema<br />

suporte com maior efetividade para o W4, pois a ausência do sistema radicular permite<br />

maior compactação das camadas do substrato. Isto poderia ser relacionado ao melhor


112<br />

desempenho do sistema W4 para redução de cor, turbidez, sólidos sedimentáveis e para<br />

desempenho equiparável para a desinfecção.<br />

Os efluentes de todos os WC’s avaliados se enquadraram nos limites máximos de<br />

lançamento em corpos hídricos receptores no Estado do Rio Grande do Sul.<br />

No anexo D é mostrado maior detalhamento no comportamento de todos os<br />

parâmetros avaliados em cada amostragem da fase I.


113<br />

Tabela 22. Concentração média e desvio padrão (DP) dos efluentes dos WC’s durante a fase I<br />

Parâmetros Afluente W1 W2 W3 W4 CONSEMA<br />

Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP<br />

128/06*<br />

OD (mg L -1 ) 0,08 0,3 0,74 0,88 1,02 1,05 1,58 2,09 1,44 0,94 -<br />

Condutividade (µs cm -1 ) 832,7 227,1 626,6 183,3 739,1 170,8 669,3 162,9 650,2 145,2 -<br />

pH 7,9 0,5 7,1 0,4 6,9 0,4 6,9 0,4 7,3 0,4 6,0 a 9,0<br />

Temperatura (ºC) 16,9 4,1 15,8 4,2 16,1 3,9 15,9 4,4 16,1 4,4 ≤ 40<br />

Turbidez (NTU) 139,6 108,1 13,2 6,1 11,9 11,3 13,5 18,5 4,5 3,0 -<br />

Cor (λ 420) 0,21 0,21 0,06 0,03 0,05 0,04 0,05 0,02 0,03 0,02 Não conferir<br />

mudança<br />

corpo receptor<br />

SSedim (mg L -1 ) 5,4 6,7 0,04 0,1 0,2 0,8 0 0 0 0 ≤ 140<br />

Ctotais 1,2.10 6 9,7.10 5 6,8.10 4 8,6.10 4 7,8.10 4 3,5.10 4 3,1.10 5 3,5.10 5 5,3.10 4 3,4.10 4 **<br />

E.coli 8,2.10 5 6,4.10 5 1.10 4 9,9.10 3 4,6.10 4 2.10 4 1,3.10 4 3,8.10 3 1,6.10 5 1,8.10 5 **<br />

* para valores para 100 ≤ Q < 200 m 3 d -1<br />

** Coliformes totais (Ctotais) e E. coli (UFC/100mL) somente estabelece valores máximos em termos de NMP/100mL a partir da vazão de 200 ≤ Q < 500 m 3 d -1 .


114<br />

5.2.4 Fitorremediação em regime de batelada (Fase II)<br />

A opção de adoção do regime intermitente foi para verificação da redução da carga<br />

poluente com aumento do TDH. Isto não seria possível com o sistema concebido que já<br />

operou em limite mínimo da vazão de alimentação quando em regime contínuo, sendo que<br />

vazões menores testadas levavam à obstrução mais frequente dos equipos de soro<br />

hospitalar. A escolha do TDH de sete dias buscou comparativo de vários autores na<br />

literatura (KADLEC & KNIGHT, 1996; SOUSA et al., 2004). Com eficiência comparável<br />

em relação ao material carbonáceo e NTK, escolheu-se o sistema W2 em função das<br />

maiores taxas de produção de biomassa e remoção do agente limitante da eutrofização, o<br />

Ptotal.<br />

Durante o período em regime de fluxo de batelada as cargas médias aplicadas nos<br />

sistemas WC’s foram de: 19,2 g DQO m 2 d -1 ; 3,5 g NTK m 2 d -1 ; 0,45 g Ptotal m 2 d -1 ; 3,5 g<br />

N-NH 3 m 2 d -1 .<br />

No comparativo dos sistemas em fluxo contínuo e intermitente são apresentados os<br />

dados da Figura 41.<br />

Figura 41. Comparativo de eficiência de W2 em fluxo contínuo (fase I) e intermitente (fase II) (fase I:<br />

nDQO=9; nDBO 5 =11; nNTK=15; nNH 3 =15; nPtotal=16; fase II: n=3 todos parâmetros exceto nDBO 5 =2)


