15.10.2014 Views

Um pdf contendo todos os resumos pode ser acessado aqui - UFF

Um pdf contendo todos os resumos pode ser acessado aqui - UFF

Um pdf contendo todos os resumos pode ser acessado aqui - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Lista de Resum<strong>os</strong> aceit<strong>os</strong> para a XII Conferência Anual do Realismo Crítico<br />

A importância d<strong>os</strong> Conceit<strong>os</strong> para o Ensino de História<br />

Flávia Beatriz Ferreira de Nazareth (Mestranda – <strong>UFF</strong>)<br />

fb_fn@hotmail.com<br />

A reflexão sobre <strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> em História são importantes para a mediação d<strong>os</strong> conheciment<strong>os</strong><br />

d<strong>os</strong> seus conheciment<strong>os</strong>, uma vez que estando no campo histórico <strong>os</strong> conteúd<strong>os</strong> socialmente<br />

construíd<strong>os</strong> não são descartad<strong>os</strong> e são fundamentais para que o aluno perceba as<br />

transformações ao longo do tempo e do espaço e, dessa forma, <strong>pode</strong>m propor modificações<br />

n<strong>os</strong> esquemas sociais.<br />

Circe Bittencourt elege <strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> tempo e espaço como <strong>os</strong> principais para História,<br />

entretanto esses não <strong>ser</strong>ão pensad<strong>os</strong> <strong>aqui</strong>. Escolhem<strong>os</strong> o conceito cidadania como guarda<br />

chuva para mais outr<strong>os</strong> três: identidade, patrimônio e ideologia. A primeira parte trata de uma<br />

apresentação do conceito de cidadania com <strong>os</strong> autores: Circe Bittencourt e J<strong>os</strong>é Murilo de<br />

Carvalho. A segunda parte <strong>ser</strong>á uma pequena apresentação d<strong>os</strong> text<strong>os</strong> do Stuart Hall e do<br />

Samuel Hungston, com o propósito de se pensar sobre a identidade.A terceira parte consiste<br />

em uma reflexão sobre patrimônio. Os autores utilizad<strong>os</strong> são Maria Cecília Londres Fonseca,<br />

J<strong>os</strong>é Reginaldo Sant<strong>os</strong> Gonçalves e Edward Thompson. A quarta parte é uma reflexão sobre<br />

ideologia com <strong>os</strong> autores sugerid<strong>os</strong> Ellen Wood, David Harvey, Michail Bakthin e Raymond<br />

Williams. Na quinta parte, acontece a conclusão do trabalho que <strong>ser</strong>á a tentativa de pensar <strong>os</strong><br />

conceit<strong>os</strong> acima no âmbito do ensino da disciplina História que deve trabalhar dialeticamente<br />

com a ciência e o senso comum. Como se refere Paulo Freire a apreensão d<strong>os</strong> significad<strong>os</strong>, ou<br />

seja, a compreensão das palavras, auxilia na “leitura de mundo”.<br />

Esse estudo reconhece <strong>os</strong> limites das Ciências Humanas, pois cada uma da disciplinas<br />

apresenta e analisa problemas diferenciad<strong>os</strong>. Por isso, a peculiaridade percebida pela<br />

pluralidade de mé<strong>tod<strong>os</strong></strong> e esquema conceituais. Esses limites entre as disciplinas envolve uma<br />

variedade de conceit<strong>os</strong> e temáticas em diferentes disciplinas como, por exemplo, a percepção<br />

do homem dada pela Antropologia, Geografia e História. Apesar da difilculdade, essa é uma<br />

tarefa necessária para a tarefa d<strong>os</strong> docentes que <strong>pode</strong>m ou não construir um outro olhar sobre<br />

a realidade.<br />

‘ ... is p<strong>os</strong>sible’: Critical realism and Themes from the World Social Forum<br />

Hugh Lacey (Professor – USP)<br />

hlacey1@swarthmore.edu<br />

‘Another world is p<strong>os</strong>sible’ is the well known signature aphorism of the World Social Forum<br />

(WSF) and it is a central question of this conference. The newly formed World Forum: Science<br />

& Democracy (WF:S&D) – meeting with WSF in Belém in January of this year – added to it:<br />

‘Another way of doing science is p<strong>os</strong>sible’.<br />

Speaking to this addition, I made the following four prop<strong>os</strong>als:<br />

Both democracy and science have been diminished by being subordinated to the values<br />

of capital and the market; and, the emancipation of democracy and of science – the


quests for ‘another world’ and ‘another way of conducting science’ – must go hand in<br />

hand.<br />

In the light of both the democratic aspirations articulated by the WSF, and commitment<br />

to the traditional ideals of science – science needs to be re-institutionalized, with<br />

democratic participation and oversight, in order to redirect the uses of scientific<br />

knowledge and the priorities of research.<br />

The re-institutionalized science needs also to embody a different conception of science,<br />

and incorporate a variety of currently marginalized methodologies.<br />

It is more fundamental that there be space in the re-institutionalized science where<br />

researchers can begin with the aspirations and practices of the social movements, and<br />

involve their participation in an integral way; where the forms that science takes, and the<br />

kinds of questions it addresses, can be determined in collaboration with the social<br />

movements and reflect their values and experiences.<br />

I will argue that all of these prop<strong>os</strong>als gain support from the core ideas of critical realism. In<br />

doing so, I will be extending arguments that I made at last year’s conference about the<br />

importance of methodological pluralism for explanatory critique.<br />

Desenvolvimento Sustentável: um desafio para a ciência contemporânea<br />

David Basso (Profissional – UNIJUI)<br />

davidbasso@unijui.edu.br<br />

Benedito Silva Neto (Professor – UNIJUI)<br />

bsneto@unijui.edu.br<br />

Neste artigo é realizada uma discussão das conseqüências epistemológicas da adoção de um<br />

conceito de desenvolvimento sustentável que pressupõe explicitamente que a bi<strong>os</strong>fera e as<br />

sociedades humanas são sistemas complex<strong>os</strong> e abert<strong>os</strong>. Argumenta-se que a hegemonia<br />

p<strong>os</strong>itivista sobre as ciências naturais, assim como da hermenêutica pós-moderna nas ciências<br />

sociais, constituem-se em obstácul<strong>os</strong> importantes para que a ciência p<strong>os</strong>sa contribuir<br />

p<strong>os</strong>itivamente para a solução d<strong>os</strong> problemas relacionad<strong>os</strong> ao desenvolvimento e a sua<br />

sustentabilidade. Inicialmente procura-se m<strong>os</strong>trar que o pressup<strong>os</strong>to da complexidade implica<br />

em considerar que o desenvolvimento sustentável, longe de <strong>ser</strong> um estado específico, cujas<br />

características e formas de atingir <strong>ser</strong>iam passíveis de <strong>ser</strong>em definidas "cientificamente",<br />

corresponde, sobretudo, a um processo que depende da própria capacidade evolutiva da<br />

sociedade como um todo. Neste sentido, a promoção do desenvolvimento sustentável é<br />

incompatível com a noção p<strong>os</strong>itivista de um conhecimento científico infalível, cuja função <strong>ser</strong>ia<br />

a de proporcionar um controle crescente sobre a natureza e a sociedade. Por outro lado, o<br />

relativismo subjetivo e absoluto prop<strong>os</strong>to pela hermenêutica pós-moderna diante da<br />

complexidade das sociedades contemporâneas, imp<strong>os</strong>sibilita que a ciência p<strong>os</strong>sa contribuir<br />

para a construção de critéri<strong>os</strong> e referenciais para a discussão d<strong>os</strong> problemas relacionad<strong>os</strong> ao<br />

desenvolvimento sustentável junto a<strong>os</strong> grup<strong>os</strong> sociais. Defende-se finalmente que, por<br />

conceber a ciência como uma atividade ao mesmo tempo objetiva e aberta, o Realismo Crítico<br />

permite compreender o desenvolvimento sustentável como um processo eminentemente<br />

emancipatório, constituindo-se, por conseqüência, uma abordagem epistemológica de grande<br />

importância para que a humanidade p<strong>os</strong>sa enfrentar o desafio da sua sustentabilidade.<br />

Realismo Crítico e Análise de Discurso Crítica: reflexões interdisciplinares para a<br />

formação emancipatória do educador de línguas na pós-modernidade<br />

Solange Maria de Barr<strong>os</strong> Ibarra Papa (Professora – UNEMAT)<br />

solbip@yahoo.com.br<br />

Nas últimas décadas, a ciência social crítica contemporânea tem demonstrado especial<br />

interesse à compreensão d<strong>os</strong> fenômen<strong>os</strong> sociais concernentes às questões ontológicas e<br />

2


epistemológicas, com seus mecanism<strong>os</strong>, <strong>pode</strong>res e causas. O movimento fil<strong>os</strong>ófico britânico<br />

conhecido como Realismo Crítico (RC) surge para acirrar ainda mais o debate na fil<strong>os</strong>ofia das<br />

ciências sociais. Enquanto fil<strong>os</strong>ofia de cunho emancipatório, o RC tem <strong>ser</strong>vido de base para a<br />

reflexão teórica e metodológica de um grande número de cientistas sociais, interessad<strong>os</strong> em<br />

compreender a inter-relação dialética entre sociedade e indivídu<strong>os</strong>. Ancorado na fil<strong>os</strong>ofia do<br />

RC (Bhaskar, 1998; 2002), Análise Crítica do Discurso (Fairclough, 1989, 2003) e Linguística<br />

Sistêmico-Funcional (Halliday, 2004), este trabalho traz algumas reflexões interdisciplinares<br />

que <strong>pode</strong>m contribuir para a ciência social emancipatória, considerada de suma importância<br />

para a formação do educador na pós-modernidade. Conceit<strong>os</strong> de ‘causalidade’, ‘<strong>pode</strong>res<br />

causais’ e ‘agentes causais’ contribuem para uma visão mais crítica na análise d<strong>os</strong> context<strong>os</strong><br />

micro e macr<strong>os</strong>sociais. Nesta comunicação, apresento parte da pesquisa que está sendo<br />

desenvolvida desde 2006, no Centro Sócio-Educativo do Complexo Pomeri, em Cuiabá/MT.<br />

Procuro desvelar as experiências de professores e de alun<strong>os</strong> adolescentes, pobres,<br />

considerad<strong>os</strong> infratores e que estão sob guarda judicial e em situação de risco. Através da<br />

participação coletiva em grup<strong>os</strong> de estud<strong>os</strong> com <strong>os</strong> professores, realizad<strong>os</strong> na escola do<br />

Centro Sócio-Educativo, busco identificar e analisar element<strong>os</strong> léxico-gramaticais que revelam<br />

as impressões, motivações e atitudes d<strong>os</strong> professores de d<strong>os</strong> alun<strong>os</strong>. Os dad<strong>os</strong> foram<br />

coletad<strong>os</strong> através de gravações de conversas informais com <strong>os</strong> professores e alun<strong>os</strong>, incluindo<br />

também relat<strong>os</strong> de suas histórias de vida.<br />

A Crise do Movimento Nacional de Menin<strong>os</strong> e Meninas de Rua: uma pesquisa em<br />

realismo crítico, análise de discurso crítica e etnografia<br />

Viviane de Melo Resende (Professora – UCB)<br />

viviane.melo.resende@gmail.com<br />

Como parte da mesa “Análise de Discurso Crítica e Realismo Crítico”, neste trabalho apresento<br />

algumas reflexões interdisciplinares envolvendo a Análise de Discurso Crítica (ADC), o<br />

Realismo Crítico (RC) e a Etnografia. Pontuo alguns resultad<strong>os</strong> de uma pesquisa que visou à<br />

investigação da crise do Movimento Nacional de Menin<strong>os</strong> e Meninas de Rua no Distrito Federal<br />

(MNMMR/DF), e suas consequências para o protagonismo juvenil, objetivo central do<br />

Movimento. Foram utilizad<strong>os</strong> mé<strong>tod<strong>os</strong></strong> etnográfic<strong>os</strong> para geração e coleta de dad<strong>os</strong>:<br />

ob<strong>ser</strong>vação participante, notas de campo, entrevistas focalizadas, grup<strong>os</strong> focais e gravação de<br />

reuniões. Como referencial teórico e epistemológico, foi explorada a articulação interdisciplinar<br />

(Resende, 2009) entre a ADC (Chouliaraki & Fairclough, 1999; Fairclough, 2003; Blommaert,<br />

2005; van Leeuwen, 2007) e o RC (Bhaskar, 1989; Sayer, 2000; Archer, 2000). Para as<br />

análises de dad<strong>os</strong> foram utilizadas categorias da ADC, como a interdiscursividade, a<br />

modalidade, a coesão, a metáfora, a representação de atores sociais. Os resultad<strong>os</strong> das<br />

análises apontam algumas causas discursivas da crise do Movimento, de acordo com<br />

pressup<strong>os</strong>t<strong>os</strong> da crítica explanatória do RC. Os principais mecanism<strong>os</strong> gerativ<strong>os</strong> que explicam<br />

o problema, apontad<strong>os</strong> n<strong>os</strong> dad<strong>os</strong>, são as contradições na construção de identidades e<br />

identificações, no que se refere à constituição da p<strong>os</strong>ição ‘menina-educadora’; as relações<br />

sociais hierárquicas resistentes à transformação; a crise de legitimação social da luta do<br />

Movimento; a adesão ao discurso da imobilidade das estruturas sociais; a carência de recurs<strong>os</strong><br />

simbólic<strong>os</strong> ligad<strong>os</strong> ao discurso e a naturalização da incapacidade de transformar essa carência;<br />

a ausência de espaç<strong>os</strong> legítim<strong>os</strong> de transição de papéis na instituição. As análises<br />

p<strong>os</strong>sibilitam, portanto, compreensão de algumas das causas discursivas dessa crise e de<br />

seus efeit<strong>os</strong> para a instituição.<br />

Análise de Discurso e Realismo Crítico: Princípi<strong>os</strong> para uma Abordagem Crítica<br />

Explanatória do Discurso<br />

Viviane Cristina Vieira Sebba Ramalho (Professora – UCB)<br />

vivianer@ucb.br<br />

3


As diversas correntes de estud<strong>os</strong> do discurso, que começaram a se consolidar em mead<strong>os</strong> de<br />

1960, têm em comum a preocupação com o uso da linguagem sócio-historicamente situado e<br />

relacionado a questões de <strong>pode</strong>r. Diferem-se, sobretudo, pelas perspectivas (fil<strong>os</strong>óficas,<br />

epistemológicas, ontológicas) que as orientam. A Análise de Discurso Crítica (ADC)<br />

(Fairclough, 2001, 2003; Chouliaraki & Fairclough, 1999), de origem britânica, é uma vertente<br />

que operacionaliza, explicitamente, princípi<strong>os</strong> do Realismo Crítico (Bhaskar, 1989, 1993) para<br />

propor uma abordagem crítica explanatória de problemas sociais que envolvem linguagem. O<br />

objetivo deste trabalho na mesa Análise de Discurso Crítica e Realismo Crítico é levantar<br />

reflexões sobre aspect<strong>os</strong> desse diálogo transdisciplinar. Dentre eles, estão as concepções,<br />

centrais para a ADC, de linguagem, prática social, lógica relacional/dialética entre discurso e<br />

sociedade, além do arcabouço teórico-metodológico sugerido para alcançar níveis mais<br />

profund<strong>os</strong> da realidade em pesquisas sobre problemas sociais parcialmente sustentad<strong>os</strong> pelo<br />

discurso. As reflexões iniciais <strong>aqui</strong> trazidas são parte d<strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> da pesquisa de doutorado<br />

em Linguística Discurso e ideologia na propaganda de medicament<strong>os</strong>: um estudo crítico sobre<br />

mudanças sociais e discursivas (Ramalho, 2008), desenvolvida na Universidade de Brasília<br />

(UnB), e, também, do trabalho anterior Diálog<strong>os</strong> teórico-metodológic<strong>os</strong>: Análise de Discurso<br />

Crítica e Realismo Crítico, publicado n<strong>os</strong> “Cadern<strong>os</strong> de Linguagem e Sociedade” (Ramalho,<br />

2007).<br />

The Dialectic of Love Power<br />

Lena Gunnarsson (Doutoranda – Örebro University)<br />

lena.gunnarsson@oru.se<br />

In this paper I explore the concept of love power, as developed by feminist theorist Anna G.<br />

Jónasdóttir (1994; 2009a; 2009b), in light of critical-realist understandings of power and<br />

dialectic. Jónasdóttir p<strong>os</strong>its that love power is a fundamental human power/capacity “of<br />

consequence for historical movement” (1994, p. 222). This socio-sexual power produces<br />

people, not only in the sense of new children but also as a continuous process of recreating<br />

existing people “as socio-sexual individuated and personified existences” (1994, p. 221). In<br />

virtue of its being a productive power, love is exploitable and alienable.<br />

Jónasdóttir argues that love power is comprised of the two dialectically related elements of care<br />

and erotic ecstasy. Since love is not only a power but also a basic human need, on another<br />

level a crucial dialectic relation can be identified between the power and need aspects of love.<br />

Yet another crucial dialectic relation in the socio-sexual structure is that between mind and<br />

body.<br />

In the paper I explore these three dialectical relations of love power and analyse how they are<br />

implicated in causality and productivity. For these purp<strong>os</strong>es Bhaskar’s dialectical thesis about<br />

change as “the absenting of absence” (1993, p. 176) will be crucial, as well as critical-realist<br />

accounts of causal powers and emergence.<br />

References<br />

Bhaskar, Roy. Dialectic: The Pulse of Freedom. London: Verso, 1993.<br />

Jónasdóttir, Anna G. Why Women Are Oppressed. Philadelphia: Temple University Press,<br />

1994.<br />

Jónasdóttir, Anna G. "Feminist Questions, Marx's Method and the Theorisation of ’Love<br />

Power’." In The Political Interests of Gender Revisited, edited by Anna G. Jónasdóttir &<br />

Kathleen B. Jones. Manchester: Manchester University Press, 2009.<br />

Jónasdóttir, Anna G. “Is Exploitation Only Bad? Or – What Kind of Power is Love Power?”.<br />

Lecture given at the Fifth National Conference of the Isonomía Foundation for Equal<br />

Opportunities on Equality between Women and Men, 17-19 Sept. 2008, University Jaume I,<br />

Spain. To be published on the internet, 2009.<br />

4


A Agronomia e o Desenvolvimento Sustentável: por uma Ciência da Complexidade<br />

Benedito Silva Neto (Professor – UNIJUI)<br />

bsneto@unijui.edu.br<br />

A concepção hegemônica da Agronomia vem provocando crescentes dificuldades para o<br />

tratamento da complexidade d<strong>os</strong> problemas gerad<strong>os</strong> pelo atual padrão de desenvolvimento da<br />

agricultura. A partir de uma interpretação da noção de paradigma baseada no Realismo Crítico,<br />

a qual isenta tal noção de qualquer elemento de irracionalidade, discute-se no artigo as<br />

p<strong>os</strong>sibilidades de uma mudança paradigmática na Agronomia. Nessa discussão salienta-se<br />

que a Teoria da Complexidade e o Realismo Crítico <strong>pode</strong>m fornecer bases teóricas e<br />

epistemológicas consistentes para a constituição da Agronomia como uma das "ciências da<br />

complexidade". De acordo com a Teoria da Complexidade a consideração da agricultura como<br />

uma atividade constituída de sistemas abert<strong>os</strong> e evolutiv<strong>os</strong> é de fundamental importância para<br />

que a Agronomia p<strong>os</strong>sa contribuir efetivamente para a promoção do desenvolvimento<br />

sustentável. Para tanto, porém, a forte hegemonia exercida pelo P<strong>os</strong>itivismo sobre a<br />

Agronomia deve <strong>ser</strong> superada, sendo que, para isso, as contribuições do Realismo Crítico são<br />

consideradas de fundamental importância. A partir dessas considerações, é realizada uma<br />

caracterização do paradigma hegemônico na Agronomia, denominado de Agronomia Normal, e<br />

d<strong>os</strong> element<strong>os</strong> já existentes de um novo paradigma, o da Agronomia entendida como uma<br />

ciência da complexidade. Enfim, enfatiza-se que, para além de um debate estritamente<br />

acadêmico, tal mudança paradigmática na Agronomia in<strong>ser</strong>e-se no campo mais amplo das<br />

correlações de forças e conflit<strong>os</strong> de interesse presentes na sociedade. A constituição da<br />

Agronomia como uma ciência da complexidade depende, portanto, da promoção de uma ação<br />

eminentemente emancipatória pel<strong>os</strong> profissionais desse campo.<br />

Michelangelo and Human Emancipation<br />

John Molyneux (Professor – University of Portsmouth)<br />

john.molyneux@port.ac.uk<br />

An illustrated historical materialist reinterpretation of the art of Michelangelo in relation to the<br />

stalling of the bourgeois revolution in Italy. As the great art historian Frederick Antal showed,<br />

and as Engels indicated in the Introduction to The Dialectics of Nature, the Renaissance was a<br />

product of the birth of capitalism (within feudalism) in the Italian city states, especially in<br />

Florence and Venice. This development was experienced by artists, poets, scientists,<br />

phil<strong>os</strong>ophers and many others and a major expansion and liberation of the human personality, a<br />

huge gain in human liberty. This finds expression in the humanism and optimism of the younger<br />

Michelangelo, for example his David sculpture.<br />

But the bourgeois revolution and the bourgeois transformation of Italy was not carried through.<br />

The Prince called for by Machiavelli (see Gramsci) never materialised and the leading bourgeois<br />

(eg the Medicis) bought into the aristocracy. Potential popular rebels, like Girolamo Savonarola,<br />

were crushed and the Renaissance went into decline. Michelangelo’s later work intuitively<br />

reflects this historic reversal and cl<strong>os</strong>ing down of perspectives of freedom. What he produces,<br />

especially in his late Pietas and his ‘unfinished’ Slaves, struggling to free themselves from the<br />

rock are powerful images which not only capture the essence of his times but also <strong>ser</strong>ve as a<br />

metaphor for the human condition today.<br />

Teoria Social e o Projeto ético-político do Serviço Social<br />

Claudia Regina Tenório Monteiro (Professora – Universidade Estácio de Sá)<br />

pramonteiro@yahoo.com.br<br />

5


As reflexões tecidas no presente artigo visam abarcar o desafio p<strong>os</strong>to a<strong>os</strong> assistentes sociais<br />

no atual estágio societário onde as expressões da questão social assumem caráter crítico e<br />

expõe a humanidade a condições degradantes de existência. O projeto ético-político p<strong>os</strong>iciona<br />

esse profissional a repensar seu fazer e adotar um referêncial crítco que o municie de<br />

conheciment<strong>os</strong> e estratégias forjadas a partir desse acervo teórico recortado numa perspectiva<br />

crítica que contemple as contradições presentes nas relações sociais. O Serviço Social que ao<br />

longo de sua trajetória teve influência da escola franco-belga, o empiricismo norte-americano, o<br />

marxismo althus<strong>ser</strong>iano, gramsciano, luckasciano, dentre outr<strong>os</strong>, tem como tarefa uma<br />

vigilância epistemológica num campo de disputas para uma direção na sua cultura profissional.<br />