115<br />

O comparativo da Figura 41 leva por questões de limitação operacional, a avaliação<br />

conjunta de duas variáveis, o regime de operação e o TDH. Apesar disso, o que seria<br />

esperado era que o maior TDH proporcionasse maiores eficiências de remoção do material<br />

carbonáceo e dos agentes eutrofizantes. O que se observa no entanto, é que a fase II mostra<br />

melhor desempenho somente para NTK e NH 3 . Nos demais parâmetros avaliados, apesar da<br />

possibilidade da formação de PH 3 , os resultados são semelhantes. Outros aspectos<br />

importantes seriam a possibilidade dos cálculos em termos de carga poluente, o que deveria<br />

levar em conta as perdas por ET. O que também deve ser salientado é a menor<br />

disponibilidade de dados durante a fase II devido ao regime de batelada só poder ter sido<br />

realizado em triplicata, o que acarretou restrições para o tratamento estatístico. Dados<br />

adicionais dos sistemas em batelada são apresentados na Tabela 23, sendo que não foi<br />

avaliar o efluente do W3, pois a evapotranspiração deste sistema foi grande o suficiente<br />

para não permitir a coleta de efluente.<br />

Tabela 23. Resultados médios e desvio padrão (DP) dos WC’s durante a fase II<br />

Parâmetros Afluente W1 W2 W4<br />

Média DP Média DP Média DP Média DP<br />

Condutividade (µs cm -1 ) 636,9 560,4 851,4 70,2 1124,6 280,9 949,1 47,6<br />

pH 8,2 1,1 7,1 0,7 6,7 0,2 7,4 0,08<br />

Temperatura (ºC) 18,5 2,3 18,8 1,0 19,0 1,2 19,9 2,0<br />

Turbidez (NTU) 129,1 77,9 10,6 0,6 15,7 18,4 12,0 12,7<br />

Cor (λ 420) 0,17 0,03 0,17 0,01 0,15 0,19 0,05 0,01<br />

K + (mg L -1 ) 17,3 5,7 - - 214,7 16,3 - -<br />

Na + (mg L -1 ) 135,7 7,5 - - 7,3 2,2 - -<br />

A tendência dos parâmetros gerais apresentados demonstra o mesmo comportamento<br />

do sistema em fluxo contínuo, exceto para condutividade, que apresenta aumento dos<br />

valores potencialmente associados na maior intensidade de evapotranspiração.<br />

No comparativo do fluxo contínuo e intermitente considerou-se que em função da<br />

melhor eficiência de remoção de NTK e NH 3 que isto justificaria a opção do W2 para<br />

integração com os POA’s para melhoria das condições de reutilização das águas residuárias<br />

tratadas em função da NBR 13.969/1997 (ABNT, 1997).<br />

No anexo E é mostrado maior detalhamento no comportamento de todos os<br />

parâmetros avaliados em cada amostragem da fase II.


116<br />

5.2.5 Fotoozonização catalítica (Fase III)<br />

Como descrito na metodologia, após o TDH de sete dias o efluente do W2 foi<br />

coletado e encaminhado ao FTC para aplicação do processo de fotoozonização catalítica<br />

por um período de quatro horas. O pós-tratamento com o FTC considerou o potencial de<br />

desinfecção que os POA’s aplicados nos efluentes domésticos secundários apresentam<br />

(PROSAB, 2001; RODRÍGUEZ et al., 2002). O principal objetivo desta etapa é definir as<br />

condições de integração entre WC’s e POA’s visando o enquadramento de água para reuso<br />

de acordo com a NBR 13.969/1997 (ABNT, 1997).<br />

A diferença de concepção do FTC para outros protótipos pesquisados está em<br />

explorar o ozônio gerado fotoquimicamente em processos de fotocatálise, gerando a<br />

combinação UV/TiO 2 /O 3 . O sistema aqui empregado também explorou o suprimento de<br />

energia por células fotovoltaicas, pois a estratégia de coleta da energia solar proporciona a<br />

geração da radiação UV-C de forma constante.<br />

Os resultados foram expressos apenas em termos de concentração dos parâmetros,<br />

uma vez que a ET não foi avaliada neste período. Os valores de DQO e DBO 5 do afluente<br />

apresentaram valores médios de 202,5 ± 58,7 e 168,2 ± 113,1 mg L -1 , respectivamente. O<br />

comportamento do efluente em relação à redução da matéria carbonácea pode ser<br />

visualizado nas Figuras 42 e 43, respectivamente.<br />

Figura 42. Comportamento de DQO durante a fases II e III (n= 3)


117<br />

Figura 43. Comportamento de DBO 5 durante as fases II e III (n= 2)<br />

Nas condições dos sistemas integrados observa-se que o tempo de operação do FTC<br />

ao final de oito horas apresenta uma tendência de redução para DQO que é observado<br />

somente na primeira batelada. A terceira batelada, que configura o tempo máximo de 12<br />

horas, apresenta aumento de DQO e DBO 5 para os efluentes fotooxidados, o que pode estar<br />

associado à saturação no suporte de TiO 2 devido ao material fisio e químio adsorvidos.<br />

Esta mesma tendência é observada para as avaliações de NTK e NH 3 . Neste caso, a<br />

ação do POA converte N-NH 3 para NO - 3 (Figura 44 e 45), sendo necessário considerar<br />

também a adsorção do íon nitrato formado no suporte de TiO 2 P25. Este aspecto pode<br />

também interferir na efetividade da fotooxidação (KÜHN FILHO, 2009) .


118<br />

Figura 44. Comportamento do NTK durante as fases II e III (n= 3)<br />

Figura 45. Comportamento do NH 3 durante as fases II e III (n= 3)<br />

As variações para os valores de NTK (reduções de 53,8% no tratamento com W2;<br />

11,48% no tratamento FTC 2h e 34,1% para FTC 4h) e N-NH 3 (reduções de 54,37% no<br />

tratamento com W2; 10,67% no tratamento FTC 2h e 34,5% no FTC 4h) podem estar<br />

-<br />

associadas à oxidação do íon amônio e a volatilização parcial do gás NH 3 em pH 8,8. Isto<br />

pode ser favorecido pelo aumento da temperatura e do pH no processo do FTC.


119<br />

Outros dois parâmetros eutrofizantes que foram avaliados quando no processo de<br />

integração WC e FTC foram o íon nitrato e Ptotal (Figura 46 e 47).<br />

Figura 46. Comportamento do NO 3 - durante as fases II e III (n= 3)<br />

Figura 47. Comportamento do Ptotal durante as fases II e III (n= 3)<br />

A tendência de redução dos íons nitrato seria explicável pelo efeito de adsorção do<br />

suporte de TiO 2 especialmente em relação ao efluente de W2 que proporciona a formação


120<br />

-<br />

de NO 3 pela oxidação do íon NH + 4 . A atenuação no efeito de adsorção também é<br />

observada na segunda e terceira bateladas do processo. Neste caso, o efeito adicional da<br />

formação de Fe(NO 3 ) 3 pode explicar porque a a redução do efeito adsorvente já é observada<br />

na segunda batelada.<br />

Uma tendência semelhante para o efeito de saturação do suporte semicondutor é<br />

observada para o Ptotal que no entanto, apresenta esta atenuação do efeito adsorvente na<br />

terceira batelada.<br />

Em todos os casos anteriormente comentados de saturação observa-se a necessidade<br />

de regeneração do suporte semicondutor. Outra possibilidade seria o desenvolvimento de<br />

sistemas que integrassem a eletrodiálise para retenção de íons que são adsorvidos no<br />

semicondutor (FERREIRA, 2005).<br />

Um comparativo para a abordagem geral feita nos ensaios em batelada aqui estudados<br />

foi obtido no sistema híbrido foto-Fenton + WC’s realizado por Antoniadis et al. (2007)<br />

para tratamento de efluente urbano sintético, no qual as reduções do COD e DQO atingiram<br />

faixas superiores a 80%. Em relação a N-NH + 4 e NO - 3 , ambos apresentaram elevação da<br />

concentração após aplicação da foto-Fenton, porém quando pós-tratado com WC’s houve<br />

redução na faixa de 65 e 42%, respectivamente. Estes autores concluem que a integração<br />

foto-Fenton + WC’s poderia ser uma alternativa para pequenas comunidades e localidades<br />

turísticas onde há uma grande variação da população e desta maneira apenas o tratamento<br />

biológico apresenta desvantagens.<br />

A desinfecção dos efluentes secundários dos WC’s foi avaliada para o enquadramento<br />

do potencial de reuso das águas residuárias do sistema integrado WC + FTC. Os resultados<br />

de desinfecção podem ser observados nas figuras (Figuras 48 e 49).