Necessariamente o projeto ético-político profissional precisa garantir as conquistas no campo<br />

teórico-metodológico para se manter crítico e combativo face a<strong>os</strong> atuais contorn<strong>os</strong> do<br />

capitalismo predatório. As reflexões apresentadas no artigo revisitam a trajetória teóricametodológica<br />

na profissão, já realizada por outr<strong>os</strong> autores e avança sinalizando construções<br />

teóricas que devem compor o campo teórico na profissão, a partir de um debate interdisciplinar<br />

com escolas do campo sociológico. Assim, busca-se as bases para um arcabouço profissional<br />

fundado em estatut<strong>os</strong> que a qualifiquem como profissão que se quer comprometida com a<br />

emanciapção humana e uma sociedade sem exclusão, discriminação ou preconceit<strong>os</strong>.<br />

Ética e Estética nas Artes, Arquitetura e Urbanismo Contemporâne<strong>os</strong> – <strong>Um</strong>a Crítica<br />

Realista<br />

Fellipe de Andrade Abreu e Lima (Doutorando – USP)<br />

fellipe@usp.br<br />

Arte, arquitetura e urbanismo. Crise de valores estétic<strong>os</strong> e étic<strong>os</strong>. É neste sentido que este<br />

ensaio pretende <strong>ser</strong> um ponto de luz dentro da absoluta timidez que estas ciências se<br />

encontram. Baseando-se n<strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> de “dialética” e de “idealismo” e “alienação”,<br />

pretendem<strong>os</strong> colocar que é imp<strong>os</strong>sível haver arte, arquitetura e urbanismo condensando<br />

valores étic<strong>os</strong> e estétic<strong>os</strong> de alto valor social dentro de um sistema capitalista. Desde o<br />

surgimento deste sistema econômico, as artes encontram-se, salvo algumas exceções<br />

pontuais, imp<strong>os</strong>sibilitadas de expor seus reais valores de transformação social. A contribuição<br />

de Georg Lukács <strong>pode</strong> n<strong>os</strong> fornecer luzes para esclarecer <strong>os</strong> motiv<strong>os</strong> desta crise que as artes<br />

enfrentam desde mead<strong>os</strong> do século XVI, com a aceleração do sistema capitalista; em especial<br />

a arquitetura. No século XX, com o florescimento do Movimento Moderna na arquitetura e suas<br />

repercussões nas artes plásticas, o vazio de valores estétic<strong>os</strong> tornou-se um reflexo da ausência<br />

de valores étic<strong>os</strong>. O problema tornou-se um problema do Homem enquanto <strong>ser</strong> social. A<br />

ontologia deste Homem é uma das chaves para compreensão desta problemática. Neste<br />

sentido, reativar a missão emancipadora das artes e da arquitetura, em especial, torna-se<br />

n<strong>os</strong>sa missão, principalmente quando percebem<strong>os</strong> que “a realidade é tão trivial e medíocre que<br />

qualquer realce verdadeiramente poético” aparece-n<strong>os</strong> como algo estranho. Estam<strong>os</strong> tão<br />

ac<strong>os</strong>tumad<strong>os</strong> com a falta de crítica individual e social que não conseguim<strong>os</strong> atingir uma<br />

superação mínima que seja.<br />

Tradição e Modernidade na criação literária de Ricardo Piglia<br />

Renata C<strong>os</strong>ta Reis de Meirelles (Profissional – <strong>UFF</strong>)<br />

re1meirelles@gmail.com<br />

Este trabalho tem por objetivo pensar, a partir do romance argentino, Respiração Artificial, de<br />

Ricardo Piglia, como a temática d<strong>os</strong> golpes de Estado liderad<strong>os</strong> pela direita surge como tema<br />

na literatura latino-americana de fins do século XX. Pretende-se avaliar em que medida<br />

Respiração Artificial dialoga ao mesmo tempo com a tradição literária do realismo, na medida<br />

em que aborda a dimensão histórica da Ditadura Argentina de 1976, e também com element<strong>os</strong><br />

modernizadores em term<strong>os</strong> de forma, ao imprimir uma linguagem fragmentada e uma narrativa<br />

não-linear ao romance. Partindo da teoria literária de Raymond Williams, a ideia é avaliar como<br />

6


Ricardo Piglia combina element<strong>os</strong> dominantes, residuais e emergentes para compor uma<br />

narrativa interessada em retratar as perseguições políticas e o exílio.<br />

Fanon’s Curse: Re-Imagining Marxism in South Africa’s Age of Retreat<br />

Kirk Helliker (Professor – Rhodes University)<br />

k.helliker@ru.ac.za<br />

Peter Vale (Professor – Rhodes University)<br />

This paper traces the rise and fall of radical praxis in South Africa, and offers a critique of the<br />

dominant political practice of ‘The Left’ in p<strong>os</strong>t-apartheid South Africa. Western Marxism<br />

emerged in the 1970s in apartheid South Africa and Marxist activists became deeply involved in<br />

the trade union and community movements. With the unravelling of apartheid in the late 1980s,<br />

the main liberation forces – despite socialist tendencies – made a social pact with capitalist<br />

forces. Under p<strong>os</strong>t-apartheid conditions, the liberation movement – now the ruling party (the<br />

African National Congress) – has explicitly ch<strong>os</strong>en and pursued a neo-liberal paradigm. In large<br />

part, Marxists from the apartheid era embraced a statist project by taking up p<strong>os</strong>itions in the<br />

South African state as functionaries, researchers or policy-makers. Today’s ‘Left’ (former<br />

Marxists) have become transfixed by the state in a manner which fails to significantly advance<br />

struggles within and which, simultaneously, have put radical intellectualism at universities and<br />

radical praxis within civil (and ‘uncivil’) society on the back-foot. Using John Holloway’s recent<br />

work and contemporary Venezuela as entry points, we discuss the relationship between state<br />

power and social power in processes of transformation. Like Holloway, we recognise the<br />

significance of the latent potentialities of radical popular democracy; however, we argue that<br />

transformations in and through the state, if aligned to popular struggles, are of great<br />

significance. In this light, we re-imagine a re-vitalised Marxist praxis in contemporary South<br />

Africa.<br />

O conhecimento é uma Invenção ou Reinvenção da Realidade?: para uma crítica<br />

marxista à epistemologia construtivista<br />

Ana Carolina Galvão Marsiglia (Mestranda – UNESP)<br />

galvao.marsiglia@gmail.com<br />

Newton Duarte (Professor – UNESP)<br />

newton.duarte@uol.com.br<br />

As resp<strong>os</strong>tas que o construtivismo dá a questões como “o que é o conhecimento?”, “como o <strong>ser</strong><br />

humano conhece?”, “como o conhecimento evolui?” contêm também resp<strong>os</strong>tas à pergunta “o<br />

que é a realidade?”, embora isso nem sempre esteja explicitado n<strong>os</strong> text<strong>os</strong> d<strong>os</strong> autores<br />

construtivistas, desde o próprio Jean Piaget. Por sua vez, a concepção do que seja a realidade<br />

e seu conhecimento influencia decisivamente as prop<strong>os</strong>ições construtivistas no campo<br />

pedagógico. A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo tem o construtivismo como seu<br />

discurso pedagógico oficial desde a implantação do Ciclo Básico em 1983, portanto, há mais<br />

de vinte e cinco an<strong>os</strong>. A análise que estam<strong>os</strong> desenvolvendo de document<strong>os</strong> e programas<br />

produzid<strong>os</strong> pela Coordenadoria de Estud<strong>os</strong> e Normas Pedagógicas (CENP) e pela Fundação<br />

para o Desenvolvimento da Educação (FDE) nesse período, vem m<strong>os</strong>trando, entre outras<br />

coisas, que há uma concepção de realidade implícita às orientações pedagógicas<br />

construtivistas e que essa concepção apresenta a mesma ambigüidade já detectada na<br />

epistemologia piagetiana entre, por um lado uma tendência a um cientificismo p<strong>os</strong>itivista e, por<br />

outro, uma tendência a um relativismo subjetivista. Neste trabalho explorarem<strong>os</strong> essa<br />

problemática por meio de três temas: a noção de reinvenção, a relação entre forma e conteúdo<br />

e a relação entre o individual e o social no construtivismo.<br />

O real revelado: uma crítica a d’Espagnat a partir de Werner Heisenberg<br />

7


Fábio Antonio da C<strong>os</strong>ta (Doutorando – UERJ)<br />

philonatur@yahoo.com.br<br />

No livro intitulado O Real velado, Bernard d’Espagnat defende a separação entre realidade<br />

empírica e realidade em si: enquanto a primeira é constituída pela conjunção entre o arcabouço<br />

de conceit<strong>os</strong> provenientes da ciência e <strong>os</strong> fenômen<strong>os</strong> da experiência, já a segunda é entendida<br />

como a realidade absolutamente independente de nós, cujo acesso é indefinidamente<br />

problemático, mas que se deve necessariamente p<strong>os</strong>tular com o intuito de explicar a<br />

efetividade do n<strong>os</strong>so conhecimento. Continuamente o autor atribui ao conceito de realidade em<br />

si o caráter de resistência, no sentido de que ela não permite a aplicação de toda e qualquer<br />

teoria. Contudo, ao mesmo tempo, <strong>os</strong> seus argument<strong>os</strong> renegam, a partir da mecânica<br />

quântica, a p<strong>os</strong>sibilidade de uma compreensão ontológica da realidade, esta entendida como<br />

uma pretensão metafísica a <strong>ser</strong> refreada. O objetivo da n<strong>os</strong>sa apresentação é demonstrar: 1)<br />

que as tentativas apresentadas pelo autor para escapar da ontologia inevitavelmente caem em<br />

problemas ontológic<strong>os</strong>; 2) que a própria idéia de uma realidade qualificada como resistência<br />

<strong>pode</strong> <strong>ser</strong>vir como base para uma compreensão ontológica. Tais demonstrações terão como<br />

base as idéias de Werner Heisenberg, apresentadas em seu Manuscrito de 1942, sobre a<br />

realidade entendida como efetividade e dividida em níveis. Seu principal argumento nesse texto<br />

explicita que a mecânica quântica não abole toda e qualquer compreensão ontológica do real,<br />

mas que esta tem de <strong>ser</strong> realizada matizando o pressup<strong>os</strong>to igualmente ontológico da cisão<br />

entre sujeito e objeto.<br />

Educação Infantil, Formação de Professores e Produção de Conhecimento<br />

Altino J<strong>os</strong>é Martins Filho (Doutorando – UFSC)<br />

altinojm@ig.com.br<br />

O trabalho apresenta dad<strong>os</strong> analític<strong>os</strong> de uma pesquisa em andamento sobre a formação do<br />

professor de educação infantil e a produção de conheciment<strong>os</strong>. O objetivo é amplo e está<br />

estritamente vinculado a apreensão de alguns aspect<strong>os</strong> acerca do debate teórico no campo<br />

educacional e suas implicações para a formação do professor da educação infantil. As<br />

questões privilegiadas no estudo se relacionam à constituição de uma c<strong>os</strong>movisão abrangente<br />

de projeto de formação, no qual o sujeito-professor não se define fora de sua cultura e do seu<br />

processo histórico-social, mas intrinsecamente dentro dele. A metodologia escolhida seguiu a<br />

perspectiva histórica. Estabelecendo uma relação entre <strong>os</strong> homens e sua história. A partir do<br />

dialoga com Marx (1984) compreendem<strong>os</strong> que o que determina o desenvolvimento do homem<br />

enquanto tal não é sua porção natural biológica, mas sim a qualidade das relações sociais que<br />

ele desdobra, as relações sociais são construídas levando em consideração a dinamicidade<br />

das múltiplas determinações que as circunscrevem, estas diversas determinações são<br />

decorrentes de leis objetivas que estão presentes na realidade material do trabalho e nas<br />

relações sociais, as quais sempre carregam uma realidade sócio-histórica. Assim, em qualquer<br />

análise precisam<strong>os</strong> avançar para além de uma apreensão superficial do fenômeno, declinando<br />

para conhecê-lo em sua essência, portanto alargando o mundo das aparências. Ressalta-se<br />

com isto, a necessidade de uma análise crítica sobre a formação d<strong>os</strong> professores nestes<br />

últim<strong>os</strong> temp<strong>os</strong>, considerando tais element<strong>os</strong> teóric<strong>os</strong> na p<strong>os</strong>sibilidade da emancipação<br />

humana.<br />

O Imperialismo Brasileiro n<strong>os</strong> Sécul<strong>os</strong> XX e XXI: uma discussão teórica<br />

Pedro Henrique Pedreira Camp<strong>os</strong> (Doutorando – <strong>UFF</strong>)<br />

phpcamp<strong>os</strong>@yahoo.com.br<br />

A apresentação visa debater as interpretações p<strong>os</strong>síveis para a tendência de exportação de<br />

capitais por empresas brasileiras a partir d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 60 e 70 do século XX, processo que vem se<br />

acentuando n<strong>os</strong> últim<strong>os</strong> an<strong>os</strong>. À luz d<strong>os</strong> dad<strong>os</strong> do setor da indústria de construção, propom<strong>os</strong><br />

8


uma reflexão sobre a natureza do processo tendo em vista a bibliografia específica que o<br />

analisa, em especial <strong>os</strong> text<strong>os</strong> escrit<strong>os</strong> por Rui Mauro Marini e sua tese sobre o<br />

‘subimperialismo’, com o qual se trava o diálogo central da exp<strong>os</strong>ição. A partir de um debate<br />

conceitual, intentam<strong>os</strong> amadurecer a validade ou não da utilização de term<strong>os</strong> como<br />

imperialismo brasileiro, subimperialismo ou apenas exportação de capitais.<br />

Contribuições da Teoria da Complexidade e do Realismo Crítico para a promoção do<br />

desenvolvimento sustentável em uma Área de Proteção Ambiental no município de<br />

Ipuaçu (SC)<br />

Tânia Maria Radaelli (Mestranda – UNIJUI)<br />

tania_r0361@yahoo.com.br<br />

Benedito Silva Neto (Professor – UNIJUI)<br />

bsneto@unijui.edu.br<br />

As Áreas de Proteção Ambiental (APAs) foram criadas originalmente para proteger o entorno<br />

das Áreas de Proteção Permanente, onde a desapropriação das terras ou a transferência d<strong>os</strong><br />

moradores se m<strong>os</strong>trasse inviável. A implantação de uma APA requer o planejamento da gestão<br />

da diversidade biológica, disciplinando o processo de ocupação e assegurando a pre<strong>ser</strong>vação<br />

d<strong>os</strong> recurs<strong>os</strong> naturais. A experiência de implantação de APAs, entretanto, tem se m<strong>os</strong>trado<br />

decepcionante. <strong>Um</strong>a das principais razões para isso é a resistência oferecida pelas populações<br />

locais, especialmente <strong>os</strong> agricultores. Essa resistência decorre em boa parte d<strong>os</strong> mé<strong>tod<strong>os</strong></strong> de<br />

análise e planejamento utilizad<strong>os</strong>, em geral concebid<strong>os</strong> segundo uma visão controladora e<br />

autoritária, <strong>os</strong> quais não permitem uma efetiva participação da população local, além de pouco<br />

contribuir para a elucidação d<strong>os</strong> problemas relacionad<strong>os</strong> ao desenvolvimento local. Neste<br />

artigo argumenta-se que uma abordagem do desenvolvimento sustentável como um processo<br />

evolutivo e aberto, elaborada a partir da Teoria da Complexidade e do Realismo Crítico, <strong>pode</strong><br />

trazer contribuições importantes para a superação das dificuldades de implantação de APAs. A<br />

partir dessa perspectiva é realizada a análise de uma prop<strong>os</strong>ta de implantação de uma APA no<br />

município de Ipuaçu (SC). Os resultad<strong>os</strong> obtid<strong>os</strong> até o momento revelam que a definição da<br />

problemática ambiental considerada na elaboração da prop<strong>os</strong>ta de criação da APA no<br />

município pouco tem a ver com a dinâmica do desenvolvimento local, especialmente em<br />

relação a<strong>os</strong> problemas enfrentad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> agricultores para a sua reprodução social. Isto ajuda<br />

a explicar a forte resistência à prop<strong>os</strong>ta apresentada pela população.<br />

Reificação e barbárie. Crítica às relações sociais capitalistas<br />

André Mayer (Professor – UFOP)<br />

andremayer@terra.com.br<br />

Tendo como tema central as relações sociais capitalistas, o objeto deste artigo aborda as<br />

relações sociais "reificadas" na ordem contemporânea do capital.<br />

A seguinte indagação impulsiona a investigação: tomando como base o atual estágio da ordem<br />

do capital, como se desenvolve a determinação dominante nas relações sociais<br />

contemporâneas – a reificação.<br />

O artigo tem por objetiv<strong>os</strong> tentar reproduzir analiticamente como se processa as relações<br />

sociais "reificadas" na sociedade contemporânea orientada pelo capital; e explicitar a<br />

determinação destas relações sociais na constituição da barbárie – material e espiritual – que<br />

destrói a vida do <strong>ser</strong> social e do ambiente que o cerca.<br />

O artigo aponta para a relevância contemporânea da teoria da reificação enquanto<br />

determinação imperativa para a consolidação da ordem do capital. A permanência do capital<br />

enquanto "sistema de controle do metabolismo social" deve-se à centralidade da reificação na<br />

9


constituição da atual sociabilidade. A superação deste sistema torna-se muito mais difícil com a<br />

reificação das relações sociais, pois esta tende a se expandir.<br />

O caminho que tem predominância para <strong>ser</strong> trilhado pela sociedade é o do aprofundamento da<br />

barbárie e não o da emancipação humana.<br />

Racionalidade e atomismo na escola neoclássica<br />

André Guimarães Augusto (Professor – <strong>UFF</strong>)<br />

andre@economia.uff.br<br />

O objetivo do artigo é apresentar uma crítica à hipótese neoclássica da racionalidade. A<br />

hipótese neoclássica de racionalidade se refere exclusivamente à escolha d<strong>os</strong> melhores mei<strong>os</strong><br />

para atingir finalidades pré-determinadas. Assim, a racionalidade neoclássica tem como<br />

características seu caráter formal, instrumental e dedutivo. A hipótese fundamental do artigo é<br />

de que o conceito neoclássico de racionalidade atende a uma necessidade do modelo de<br />

explicação dedutivo adotado pela escola neoclássica. O modelo de explicação dedutivista<br />

supõe um mundo fechado para o qual um pressup<strong>os</strong>to fundamental é o do atomismo ou<br />

condições internas constantes. A idéia <strong>aqui</strong> é de que a hipótese da racionalidade atende ao<br />

pressup<strong>os</strong>to do atomismo ao fornecer um padrão de comportamento para <strong>os</strong> agente tornado-o<br />

previsível. Argumenta-se também que além de sua função epistemológica o conceito<br />

neoclássico de racionalidade exerce uma função valorativa ao propugnar a eficiência como<br />

máxima do comportamento humano, refletindo o comportamento necessário ao capital.<br />

Finalmente argumenta-se também que as tentativas de reformular o conceito de racionalidade<br />

como a racionalidade limitada e a racionalidade estratégica mantêm o caráter instrumental da<br />

racionalidade e o pressup<strong>os</strong>to atomista.<br />

Consciência e emancipação humana: a relação sujeito – sociedade<br />

Camila Oliveira do Valle (Doutoranda – <strong>UFF</strong>)<br />

kkdovalle@yahoo.com.br<br />

Estando <strong>os</strong> <strong>ser</strong>es human<strong>os</strong> em uma forma de desenvolvimento – a sociedade capitalista – que<br />

impede a condução consciente da sua vida e submete-<strong>os</strong> à alienação, objetivo compreender a<br />

relação sujeito-sociedade e a p<strong>os</strong>sibilidade de uma transformação social que tenha como foco<br />

a emancipação humana – p<strong>os</strong>sibilidade concreta realizável em outras condições sociais. É<br />

p<strong>os</strong>sibilidade, pois as condições existentes na sociedade capitalista fazem surgir valores que<br />

nela não se realizam, mas que <strong>pode</strong>m vir a <strong>ser</strong> realizáveis num “estágio de desenvolvimento”<br />

p<strong>os</strong>terior. Se, por um lado, <strong>os</strong> estud<strong>os</strong> sobre o psiquismo m<strong>os</strong>tram o processo pelo qual uma<br />

certa sociedade e suas demandas passam a fazer parte do universo psíquico do indivíduo e<br />

este passa a reconhecer essas demandas e valores como seus: a formação do superego é o<br />

ponto no qual uma ordem societária converte-se em visão subjetiva de mundo (interiorização);<br />

por outro lado, a relação entre as estruturas sociais e o agir humano – este <strong>pode</strong>ndo <strong>ser</strong><br />

marcado pela intencionalidade, diferente da sociedade que não p<strong>os</strong>sui uma teleologia –,<br />

permitem a transformação social. Através do trabalho, o <strong>ser</strong> humano intervém intencionalmente<br />

na causalidade natural, modificando-a em direção a uma causalidade p<strong>os</strong>ta. Os <strong>ser</strong>es<br />

human<strong>os</strong>, por meio da práxis, agem no terreno da história como devir; a práxis institui uma<br />

realidade em movimento que <strong>pode</strong> tanto reproduzir o real do qual se partiu, ainda que não seja<br />

o mesmo, quanto alterá-lo, produzindo nova objetivação: o que permite pensar a superação da<br />

ética capitalista e a emancipação humana.<br />

A Desumanização: para uma crítica do conceito de humano que fundamenta a prática<br />

política das elites brasileiras<br />

10


Anelito Pereira de Oliveira (Professor – UNIMONTES)<br />

anelitodeoliveira@gmail.com<br />

O sentido brasileiro de humano, cuja construção teve início com <strong>os</strong> cristã<strong>os</strong> jesuítas e se<br />

afirmou com <strong>os</strong> p<strong>os</strong>itivistas republican<strong>os</strong> no final do século XIX, conforma-se em meio a um<br />

tensionamento de forças naturalmente antagônicas. Trata-se de um sentido, por isso mesmo,<br />

historialmente contraditório, atravessado por princípi<strong>os</strong> de civilização e não-civilização, mas<br />

que acabou por se estabelecer como suficientemente racional em virtude de uma operação<br />

ideológica até hoje em curso, levada a efeito pelas elites políticas, econômicas e acadêmicas.<br />

No limite, essa operação configura uma “estetização” (Benjamin) da história que desclassifica<br />

como subjetivas as verdades individuais em nome de uma verdade coletiva, que <strong>ser</strong>ia<br />

expressão pura e objetiva da coletividade humana de um país, referência de uma<br />

nacionalidade. Mas é justamente nas verdades individuais que se revela, em toda sua<br />

complexidade, a condição humana de grup<strong>os</strong> étnic<strong>os</strong> historicamente relegad<strong>os</strong> ao segundo e<br />

terceiro plan<strong>os</strong> na história do país: afrodescendentes e indígenas. Para esses grup<strong>os</strong>, a elite<br />

humanista do país formulou e continua a formular o que se <strong>pode</strong> entender, com uma d<strong>os</strong>e de<br />

ironia, por políticas públicas de humanização no campo da religião, da educação, segurança e<br />

saúde públicas: igrejas, escolas, presídi<strong>os</strong>, manicômi<strong>os</strong> etc. O cotidiano do país, com seus<br />

alt<strong>os</strong> índices de mi<strong>ser</strong>abilidade e criminalidade, faz pensar na ineficácia dessas políticas,<br />

estimula-n<strong>os</strong> a compreendê-las como mecanism<strong>os</strong> de produção de desumanização, que teria o<br />

lucro como finalidade, algo, de resto, previsto pelo “esclarecimento” (Adorno/Horkheimer) que<br />

atuou de maneira decisiva na constituição do olhar das elites brasileiras sobre o próprio país.<br />

Condenad<strong>os</strong> pela primeira página: problematizando as relações entre jornalismo, ética e<br />

verdade<br />

Rafael Fortes (Profissional – <strong>UFF</strong>)<br />

raffortes@hotmail.com<br />

Os mei<strong>os</strong> de comunicação corporativ<strong>os</strong> desempenham, na atualidade, papel crucial ao<br />

atraírem corações e mentes para, por um lado, legitimar a exploração capitalista e, por outro,<br />

deslegitimar iniciativas de luta por um outro mundo p<strong>os</strong>sível. Esta situação <strong>pode</strong> <strong>ser</strong> verificada<br />

com facilidade olhando-se as manchetes nas bancas de jornal e a esmagadora maioria das<br />

manifestações nas emissoras de rádio e televisão. Dentre <strong>os</strong> tip<strong>os</strong> de produção midiática, o<br />

jornalismo se destaca pelo vínculo que, em tese, estabelece com a verdade, o que lhe confere<br />

notável <strong>pode</strong>r, in<strong>ser</strong>ção e legitimação social. A partir de uma preocupação ampla com o teor da<br />

pauta da mídia corporativa brasileira (Fontes, 2008), esta comunicação aborda as implicações<br />

éticas e políticas de determinadas p<strong>os</strong>turas adotadas por tal jornalismo. Para conferir caráter<br />

concreto à discussão, se debruça sobre um episódio: uma “notícia” de capa do Jornal do Brasil<br />

informando que traficantes utilizam o sítio de relacionament<strong>os</strong> Orkut para fazer apologia do<br />

crime e exibir armas. No dia seguinte, “descobriu-se” que, na verdade, <strong>os</strong> jovens que<br />

apareciam nas fotografias eram atores que participavam da gravação de um filme policial.<br />

Longe de constituir um caso isolado, o ocorrido é bastante típico e ajuda a lançar luz sobre<br />

aspect<strong>os</strong> relativ<strong>os</strong> às rotinas produtivas e à linha editorial da mídia corporativa, como o fato de<br />

em momento algum o jornal ter admitido que mentiu. O trabalho também traça considerações<br />

sobre o papel do jornalismo na produção e manutenção de estigmas em relação a jovens das<br />

classes populares.<br />

Por uma Sociologia Crítica da Crítica: relendo Lüc Boltanski a partir de Margareth Archer<br />

Luiz Augusto Camp<strong>os</strong> (Doutorando – IUPERJ)<br />

lascamp<strong>os</strong>@iuperj.br<br />

O presente trabalho pretende erigir um modelo teórico que p<strong>os</strong>sibilite tomar a competência<br />

crítica d<strong>os</strong> agentes sociais como um objeto de investigação sem, contudo, abdicar de uma<br />

11


p<strong>os</strong>tura sociológica crítica em relação à realidade. Parte-se da constatação de que a defesa da<br />

vocação crítica da sociologia feita por autores como Pierre Bourdieu foi acompanhada, em<br />

geral, de uma operação teórica que subtrai d<strong>os</strong> agentes sociais uma porção significativa de<br />

suas capacidades reflexivas de julgamento. Portanto, reações a esta vertente da sociologia<br />

crítica, sobretudo aquela liderada por Lüc Boltanski, acertam ao defenderem que é necessário<br />

considerar a reflexividade d<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong> e, destarte, levar a sério a competência crítica d<strong>os</strong><br />

mesm<strong>os</strong>. Todavia, ao universalizar a capacidade crítica como uma competência humana<br />

elementar, Boltanski naturaliza no nível ontológico <strong>aqui</strong>lo que Bourdieu naturalizara no nível<br />

epistemológico. Em outr<strong>os</strong> term<strong>os</strong>, se a “sociologia crítica” naturaliza a capacidade crítica do<br />

investigador, a “sociologia da crítica” naturaliza a capacidade crítica d<strong>os</strong> investigad<strong>os</strong>. Contra<br />

esta dupla essencialização e a partir da discussão sobre <strong>os</strong> mod<strong>os</strong> de reflexividade de<br />

Margareth Archer, propom<strong>os</strong> transformar a competência crítica d<strong>os</strong> agentes sociais em objeto<br />

de estudo sociológico. Para tal, reconceituam<strong>os</strong> a capacidade crítica como uma disp<strong>os</strong>ição<br />

eminentemente reflexiva que, apesar de estruturada socialmente, p<strong>os</strong>sui <strong>pode</strong>res causais ao<br />

se traduzir numa dada performance crítica. Esta redefinição p<strong>os</strong>sibilita, por seu turno, religar<br />

uma ontologia que leve em conta a capacidade crítica d<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong> e o <strong>pode</strong>r emancipador<br />

da agência social com uma epistemologia que reassume o <strong>pode</strong>r emancipador da crítica<br />

sociológica.<br />

Autonomia Universitária: uma abordagem ontológico-crítica desde o conceito lukacsiano<br />

de autonomia<br />

Maurício J<strong>os</strong>é Siewerdt (Doutorando – UFSC)<br />

mjsiewerdt@uol.com.br<br />

Neste trabalho tratam<strong>os</strong> de indicar alguns equívoc<strong>os</strong> substanciais nas “ontologias” de alguns<br />

autores que abordam o tema da “autonomia universitária”, apresentando como contra-ponto o<br />

constructo teórico da Ontologia do Ser Social de György Lukács, especialmente o sentido do<br />

uso do termo “autonomia” no interior desta obra. Apresentam<strong>os</strong> um quadro explicativo do<br />

conceito de “autonomia” em Lukács e, no contraste com algumas abordagens que empregam o<br />

uso deste termo, apontar <strong>os</strong> equívoc<strong>os</strong> do emprego dessa noção se não levado em conta,<br />

como explicação ontológica de sua relatividade, a sua relação com a processualidade histórica<br />

do Ser social. Terminam<strong>os</strong> por concluir que no campo da educação, muit<strong>os</strong> d<strong>os</strong> respeit<strong>os</strong><strong>os</strong><br />

baluartes na luta pela democratização e autonomia universitária acabam por cair na armadilha<br />

teórica da apreensão idealista/formal da noção de “autonomia acadêmica” para alem da razão<br />

de <strong>ser</strong> do Estado no interior do modo de produção capitalista; quiçá ainda no plano otológico<br />

geral da Lei do Valor. Pretendem<strong>os</strong> argumentar que a abordagem do tema da autonomia<br />

universitária e/ou acadêmica centralizada na política, n<strong>os</strong> parece um caminho que <strong>pode</strong><br />

conduzir o incauto pesquisador ao enfoque formal do fenômeno. Se não focada desde a<br />

materialidade social da produção e reprodução da existência na particularidade d<strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong><br />

singulares em suas interconexões com o Ser social em seus intrincad<strong>os</strong> complex<strong>os</strong> ontológic<strong>os</strong><br />

que estão subsumid<strong>os</strong> no que fazer cotidiano, a análise do fenômeno incorre em sério prejuízo<br />

de caráter gn<strong>os</strong>iológico e, fundamentalmente, objetivo da realidade.<br />

É P<strong>os</strong>sível Conciliar Realismo e Pluralismo?: a multiplicidade teórica como geradora de<br />

novas fronteiras de conhecimento sobre a natureza<br />

Verusca M<strong>os</strong>s Simões d<strong>os</strong> Reis (Doutoranda – UERJ)<br />

verusca@rodtec.net<br />

Este trabalho terá como objetivo averiguar a noção de realismo subjacente a concepção de<br />

ciência do físico e epistemólogo John Michael Ziman F. R. S. (1925-2005). Segundo tal autor, a<br />

imp<strong>os</strong>sibilidade metodológica de se alcançar a ‘verdade’ e assim o ‘real’, que surgiu, ao longo<br />

do século XX, como uma crítica a uma visão em fil<strong>os</strong>ofia da ciência marcadamente empirista,<br />

não depõe contra a confiabilidade do conhecimento científico e tão pouco contra um pluralismo<br />

12


teórico. É p<strong>os</strong>sível questionar então: Se n<strong>os</strong>sa crença na ciência não se fundamenta mais na<br />

p<strong>os</strong>sibilidade de alcançarm<strong>os</strong> um conhecimento ‘verdadeiro’ sobre o mundo, como ainda assim<br />

<strong>pode</strong>m<strong>os</strong> conhecer? Podem<strong>os</strong> alcançar um conhecimento objetivo do mundo? Qual a noção de<br />

real subjacente a tal crença? Como <strong>pode</strong>m<strong>os</strong> ainda assim construir guias para a ação, tanto na<br />

própria ciência quanto na sociedade? Na tentativa de responder essas questões, Ziman<br />

elabora uma concepção de ciência calcada na noção de um conhecimento produzido<br />

publicamente e de forma cooperativa, onde <strong>os</strong> pares, através do criticismo, constroem<br />

socialmente a objetividade na busca pela obtenção máxima p<strong>os</strong>sível de consenso. Segundo<br />

Ziman, é exatamente tal mecanismo social que p<strong>os</strong>sibilita que comparem<strong>os</strong> a ‘fabricação’ do<br />

conhecimento científico a um mapa, onde <strong>os</strong> cientistas, cooperativamente elaboram diversas<br />

versões, passíveis de correção, em diferentes escalas, dependendo do p<strong>os</strong>sível uso ou<br />

problema a <strong>ser</strong> resolvido. M<strong>os</strong>trarem<strong>os</strong> que, segundo Ziman, acreditam<strong>os</strong> na ciência não<br />

somente por causa do seu <strong>pode</strong>r preditivo, ou por p<strong>os</strong>suir um ‘método’ de acesso à ‘verdade’,<br />

mas porque esta gera ‘mapas da realidade’, que <strong>pode</strong>m <strong>ser</strong> usad<strong>os</strong> como guia para a ação,<br />

ainda que sejam falíveis.<br />

Discutindo as questões da emancipação e da determinação no campo do marxismo à luz<br />

da luta de classes contemporânea<br />

Renake Bertholdo David das Neves (Doutoranda – <strong>UFF</strong>)<br />

renake@yahoo.com<br />

N<strong>os</strong>so intuito, nesta comunicação, é trazer algumas reflexões acerca da importância da<br />

concepção marxista de determinação e de como ela transcende o debate acadêmico, sendo<br />

fundamental para entender a prop<strong>os</strong>ta política de emancipação humana colocada por Marx e<br />

Engels, ainda extremamente atual. Para tanto, julgam<strong>os</strong> essencial chamar a atenção para<br />

como a questão da determinação em Marx deve <strong>ser</strong> debatida a partir da compreensão de como<br />

o trabalho configura-se em categoria central em sua obra, ao lado de outra indissoluvelmente<br />

ligada a ela, que é a de “estranhamento”. Pretendem<strong>os</strong> empreender tal discussão articulando-a<br />

com a situação da luta de classes no capitalismo contemporâneo, sobretudo na América<br />

Latina. Essa opção se baseia no fato de que após a crise do padrão de acumulação sustentado<br />

pelo Estado de bem-estar e pela organização fordista do trabalho inicia-se a difundir em vári<strong>os</strong><br />

espaç<strong>os</strong> de construção de consenso a idéia de que a classe trabalhadora perdeu sua<br />

centralidade enquanto sujeito nas lutas sociais a partir de então. O marxismo foi extremamente<br />

combatido como uma forma arcaica de entender a sociedade contemporânea com sua<br />

“pretensão” à totalidade, sendo acusado de “determinismo econômico” e de totalitarismo,<br />

críticas que ganharam alento com o fim do regime socialista soviético. O surgimento de “nov<strong>os</strong>”<br />

moviment<strong>os</strong> sociais num contexto de enfraquecimento d<strong>os</strong> tradicionais aportes do movimento<br />

de trabalhadores vem sendo interpretado como uma prova da caducidade das elaborações<br />

teóricas e políticas marxistas, tanto por intelectuais quanto por militantes de esquerda, o que<br />

n<strong>os</strong> parece equivocado.<br />

Produção, Reestruturação Produtiva e Educação Profissional: no contexto de crise do<br />

capitalismo<br />

J<strong>os</strong>é Mario Angeli (Professor – UEL)<br />

angeli@uel.br<br />

Rafael Dias Toitio (Mestrando – UEL)<br />

rtoitio@yahoo.com.br<br />

As formas de exploração do trabalho e da apropriação de riqueza prop<strong>os</strong>tas pelo capital<br />

através da “reestruturação produtiva” é o resultado da evolução histórica do modo de produção<br />

capitalista. E, nesse contexto, a educação profissional aparece como uma das formas de<br />

responder às demandas do capital e do trabalho, sendo que das crises do capitalismo surgem<br />

“novas” prop<strong>os</strong>tas para a formação d<strong>os</strong> trabalhadores. Entendem<strong>os</strong> que a educação<br />

13


profissional deve <strong>ser</strong> compreendida, sobretudo, como um agente portador de uma “visão de<br />

mundo”, portanto “intelectuais orgânic<strong>os</strong>”, capazes de constituírem uma determinada formação<br />

política. Dito isso, no intuito de evidenciar qual o tipo de formação profissional demandada pela<br />

atual processo de trabalho, o presente artigo fará uma incursão por fragment<strong>os</strong> de text<strong>os</strong> de<br />

Marx sobre a forma de produção, organização do trabalho e a alienação no capitalismo,<br />

entendendo o trabalho, como elemento de uma “ontologia social” o qual sofre as investidas do<br />

Capital e do Estado. E, perceber que o trabalho no sentido marxiano é sempre um trabalho<br />

alienado e subsumido. Assim, embora encontrar-se-á formas e defensores de um “trabalho<br />

criativo”, demandado pelas “novas tecnologias” presentes na atualidade, o debate é<br />

circunscrito por uma concepção que compreende as novas formas da “reestruturação<br />

produtiva”, marcadas pela lógica da flexibilidade, como modo de aprofundar sua alienação e<br />

subsunção. Por fim, estabelecerem<strong>os</strong> um vínculo com a educação profissional na perspectiva<br />

da construção da omnilateralidade prop<strong>os</strong>ta por Antonio Gramsci.<br />

A Propriedade Privada e a Questão da Emancipação Humana: aspect<strong>os</strong> históric<strong>os</strong> e<br />

jurídic<strong>os</strong><br />

Ramon Mapa (Mestrando – PUC/MG)<br />

ramon_mapa@yahoo.com.br<br />

Fernando Gaudereto Lamas (Doutorando – <strong>UFF</strong>)<br />

fglamas@yahoo.com.br<br />

N<strong>os</strong>sa intenção é abordar o papel da propriedade privada para a formação do homem<br />

moderno. Para atingirm<strong>os</strong> esse objetivo levarem<strong>os</strong> em consideração a formação do discurso<br />

jurídico moderno, especialmente em Rudolph Von Jhering e Savigny, que <strong>ser</strong>á analisado em<br />

sua in<strong>ser</strong>ção no momento histórico em formação, assim como as transformações sócioeconômicas<br />

que condicionaram o referido discurso e da conseqüente jus fil<strong>os</strong>ofia, que <strong>ser</strong>á<br />

abordada como forma teórica justificadora da propriedade privada e das relações sociais que<br />

nascem de sua consolidação. N<strong>os</strong>so trabalho m<strong>os</strong>trará que a propriedade privada, além de<br />

gerar relações sociais até então ineditas, contribui para a formação ontológica do homem<br />

moderno, refletindo em suas concepções éticas e existenciais. A análise da ideologia que se<br />

desenvolve no em torno da propriedade privada, justificando-a e naturalizando-a, <strong>ser</strong>á um d<strong>os</strong><br />

moment<strong>os</strong> chaves do trabalho, in<strong>ser</strong>indo o mesmo na teoria do realismo crítico e na<br />

problemática da emancipação humana.<br />

Anti-Realismo x Realismo Crítico: que p<strong>os</strong>ições prevalecem na formação do pesquisador<br />

em educação?<br />

Regina Célia Linhares H<strong>os</strong>tins (Professora – UNIVALI)<br />

reginalh@univali.br<br />

No presente trabalho analiso <strong>os</strong> fundament<strong>os</strong> que norteiam a formação do pesquisador em<br />

Educação n<strong>os</strong> Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu, considerad<strong>os</strong> de padrão<br />

internacional na avaliação continuada da CAPES. Examino, na organização curricular desses<br />

Programas, as ementas e bibliografias das disciplinas direcionadas à Fil<strong>os</strong>ofia e Ciência<br />

evidenciando conceit<strong>os</strong> e autores privilegiad<strong>os</strong> n<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> da área. Sustentada nas<br />

contribuições de Bhaskar, Ahmad, Nanda e Luckács, que assinalam a primazia da ontologia no<br />

processo de conhecimento da realidade, discuto a ressonância, na educação, das idéias e<br />

p<strong>os</strong>ições que constituem a concepção de ciência, proeminente nas últimas décadas. Ob<strong>ser</strong>vei,<br />

n<strong>os</strong> Programas avaliad<strong>os</strong>, a presença pouco expressiva de disciplinas direcionadas às<br />

questões fil<strong>os</strong>óficas indicando um movimento hegemônico no pensamento epistêmico<br />

contemporâneo: o abandono ou a desvalidação de teorias que busquem investigar e descobrir<br />

o sentido das coisas e sua lógica interna e a crença na extemporaneidade do estudo do<br />

pensamento fil<strong>os</strong>ófico. Ob<strong>ser</strong>vei, ainda, que na formação do pesquisador em Educação, o<br />

embate realismo/anti-realismo não é prioridade, ou não acontece, considerando a expressiva<br />

14


ecorrência às p<strong>os</strong>ições anti-realistas de ciência – com o anúncio da crise da razão, a crítica à<br />

racionalidade ocidental, a desconstrução da metafísica ocidental, a critica da razão histórica –<br />

em detrimento de p<strong>os</strong>ições realistas críticas que defendem a pesquisa da natureza,<br />

constituição e estrutura d<strong>os</strong> objet<strong>os</strong> de estudo nas suas dimensões transitiva e intransitiva.<br />

Ontologia Materialista: primado do real em contrap<strong>os</strong>ição à ênfase do epistêmico e suas<br />

implicações políticas<br />

Edilson J<strong>os</strong>é Graciolli (Professor – UFU)<br />

edilsongraciolli@netsite.com.br<br />

Em um contexto de ampla predominância das abordagens neop<strong>os</strong>itivistas ou de adesão à<br />

metodologia weberiana nas ciências sociais, a teoria social marxiana, emerge como singular e<br />

fecunda contribuição para a superação dessas abordagens. Não apenas a obra de Karl Marx<br />

se in<strong>ser</strong>e nessa condição, devendo <strong>ser</strong> destacadas as formulações de Georg Lukács e Antonio<br />

Gramsci.<br />

A anterioridade, histórica e lógica, do movimento realmente existente em relação ao ato<br />

cognitivo está na raiz da perspectiva teórica e política desses autores. O sujeito cogn<strong>os</strong>cente<br />

deve reconhecer o primado do objeto cogn<strong>os</strong>cível à produção do conhecimento e à intervenção<br />

sobre o real. Este traz em seu bojo um permanente vir-a-<strong>ser</strong>, que não está, aprioristicamente,<br />

dado pel<strong>os</strong> nex<strong>os</strong> determinantes de cada conjuntura. A intervenção da vontade (Gramsci) se<br />

dá a partir da causalidade p<strong>os</strong>ta (Lukács), nunca de forma arbitrária e sempre comportando<br />

disputa entre inúmeras “teleologias”. A história não é – ao contrário do que Aristóteles, Hegel e<br />

Weber preconizaram – teleológica; antes, ela é um processo aberto que adquire configurações<br />

em função das lutas que agentes (e não “atores”) sociais empreendem, numa ou noutra<br />

direção.<br />

Contra a Ética Reacionária Pós-Moderna: element<strong>os</strong> para uma discussão<br />

Ricardo Gilberto Lyrio Teixeira (Mestrando – <strong>UFF</strong>)<br />

ricardogilberto@hotmail.com<br />

O pensamento cientifico e fil<strong>os</strong>ófico contemporâneo submeteu a reflexão ontológica a um<br />

embargo. Segundo Duayer, tal embargo p<strong>os</strong>sui um caráter p<strong>os</strong>itivo, como na tradição<br />

p<strong>os</strong>itivista, e um negativo, como na tradição idealista. O presente trabalho tratará de um<br />

balanço das críticas ao pós-modernismo, corrente da teoria social de base irracionalista (a<br />

partir de leituras contemporâneas de autores como Nietzsche e Heidegger) e representante da<br />

segunda tradição fil<strong>os</strong>ófica apontada acima. Buscarei, na primeira parte do texto, apontar suas<br />

principais características teóricas, partindo da tese, defendida por divers<strong>os</strong> autores, como Ciro<br />

Card<strong>os</strong>o, John F<strong>os</strong>ter, Ellen Wood, etc., da existência de duas correntes dentro do movimento,<br />

uma mais radical e textualista, anti-realista ontológica e epistemologicamente, e outra men<strong>os</strong>,<br />

que, apesar de admitir, ou relevar, a existência ontológica do mundo, rejeita a p<strong>os</strong>sibilidade de<br />

conhecê-lo cientificamente. Numa segunda etapa, o contexto histórico de aparecimento do pósmodernismo<br />

<strong>ser</strong>á o objeto principal. Fazendo uma breve análise das teses de Lukács e<br />