121<br />

Figura 48. Comportamento de redução de coliformes totais durante as fases II e III (n= 3)<br />

Figura 49. Comportamento de Escherichia coli durante as fases II e III (n= 3)<br />

Pesquisas feitas por Kühn Filho (2009), trabalhando com o mesmo FTC, porém com<br />

efluente de reator UASB, obteve desinfecção total já em 30 minutos de aplicação do<br />

UV/TiO 2 /O 3 . A não desinfecção na segunda batelada, com os dados demonstrados na<br />

Figura 48 podem ser atribuídas à contaminação do material analítico, pois há desinfecção<br />

nas outras duas bateladas.


122<br />

Para a reutilização das águas o enquadramento do efluente final estaria ajustado para<br />

a Classe 1 apenas em termos de coliformes. A turbidez e os sólidos totais dissolvidos<br />

devem contemplar ajustes de fixação do suporte de TiO 2 , pois o seu desprendimento<br />

contribui para a elevação de ambos os parâmetros. A adição de cloro ativo ajusta a<br />

exigência dos teores de cloro residual, enquanto que os valores de pH podem ser ajustados<br />

por uma etapa adicional de tratamento somente com O 3 originário do sistema fotoquímico.<br />

Outra aplicação dos POA’s é devido ao seu potencial de detoxificação. Neste caso, a<br />

oxidação pode proporcionar a degradação de poluentes alvo ou a mudança do estado de<br />

oxidação de íons tóxicos. Este último caso era esperado para os efluentes do WC’s com os<br />

valores de NH + 4 que foram reduzidos em 10,6% e 34,5% nos tempos de tratamento de duas<br />

e quatro horas com o processo FTC, respectivamente. No entanto, a anodização do ferro<br />

metálico presente na caixa da bomba centrífuga proporcionou elevação do pH e potencial<br />

risco de toxificação do efluente, o que é observado especialmente para os testes de<br />

toxicidade aguda.<br />

As investigações para detoxificação de efluentes em sistemas híbridos com os WC’s<br />

demonstram a referência de degradação de poluentes orgânicos alvo ou cátions tóxicos.<br />

Para melhor explicar a toxificação aqui observada nas Figuras 50 e 51 há necessidade de<br />

trabalhos futuros que associassem os testes de ecotoxicologia com a melhor caracterização<br />

analítica dos poluentes prioritários. Araña et al. (2008) monitoraram os compostos gerados<br />

durante aplicação de fotocatálise (TiO 2 /UV) via cromatografia gasosa e espectrometria de<br />

massas e cromatografia líquida de alta eficiência podendo desta maneira associar a<br />

toxicidade crônica a determinados compostos gerados na degradação de pesticidas. A<br />

integração WC’s + eletro-oxidação permitiu atingir uma CE(I) 50 média de 45%, sendo<br />

considerada mais eficiente do que quando a eletro-oxidação foi aplicada como prétratamento<br />

dos WC’s, porém o efluente ainda foi considerado altamente tóxico (Grafias et<br />

al., 2010). As justificativas aplicadas por estes autores para a ineficiência da oxidação<br />

também podem ser consideradas para a fase III aqui aplicada: substâncias tóxicas<br />

originalmente presentes não foram degradadas ou substâncias oxidadas geraram<br />

intermediários mais tóxicos que os poluentes inicialmente presentes.


123<br />

Figura 50. Resultados da toxicidade aguda para o afluente e efluente do W2 e após aplicação de<br />

fotoozonização catalíca nas fases II e III<br />

Figura 51. Resultados de toxicidade crônica para o afluente e efluente do W2 e após aplicação de<br />

fotoozonização catalítica nas fases II e III


124<br />

As avaliações de variação da toxicidade crônica feitas por Murray-Gulde et al. (2003)<br />

em sistemas híbridos mostrou que mesmo em combinações dos WC’s com processos<br />

separadores da carga poluente, como o caso da osmose reversa, não apresentaram<br />

detoxificações para efluentes industriais do processamento de azeitonas quando da<br />

avaliação em termos de reprodutibilidade. No caso da Figura 51, em ambas as etapas de<br />

tratamento aqui investigadas a extrema toxicidade crônica não foi modificada.<br />

Em termos dos parâmetros gerais, houve uma tendência crescente do aumento da<br />

temperatura durante a aplicação da UV/TiO 2 /O 3 . O mesmo ocorreu em relação ao pH,<br />

contudo este parâmetro mostrou atingir um patamar em duas horas de aplicação que se<br />

manteve até o final dos testes. A condutividade apresentou tendência de decréscimo durante<br />

a aplicação do teste o que pode ser associado com os efeitos adsorventes do sistema suporte<br />

de TiO 2 . A turbidez e a cor apresentaram comportamentos bastante semelhantes tendendo a<br />

ter uma aumento significativo no início do teste (1h) devido ao desprendimento do TiO 2 da<br />

placa de acrílico do FTC seguido de um decréscimo. As oscilações do efeito de turbidez<br />

também podem ser associadas a insolubilizalões de íons férricos. A Tabela 24 mostra a<br />

média da aplicação de UV/TiO 2 /O 3 para os parâmetros gerais.<br />

No anexo F é mostrado maior detalhamento no comportamento de todos os<br />

parâmetros avaliados em cada amostragem da fase II.<br />

Tabela 24. Comportamento médio e desvio padrão (DP) dos parâmetros gerais durante a fase III<br />

Parâmetros 1h 2h 3h 4h<br />

Média DP Média DP Média DP Média DP<br />

Condutividade 1434,0 284,6 873,6 317,2 1162,5 353,3 1119,1 339,5<br />

(µs cm -1 )<br />

pH 8,8 0,2 8,9 0,2 8,9 0,3 8,9 0,4<br />

Temperatura (ºC) 25,4 1,5 28,1 2,2 31,8 2,3 32,1 5,9<br />

Turbidez (NTU) 62,0 18,1 38,8 21,4 29,3 16,9 38,1 17,2<br />

Cor (λ 420) 0,17 0,07 0,10 0,06 0,08 0,04 0,12 0,06


125<br />

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

As principais características impactantes dos efluentes estudados estão associadas<br />

com o potencial de eutrofização e toxicidade aguda e crônica. Para o tratamento por<br />

fitorremediação este afluente apresenta uma relação DQO:NTK:Ptotal de 30,86:4,87:1,<br />

estando adequado para tratamento com os wetlands construídos, o que se assemelha com os<br />

dados de proporções das cargas poluentes encontradas na literatura.<br />

No geral, as configurações avaliadas apresentaram eficiências adequadas para o<br />

material carbonáceo, em torno de 70 a 85% em termos de DQO e 89 a 90% em DBO 5 ,<br />

igualando-se às reportadas na literatura para os tratamentos convencionais. Em relação aos<br />

parâmetros eutrofizantes, as eficiências de remoção em termos de concentração foram entre<br />

17,6 a 33% para NTK, em torno de 15 a 29% para NH 3 e 28,6 a 51,6% para Ptotal.<br />

Contudo, essas percentagens são em termos de concentração dos efluentes, não levando em<br />

conta as perdas de líquido por evapotranspiração, o que acaba concentrando os efluentes,<br />

subestimando a real capacidade dos WC’s. Conclui-se que a eficiência de remoção de<br />

parâmetros poluentes em WC’s deve ser representada em termos de remoção de cargas, que<br />

no caso destes últimos parâmetros passaria a ser 64 a 72% para NTK, 65 a 74% para NH 3 e<br />

70 a 86% para Ptotal.<br />

Em relação às diferentes configurações de WC’s avaliadas durante o regime de fluxo<br />

contínuo, pode-se concluir que o W2 apresentou a maior produtividade de biomassa em<br />

relação aos demais, contudo apresentou destaque de eficiência apenas para a remoção de<br />