Jameson, que consideram, o primeiro, o irracionalismo como corrente fil<strong>os</strong>ófica hegemônica do<br />

período imperialista, e o segundo, o pós-modernismo como a lógica cultural específica do<br />

período do capitalismo tardio, discutirei a idéia do pós-modernismo como um fenômeno<br />

específico do mundo contemporâneo a partir da segunda metade do século XX e como uma<br />

expressão necessária, orgânica, do pensamento con<strong>ser</strong>vador, apontando suas conseqüências<br />

para o pensamento histórico e para a ação transformadora no mundo social.<br />

Realismo e Pós-Modernidade: colisões ontológicas e ideológicas<br />

15


Nathalia Botura de Paula Ferreira (Mestranda – UNESP)<br />

nathaliabotura@ig.com.br<br />

O presente trabalho traz à baila a concepção fil<strong>os</strong>ófica de realismo crítico do filósofo húngaro<br />

Georgy Lukács cujas bases metodológicas e onto-ideológicas são marxismo e no materialismo<br />

histórico dialético. Sabe-se que no cenário atual o realismo parece inconciliável com as<br />

características básicas do trabalho criativo e do verdadeiro ideal estético a que a arte deveria<br />

buscar atingir, como afirma Lukács. A arte vigente pós-moderna não busca contestar,<br />

transformar ou superar a realidade, mas sim, reproduzi-la em “simulacr<strong>os</strong>” do real. Para<br />

Lukács, a arte não <strong>pode</strong>, ou não deveria, estar dissociada da perspectiva de classe e da luta<br />

pela superação da realidade alienada. Em outras palavras, a realidade existe objetivamente<br />

independente da percepção artística abstrata dela derivada. Conceit<strong>os</strong> analític<strong>os</strong> como <strong>os</strong> de<br />

“antiarte”, “desestetização”, “banalização do real”, “pastiche” e “simulacro” são correntemente<br />

empregad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> teóric<strong>os</strong> pós-modern<strong>os</strong>. Em suma, tudo <strong>pode</strong> ganhar o estatuto de arte.<br />

Paralelamente, questiona-se a verdade história e o real, atestando, por efeito, a não totalidade<br />

da narrativa marxista. Recusando a idéia unilateral de história, nega-se, imediatamente, a<br />

noção de progresso histórico da humanidade. Na concepção pós-modernista de literatura, o<br />

modelo narrativo realista cai por terra à medida que o narrador é um “Deus criador” e <strong>pode</strong><br />

inventar o que qui<strong>ser</strong> descreditando, portanto, a realidade. A obra de arte pós-moderna, com o<br />

end<strong>os</strong>so de seus teóric<strong>os</strong> apologétic<strong>os</strong>, aponta para a assimilação de todas as instâncias do<br />

texto e a incorporação quase compulsória da cultura de massa em detrimento da cultura<br />

elevada. No perímetro da fil<strong>os</strong>ofia e da sociologia, encontram<strong>os</strong> grandes teóric<strong>os</strong> da corrente<br />

pós-moderna. Os mais exponenciais são Gianni Vattimo, que inaugura a idéia de “pensamento<br />

fraco” e “pensamento forte” atestando o imperativo de um “Marx enfraquecido”, Jean<br />

Baudrillard, teórico francês que não admite a apreensão de uma verdade absoluta, Jean-<br />

François Lyotard, autor que prega a incredulidade em relação às metanarrativas, como o<br />

Cristianismo, o Darwinismo e o Marxismo. (Sua obra mais representativa é A Condição Pós-<br />

Moderna de 1979) e Jacques Derrida, cuja grande contribuição no cenário pós-moderno é a<br />

Teoria da Desconstrução, que encoraja a pluralidade de discurs<strong>os</strong>, legitimando a não<br />

existência de uma única verdade ou da interpretação da realidade.<br />

A Brief Intellectual History of Early Realism in IR: a Critical Realism? Niebuhr,<br />

Morgenthau, Phenomenology and Critical Realism<br />

Guilherme Marques Pedro (Doutorando – PTTS)<br />

lgp07@aber.ac.uk<br />

This article seeks to demonstrate how the early versions of American political realism were very<br />

cl<strong>os</strong>e to the epistemological stance taken by critical realists today in regard to the nature of<br />

reality and the p<strong>os</strong>sibility of scientific knowledge – if not more radical. Realists in IR were, from<br />

the very beginning, deeply concerned with the pernicious effects of rationalistic/scientific<br />

discourses upon human sociability – in particular, the sociability amongst large human groups<br />

and collectives. For early realists, scientific knowledge was seen as having great affinities with<br />

liberal narratives regarding history, the p<strong>os</strong>sibility of progress and human perfection. In<br />

particular, they were critical of the fact that liberalism naively indulged the 'enlightened' belief<br />

that social sciences could improve man morally and politically in the same way that natural<br />

sciences had improved man's technical knowledge. In this sense, I explore the content of<br />

phenomenological understandings of 'reality' and 'truth' and their appropriation by two major<br />

realists: Reinhold Niebuhr (1892-1971) and Hans Morgenthau (1904-1980). I explore Oliver<br />

Jütersonke (2007) suggestion by arguing that their appropriation of phenomenology allowed<br />

them to ground their political ideas in a critical understanding of social sciences, hence<br />

suggesting a new kind of epistemic framework that would make political phenomena more<br />

intelligible. By doing this I want to suggest that Morgenthau's Scientific Man vs. Power Politics<br />

(1946) and before him Reinhold Niebuhr's Moral Man and Immoral Society (1932) have, against<br />

the background of international liberalism, pioneered the critique of social sciences in the<br />

disciplinary history of IR.<br />

16


The assumption of agency: a realist theory of the production of agency in everyday<br />

social life<br />

Kate Forbes-Pitt (Doutorando – Lancaster University)<br />

kate@forbes-pitt.com<br />

In many theories that explain the transformation of structure, agents who recognise other<br />

agents and interact with them are a presumption upon which they rely. In this paper, I describe<br />

processes that might produce the agency presumed by existing theories. The everyday and<br />

routine processes I outline draw upon a critical realist ontological framework. The longstanding<br />

phil<strong>os</strong>ophical problem of other minds shows that humans have little knowledge that other<br />

humans they encounter are like themselves. This presents a problem for the ignorant human:<br />

how to recognise each other as agents and so act and interact socially? This paper argues that<br />

many of the properties associated with being a human agent must always remain unknown to<br />

all but oneself, but that human ability to assume and test assumption routinely overcomes this<br />

knowledge barrier. It prop<strong>os</strong>es the process of the assumption of agency and two types of<br />

human agency: a privileged agent known through self-knowledge and agents that are ascribed<br />

properties in order that they might be regarded as potential ‘interactees’. I argue for the primacy<br />

of action and so that the human ability to act necessarily precedes the formation of all agency.<br />

Because of this, I reject notions that agency is formed by structure, but prop<strong>os</strong>e that it is formed<br />

through both the necessary self-awareness that one’s action is rooted in one’s mentality and the<br />

interpretation of the actions of others. Using the conditions of agency arising from these<br />

arguments, I can illustrate at least the theoretical p<strong>os</strong>sibility of non-human agency.<br />

Economia Solidária e Desenvolvimento Local: agricultores familiares feirantes e<br />

associações de catadores<br />

Fábio Roberto Moraes Lemes (Mestrando – UNIJUI)<br />

lemesct@yahoo.com.br<br />

David Basso (Profissional – UNIJUI)<br />

davidbasso@unijui.edu.br<br />

O estudo da Economia Solidária acompanha a proliferação de Empreendiment<strong>os</strong> Econômic<strong>os</strong><br />

Solidári<strong>os</strong> (EES) por meio d<strong>os</strong> quais as pessoas buscam enfrentar o desemprego,<br />

complementar a renda familiar ou ainda para obter maiores ganh<strong>os</strong> com a atividade<br />

associativa. Este Trabalho concentra-se no estudo da trajetória de desenvolvimento de EES de<br />

agricultores feirantes e de catadores no município de Ijuí/RS, buscando entender a sua<br />

in<strong>ser</strong>ção no processo de desenvolvimento local e sua contribuição para a emancipação d<strong>os</strong><br />

segment<strong>os</strong> envolvid<strong>os</strong>. Para compreender <strong>os</strong> condicionantes e potencialidades emergentes da<br />

dinâmica de desenvolvimento a que estão in<strong>ser</strong>id<strong>os</strong> <strong>os</strong> EES utilizou-se o referencial do<br />

Realismo Crítico, entendendo a ciência como um produto cultural da humanidade,<br />

historicamente aberta e em contínua evolução. Neste sentido, a realidade não compreende<br />

apenas ao empírico, mas também o factual e o real, considerando <strong>os</strong> process<strong>os</strong> e mecanism<strong>os</strong><br />

causais do empírico e factual como integrantes da realidade. Desta forma, o mundo <strong>ser</strong>ia<br />

estratificado e diferenciado em níveis de camadas da realidade, na qual a realidade ontológica<br />

necessita <strong>ser</strong> compreendida, buscando conceituar as estruturas, as forças, <strong>os</strong> mecanism<strong>os</strong><br />

gerativ<strong>os</strong> e as tendências subjacentes a<strong>os</strong> fenômen<strong>os</strong> estudad<strong>os</strong>. Ob<strong>ser</strong>vou-se que <strong>os</strong> EES<br />

<strong>pode</strong>m se constituir em espaç<strong>os</strong> de emancipação, contribuindo não apenas para a geração de<br />

renda para diversas famílias, mas também como alternativas para a manutenção de<br />

agricultores e a in<strong>ser</strong>ção com melhor qualidade de trabalho a<strong>os</strong> catadores. Em amb<strong>os</strong> <strong>os</strong><br />

cas<strong>os</strong>, no entanto, percebe-se a necessidade de apoio mais efetivo de políticas públicas como<br />

condição para potencializar alternativas desta natureza.<br />

17


Ideologia, Educação e Emancipação Humana em Marx, Lukács e Mészár<strong>os</strong><br />

Maria Teresa Buonomo de Pinho (Professora – UFS)<br />

tbuonomo@ufs.br<br />

N<strong>os</strong>so objetivo é explicitar o caráter de ideologia da práxis educativa e o seu papel como<br />

instrumento ideal da emancipação humana universal. A n<strong>os</strong>sa perspectiva teórica é a ontologia<br />

do <strong>ser</strong> social instaurada por Marx e o seu desdobramento marxista, em particular em Lukács e<br />

Mészár<strong>os</strong>. Os fenômen<strong>os</strong> ideológic<strong>os</strong> da vida social são determinad<strong>os</strong> enquanto instrument<strong>os</strong><br />

ideais da luta de classes, em particular da luta entre capital e trabalho. A práxis educativa é<br />

concebida enquanto ideologia, que cumpre importante papel na mediação entre indivíduo e<br />

gênero humano, portanto, enquanto complexo social insuprimível. É através da educação que<br />

se transmitem <strong>os</strong> conheciment<strong>os</strong> necessári<strong>os</strong> à continuidade do processo de reprodução<br />

social, inclusive do processo de trabalho. A educação também funciona como mecanismo<br />

através do qual <strong>os</strong> valores de uma sociedade são transmitid<strong>os</strong> a<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong>. É através da<br />

educação que são internalizad<strong>os</strong> <strong>os</strong> valores da classe dominante. Ao mesmo tempo, a práxis<br />

educativa <strong>pode</strong> funcionar como mecanismo de contra-internalização d<strong>os</strong> valores dominantes e,<br />

dessa maneira, contribuir para a emancipação humana universal. Esta não <strong>pode</strong> <strong>ser</strong> alcançada<br />

apenas através de mudanças educacionais, devendo passar por mudanças revolucionárias na<br />

reprodução social. Como estas mudanças dependem da atuação de um sujeito revolucionário,<br />

a educação tem seu papel enquanto instrumento ideal que <strong>pode</strong> contribuir para a quebra do<br />

<strong>pode</strong>r da ideologia da perspectiva do capital.<br />

Crise ambiental e a Ciência Econômica: uma crítica à teodiceia do capitalismo “verde”<br />

Eduardo Sá Barreto (Doutorando – <strong>UFF</strong>)<br />

orozimbo@gmail.com<br />

O objetivo deste artigo é apresentar e analisar criticamente algumas das mais importantes<br />

formulações teóricas dentro da economia que se propõem a abordar a questão ambiental.<br />

Nesta época, na qual a interação destrutiva entre humanidade e natureza se manifesta em<br />

escala e escopo cada vez maiores, é essencial explicitar as insuficiências e limitações das<br />

teorias que são colocadas em prática na tentativa de reverter esse processo. A cada momento,<br />

buscarem<strong>os</strong> também demonstrar as razões de sua existência social, i.e. explicar porque a<br />

própria realidade social necessita de interpretações da crise ambiental incapazes de questionar<br />

seus padrões produtiv<strong>os</strong> e reprodutiv<strong>os</strong>. Também irem<strong>os</strong> discutir as origens (sociais) concretas<br />

d<strong>os</strong> problemas ambientais, as condições de realização d<strong>os</strong> objetiv<strong>os</strong> de sustentabilidade<br />

ambiental e as razões pelas quais essas condições situam-se necessariamente para além do<br />

capitalismo.<br />

Direit<strong>os</strong> Human<strong>os</strong> e Emancipação Social<br />

Alexandre Aguiar d<strong>os</strong> Sant<strong>os</strong> (Professor – UFSC)<br />

aasant<strong>os</strong>28@yahoo.com.br<br />

A compreensão do complexo parcial do direito, integrante da superestrutura jurídica e política<br />

da sociedade, como realidade objetiva singular (e parcial do metabolismo social) é p<strong>os</strong>sível de<br />

<strong>ser</strong> efetivada na medida em que este se relaciona com outras estruturas sociais que<br />

articuladamente formam uma totalidade dinâmica historicamente dada (complexo de<br />

complexidades) em que as interconexões entre as diferentes estruturas sociais (complex<strong>os</strong><br />

parciais) passam a <strong>ser</strong> determinantes para a compreensão das relações jurídicas.<br />

A categoria d<strong>os</strong> direit<strong>os</strong> human<strong>os</strong>, integrante do complexo parcial do direito, é uma das<br />

expressões destas conexões entre <strong>os</strong> diferentes complex<strong>os</strong> parciais da totalidade. Os direit<strong>os</strong><br />

18


human<strong>os</strong> são a categoria mais ampla das relações jurídicas, devido a sua conexão com <strong>os</strong><br />

interesses da generidade humana.<br />

Da crítica d<strong>os</strong> direit<strong>os</strong> human<strong>os</strong> da sociedade burguesa – em que <strong>os</strong> direit<strong>os</strong> human<strong>os</strong><br />

incorporam o interesse particular de determinada classe e o apresenta como interesse geral –<br />

é p<strong>os</strong>sível encontrar-se o fundamento para uma formulação emancipatória d<strong>os</strong> direit<strong>os</strong><br />

human<strong>os</strong>.<br />

A suplantação do interesse particular pela generalidade humana está diretamente vinculada a<br />

condição de realização desta superação pelo proletariado. Para Marx, o proletariado é a única<br />

classe capaz de substituir a particularidade do interesse de uma classe pela universalização<br />

d<strong>os</strong> interesses de <strong>tod<strong>os</strong></strong> <strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong>. O proletariado – como sujeito fundamental do processo<br />

de produção social – é a única classe capaz de realizar a mediação entre a particularidade e a<br />

universalidade, da classe em si para a classe para si, emancipando-se não apenas enquanto<br />

classe, mas abolindo as classes sociais, emancipando-se como humanidade.<br />

A Produção Artística e Cultural Subordinada à Reprodução Sociometabólica do Capital<br />

Lucinéia Scremin Martins (Doutoranda – UFG)<br />

luascremin@yahoo.com.br<br />

“A política é apenas um meio; o fim é a cultura”.<br />

Georg Lukács<br />

Este texto tem como objetivo realizar uma abordagem – entre tantas outras p<strong>os</strong>síveis – sobre a<br />

subordinação da produção artística e cultural ao “totalitarismo” da reprodução sociometabólica<br />

do capital. Destacam<strong>os</strong>, num primeiro momento, a proximidade do trabalho enquanto atividade<br />

ontológica (portanto trabalho livre, consciente e criador) da produção artística e cultural<br />

propriamente dita. Busca-se analisar como este mesmo trabalho se transforma, sob o sistema<br />

sociometabólico do capital, em trabalho alienado, afastando-se da arte genuína, aquela<br />

portadora de um potencial crítico e emancipador. Num segundo momento, refletim<strong>os</strong> como a<br />

“Indústria Cultural” desempenha um papel fundamental não apenas no processo de<br />

acumulação de mais-valia, como também atua como instrumento fundamental de controle<br />

ideológico, constituindo-se num mecanismo efetivo de controle social. Por último, reflete-se<br />

sobre as conseqüências da indústria cultural para o processo de formação que, n<strong>os</strong> dias de<br />

hoje tem apresentado element<strong>os</strong> de uma semicultura e, conseqüentemente, desencadeado um<br />

processo de semiformação. Indica-se a importância do espaço educacional – em especial as<br />

escolas e universidades – como um lócus privilegiado de p<strong>os</strong>sibilidades para a superação<br />

desse processo de semicultura e semiformação.<br />

A Educação Popular versus a “Educação do Popular”: diferentes horizontes da<br />

emancipação humana no contexto atual<br />

Edinaldo C<strong>os</strong>ta de Andrade (Mestrando – USP)<br />

naldoandrade@usp.br<br />

A Educação Popular foi construindo-se, historicamente, como uma práxis político-pedagógica<br />

comprometida com a emancipação humana das classes subalternas, transformando-se em um<br />

importante movimento político de expressão pedagógica e numa expressão pedagógica d<strong>os</strong><br />

moviment<strong>os</strong> sociais, com maior acento nas décadas de 70 e 80, onde teve um papel destacado<br />

na politização de importantes setores das camadas populares e no processo de<br />

democratização da sociedade brasileira.<br />

A partir da década de 90, no contexto da ofensiva neoliberal, esta perspectiva políticopedagógica<br />

vai <strong>ser</strong> confrontada e/ou capturada, em parte, pela nova pedagogia da hegemonia<br />

19


inerente a este projeto de sociabilidade capitalista, que causa não apenas um processo<br />

permanente de fragmentação e desarticulação das forças políticas e culturais, antes integrada<br />

em torno de um Campo Democrático e Popular, como, também, rebaixa o horizonte de<br />

emancipação humana, ressignificando <strong>os</strong> significad<strong>os</strong> e sentid<strong>os</strong> da democracia, cidadania e<br />

participação.<br />

O exercício de re-visita à Educação Popular no contexto atual, dialogando de forma criativa e<br />

crítica com seus teóric<strong>os</strong> e suas experiências práticas, de ontem e hoje, distinguindo-a de uma<br />

gama de experiências “educativas” destinada às camadas populares, articuladas sob uma<br />

lógica de despolitização da participação, de desuniveralização da cidadania e de minimalização<br />

da democracia, representa uma importante contribuição para o debate e ação prática da<br />

ofensiva contra-hegemônica das camadas populares e afirmação do seu horizonte de<br />

emancipação humana, onde a liberdade não é uma escolha contingente, mas a consciência da<br />

necessidade.<br />

Rorty e o realismo como instrumento da emancipação humana<br />

Priscila Silva Araujo (Doutoranda – UFRJ)<br />

pri-araujo@ig.com.br<br />

Neste trabalho, defenderei a tese segundo a qual o realismo e o conhecimento objetivo, tal<br />

como compreendid<strong>os</strong> na fil<strong>os</strong>ofia da ciência atual, não são suficientes para permitir a<br />

emancipação humana. Em favor dessa tese, recorrerei às idéias de Richard Rorty, filósofo<br />

pragmatista e um d<strong>os</strong> mais importantes autores da atualidade no que tange à discussão acerca<br />

da relação entre ciência e sociedade. O seu p<strong>os</strong>icionamento quanto ao alcance da<br />

emancipação humana através do realismo é, como se sabe, negativo.<br />

Para Rorty, a emancipação humana é p<strong>os</strong>sível, mas, para ocorra, devem<strong>os</strong> n<strong>os</strong> basear n<strong>os</strong><br />

critéri<strong>os</strong> de utilidade e solidariedade. Isto não significa que Rorty descarta toda e qualquer<br />

p<strong>os</strong>sibilidade de a ciência oferecer contribuições à vida humana. Porém, ela não é o único,<br />

nem o mais importante parâmetro a partir do qual devem<strong>os</strong> organizar n<strong>os</strong>sas vidas, já que a<br />

própria ciência deve se submeter a<strong>os</strong> critéri<strong>os</strong> de utilidade e solidariedade.<br />

Mesmo concordando com sua recusa do realismo e do conhecimento objetivo como condições<br />

para a emancipação humana, questiono, ao final do meu texto, <strong>os</strong> substitut<strong>os</strong> eleit<strong>os</strong> por Rorty,<br />

uma vez que ele não é suficientemente claro no que diz respeito ao seguinte problema:. de que<br />

modo <strong>os</strong> parâmetr<strong>os</strong> de utilidade e solidariedade <strong>pode</strong>m efetivamente organizar a vida em<br />

sociedade?<br />

Soberania Alimentar: a resp<strong>os</strong>ta camponesa à agricultura transgênica<br />

Carolina Burle de Niemeyer (Doutoranda – IUPERJ)<br />

carolburle@yahoo.com.br<br />

Este trabalho tem como objetivo problematizar <strong>os</strong> impact<strong>os</strong> da biotecnologia na alimentação e<br />

na agricultura mundial, a partir da análise da campanha social empreendida pela Via<br />

Campesina contra as sementes transgênicas. A referida campanha está embasada no conceito<br />

de Soberania Alimentar, o qual alerta para o risco inerente a uma nova ‘revolução verde’<br />

baseada na agricultura transgênica. <strong>Um</strong>a das principais questões levantadas é a perda do<br />

controle social sobre primeiro elo da cadeia alimentar, pois a semente que até então era um<br />

bem público e um recurso natural, torna-se um código informacional e um bem privado,<br />

comprometendo assim a soberania alimentar d<strong>os</strong> pov<strong>os</strong>. Entendo que o conceito de risco é<br />

central a essa discussão, de forma que, tendo como base teórica o Realismo Crítico, pretendo<br />

analisar essa questão incluindo as contribuições de Beck e Lacey, autores que trabalham a<br />

noção de risco a partir de enfoques diferenciad<strong>os</strong>.<br />

20


A Importância da Distinção entre o Real Imediato e a Construção Teórica do Objeto de<br />

Conhecimento na Área da Educação: uma contribuição a partir da epistemologia<br />