Ptotal. Para os demais parâmetros, esta sempre foi a configuração com a menor eficiência<br />

observada, exceto para DQO e DBO 5 .<br />

A integração de WC + FTC permitiu a desinfecção a níveis abaixo do limite de<br />

determinação e desinfecção total do efluente em duas horas de tratamento. No entanto,<br />

trabalhos anteriores com o mesmo reator FTC demonstraram que a desinfecção total possa<br />

ser atingida em tempo menor do que o tempo mínimo avaliado neste trabalho, que foi de<br />

duas horas. O efluente gerado na integração dos métodos adquiriu potencial qualidade para<br />

reuso de Classe 1 da NBR 13969/1997, possibilitando ações que estão sendo discutidas nos<br />

Planos Municipais de Saneamento (PMS) para tratamentos em áreas rurais que adotariam


126<br />

sistemas descentralizados. Esta possibilidade atende as demandas que são típicas das<br />

regiões do Vale do Rio Pardo, Centro-Serra e em muitas regiões do Brasil. Adequações<br />

para redução da turbidez e ajustes do pH para valores entre 6 e 8 poderão ser obtidas com a<br />

pós-ozonização do processo FTC, utilizando o ozônio gerado no mesmo reator fotoquímico<br />

aplicado e investigando a fixação do TiO 2 em partículas de sílica-gel com o isopropóxido<br />

de titânio.<br />

Em termos de ecotoxicidade aguda, ocorreu elevação da CE(I) 50 percentual da faixa de<br />

medianamente tóxica para pouco tóxica em todas as configurações. Este dado coincide em<br />

termos de tendência com os níveis de redução do nitrogênio amoniacal. Entretanto para o<br />

sistema integrado W2 + FTC em batelada, não foram observados a coerência destas<br />

tendências, pois mesmo com as reduções de nitrogênio amoniacal a oxidação proporcionou<br />

aumento da toxicidade do efluente para valores de CE(I) 50 na faixa de medianamente<br />

tóxico. Os dados de toxicidade crônica também se mantiveram na faixa extrema. Estudos<br />

futuros de correlação da composição de outros poluentes e subprodutos irão exigir<br />

ferramentas analíticas que identifiquem os chamados poluentes-alvo e que então permitam<br />

selecionar o melhor sistema híbrido com os WC’s.<br />

As principais dificuldades experimentais para os ensaios de tratamento com a unidade<br />

piloto reproduzem limitações que devem ser contornadas para estudos futuros,<br />

especialmente a captação de efluente para a unidade piloto a partir do equalizador, que<br />

mesmo considerando a acoplagem de timer e sistema filtrante à bomba centrífuga, não<br />

impediu a ausência de alimentação do afluente e por conseguinte comprometendo o<br />

tratamento e o desenvolvimento das macrófitas. Outro aspecto relevante diz respeito aos<br />

controladores de vazão e às dimensões da unidade de tratamento montada. O controle<br />

mínimo de vazão possível foi 100 mL min -1 , estabelecendo TDH de 1,87 dias enquanto que<br />

muitos dados da literatura estabelecem TDH de sete a dez dias.<br />

Além disso, a evapotranspiração comprometeu experimentos intermitentes em função<br />

das elevadas perdas de efluente no WC, o que só permitiu amostragem em alguns casos<br />

com realimentação de afluente. Esta dificuldade operacional também está associada com a<br />

obstrução do ponto de descarte do WC.


127<br />

REFERÊNCIAS<br />

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alagados construídos cultivados com forrageiras. 2006. 110 f. Tese (Programa de Pós-<br />

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ANEXOS<br />

Anexo A - Laudo da caracterização analítica do afluente


Anexo B - Condições climáticas durante o experimento<br />

142


Anexo C - Laudo do tecido vegetal de Hymenachne grumosa<br />

143


Laudo do tecido vegetal de Hymenachne grumosa em estufa<br />

144


145<br />

Anexo D - Comportamento analítico dos parâmetros em todas as amostragens<br />

durante a Fase I


146


147


148


149


150


151


152<br />

Anexo E – Comportamento analítico dos parâmetros em todas as amostragens<br />

durante a Fase II


153


154


Anexo F - Comportamento geral dos parâmetros amostrados na Fase III<br />

155


156


157

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