Sérgio Rafael Barb<strong>os</strong>a da Silva (Mestrando – UERJ)<br />

<strong>ser</strong>girafael@yahoo.com.br<br />

Este trabalho tem o objetivo de apresentar considerações acerca da produção do<br />

conhecimento científico em educação. N<strong>os</strong> interessa a discussão teórica sobre a ciência<br />

realizada pela epistemologia a partir do trabalho de Gaston Bachelard (1971, 1996 e 2000) e a<br />

forma como a produção do conhecimento científico é entendida na produção científica da área<br />

da educação. Essa relação é p<strong>os</strong>sível porque segundo Maria Célia Marcondes de Moraes<br />

verifica-se uma tendência de supressão do aprofundamento teórico nas pesquisas na área da<br />

educação (2007:p.2). Nesse sentido, destacam<strong>os</strong> que a relação entre o conhecimento e a<br />

realidade é mediada por um campo teórico, segundo Bachelard a realidade se manifesta em<br />

sua função essencial: fazer pensar (2000:p.13). Entendem<strong>os</strong>, a partir de Miriam Limoeiro<br />

Card<strong>os</strong>o (1796, 1978), que na produção do conhecimento científico o processo de teorização<br />

não é um reflexo direto e mecânico da realidade no plano do pensamento, bem como as<br />

teorias não são verdades formuladas (CARDOSO, 1976:p.66). O conhecimento científico é<br />

exp<strong>os</strong>to de uma maneira discursiva e detalhada, onde a questão da objetividade não <strong>pode</strong> <strong>ser</strong><br />

colocada em um plano secundário. Segundo Bachelard (2000) para alcançar a objetividade o<br />

real imediato não <strong>pode</strong> assumir a condição de objeto de conhecimento. Ao buscar a<br />

compreensão da construção do conhecimento científico na epistemologia e estabelecerm<strong>os</strong><br />

uma relação entre essa compreensão e alguns aspect<strong>os</strong> do realismo empírico<br />

(Moraes,2007:p.2) na produção de conhecimento científico em educação destacam<strong>os</strong> a<br />

importância do momento que <strong>ser</strong>á preciso passar do como da descrição ao comentário teórico (<br />

Bachelard,2000:p.14).<br />

Bibliografia<br />

BACHELARD, Gaston. (1971). A epistemologia. Rio de Janeiro: Edições 70.<br />

BACHELARD, Gaston. (1996). A formação do espírito científico: contribuição para uma<br />

psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto.<br />

BACHELARD, Gaston. (2000). O novo espírito científico. Rio de Janeiro: Edições Tempo<br />

Brasileiro.<br />

BORBA S.; PORTUGAL, A. D.; e SILVA, S.R.B. (2008). Pesquisa em educação: a construção<br />

teórica do objeto. Revista Eletrônica Ciências & Cognição, Vol 13, n. 1, PP. 12-20, março.<br />

Disponível em www.cienciasecognicao.org<br />

BORBA, Siomara. A ciência como produção cultural/material. In. ALVES, Nilda. OLIVEIRA,<br />

Inês. Pesquisa no/do cotidiano das escolas – sobre redes de saberes. Rio de Janeiro: DP&A,<br />

2002.<br />

CARDOSO, Miriam L. (1976). O mito do método. Rio de Janeiro: Boletim Carioca de Geografia.<br />

CARDOSO, Miriam L. (1978). A ideologia do desenvolvimento – Brasil: JK – JQ. Rio de<br />

Janeiro, Paz e Terra, 2ª ed.<br />

CARDOSO. Miriam L. (1990). Para uma leitura do método em Karl Marx: anotações sobre a “<br />

introdução” de 1857. Cadern<strong>os</strong> do ICHF, <strong>UFF</strong>, ICHF, Rio de Janeiro.<br />

HESSEN, Johannes. (1999). Teoria do conhecimento. São Paulo: Martins Fontes.<br />

MÉSZÁROS, István. (2005). A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo.<br />

MORAES, Maria C. M. (2007). “A teoria tem conseqüências”: indagações sobre o<br />

conhecimento no campo da educação. V Jornadas de Investigacion en Educación, Córdoba,<br />

Argentina, 4 e 5 de julho.<br />

Ensino Religi<strong>os</strong>o e Ensino de História na Rede Oficial de Ensino do Estado de São Paulo<br />

J<strong>os</strong>é Luis Derisso (Doutorando – UNESP)<br />

21


j<strong>os</strong>eluisderisso@yahoo.com.br<br />

Em pesquisa de mestrado defendida em 2006 analisei as publicações que a Secretaria de<br />

Educação do Estado de São Paulo editou para orientar <strong>os</strong> professores que ministram a<br />

disciplina Ensino Religi<strong>os</strong>o nas escolas estaduais paulistas. A Secretaria editou a partir de<br />

2001 uma revista de apresentação da disciplina e quatro cadern<strong>os</strong> que abordam temas ou<br />

conteúd<strong>os</strong> propriamente dito para o E. R.. A revista de apresentação in<strong>ser</strong>e-se numa<br />

perspectiva ecumênica ou “interconfessional” objetiva o desenvolvimento da alteridade e a<br />

assimilação de valores, enquanto que <strong>os</strong> quatro cadern<strong>os</strong> dizem tratar as religiões numa<br />

perspectiva histórica e objetivam desenvolver a “tolerância ativa”. No presente trabalho busco<br />

retomar a análise epistemológica destes cadern<strong>os</strong> e compará-l<strong>os</strong> com a “Prop<strong>os</strong>ta Curricular de<br />

História” editada pela Secretaria no ano de 2008. Essa abordagem comparativa justifica-se<br />

porque a Secretaria atribui as aulas de E. R. prioritariamente a professores de história, mas<br />

justifica-se, também, pela afinidade teórico-metodológica existente entre <strong>os</strong> materiais que a<br />

Secretaria editou para as duas disciplinas. Afinidade dada pela adoção do relativismo, como<br />

recurso metodológico, e do desenvolvimento de competências, como objetivo do ensino. Esses<br />

dois aspect<strong>os</strong> expressam uma concepção de história identificada com a crítica pós-moderna a<br />

uma sup<strong>os</strong>ta historiografia tradicional e uma concepção de educação identificada com a crítica<br />

construtivista a uma também sup<strong>os</strong>ta educação tradicional. Por isso, o objetivo deste trabalho é<br />

evidenciar essas concepções e criticá-las à luz do materialismo histórico e dialético.<br />

Truth, Values, and the Value of Truth in International Relations Theory: Reflections on<br />

Critical Realism and Adorno<br />

Matthew Fluck (Doutorando – Aberystwyth University)<br />

mpf05@aber.ac.uk<br />

Critical scholars working in International Relations (IR) have generally viewed the concept of<br />

truth with suspicion. Critical Realism suggests that this suspicion is problematic since it<br />

obscures the fact that true knowledge of underlying social structures is an important part of any<br />

critical theory. However, there are different Critical Realist understandings of truth which point to<br />

different approaches to emancipation in IR. Roy Bhaskar has prop<strong>os</strong>ed a “bivocal” conception<br />

of truth according to which it has an ontological dimension which designates states of affairs,<br />

and an epistemological function which designates claims. Heikki Patomaki argues that the idea<br />

that there is an ontological dimension to truth can have violent implications, since it leads us to<br />

ignore the normativity of truth claims. Patomaki suggests that the links between truth and<br />

emancipation in IR can best be maintained if we see the ontological dimension as a metaphor.<br />

On this view, truth is the product of human, primarily discursive, activity. This understanding of<br />

truth points to the need to pursue emancipation through communication. The article suggests<br />

whilst Patomaki is right in his criticisms of Bhaskar’s p<strong>os</strong>ition, his own understanding of truth<br />

takes the pursuit of emancipation in IR too cl<strong>os</strong>e that the p<strong>os</strong>ition of non-realist IR theorists. It is<br />

argued that the Critical Theory of Theodor Adorno offers a p<strong>os</strong>sible solution. Adorno provides a<br />

realist conception of truth which has been overlooked in IR. This conception captures both the<br />

ontological dimension of truth highlighted by Bhaskar and the normative dimension emphasised<br />

by Patomaki.<br />

Weber a partir do olhar de Lukács<br />

Paulo Henrique Furtado de Araujo (Professor – UFRRJ)<br />

paulohfa@uol.com.br<br />

Segundo Mészár<strong>os</strong> em Lukács “referências a Weber não são muito freqüentes, apesar de<br />

<strong>ser</strong>em claramente visíveis as conexões teóricas”. E é o próprio Mészár<strong>os</strong> quem assinala o peso<br />

e influência problemática da teoria d<strong>os</strong> tip<strong>os</strong> ideais de Weber no trabalho seminal do jovem<br />

Lukács “História e Consciência de Classe”. Neste trabalho, o jovem Lukács não submete tal<br />

22


teoria a nenhum tipo de avaliação crítica, de tal modo que “o conceito de Marx sobre<br />

consciência de classe sofre uma distorção idealista na estrutura teórica de Lukács”. Além disto,<br />

a aceitação da “mistificadora fusão weberiana d<strong>os</strong> aspect<strong>os</strong> funcional e estrutural/hierárquico<br />

da divisão social do trabalho – sob o uso legitimador a-histórico que o próprio Weber faz da<br />

categoria da ‘especialização’ no seu esquema – tem um impacto negativo na estrutura<br />

conceitual de História e consciência de classe. E a avaliação da ‘racionalidade’ e do ‘cálculo’<br />

capitalistas m<strong>os</strong>trou-se a mais dan<strong>os</strong>a das influências weberianas”. Mészár<strong>os</strong> pr<strong>os</strong>segue<br />

lembrando que nas últimas obras de Lukács encontram<strong>os</strong> uma abordagem mais realista para<br />

estes problemas. E, portanto, um distanciamento crítico de Lukács em relação ao seu “antigo<br />

professor e amigo”. N<strong>os</strong>so objetivo não é realizar uma análise sistemática da relação teórica<br />

entre Lukács e Weber, mas sim apreender o tratamento crítico que Lukács dispensa à teoria e<br />

ideologia weberiana, para isso vam<strong>os</strong> expor as considerações de Lukács sobre Weber<br />

presentes em “Marx e o problema da decadência ideológica”. Vam<strong>os</strong> abordar o tratamento que<br />

n<strong>os</strong>so autor dá ao mesmo conjunto problemático em “A Destruição da Razão” publicado em<br />

1954. E por fim, como a questão se apresenta no constructo teórico de “Ontologia do Ser<br />

Social”, que é o momento de ápice da intervenção teórica de Lukács. Lançarem<strong>os</strong> mão das<br />

contribuições de Mézsár<strong>os</strong> para o desenvolvimento de n<strong>os</strong>so trabalho.<br />

Anti-realismo e Relativismo: tendência teórico-metodológica na formação docente<br />

Giandréa Reuss Strenzel (Professora – UFSC)<br />

giandrea@ced.ufsc.br<br />

Partim<strong>os</strong> do pressup<strong>os</strong>to que as questões metodológicas ocupam uma p<strong>os</strong>ição central no<br />

processo investigativo e de que n<strong>os</strong>sas representações sobre o mundo, teóricas ou não, são<br />

constituídas por um conjunto articulado de categorias que, de um modo ou de outro,<br />

expressam o mundo real.<br />

Com base nesse pressup<strong>os</strong>to, procuram<strong>os</strong> delinear uma investigação que teve como objetivo<br />

demonstrar alguns p<strong>os</strong>icionament<strong>os</strong> teórico-metodológic<strong>os</strong> encontrad<strong>os</strong> em produções<br />

científicas sobre a formação docente. Nesta produção, analisam<strong>os</strong> as concepções de homemcriança,<br />

formação docente e o papel exercido pelo professor no trabalho com crianças.<br />

Os p<strong>os</strong>icionament<strong>os</strong> assumid<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> pesquisadores recaem sobre um relativismo ontológico,<br />

onde são defendidas p<strong>os</strong>turas teóricas anti-realistas. N<strong>os</strong> mund<strong>os</strong> construíd<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> sistemas<br />

de significação pessoal de cada sujeito, encontram<strong>os</strong> entre outras questões, que a realidade<br />

não é objetiva, o conhecimento científico tem lugar secundário; a formação docente é pautada<br />

pela experiência empírica; o professor perde seu estatuto de profissional que ensina. Ocorre<br />

também uma naturalização das concepções de homem e sociedade, na medida em que <strong>os</strong><br />

fenômen<strong>os</strong> produzid<strong>os</strong> pelo homem, ao invés de <strong>ser</strong>em analisad<strong>os</strong> como sociais e históric<strong>os</strong><br />

são encarad<strong>os</strong> como naturais.<br />

A Questão da Verdade e o Neopragmatismo<br />

Etinete A. do Nascimento Gonçalves (Profissional – UERJ)<br />

netenascimento@terra.com.br<br />

Pretende-se desenvolver neste artigo uma reflexão acerca d<strong>os</strong> enunciad<strong>os</strong> do<br />

neopragmatismo, referenciad<strong>os</strong> no pensamento do norte-americano Richard Rorty, no que diz<br />

respeito à questão da verdade, confrontando-<strong>os</strong> com a contribuição de outras perspectivas<br />

fil<strong>os</strong>óficas emanadas de diferentes autores.<br />

<strong>Um</strong> elemento que une as concepções de tais autores que se contrapõem ao neopragmatismo é<br />

seu núcleo de referência teórica, baseado na teoria marxista. <strong>Um</strong>a vez articulad<strong>os</strong>, <strong>os</strong> pont<strong>os</strong><br />

23


de vista desses autores subsidiarão a formulação de uma análise sobre o neopragmatismo<br />

como corrente fil<strong>os</strong>ófica que, atualmente, marca a cultura contemporânea.<br />

Para relacionar o neopragmatismo a essa mesma cultura, a análise <strong>ser</strong>á dirigido ao<br />

questionamento das metanarrativas. O neopragmatismo compartilha da constatação de que o<br />

projeto de modernidade entrou em declínio e celebra a pluralidade de narrativas. O<br />

pensamento de Rorty <strong>ser</strong>á brevemente pontuado, a fim de realizar confront<strong>os</strong> entre suas<br />

concepções e as diferentes análises de autores que refutam a noção de que a verdade é um<br />

dado que deveria <strong>ser</strong> substituído pela utilidade.<br />

As relações entre verdade, culturas e moralidade <strong>ser</strong>ão abordadas, colocando em questão o<br />

relativismo e o p<strong>os</strong>icionamento político de Richard Rorty, que faz uma opção inflexível pelo<br />

liberalismo como modo de superar a crueldade humana e suscitar atitudes de solidariedade.<br />

Verem<strong>os</strong> determinad<strong>os</strong> pont<strong>os</strong> crític<strong>os</strong> presentes no neopragmatismo, que permitem um<br />

questionamento fundamentado acerca das escolhas derivadas do p<strong>os</strong>icionamento político que<br />

essa corrente fil<strong>os</strong>ófica propõe.<br />

Dialectical Critical Realism, C<strong>os</strong>mopolitanism and International Law<br />

Henrique Randau da C<strong>os</strong>ta Carvalho (Mestrando – King’s College London)<br />

henrique.carvalho@kcl.ac.uk<br />

This paper focuses on an analysis of the relations between the three concepts of the title,<br />

specifically on how dialectical critical realism can provide useful tools on how to understand the<br />

problems and crises of international law, with a specific focus on the concept of<br />

c<strong>os</strong>mopolitanism as a general global tendency and also as a specific tendency within<br />

international legal theory.<br />

The international sphere is a particularly fertile field for a social critique of legal theory, for in<br />

international law the same legal concepts that, in the national sphere are protected and<br />

encl<strong>os</strong>ed by the notion of sovereignty and by the greater good of the state, have to conform to<br />

the complexity and conceptual openness of international relations. Still, legal theory seeks to<br />

establish international law with the same analytical logic presented in national legal systems.<br />

This paper prop<strong>os</strong>es that using Critical Realism’s notions of ontological depth, constellational<br />

unity and, particularly, its critical realist dialectic can bring light to many of the issues raised by<br />

international legal theory, such as international law’s tendency to focus on crises and its<br />

difficulty to embrace ideas that come from outside of the western European tradition.<br />

In the increasingly c<strong>os</strong>mopolitan global society of the 21 st century, international law has to<br />

embrace complexity in a differentiated manner than classical law, and a dialectical critical realist<br />

critique can broaden the horizon of legal theory towards this goal.<br />

Autonomização das Formas Verdadeiramente Sociais: comentári<strong>os</strong> sobre o dinheiro no<br />

capitalismo contemporâneo<br />

Leda Maria Paulani (Professora – USP)<br />

paulani@uol.com.br<br />

If we have a dialethical reading of Marx’s theory of money it is easy to see that money unfolds<br />

the contradiction that constitutes commodity itself (between use value and value) and in doing<br />

so it bears different stratums of contradiction that logically and historically came to the fore.<br />

In this process, the very social forms (money as opp<strong>os</strong>ite to commodity, means of circulation as<br />

opp<strong>os</strong>ite to measure of value, inconvertible money as opp<strong>os</strong>ite to commodity money, capital<br />

that bears interest as opp<strong>os</strong>ite to industrial capital, fictitious capital as opp<strong>os</strong>ite to real capital)<br />

24


seems to be stronger than its counterparts (social forms) and, because of this, there is an<br />

autonomization movement of these forms.<br />

In this sense, with the general equivalent – and then money – value becomes autonomous from<br />

use value; as means of circulation, the abstract that money represents becomes autonomous<br />

from the concrete that the measure of value requires; as means of payment, money becomes<br />

autonomous from commodity circulation that has produced it, and so on.<br />

The paper aims to show that these movements may be behind some of the contemporary<br />

phenomenons we ob<strong>ser</strong>ve (for example, American dollar acting as universal money, the<br />

“financialization” of the valorization process, the running over of monetary crisis, bubbles and<br />

crashes, etc).<br />

It goes without saying that it will be imp<strong>os</strong>sible do think in human emancipation if we don’t need<br />

a correct comprehension of this complex thing (money) that commands not only the process of<br />

capital accumulation but the whole life of our society.<br />

Capital, Técnica e Morte: diálogo entre Marx, Ellul e Saramago<br />

Javier Blank (Doutorando – UFRJ)<br />

javier.blank@gmail.com<br />

Karl Marx publica o Livro I do Das Kapital (O Capital), em 1867.<br />

Jacques Ellul publica La technique ou l'enjeu du siècle (A técnica e o desafio do século), em<br />

1954.<br />

J<strong>os</strong>é Saramago publica As intermitências da morte, em 2005.<br />

<strong>Um</strong> na segunda metade do SXIX, em alemão; outro na metade do SXX, em francês; o último,<br />

já iniciado o SXXI, em português.<br />

Três sécul<strong>os</strong> e três pensadores que escolhem diferentes objet<strong>os</strong> como centro de sua reflexão:<br />

em Marx é o capital; em Ellul, a técnica; em Saramago, a morte.<br />

Este trabalho propõe uma interlocução entre esses três objet<strong>os</strong> tal como construíd<strong>os</strong> por esses<br />

autores. Capital, técnica e morte aparecem como estruturas com características semelhantes.<br />

A partir daí, percebe-se que a construção que cada autor faz de uma dessas estruturas ilumina<br />

a compreensão das outras duas.<br />

Isso revela-se ainda ao atentar para a maneira como se processa socialmente a<br />

autonomização dessas estruturas e a sua crise.<br />

Os process<strong>os</strong> de mundialização do capital e da técnica, explicáveis por sua autonomização,<br />

são um traço fundamental para compreender o mundo contemporâneo e <strong>os</strong> desafi<strong>os</strong> p<strong>os</strong>t<strong>os</strong><br />

para re-atualizar um horizonte emancipatório.<br />

Parte-se do pressup<strong>os</strong>to de que a imaginação é condição necessária para a elaboração de<br />

uma teoria revolucionária. É, portanto, extremamente instigante trazer para a imaginação<br />

teórica a imaginação romanesca de Saramago, que começa assim: “No dia seguinte ninguém<br />

morreu”.<br />

Bibliografia<br />

ELLUL, Jacques. A técnica e o desafio do século. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1968.<br />

25


MARX, Karl. El Capital: el proceso de producción del capital. 1a ed. Tomo I. vol. 1. Buen<strong>os</strong><br />

Aires: Siglo XXI Editores Argentina, 2002.<br />

_________ . El Capital: el proceso de producción del capital. 1a ed. 2a. reimp. Tomo I. vol. 2.<br />

Buen<strong>os</strong> Aires: Siglo XXI Editores Argentina, 2006.<br />

_________ . El Capital: el proceso de producción del capital. 1a ed. Tomo I. vol. 3. Buen<strong>os</strong><br />

Aires: Siglo XXI Editores Argentina, 2004.<br />

SARAMAGO, J<strong>os</strong>é. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.<br />

A Teoria da História em Marx: uma crítica ao althus<strong>ser</strong>ianismo<br />

Christy Ganzert Pato (Professor – PUC-SP)<br />

christypato@gmail.com<br />

A luta, dentro d<strong>os</strong> mais divers<strong>os</strong> camp<strong>os</strong> das Ciências Sociais, por uma equiparação com o<br />

pretenso conhecimento objetivo das ciências naturais, produziu, n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> sessenta do século<br />

XX, uma das mais influentes guinadas teóricas no campo teórico marxista, qual seja, o<br />

althus<strong>ser</strong>ianismo. Os trabalh<strong>os</strong> de Althus<strong>ser</strong> e Balibar foram responsáveis não apenas pela<br />

mais ambici<strong>os</strong>a sistematização do arcabouço teórico de Marx, como, justamente em função<br />

desse ambici<strong>os</strong>o projeto, resultaram na construção de uma epistemologia marxista rigor<strong>os</strong>a,<br />

enquadrada n<strong>os</strong> cânones científic<strong>os</strong> e, portanto, como a ferramenta última para se alcançar a<br />

realidade objetiva e sua verdade. Ainda que todas as devidas críticas ao projeto althus<strong>ser</strong>iano<br />

já tenham sido feitas, o presente artigo pretende reconstruir uma crítica que parece ter<br />

escapado a<strong>os</strong> olhares mais atent<strong>os</strong>. Flertando com uma espécie de teoria d<strong>os</strong> sistemas, a<br />

separação entre estrutura e superestrutura prop<strong>os</strong>ta pelo althus<strong>ser</strong>ianismo se pretende não<br />

economicista por se colocar sob uma ótica da mútua dependência de cada um d<strong>os</strong> sistemas.<br />

Imanente ao projeto estruturalista, comum ao althus<strong>ser</strong>ianismo, a legitimidade dessa<br />

abordagem estaria no próprio texto de Marx. Contudo, a passagem do Para a Crítica da<br />

Economia Política, tantas vezes invocada por esse projeto, revela um vocabulário hegeliano<br />

absolutamente incompatível com o projeto de enquadramento de Marx numa episteme<br />

cientificista. O presente artigo pretende, portanto, a partir de uma retomada das mais diversas<br />

interpretações dessa passagem, que deram ensejo a várias teorias da História, recuperar seu<br />

verdadeiro sentido e, portanto, o verdadeiro sentido de uma teoria da História em Marx.<br />

As Categorias Jurídicas Fundamentais como Formas de Ser Social: element<strong>os</strong> de uma<br />

aproximação ontológica do direito em Pachukanis<br />

Moisés Alves Soares (Mestrando – UFSC)<br />

moisesoares@gmail.com<br />

Em Teoria Geral do Direito e Marxismo, Pachukanis tem como um de seus principais objetiv<strong>os</strong><br />

redesenhar <strong>os</strong> problemas metodológic<strong>os</strong> de uma análise marxista do direito. Para tanto, foca<br />

sua abordagem na forma jurídica a partir das categorias jurídicas fundamentais – sujeito de<br />

direito, relação jurídica, norma jurídica, contrato etc... O jurista russo, contrapondo-se à<br />

interpretação (neo)kantiana – hegemônica na teoria do direito –, transpõe o tratamento dado<br />

por Marx às categorias econômicas para as categorias jurídicas. Inspirado na Introdução de<br />

1857, compreende as categorias jurídicas como “condições de existência determinadas”<br />

(MARX, 2003, p.255), formas de <strong>ser</strong>, isto é, “o <strong>ser</strong> categorial da coisa constitui o <strong>ser</strong> da coisa,<br />

enquanto nas velhas fil<strong>os</strong>ofias o <strong>ser</strong> categorial era a categoria fundamental, no interior da qual<br />

se desenvolviam as categorias da efetividade” (LUKÁCS, 1999, p.146). Destarte, para<br />

Pachukanis, as categorias jurídicas não vivem apenas nas abstrações teóricas d<strong>os</strong> juristas,<br />

mas p<strong>os</strong>suem “uma história real, paralela, que não se desenvolve como um sistema de<br />

pensamento, mas antes como um sistema particular de relações que <strong>os</strong> homens realizam em<br />

conseqüência não de uma escolha consciente, mas sob pressão das relações de produção”<br />

(1988, p. 33). Tal aproximação ontológica das categorias jurídicas permite a Pachukanis<br />

compreendê-las em sua historicidade – que enquanto totalidade constituem a forma jurídica –<br />

26


e, assim, visualizar igualmente sua mortalidade. A emancipação à forma jurídica, portanto –<br />

entendida como contraface da forma mercantil –, não passa por uma ressignificação ou<br />

substituição das categorias burguesas por proletárias, mas pelo perecimento do momento<br />

jurídico nas relações humanas.<br />

Novas Demandas de Formação Profissional no Capitalismo Contemporâneo: adaptação<br />

ou autonomia?<br />

Sueli de Fatima Ourique de Ávila (Doutoranda – UERJ)<br />

suavila@superig.com.br<br />

A prop<strong>os</strong>ta deste trabalho consiste em articular as transformações no mundo do trabalho com<br />

as mudanças n<strong>os</strong> sistemas de formação profissional, no que se refere à transferência do<br />

modelo de qualificação para o modelo de competências. A partir de revisão bibliográfica acerca<br />

da temática da formação profissional e a análise da consequente intensificação da exploração<br />

do trabalhador, têm-se como objetiv<strong>os</strong>: 1) investigar sobre as mudanças que ocorreram no<br />

mundo capitalista e em decorrência, as transformações no mundo do trabalho; 2) analisar as<br />

mudanças n<strong>os</strong> sistemas de formação profissional e a intensificação da exploração do<br />

trabalhador; 3) refletir sobre a relação entre educação e emancipação humana. As hipóteses<br />

prop<strong>os</strong>tas são que a expropriação que se deu na era taylorista/fordista ampliava a extração da<br />

mais-valia através da cooperação entre <strong>os</strong> trabalhadores. Ocorrendo de modo sistemático e<br />

metódico, a expropriação aumentava a submissão d<strong>os</strong> trabalhadores ao governo hierarquizado<br />

do capital. Porém, a liberação d<strong>os</strong> embaraç<strong>os</strong> do modo de produção taylorista/fordista,<br />

repetitiv<strong>os</strong> e rotineir<strong>os</strong> foi reforçada pela autonomia e liberdade criativa conquistada no modelo<br />

flexível. Entretanto, essa autonomia caminha na direção do aumento da extração de mais-valia,<br />

e de um processo de subsunção real. Neste contexto, o que se ob<strong>ser</strong>va é que <strong>os</strong> model<strong>os</strong> de<br />

formação profissional reforçam as práticas de controle que são internalizadas pelo trabalhador<br />

através da apropriação d<strong>os</strong> valores capitalistas. Assim, o sistema educacional solidifica <strong>os</strong><br />

interesses do capital e afasta cada vez mais a p<strong>os</strong>sibilidade da emancipação humana que só<br />

<strong>ser</strong>á p<strong>os</strong>sível para além do capitalismo.<br />

A Colonização da Produção pelo Capital: uma síntese do argumento de Marx<br />

Flávio Ferreira de Miranda (Mestrando – UFRJ)<br />

flavioferreiramiranda@hotmail.com<br />

O trabalho pretende reconstituir, brevemente, a emergência do modo de produção capitalista,<br />

em Marx, partindo das categorias descobertas já na primeira parte do Livro I de O Capital.<br />

Começa-se, então, pela categoria básica do modo de produção capitalista, tal qual analisado<br />

por Marx, o valor. Analisa-se a mercadoria em seus dois pól<strong>os</strong> constituintes: valor (manifesto<br />

no valor de troca) e valor de uso. Demonstra-se que o valor representa, nesta formação social,<br />

a instância principal de sociabilidade. Pretende-se assinalar, de passagem, que, ao descobrir o<br />

valor, Marx imediatamente revela que ele subentende uma forma de sociabilidade estranhada.<br />

O valor, porem, só se manifesta na troca. Parte-se, como fez Marx, para o exame da<br />

circulação, instância na qual o valor se revela. A circulação cria categorias necessárias à sua<br />

própria existência, como o dinheiro, a partir das quais sua negação está p<strong>os</strong>ta como<br />

necessidade, isto é, seu estancamento em alguns pont<strong>os</strong>, ainda que temporariamente. Daí<br />

decorrem as condições formais para a emergência das formas “embrionárias” de capital<br />

(mercantil e de usura). Trata-se, na seqüência, da relação entre essas formas do capital e o<br />

surgimento da produção capitalista propriamente dita. A existência de capitais usurári<strong>os</strong> e<br />

mercantis não caracteriza o capitalismo, visto que a acumulação de riqueza abstrata se<br />

processa dentro d<strong>os</strong> limites de uma forma de produção que não tem a acumulação como<br />

disp<strong>os</strong>itivo imanente.<br />

27


Entende-se que a análise seja suficiente para constatar a especificidade histórica do<br />

capitalismo. Por fim, elabora-se uma breve descrição do método marxiano com base no<br />

realismo crítico.<br />

A Pesquisa em Educação e a Discussão sobre a Questão da Realidade<br />

Siomara Borba (Professora – UERJ)<br />

siomara@infolink.com.br<br />

No campo da pesquisa em educação, a discussão se restringe à escolha de um quadro teórico<br />

e uma metodologia. O objeto, ou seja, o real não se apresenta como um problema uma vez<br />

que ele já está dado.<br />

Partindo do duplo entendimento de que o objeto de conhecimento não é a realidade como n<strong>os</strong><br />

aparece, pois a realidade não se dá ao pesquisador e de que esse objeto de conhecimento não<br />

<strong>pode</strong> <strong>ser</strong> pensado como um objeto descolado do trabalho teórico, a preocupação deste<br />

trabalho é retomar uma discussão fundada na crítica à idéia de gratuidade do real. Essa<br />

análise entende o objeto como uma construção teórica, (...) como coisa pensada (...) (Card<strong>os</strong>o,<br />

1976, p. 65) não tendo condições de comandar o próprio processo de inteligibilidade.<br />

A definição de objeto de conhecimento e suas delimitações envolve concepções ontológica,<br />

gn<strong>os</strong>iológica e epistemológica que o acompanham e no seio das quais é elaborado bem como<br />

concepções de sociedade, produzidas no contexto de condições históricas específicas,<br />

constituindo o solo sobre o qual é construído o entendimento do que é o objeto, isto é, o real.<br />

Segundo tal entendimento, a sociedade, tratada como uma totalidade complexa, comanda,<br />

definitivamente, não só a forma de pensar o mundo, bem como a forma de aproximação do seu<br />

significado, marcando o pensamento, principalmente, por sua in<strong>ser</strong>ção histórica: (...) O sujeito<br />

que pensa aprende a pensar dentro da sociedade em que se encontra, antes mesmo de se<br />

descobrir como <strong>ser</strong> pensante. (...) (Card<strong>os</strong>o, 1976, p. 64).<br />

Card<strong>os</strong>o, Mirian Limoeiro. O mito do método. Boletim Carioca de Geografia. Rio de Janeiro,<br />

1976, Ano XXV, p. 65),<br />

Considerações Sobre o Revisionismo: notas de pesquisa sobre as tendências atuais da<br />

historiografia<br />

Demian Bezerra de Melo (Doutorando – <strong>UFF</strong>)<br />

demianmelo@ig.com.br<br />

Segundo J<strong>os</strong>ep Fontana, toda análise do passado está ancorada em um projeto social para o<br />

futuro, denominado pelo autor de "economia política". Com base neste conceito, n<strong>os</strong> propom<strong>os</strong><br />

investigar algumas tendências da historiografia contemporânea que, se debruçando sobre<br />

diversas temáticas, têm em comum o esvaziamento do conflito social como chave da<br />

compreensão histórica. Assim, revoluções sociais, escravidão colonial, moviment<strong>os</strong> das<br />

classes subalternas, imperialismo, classes dominantes, entre outr<strong>os</strong> temas, são cada vez mais<br />

estudad<strong>os</strong> em uma perspectiva teórica que esvazia as contradições de classe e a dominação<br />

social em razão de que <strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> sociais têm sempre à disp<strong>os</strong>ição um repertório ilimitado de<br />

"escolhas" (livres de quaisquer determinações); ou de que <strong>os</strong> moment<strong>os</strong> de aceleração<br />

histórica, <strong>os</strong> process<strong>os</strong> revolucionári<strong>os</strong>, são sempre nefast<strong>os</strong> ao desenvolvimento da<br />

humanidade. O propósito deste trabalho é discutir a convergência de tais interpretações às<br />

tendências do capitalismo contemporâneo. Trata-se de realizar uma crítica ontológica desta<br />

historiografia revisionista, procurando demonstrar como esta se coaduna com uma "economia<br />

política" liberal-con<strong>ser</strong>vadora.<br />

28


O Meio Ambiente e a Reprodução Sóciometabólica do Capital: sustentabilidade<br />

insustentável<br />

Gloria Goulart da Silva Camp<strong>os</strong> (Profissional – UFSC)<br />

glo.goulart@gmail.com<br />

Interessa neste artigo analisar algumas tendências referentes à ecologia tendo como horizonte<br />

teórico-metodológico a ontologia crítica. Para tal fim, discutirem<strong>os</strong> questões p<strong>os</strong>tas na<br />

contemporaneidade relacionadas ao sociometabolismo do capital frente à ordem de<br />

desenvolvimento sustentável que vem se estabelecendo nas últimas décadas e da insuficiência<br />

da crítica marxista tradicional diante d<strong>os</strong> problemas ambientais. Consideram<strong>os</strong> pertinente<br />

aprofundar alguns aspect<strong>os</strong> relevantes d<strong>os</strong> conjunt<strong>os</strong> conceptuais que a sociedade<br />

contemporânea prioriza e sustenta a partir da perspectiva do realismo crítico que procura<br />

compreender de forma mais apurada o papel da ciência, da fil<strong>os</strong>ofia e da produção do<br />

conhecimento, entendendo que somente a partir deste aprofundamento tornar-se-á p<strong>os</strong>sível<br />

apresentar um conjunto de idéias em relação às alternativas que <strong>pode</strong>riam oferecer e sustentar<br />

caminh<strong>os</strong> para um maior desenvolvimento do pensamento crítico relativo a esta temática.<br />

Consideram<strong>os</strong> que uma visão ecológica está necessariamente associada à transformação da<br />

relação humana com a natureza e a uma nova sociabilidade; defendem<strong>os</strong> que na área das<br />

ciências humanas, em especial das ciências sociais, o conhecimento revestido com premissas<br />

do realismo empírico que, como uma das ontologias que se limitam a adaptar o mundo<br />

capitalista, cerceia a compreensão e o aprofundamento de conhecer as estruturas e <strong>os</strong><br />

mecanism<strong>os</strong> que produzem <strong>os</strong> fenômen<strong>os</strong>; defendem<strong>os</strong> ainda que o realismo crítico p<strong>os</strong>sibilita<br />

fazer uma crítica explanatória permitindo indicar algumas tendências no processo<br />

sociometabólico do capital relativas as questões ambientais.<br />

A Teoria Social Crítica como P<strong>os</strong>sibilidade de Sustentação Onto-Metodológica para<br />

Análise do Trabalho Infantil Contemporâneo<br />

Claudio Marcelo Garcia de Araujo (Mestrando – UFSC)<br />

clamagara@hotmail.com<br />

Este artigo é parte de uma pesquisa em andamento em que vim<strong>os</strong> estudando questões que<br />

envolvem a exploração da força de trabalho infantil. Para fundamentar onto-metodologicamente<br />

a pesquisa em pauta percorrem<strong>os</strong> um caminho teórico que n<strong>os</strong> levou a estudar a ontologia do<br />

<strong>ser</strong> social de Lukács e algumas das obras de Bhaskar, dentre as quais destacam<strong>os</strong> as obras<br />

“<strong>Um</strong>a teoria realista da ciência” e “Sociedades”. Como parte de uma pesquisa em andamento<br />

na área da sociologia, n<strong>os</strong>so objetivo é apresentar um conjunto de idéias em relação às<br />

alternativas p<strong>os</strong>síveis que <strong>pode</strong>riam oferecer e sustentar caminh<strong>os</strong> para um maior<br />

desenvolvimento do pensamento crítico no que concerne às pesquisas que abordam esta<br />

temática. Consideram<strong>os</strong> que nas pesquisas sociológicas há uma predominância do ceticismo<br />

epistemológico e das p<strong>os</strong>turas pragmáticas para análise d<strong>os</strong> fenômen<strong>os</strong> e defendem<strong>os</strong> que as<br />

premissas do realismo crítico se colocam hoje como a alternativa p<strong>os</strong>sível de um projeto em<br />

que “as idéias socialistas consigam a hegemonia cultural e intelectual e se convertam em um<br />

‘sentido comum ilustrado’. Sustentam<strong>os</strong> que para analisar o trabalho infantil é de fundamental<br />

importância realizar, primeiramente, uma análise crítica a um tipo de conhecimento que vem<br />

sendo priorizado nas ciências humanas – com destaque para o realismo empírico e o idealismo<br />

transcendental.<br />

A Matematização das Ciências Sociais<br />

Maracajaro Mansor Silveira (Mestrando – USP)<br />

maracajaro@usp.br<br />

29


O uso de técnicas matemáticas está crescendo na maioria das disciplinas das ciências sociais,<br />

principalmente na Economia, e <strong>os</strong> defensores da matematização geralmente tentam legitimar<br />

este processo a partir da sup<strong>os</strong>ta neutralidade axiológica da matemática, argumentando, sob<br />

influência p<strong>os</strong>itivista, que a linguagem matemática deve <strong>ser</strong> a própria linguagem da ciência.<br />

Este artigo se opõe à tal concepção, rejeitando a p<strong>os</strong>sibilidade de neutralidade da matemática<br />

e demonstrando que a matemática <strong>pode</strong> contribuir apenas de maneira muito limitada para a<br />

compreensão de process<strong>os</strong> históric<strong>os</strong>. Argumentam<strong>os</strong> que model<strong>os</strong> matemátic<strong>os</strong> são<br />

incapazes de descrever a origem, o desenvolvimento ou declínio de relações sociais, sendo útil<br />

apenas como descrição de padrões quantitativ<strong>os</strong> entre event<strong>os</strong> quando as relações sociais<br />

estão estáveis. Daí resulta que, em teorias sociais matematicamente formuladas, tenha-se por<br />

objetivo desenvolver uma coleção de model<strong>os</strong>, um para cada circunstância. As transformações<br />

sociais, mesmo as menores, ficam fora do foco das teorias assim desenvolvidas. Por último,<br />

argumentam<strong>os</strong> que o crescimento da utilização da matemática é favorecido pelo ambiente<br />

fil<strong>os</strong>ófico/cultural relativista e pragmático que vivem<strong>os</strong>, ainda que contra o desejo de muit<strong>os</strong> d<strong>os</strong><br />

partidári<strong>os</strong> de tais concepções fil<strong>os</strong>óficas.<br />

A Educação e o Alienado Consenso à Ordem do Capital<br />

Aline de Carvalho Moura (Mestranda – UERJ)<br />

licacmoura@hotmail.com<br />

Pensar hoje, em negar que <strong>os</strong> process<strong>os</strong> educacionais e <strong>os</strong> process<strong>os</strong> sociais mais<br />

abrangentes de reprodução da ordem do capital estão intimamente ligad<strong>os</strong>, <strong>ser</strong>ia no mínimo<br />

um equívoco. Segundo alguns estudi<strong>os</strong><strong>os</strong> como Newton Duarte, Ricardo Antunes, István<br />

Mészár<strong>os</strong>, dentre outr<strong>os</strong>, sobre o papel da educação na sociedade capitalista, <strong>pode</strong>-se revelar,<br />

que a Educação que <strong>pode</strong>ria <strong>ser</strong> alicerce importante para a mudança, tornou-se um<br />

instrumento de apoio d<strong>os</strong> estigmas da sociedade capitalista, estabelecendo um consenso que<br />

favorece a perpetuação do sistema dominante.<br />

A lógica do sistema capitalista remete a Educação ao estat<strong>os</strong> de mercadoria, que abraça a<br />

falsa idéia de que <strong>tod<strong>os</strong></strong> são iguais diante da lei, restabelecendo <strong>os</strong> víncul<strong>os</strong> entre Educação e<br />

trabalho. Em “A Educação para além do capital”, Mészár<strong>os</strong> coloca o seguinte pensamento:<br />

“diga-me onde está o trabalho em um tipo de sociedade e eu te direi onde está a educação”<br />

(MÉSZÁROS, 2005, p.17).<br />

Este trabalho é apresentado com o objetivo de pensar criticamente a p<strong>os</strong>ição da Educação na<br />

ordem alienante do capital, onde o processo educativo limita-se às imp<strong>os</strong>ições do sistema,<br />

mascarando a verdadeira face das instituições educacionais. Para alcançar este objetivo, foi<br />

feito um levantamento teórico pautado em uma epistemologia marxista, fazendo uma reflexão<br />

fil<strong>os</strong>ófico-ontológica acerca da alienação no processo educacional, ressaltando que este<br />

conceito de alienação exp<strong>os</strong>to <strong>aqui</strong>, não se apresenta com um fim em si mesmo, mas como um<br />

caminho para uma compreensão realmente crítica da Educação.<br />

Referência Bibliográfica:<br />

MÉSZÁROS, I. A educação para além do capital. 1930; tradução de Isa Tavares – SP.<br />

Boitempo, 2005.<br />

Pensar a Emancipação Humana com o Olhar do Capital<br />

Aline de Carvalho Moura (Mestranda – UERJ)<br />

licacmoura@hotmail.com<br />

O presente trabalho tem por objetivo pensar a questão da emancipação humana trazendo uma<br />

reflexão da desumanização do homem , na medida em que a sua liberdade, o sei direito e o<br />

30


seu <strong>pode</strong>r sobre a natureza se encontram mutilad<strong>os</strong> nas relações sociais capitalistas. Com o<br />

intuito de enveredar para a discussão da desumanização do homem, o caminho escolhido<br />

neste processo trará a problemática do humanismo teórico e do materialismo histórico, como<br />

uma fusão de idéias que culminam no que venho chamar <strong>aqui</strong> de humanismo marxista,<br />

pensando a essência humana não de forma ahistórica e abstrata, mas como uma essência que<br />

se determina histórica e socialmente. Percebo que para analisar a questão da emancipação<br />

torna-se de suma importância a preocupação com a história, conhecendo o homem concreto,<br />

que vive, se relaciona e produz em uma sociedade historicamente determinada, trazendo ainda<br />

a relação existente entre sujeito (trabalhador) e objeto (trabalho), uma vez que este sujeito, ao<br />

vender sua força de trabalho, torna-se objeto, transferindo sua vida ao produto deste. O<br />

questionamento que se lança a está discussão é: como pensar a emancipação humana sem<br />

pensar imediatamente na emancipação política e social? Assim, este trabalho apresenta uma<br />

analise da emancipação humana com o olhar do capital, que transforma o homem em um <strong>ser</strong><br />

dependente e associado ao sistema dominante de produção. Para isso, julguei necessário<br />

resgatar basicamente o que para mim é parte fundamental neste processo, o salto teórico de<br />

Marx para o que coloco <strong>aqui</strong> como humanismo marxista.<br />

Ensaio sobre a Historicidade do Sistema Capitalista<br />

Paula Nabuco (Doutoranda – <strong>UFF</strong>)<br />

pnabuco@bol.com.br<br />

O objetivo deste artigo é analisar criticamente as teorias que tomam a produção sob o<br />

capitalismo como aistórica prop<strong>os</strong>ta, por teóric<strong>os</strong> liberais bem como sua apreensão por adept<strong>os</strong><br />

do marxismo.Esta forma de tratamento, ainda que reivindique alguma referência em Marx, se<br />

ocupa exclusivamente com alterações na forma de distribuição ou com certo tipo de<br />

“racionalização” desse mesmo modo de produção, suprime o caráter transformador da teoria<br />

marxista. Pretendem<strong>os</strong> demonstrar que ao eliminar a contradição marxiana entre as forças e<br />

relações de produção e ao tratar essas últimas, unicamente como mecanismo de distribuição e<br />

não como uma contradição intrínseca ao modo de produção capitalista, o marxismo tradicional<br />

se aproxima das prop<strong>os</strong>ições da ciência econômica, m<strong>os</strong>trando-se compatível com o<br />

predomínio das idéias baseadas na intervenção estatal, no gerenciamento e controle da<br />

economia capitalista. A propalada necessidade de desenvolvimento das forças produtivas<br />

também está relacionada com um entendimento equivocado desta relação (entre produção e<br />

distribuição) A forma da distribuição está historicamente ligada à forma da produção, a forma<br />

como <strong>os</strong> homens asseguram a reprodução material da vida.<br />

Tecnologias da Comunicação como Instrument<strong>os</strong> de Emancipação Humana: uma utopia<br />

pós-moderna<br />

Rômulo André Lima (Mestrando – <strong>UFF</strong>)<br />

romuloandrelima@yahoo.com<br />

Autores de filiação pós-moderna apresentam as novas tecnologias como formas de mediação<br />

social que contêm em si a p<strong>os</strong>sibilidade de emancipação humana. Jesús Martín-Barbero,<br />

filósofo influente n<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> de Comunicação, trabalha, por exemplo, com a noção de que <strong>os</strong><br />

mei<strong>os</strong> e tecnologias da comunicação p<strong>os</strong>suem um caráter híbrido. Sua “impureza” reside na<br />

mescla entre <strong>os</strong> desígni<strong>os</strong> e imperativ<strong>os</strong> do mercado e a capacidade de promover a cidadania,<br />

democracia e inclusão social. Barbero afirma que a ambigüidade não anula o caráter<br />

construtivo das técnicas e que a tecnologia, a priori, não é p<strong>os</strong>itiva nem negativa (logo neutra).<br />

Do n<strong>os</strong>so ponto de vista, não é p<strong>os</strong>sível abstrair o lado virtu<strong>os</strong>o das tecnologias do caráter que<br />

as constitui no mundo, a saber, a lógica capitalista. Deve-se perceber que ela está<br />

inexoravelmente ligada a<strong>os</strong> us<strong>os</strong> sociais que dela se espera. Se, por um lado, novas<br />

tecnologias trazem novas p<strong>os</strong>sibilidades de atuação contra-hegemônica, por outro, não <strong>pode</strong>m<br />

deixar de responder a<strong>os</strong> imperativ<strong>os</strong> dominantes da sociedade que a criou. Só da<br />

31


transformação desses imperativ<strong>os</strong> <strong>pode</strong> resultar uma nova sociabilidade e tecnologias<br />

efetivamente concebidas em prol da emancipação humana. Chama a atenção a convicção de<br />

que a descentralidade d<strong>os</strong> discurs<strong>os</strong> basta para resolver <strong>os</strong> problemas sociais. A internet e as<br />

novas mídias, descentralizadoras da fala, guardam mais que a potencialidade contestatória ou<br />

funcionam como mais um aparelho privado de hegemonia, passível, portanto, de <strong>ser</strong> dominado<br />

pelo pensamento hegemônico? Em outras palavras, a nova sociabilidade “descentralizadora”<br />

d<strong>os</strong> discurs<strong>os</strong> é efetivamente mais libertadora? O trabalho pretende abordar essas questões.<br />

Introdução ao Debate sobre o Significado do Conhecimento Produzido pela Sociedade<br />

Científica Contemporânea<br />

João Carl<strong>os</strong> Bernardo Machado (Professor – UFRRJ)<br />

jbernardomachado@bol.com.br<br />

A concepção tradicional de conhecimento científico requer process<strong>os</strong> de autorização bem<br />

distint<strong>os</strong>. Isto porque a linguagem científica, que informa a verdade sobre o real, está afastada<br />

da linguagem que informa <strong>os</strong> víncul<strong>os</strong> sociais. A explicação científica se distingue da narrativa<br />

na medida em que a narrativa é uma forma de conhecimento e de comunicação que constitui<br />

víncul<strong>os</strong> sociais e coletiv<strong>os</strong> e que é, ao mesmo tempo, constituída por víncul<strong>os</strong> sociais e<br />

coletiv<strong>os</strong>. Enquanto a explicação científica se legitima, nela própria, pela p<strong>os</strong>sibilidade de<br />

aproximação abstrata da verdade sobre o real. P<strong>os</strong>sibilidade que lhe dá o estatuto de<br />

autoridade, não exigindo, portanto, qualquer forma externa de legitimação, na concepção<br />

pragmática, o conhecimento científico não <strong>pode</strong>rá <strong>ser</strong> validado apenas pel<strong>os</strong> seus própri<strong>os</strong><br />

procediment<strong>os</strong>, exigindo reconhecimento da cultura e da sociedade.<br />

Conquanto, na contemporaneidade, falando de conhecimento, entende-se que o modo de<br />

pensar do senso comum trata as atividades e as preferências, de indivídu<strong>os</strong> ou cert<strong>os</strong> grup<strong>os</strong><br />

da sociedade, em um determinado momento, como valores culturais únic<strong>os</strong>. Nesse sentido, é a<br />

partir desses valores, e não pela teoria, ou construção teórica, que se conhece a realidade.<br />

Realismo Crítico como Campo de P<strong>os</strong>sibilidades na Pesquisa Educacional e na Prática<br />

Pedagógica<br />

Marcia Regina Goulart Stemmer (Professora – UFSC)<br />

marciargss@hotmail.com<br />

Margareth Feiten Cisne (Professora – UFSC)<br />

feitencisne@yahoo.com.br<br />

Neste artigo discutim<strong>os</strong> o ceticismo epistemológico proveniente do pensamento pós-moderno,<br />

sobretudo na sua versão neopragmática, sustentad<strong>os</strong> pelo realismo empírico e pelo idealismo<br />

transcendental. Defendem<strong>os</strong> que tais vertentes teóricas interpõem questões que confrontadas<br />

colocam em questão a legitimidade não só das ciências em geral, mas da própria educação.<br />

No campo da pesquisa em educação ob<strong>ser</strong>vam<strong>os</strong> um forte recuo da teoria em que a ciência é<br />

desconsiderada, estabelecendo-se que as ‘opções interpretativas’ são condicionadas por<br />

preconceit<strong>os</strong> conscientes e inconscientes, e que a verdade é conferida pela adoção e<br />

autenticação da comunidade de pesquisadores; ela não tem correspondência com um<br />

elemento da realidade, só existe a verdade interna a um ponto de vista histórico particular. No<br />

campo pedagógico, uma das conseqüências mais evidentes é o recrudescimento das<br />

pedagogias do “aprender a aprender” onde ob<strong>ser</strong>vam<strong>os</strong> a educação tornar-se fortemente<br />

voltada para a adaptação à sociedade do “conhecimento”, ao mesmo tempo em que assistim<strong>os</strong><br />

generalizar-se a negatividade do ato de ensinar, colocando-se em dúvida, inclusive, a própria<br />

<strong>ser</strong>ventia da educação escolar. Defendem<strong>os</strong> que somente as premissas que o realismo crítico<br />

apresenta p<strong>os</strong>sibilitam indicar alternativas p<strong>os</strong>síveis para se contrapor a essas correntes<br />

teóricas que têm prestado um des<strong>ser</strong>viço no campo educacional, tanto no que concerne a<br />

produção do conhecimento quanto às práticas educativas.<br />

32


Realismo Crítico e Produção de Conhecimento: uma alternativa p<strong>os</strong>sível para a formação<br />

de professores e pesquisadores na área educacional<br />

Patricia Laura Torriglia (Professora – UFSC)<br />

patrilaura@terra.com.br<br />

Márcia Regina Goulart Stemmer (Professora – UFSC)<br />

marciargss@hotmail.com<br />

Interessa neste artigo analisar algumas tendências de desqualificação da teoria na pesquisa<br />

educacional no Brasil. Para tal fim, discutirem<strong>os</strong> questões p<strong>os</strong>tas na contemporaneidade em<br />

relação à ciência, em especial, as p<strong>os</strong>turas que priorizam o ceticismo epistemológico nas<br />

ciências humanas, e na educação, e as p<strong>os</strong>turas pragmáticas, já que elas empobrecem e<br />

cerceiam a p<strong>os</strong>sibilidade de um conhecimento efetivo do mundo, e, portanto, de intervenção e<br />

transformação. Desse modo consideram<strong>os</strong> pertinente aprofundar alguns aspect<strong>os</strong> relevantes<br />

d<strong>os</strong> conjunt<strong>os</strong> conceptuais que a sociedade contemporânea prioriza e sustenta a partir da<br />

perspectiva do realismo crítico que procura compreender de forma mais apurada o papel da<br />

ciência, da fil<strong>os</strong>ofia e da produção do conhecimento. Como parte de uma pesquisa na área da<br />

educação em andamento, n<strong>os</strong>so objetivo é apresentar um conjunto de idéias em relação às<br />

alternativas p<strong>os</strong>síveis que <strong>pode</strong>riam oferecer e sustentar caminh<strong>os</strong> para um maior<br />

desenvolvimento do pensamento crítico na área educacional, em especial, na formação de<br />

professores e pesquisadores. Acreditam<strong>os</strong> que, as premissas do realismo crítico <strong>pode</strong>m<br />

subsidiar a p<strong>os</strong>sibilidade de um projeto em que “as idéias socialistas consigam a hegemonia<br />

cultural e intelectual e se convertam em um ‘sentido comum ilustrado’”. Assim, é importante<br />

realizar uma análise crítica a um tipo de conhecimento que vem sendo priorizado na área<br />

educacional, em especial o conhecimento revestido com premissas do realismo empírico que,<br />

como uma das ontologias que se limitam a adaptar o mundo capitalista, cerceia a compreensão<br />

e o aprofundamento de conhecer as estruturas e <strong>os</strong> mecanism<strong>os</strong> que produzem <strong>os</strong> fenômen<strong>os</strong>.<br />

Marx e a Crítica ao Capitalismo: exercício teórico e prático<br />

Hugo Figueira de Souza Corrêa (Doutorando – <strong>UFF</strong>)<br />

h.correa@gmail.com<br />

Bianca Imbiriba Bonente (Professora – UFU)<br />

biancabonente@ie.ufu.br<br />

Apesar das diferenças substantivas entre <strong>os</strong> objet<strong>os</strong> de conhecimento nas ciências sociais e<br />

naturais, que indicam alguns limites reais ao naturalismo, é p<strong>os</strong>sível estabelecer uma unidade<br />

essencial de método entre as ciências da sociedade e as ciências da natureza que se<br />

desdobra em dois pont<strong>os</strong> básic<strong>os</strong>: primeiro, na defesa de que a sociedade e as estruturas<br />

sociais são tão reais quanto <strong>os</strong> objet<strong>os</strong> naturais; segundo, que, assim como ocorre nas ciências<br />

naturais ou exatas, nas ciências sociais é p<strong>os</strong>sível capturar estruturas, causalidades e leis<br />

gerais de funcionamento que não se apresentam de imediato a<strong>os</strong> cinco sentid<strong>os</strong> human<strong>os</strong>. É<br />

precisamente essa a p<strong>os</strong>tura adotada por Marx n<strong>os</strong> seus trabalh<strong>os</strong> científic<strong>os</strong>: sustentando a<br />

p<strong>os</strong>sibilidade de conhecimento objetivo da realidade social, Marx, em primeiro lugar, reafirma a<br />

existência do objeto, a sociedade; em segundo lugar, encontra, respeitando as características<br />

do próprio objeto, a melhor forma de capturá-lo no pensamento; feito isso, busca desvendar as<br />

estruturas sociais e seus mecanism<strong>os</strong> de funcionamento.<br />

Considerando a urgente tarefa de repensar a relação entre teoria social crítica e emancipação,<br />

o objetivo do presente trabalho é resgatar algumas das principais leis de tendência<br />

identificadas por Marx n<strong>os</strong> seus estud<strong>os</strong> sobre a sociedade, desde as mais gerais, às mais<br />

especificamente capitalistas. Espera-se com isso m<strong>os</strong>trar o centro da crítica de Marx ao<br />

capitalismo e as indicações que <strong>pode</strong>m <strong>ser</strong> extraídas de sua teoria crítica no sentido da<br />

emancipação.<br />

33


Realismo e Emancipação: crítica explanatória à teoria do desenvolvimento<br />

Bianca Imbiriba Bonente (Professora – UFU)<br />

biancabonente@ie.ufu.br<br />

A temática do desenvolvimento suscita, desde o seu surgimento, uma série de reflexões e<br />

controvérsias. São inúmer<strong>os</strong> e inflamad<strong>os</strong> <strong>os</strong> debates a respeito d<strong>os</strong> diagnóstic<strong>os</strong> e soluções<br />

para o problema da desigualdade de desenvolvimento entre <strong>os</strong> países, que divide opinião de<br />

cientistas, técnic<strong>os</strong> e do público em geral. Partindo do entendimento de que a discussão, na<br />

medida em que se restringe ao critério da adequação empírica, não atinge o âmago da<br />

questão, o presente trabalho busca, utilizando o referencial fil<strong>os</strong>ófico-metodológico oferecido<br />

pelo Realismo Crítico, estimular o olhar, pouco usual, para além do empírico, e a utilização da<br />

realidade mesma como objetivo último da construção científica e como critério último de sua<br />

validação. Acredita-se, além disso, que a crítica científica não se esgota no âmbito teórico,<br />

envolvendo questões políticas mais decisivas. Isso porque, por detrás de toda teoria está<br />

presente, implícita ou explicitamente, uma visão de mundo (ou ontologia) que informa práticas<br />

concretas e produz inegáveis efeit<strong>os</strong> sociais. As teorias do desenvolvimento, tomadas <strong>aqui</strong><br />

como alvo de interesse crítico, refletem, com as credenciais do discurso científico, a forma<br />

dominante de enxergar o problema, aquela construída a partir de uma ontologia con<strong>ser</strong>vadora,<br />

que assume a sociedade existente como limite último do pensamento e do agir humano. Se,<br />

por um lado, a realidade social constitui o efetivo problema do desenvolvimento d<strong>os</strong> países e<br />

se, por outro, as teorias do desenvolvimento são indispensáveis à sua reprodução, então essas<br />

teorias são parte do problema. Justifica-se, assim, a necessidade da crítica; mais do que isso,<br />

justifica-se a necessidade de um tipo particular de crítica, capaz de ir além da realidade<br />

imediatamente dada e que espera com isso contribuir para a construção de discurs<strong>os</strong> e<br />

práticas transformadoras.<br />

O Conceito de Sociedade no Documento da Prop<strong>os</strong>ta Curricular de Santa Catarina: uma<br />

análise imanente<br />

Elisandra de Souza Peres (Mestranda – UNESC)<br />

elisandra.peres@ibest.com.br<br />

Jóyce Nurnberg (Mestranda – UNESC)<br />

joyce_nberg@hotmail.com<br />

Vidalcir Ortigara (Professor – UNESC)<br />

vdo@unesc.net<br />

Este artigo apresenta as análises d<strong>os</strong> eix<strong>os</strong> norteadores do conjunto de document<strong>os</strong> de Santa<br />

Catarina, especificamente no seu conceito de sociedade, utilizando-n<strong>os</strong> das categorias do<br />

modelo Transformacional da Conexão Pessoa/Sociedade, prop<strong>os</strong>to por Roy Bhaskar. Os<br />

document<strong>os</strong> da Prop<strong>os</strong>ta Curricular explicitam, em seus eix<strong>os</strong> norteadores, a necessidade de<br />

compreensão, pel<strong>os</strong> educadores da rede estadual de ensino, do conceito de sociedade na<br />

perspectiva teórica do materialismo-histórico e dialético. Tal entendimento <strong>ser</strong>ia imprescindível<br />

para conhecerm<strong>os</strong> a sociedade em que vivem<strong>os</strong> e, conseqüentemente, p<strong>os</strong>tularm<strong>os</strong> a<br />

p<strong>os</strong>sibilidade da superação das desigualdades sociais pela transformação social. N<strong>os</strong>sa<br />

análise evidencia que tais document<strong>os</strong> não promovem, n<strong>os</strong> educadores, a compreensão<br />

objetiva d<strong>os</strong> process<strong>os</strong> e estruturas que engendram a marginalização e as contradições na<br />

sociedade. A perspectiva de sociedade neles apresentada assemelha-se a<strong>os</strong> model<strong>os</strong> de<br />

teorias sociais vigentes criticadas por Bhaskar em seu texto “Societies”. Em contrap<strong>os</strong>ição a<br />

estes, Bhaskar propõe o modelo Transformacional da Conexão Pessoa/Sociedade. O conceito<br />

de sociedade apresenta-se na Prop<strong>os</strong>ta Curricular como um amálgama de perspectivas das<br />

três concepções: (a) modelo do individualismo metodológico; (b) modelo do voluntarismo; (c)<br />

modelo concepção dialética “identificação ilícita”. Lançam como desafio a<strong>os</strong> educadores<br />

compreender e dar resp<strong>os</strong>tas ao “dinamismo social”. Na perspectiva do Realismo Crítico, para<br />

34


compreenderm<strong>os</strong> a sociedade é necessário concentrarmo-n<strong>os</strong> primeiramente na questão<br />

ontológica das sociedades. Esse pressup<strong>os</strong>to constitui o eixo orientador de n<strong>os</strong>so estudo, base<br />

para pensarm<strong>os</strong> na totalidade de um documento que se propõe norteador de uma prática<br />

pedagógica efetiva no sentido da emancipação humana.<br />

Realismo Social e Teoria da Estruturação: ontologias em confronto<br />

Gabriel Peters (Doutorando – IUPERJ)<br />

gpeters@iuperj.br<br />

Como uma “ontologia fil<strong>os</strong>ófica” derivada de uma investigação transcendental das condições<br />

de p<strong>os</strong>sibilidade da ciência, o realismo crítico é compatível, em princípio, com uma pluralidade<br />

de concepções substantivas quanto às entidades, estruturas e mecanism<strong>os</strong> constitutiv<strong>os</strong> do<br />

universo societário (ontologias sociocientíficas específicas) e às orientações metodológicas<br />

mais profícuas para o estudo desse universo. Não obstante, a reconstrução bhaskariana d<strong>os</strong><br />

pressup<strong>os</strong>t<strong>os</strong> ontológic<strong>os</strong> que tornam a ciência social p<strong>os</strong>sível parece colocar importantes<br />

limites à multiplicidade de opções teórico-metodológicas disponíveis a<strong>os</strong> autores que abraçam<br />

a metateoria realista, o que explica em parte as “semelhanças de família” que marcam <strong>os</strong><br />

quadr<strong>os</strong> socioteóric<strong>os</strong> desenvolvid<strong>os</strong> por sociólog<strong>os</strong> como Margaret Archer e Douglas Porpora.<br />

O trabalho pretende trazer algumas dessas similaridades à tona por meio de uma comparação<br />

sistemática destes quadr<strong>os</strong> com a teoria da estruturação de Giddens, desde cedo eleito pel<strong>os</strong><br />

teóric<strong>os</strong> supracitad<strong>os</strong> como um interlocutor (ou mais propriamente um adversário) privilegiado.<br />

Partindo do pressup<strong>os</strong>to compartilhado da dependência que as sociedades têm da atividade<br />

humana, o estudo examina as implicações antitéticas extraídas dessa tese por<br />

estruturacionistas e realistas: a) à luz da ontologia “plana” de Giddens, as estruturas culturais e<br />

sistemas sociais só são reais enquanto continuamente instanciad<strong>os</strong> nas práticas d<strong>os</strong> agentes,<br />

sendo, portanto, inseparáveis dessas práticas; b) conforme a ontologia “estratificada” d<strong>os</strong><br />

realistas, a activity-dependence da sociedade humana pr<strong>os</strong>creve o dualismo fil<strong>os</strong>ófico,<br />

reclamando, no entanto, um “dualismo analítico” e uma concepção emergentista do mundo<br />

social (amb<strong>os</strong> desautorizad<strong>os</strong> por Giddens) como requisit<strong>os</strong> necessári<strong>os</strong> à investigação da<br />

inter-relação causal entre estrutura e agência.<br />

Arte e Trabalho como Mediações para Emancipação Humana<br />

Isabel Cristina Chaves Lopes (Professora – <strong>UFF</strong>)<br />

icrislopes@uol.com.br<br />

O texto pretende desenvolver a partir do conceito marxista de emancipação humana, reflexões<br />

acerca das p<strong>os</strong>sibilidades da práxis artística, n<strong>os</strong> limites do capitalismo, apresentar-se como<br />

um recurso estratégico a experiências político-pedagógicas, capazes de fornecer subsídi<strong>os</strong> a<br />

ações de enfrentamento a process<strong>os</strong> de alienação, acentuad<strong>os</strong> pelo processo de<br />

reestruturação produtiva capitalista.<br />

Ciência como Atividade Crítica: contra o p<strong>os</strong>tulado de naturalização do capital<br />

Rodrigo Delpupo Monfardini (Mestrando – <strong>UFF</strong>)<br />

rodrigodelpupo@gmail.com<br />

A ciência é amplamente reconhecida por sua capacidade de conhecer objetivamente a<br />

realidade e de intervir sobre ela. E conhecimento e intervenção sobre a realidade estão<br />

intimamente ligad<strong>os</strong>: o conhecimento objetivo, mesmo que parcial, é pressup<strong>os</strong>to das práticas<br />

d<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong>. Sendo a ciência uma forma de conhecimento que se vale de mé<strong>tod<strong>os</strong></strong> mais<br />

refinad<strong>os</strong> do que o conhecimento baseado na cotidianidade, por exemplo, ela tem como<br />

diferencial seu caráter crítico: coloca constantemente em xeque formas anteriores de<br />

35


conhecimento e m<strong>os</strong>tra sua incorreção, propondo novas práticas de intervenção sobre a<br />

realidade.<br />

Como toda forma de conhecimento, a ciência faz afirmações ontológicas, expressa<br />

determinada visão de mundo, sejam essas afirmações tomadas da ontologia dominante ou<br />

críticas a ela. Assim, é importante fazer uma diferenciação entre dois graus de crítica científica.<br />

Pode <strong>ser</strong> p<strong>os</strong>itiva, no sentido de que prescreve <strong>os</strong> melhores mei<strong>os</strong> para atingir determinad<strong>os</strong><br />

fins dad<strong>os</strong> pela ontologia dominante, ou <strong>pode</strong> <strong>ser</strong> negativa, de modo a iluminar <strong>os</strong> própri<strong>os</strong> fins<br />

colocad<strong>os</strong> pela ontologia dominante e, inclusive, mudá-l<strong>os</strong>. Num caso, é uma crítica que afirma<br />

a ontologia dominante pelo fato de não discuti-la; no outro, a ontologia é p<strong>os</strong>ta em primeiro<br />

plano.<br />

O n<strong>os</strong>so objetivo é investigar como imperativ<strong>os</strong> sociais <strong>pode</strong>m limitar o escopo da atividade<br />

científica por meio da desconsideração da ontologia, confinando essa forma de conhecimento<br />

no terreno da p<strong>os</strong>itividade e, portanto, reduzindo seu potencial emancipatório. Ressaltar a<br />

discussão a respeito da prática científica, tão esquecida nas diversas ciências particulares, é<br />

fundamental para colocar a ciência a <strong>ser</strong>viço das necessidades humanas.<br />

The History of Science in Eeducators’ Upbringing: reflections about a materialist<br />

ontological approach of Marxian basis<br />

Alceu Junior Paz da Silva (Professor – UFMT)<br />

alqueno@gmail.com<br />

The incorporation of History of the Science as an important element to comprehend the nature<br />

of science and its process are being adopted by Natural Science’s graduation courses<br />

according to National Curriculums Guidelines to Educator’s Upbringing of 2002. This historical<br />

approach presupp<strong>os</strong>es to show the science as a human activity. But what does determine and<br />

which aspects are necessary to understand this human character along the History? How to<br />

overcome the historicist epistemology’s internalist limitations without falling in empty and<br />

seductive traps of p<strong>os</strong>t-modern irrationalist epistemology? For that purp<strong>os</strong>e, we adopted<br />

ROSA’s investigations in The work, the Science and the social being’s formation as<br />

methodological and theoretical tools to bring to the historical process the materialist ontology of<br />

Marxian’ basis. Pedagogically, the problematizations about Work category and its implications in<br />

science’s genesis and development was started with filmic fragments from 2001: a space<br />

odyssey (Stanley Kubric) and Quest for fire (Jean-Jacques Annaud) and was being<br />

accompanied by research’s diary in Introduction to natural sciences and mathematic, discipline<br />

of educators upbringing’s course in natural sciences and mathematic at Federal University of<br />

Mato Gr<strong>os</strong>so. We concluded that is promising to explore the materialist ontological reflection as<br />

a mediator element to identify the relevant science’s role, its products and epistemic process, in<br />

concrete-real frame of typical needs and contradictions of its dialectic relationships with social<br />

formations’ becoming.<br />

Política Econômica e Legislação Trabalhista<br />

Maya Damasceno Valeriano (Profissional – <strong>UFF</strong>)<br />

mayta27@hotmail.com<br />

Durante a vigência da ditadura militar no Brasil operou-se uma intensificação da exploração do<br />

trabalhador, contribuindo para a aceleração da acumulação capitalista que suscitou o “milagre”<br />

econômico brasileiro. No bojo desse contexto se encontra a instituição de uma nova legislação<br />

de “seguridade” no trabalho, o FGTS, intervindo na relação entre capital e trabalho ao suprimir<br />

na prática a legislação vigente de estabilidade no emprego após dez an<strong>os</strong> de trabalho, além de<br />

convergir a indenização pela demissão do trabalhador em um fundo financeiro. A questão<br />

36


circunscrita nessa análise é da relação intrínseca entre a política econômica e a legislação<br />

trabalhista.<br />

A partir desse contexto farem<strong>os</strong> uma discussão sobre a relação entre direito e Estado, dentro<br />

d<strong>os</strong> marc<strong>os</strong> do marxismo, assim como acerca da relação entre luta por direit<strong>os</strong>, cidadania e<br />

classe social. Ao buscar entender a luta por direit<strong>os</strong> de uma classe para si, e tomando a<br />

cidadania enquanto uma forma específica de pertencimento à sociedade, imbuída de direit<strong>os</strong> e<br />

deveres para com esta, <strong>ser</strong>ia p<strong>os</strong>sível falar em nome da superação da sociedade de classes e<br />

ao mesmo tempo em nome da cidadania? Faz-se necessário refletir: <strong>ser</strong>ia p<strong>os</strong>sível reivindicar a<br />

superação da sociedade capitalista através da ampliação de direit<strong>os</strong> que são inteligíveis<br />

apenas dentro do seu contexto?<br />

<strong>Um</strong> Ensaio sobre o Trabalho como Dominação Social<br />

Renata Oliveira Contesini (Mestranda – <strong>UFF</strong>)<br />

contesini_uff@yahoo.com.br<br />

Henrique Pereira Braga (Mestrando – UNICAMP)<br />

henri_braga@yahoo.com.br<br />

A partir das transformações na sociedade moderna, determinadas interpretações da análise de<br />

Marx a torna uma crítica inadequada ao sistema capitalista. Acreditam<strong>os</strong> que compreender a<br />

essência do sistema capitalista é fundamental para orientar a prática de <strong>tod<strong>os</strong></strong> que o contestam<br />

e que vislumbram uma sociedade que não sujeite ou subordine <strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> à sua dinâmica<br />

autônoma. Em virtude disso, autores, como Moishe P<strong>os</strong>tone, apresentam uma reinterpretação<br />

das categorias da análise crítica de Marx. Neste sentido, este artigo pretende apresentar em<br />

linhas gerais as interpretações da obra de Marx que embora tenham grande circulação,<br />

entendem<strong>os</strong> que sejam equivocadas. E, com base na reinterpretação de P<strong>os</strong>tone, desenvolver<br />

as concepções genuínas da crítica de Marx, em particular, em relação à dominação social no<br />

capitalismo. Tentarem<strong>os</strong> m<strong>os</strong>trar neste trabalho que a dominação social, em última instância,<br />

não está baseada em um modo de dominação e exploração de classe. Ela está fundamentada<br />

em um sistema abstrato, objetivo e impessoal, que estrutura e é estruturante da prática social.<br />

Exterminismo e luta de classe em E. P. Thompson: contradição e realismo<br />

Ricardo Gaspar Müller (Professor – UFSC)<br />

rgmuller@superig.com.br<br />

Percebendo a existência de uma dinâmica interna e uma lógica recíproca que requerem uma<br />

nova categoria de análise, Thompson elabora a categoria exterminismo, adequada para<br />

examinar essa nova realidade e definir esta situação de conflit<strong>os</strong> e confront<strong>os</strong>. Não se trata<br />

simplesmente de uma questão de força, mas de legitimidade. Embora pareça um movimento<br />

racional, no qual <strong>os</strong> agentes participantes tomam decisões aparentemente racionais, no âmago<br />

do processo desenvolve-se uma lógica perversa. Thompson insiste na formação de uma nova<br />

consciência. A questão da luta de classe permanece fundamental, mas o imperativo <strong>ser</strong>ia o da<br />

salvação da própria humanidade: com o exterminismo a causa se redefine. A luta contra o<br />

sistema da guerra fria e a perspectiva de intensificação de todas as formas sociais de violência,<br />

na opinião de Thompson, havia consolidado uma base. Porém, essa estratégia requeria uma<br />

ampla ação popular e a manutenção de suas atividades até a formação de um novo discurso<br />

político. Essa p<strong>os</strong>ição reafirmava um internacionalismo antiexterminista para reforçar uma<br />

estratégia de organização das frentes populares. A nova agenda internacionalista supunha a<br />

recusa da ideologia de bloc<strong>os</strong>, negando qualquer compromisso com <strong>os</strong> ideólog<strong>os</strong> do<br />

exterminismo A luta-no-contexto agora representa um imperativo humano e ecológico. Esse<br />

internacionalismo deve <strong>ser</strong> antiexterminista. Esses princípi<strong>os</strong> constituem a prop<strong>os</strong>ta<br />

antiexterminista de Thompson, em uma visão critica de seu realismo. Buscam<strong>os</strong> discutir a<br />

importância de suas idéias, relacionar teoricamente as categorias (exterminismo e luta de<br />

37


classe), localizar sua atualidade e relevância política, identificar e analisar as tensões e<br />

contradições entre <strong>os</strong> conceit<strong>os</strong>.<br />

Realismo, Feminismo e a Negatividade na Experiência Hermenêutica<br />

Cynthia de Carvalho Lins Hamlin (Professora – UFPE)<br />

cynthiahamlin@hotmail.com<br />

N<strong>os</strong> últim<strong>os</strong> an<strong>os</strong>, Tony Lawson vem travando um profícuo debate com as economistas<br />

feministas ao sugerir que o realismo crítico e o método das explicações contrastivas<br />

desenvolvido por ele p<strong>os</strong>sibilitam recuperar a dimensão crítica e emancipatória da teoria<br />

feminista. O estabelecimento de contrastes funciona, neste método, como um “momento<br />

hermenêutico” da análise, entendido como uma espécie de propedêutica para a formação de<br />

hipóteses explanatórias. A visão segundo a qual a hermenêutica deve <strong>ser</strong> complementada por<br />

uma explicação caracterizada pelo estabelecimento de mecanism<strong>os</strong> causais parece derivar da<br />

preocupação d<strong>os</strong> realistas crític<strong>os</strong> em não sucumbir à sua dimensão idealista (o mundo social<br />

<strong>ser</strong>ia inteiramente dependente das concepções que as pessoas têm acerca dele) e<br />

con<strong>ser</strong>vadora (a ausência de crítica à tradição). Meu propósito <strong>aqui</strong> é radicalizar este momento<br />

hermenêutico ao sugerir que, apesar das dificuldades que o conceito de “tradição” coloca para<br />

o realismo crítico e, em particular, para o feminismo, a “experiência hermenêutica” de<br />

Gadamer, cuja base é a idéia hegeliana de negatividade, é não apenas compatível com <strong>os</strong><br />

ideais de emancipação do realismo e do feminismo, mas é especialmente adequada para lidar<br />

com construt<strong>os</strong> sociais como “gênero”.<br />

História, Ciência e Sociedade<br />

Virgínia Fontes (Professora – <strong>UFF</strong> / FIOCRUZ)<br />

vfontes@superig.com.br<br />

Este é um trabalho introdutório, procurando explorar element<strong>os</strong> de conexão entre um princípio<br />

de historicidade que não se esgota na factualidade; um princípio de ciência que adota uma<br />

p<strong>os</strong>ta abertamente voltada para a produção da verdade, recusando porém sua absolutização e<br />

uma compreensão da sociedade como uma forma de <strong>ser</strong>, na qual estão presentes tanto<br />

element<strong>os</strong> objetiv<strong>os</strong> quanto subjetiv<strong>os</strong>. Pretendem<strong>os</strong> pois apresentar um panorama histórico<br />

das ciências que não esgote as potencialidades pregressas não realizadas ao mesmo tempo<br />

em que não reduza o extenso desenvolvimento do trabalho científico a um processo linear<br />

conducente a um ponto final. Nesse sentido, procuram<strong>os</strong> uma introdução à ciência aberta à<br />

emancipação humana e à permanente crítica a todas as formas de reificação e de cristalização<br />

da hierarquização entre <strong>ser</strong>es sociais.<br />

High Performance Work Systems – exploitation or emancipation of employees?<br />

Iwona Wilkowska (Doutorando – De Montfort University)<br />

i.wilkowska@westminster.ac.uk<br />

The dominant theme within Human Resource Management (HRM) literature concerns the<br />

identification of human resource (HR) practices which will yield favourable firm level outcomes<br />

and employee behaviours. While a number of studies have investigated the relationship<br />

between ‘bundles’ of HR practices and improved organisational performance, outcomes from<br />

the perspective of employees have received little attention. This is despite claims that a causal<br />

path from the HR practices to increased performance is mediated by employees. This paper<br />

extends the literature on the topic by elevating employees’ voice and focusing on their<br />

experience of working within High Performance Work Systems (HPWS). Critical realism is used<br />

to demonstrate how ‘deep structures’ affect agency by examining the influence of organisational<br />

38


culture in shaping the application of HPWS and employees’ responses in two British financial<br />

sector case study organisations. This in turn also involves exploring how organisational cultures<br />

have been shaped by the p<strong>os</strong>ition of the financial sector within the liberal market economy of<br />

the UK and global capitalism. The research is based primarily on in-depth interviews with<br />

respondents from variety of roles and levels in Private Bank and Insurance Company. The<br />

paper includes interview quotes that illustrate the links from the internal and external context of<br />

the organisation to the features of High Performance Work Practices and to the employees’<br />

responses to them.<br />

Limitações da Interpretação Realista da Abordagem Evolucionária da Mudança<br />

Socioeconômica<br />

Wellington Marcelo Silva da Cruz (Doutorando – <strong>UFF</strong>)<br />

wellabi<strong>os</strong>@yahoo.com.br<br />

Desde <strong>os</strong> an<strong>os</strong> de 1950, a pronunciada expansão científico-tecnológica tem sido destacada<br />

como a principal alavanca para a superação do hiato de renda entre <strong>os</strong> divers<strong>os</strong> países e<br />

regiões.<br />

Nas décadas mais recentes uma abordagem insurgente tem conquistado parte do espaço da<br />

argumentação corrente procurando estabelecer um conjunto diferenciado de conceit<strong>os</strong> e<br />

interpretações a respeito deste fenômeno do progresso técnico cientificamente embasado,<br />

relacionando-o, a partir de analogia biológica, com process<strong>os</strong> de desenvolvimento das formas<br />

de vida no meio-ambiente natural. Essa corrente das ciências sociais conhecida como teoria<br />

evolucionária da mudança socioeconômica, coloca uma prop<strong>os</strong>ta metodológica que reivindica<br />

maior realismo na análise das estruturas e mecanism<strong>os</strong> de funcionamento da realidade por<br />

considerar as formas de heterogeneidade evidentes no seu objeto e buscar explicar a<br />

permanência de particularidades estruturais que seguem process<strong>os</strong> dinâmic<strong>os</strong>.<br />

Para tanto, tal abordagem, naturalmente, utiliza um aparato conceitual que delimita sua teoria<br />

da sociedade, além de práticas normalmente empregadas para construir esse conhecimento. O<br />

deslocamento de foco para a análise da firma e sua organização interna, onde o fenômeno<br />

empírico da inovação ocorre, deveria receber a apropriada atenção no sentido de revelar <strong>os</strong><br />

mecanism<strong>os</strong> capazes de alterar as condições estruturais a partir da sua gerência.<br />

Contudo o re-tratamento evolucionário da empresa capitalista evita caracterizar parte<br />

significativa das relações sociais centrais e inegáveis que ocorrem no seu interior, como o<br />

conflito entre capital-trabalho por exemplo, dando ênfase quase exclusiva ao aspecto<br />

tecnológico. Tal procedimento gera, dentre outras dificuldades, um mal-entendimento quanto<br />

ao alcance do realismo prop<strong>os</strong>to, uma vez que, a rigor, este realismo <strong>pode</strong> <strong>ser</strong> considerado<br />

evasivo, ou relativo, capaz apenas de revelar uma mera flexibilização do idealismo e do<br />

instrumentalismo extremistas usad<strong>os</strong> pelo argumento com o qual esta abordagem pretende<br />

romper.<br />

Toward an Indigenist Emancipatory Axiology: engaging a poverty-richness dialectic<br />

Neil Hockey (Profissional – Profco Pty Ltd)<br />

hockey.neil@yahoo.com<br />

This paper emerges from an international network of movements amongst Indigenous<br />

communities for social change. It presents challenges: questioning the orientations of each<br />

movement to the social structures within which it arises and the alternative values and visions<br />

informing that movement; contributing to ongoing dialogue between these social movements,<br />

the practice of human and other sciences and phil<strong>os</strong>ophy in a triplex emancipatory helix.<br />

Consequently it points toward an Indigenist emancipatory axiology.<br />

39


Emancipatory axiology incorporates both absenting absence and processes of developing<br />

freedom. In doing so it embraces dialectics of emancipation, enframed by th<strong>os</strong>e of discourse<br />

and agency. A central purp<strong>os</strong>e of this paper then is to explore distinctive aspects of Indigenist<br />

discourse and agency within the unity or coherence of formal and substantive theory and<br />

practice in practice. Both dialectics entrain a set of principles constituting limits to<br />

universalisability. Bearing these principles in mind, I engage a poverty-richness dialectic as<br />

exemplified in Easterly’s (2006) and Unwin’s (2006, 2008) critiques of J. Sachs’ work,<br />

particularly as demonstrated in the Millennium Development Goals (2000) and the establishing<br />

of Africa’s Millennium Villages (from 2002). Sachs’ approach to global poverty has impacted<br />

development economics significantly since mid-1980s. His The End of Poverty (2005) called for<br />

solidarity in our generation to end (extreme) poverty by 2025.<br />

This paper incorporates aspects of Gruffydd Jones’ (2006) cr approach to explaining global<br />

poverty. I focus on the Australasian region, my own area of praxis. Inspired by D’souza’s (2007)<br />

dictionary entry, I conclude by reflecting on questions p<strong>os</strong>ed for cr by Indigenist emancipatory<br />

movements.<br />

O Realismo e a Perspectiva de Gaston Bachelard: uma contribuição a<strong>os</strong> curs<strong>os</strong> de pósgraduação<br />

em educação<br />

Luiz Dias do Nascimento Filho (Profissional – UERJ)<br />

filh<strong>os</strong>aem@bol.com.br<br />

Ao se levar em consideração o trabalho de pesquisa n<strong>os</strong> curs<strong>os</strong> de pós-graduação em<br />

educação, torna-se interessante, nesse momento, trazer para o debate epistemológico as<br />

tendências metodológicas científicas fundadas em um realismo que busca na objetividade o<br />

seu objeto de estudo. Isto, pelo fato de se entender que a questão realista se estabelece<br />

quando afirma que as condições elementares do sujeito que investiga interferem na realidade e<br />

que precisam <strong>ser</strong> superad<strong>os</strong>, o que leva a compreensão de que o objeto científico existe<br />

independente do sujeito. Ao levar em conta essa perspectiva científica, julga-se interessante<br />

buscar no novo espírito científico de Gaston Bachelard, um contraponto no sentido de<br />

apresentar alternativas que valorizem um real que se institui fora da experiência empírica, um<br />

real que não se impõe ao sujeito. Logo, o que se propõe no desenvolvimento deste trabalho<br />

são <strong>os</strong> problemas do objeto da ciência e sua relação com o sujeito do conhecimento, que<br />

<strong>os</strong>cilam entre a noção de determinante e determinado. A discussão sobre esse problema<br />

epistemológico se torna relevante pelo fato de se verificar que as pesquisas n<strong>os</strong> curs<strong>os</strong> de pósgraduação<br />

em educação, em sua maioria, de certa forma, priorizam a p<strong>os</strong>itividade do objeto de<br />

estudo, o que valoriza, de certo modo, uma realidade que determina a produção do<br />

conhecimento.<br />

Produção do Conhecimento em Educação no Brasil: realismo crítico versus pós-crítica<br />

Astrid Baecker Avila (Professora – UFPR)<br />

astridavila@ufpr.br<br />

Vidalcir Ortigara (Professor – UNESC)<br />

vdo@unesc.net<br />

Compreender a educação como uma das atividades envolvidas no processo de reprodução do<br />

gênero humano e, como tal, imbuída no processo de elevar o senso comum a um “senso<br />

comum esclarecido” é uma das tarefas daqueles que buscam a superação da atual<br />

sociabilidade. A perspectiva pós-crítica em Educação acaba por interditar essa p<strong>os</strong>sibilidade,<br />

isso <strong>pode</strong> <strong>ser</strong> vislumbrado, particularmente, em sua concepção ontológica do que é<br />

conhecimento científico. A crítica a essa p<strong>os</strong>ição, que se auto-intitula crítica, permite desfazer o<br />

seu aparente potencial transformador. O objetivo do texto é indicar a potencialidade d<strong>os</strong><br />

40


argument<strong>os</strong> do realismo crítico e da crítica ontológica para confrontar as p<strong>os</strong>ições da<br />

perspectiva pós-crítica em Educação. Buscam<strong>os</strong> apontar que as teorias pós-críticas<br />

apresentam-se como majoritárias na produção do conhecimento em educação no Brasil.<br />

Utilizamo-n<strong>os</strong> da crítica explanatória bhaskariana para demonstrar as incongruências internas e<br />

a falácia epistêmica presentes na teoria pós-crítica em educação. Em seguida, indicarem<strong>os</strong><br />

como, mesmo com todas as contradições e aporias, essas teorias permanecem como críveis<br />

no campo acadêmico da Educação. Para esse segundo momento da crítica explanatória<br />

recorrem<strong>os</strong> á contribuição da crítica ontológica lukacsiana. Apontam<strong>os</strong> a necessidade de<br />

desenvolver uma perspectiva na produção de conhecimento em educação a partir das<br />

contribuições do realismo crítico e da crítica ontológica.<br />

Por uma Economia Política Institucionalista, Realista e Relacional: conversas entre o<br />

realismo crítico e o institucionalismo vebleniano<br />

Renato Ferreira Pontes (Profissional – UFPR)<br />

refpontes@yahoo.com.br<br />

O artigo buscará sugerir uma apropriação do pensamento institucionalista de tipo Vebleniano,<br />

tal como desenvolvido por Geoffrey Hodgson, sobre bases crítico-realistas. Tal apelo justificase,<br />

por um lado, pelas conquistas do realismo crítico no campo da fil<strong>os</strong>ofia da ciência e seus<br />

impact<strong>os</strong> sobre as ciências sociais – sobretudo seus argument<strong>os</strong> em favor de um naturalismo<br />

não-p<strong>os</strong>itivista – e, por outro, pela urgente necessidade de reconstrução d<strong>os</strong> fundament<strong>os</strong> da<br />

teoria econômica. O (velho) institucionalismo partilha de uma preocupação ontológica da vida<br />

social que culmina n<strong>os</strong> esforç<strong>os</strong> de construção de um arcabouço teórico não reducionista da<br />

conexão entre sujeit<strong>os</strong> e estruturas sociais (instituições), enfatizando a precedência das últimas<br />

em relação a<strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> e as mútuas e constantes influências entre eles. Nesse sentido, a<br />

ontologia realista transcendental (sua reivindicação por uma realidade estratifica em níveis para<br />

além do empírico) e a concepção relacional d<strong>os</strong> objet<strong>os</strong> sociais <strong>pode</strong>m (e devem) ter lugar<br />

central n<strong>os</strong> fundament<strong>os</strong> epistemológic<strong>os</strong> da economia política. <strong>Um</strong>a ontologia de sistemas<br />

abert<strong>os</strong> também deve <strong>ser</strong> assegurada nesse movimento contra as formas atomísticas do<br />

pensamento dominante. Ademais, ao nível do método, a orientação realista reforça a adoção,<br />

já presente n<strong>os</strong> text<strong>os</strong> de Veblen, da retrodução ou método retrodutivo. Acredita-se, com isso,<br />

fomentar as discussões acerca das contribuições crítico-realistas para as ciências sociais como<br />

um todo e para a heterodoxia da ciência econômica em particular, bem como do atual resgate<br />

e restabelecimento do pensamento institucionalista inaugurado por Thorstein Veblen.<br />

Human Emancipation, Social Accountability, the State and Development in Africa – the<br />

limits of marxism and liberalism in realizing human rights in Africa<br />

Colm Allan (Professor – Centre for Social Accountability, Rhodes University, South Africa)<br />

c.allan@ru.ac.za<br />

In this paper I argue that continued poverty within African states needs to be situated and<br />

explained within the context of weak social accountability systems in these states. The failure to<br />

effectively realize human rights in African states is attributed to the weakness of these social<br />

accountability systems, rather than being ascribed to the influence of irrational cultural or<br />

political beliefs, or the p<strong>os</strong>ition of these states within the international economic order, as<br />

as<strong>ser</strong>ted by liberal and Marxist development theorists respectively.<br />

I maintain that neither the prevailing neo-liberal nor Marxist approaches to poverty and<br />

development in Africa provide a feasible policy framework for realizing the social and economic<br />

needs of the poor. In particular, neither theoretical approach provides a coherent examination of<br />

the conditions necessary for the elimination of poverty or of the necessarily enabling role to be<br />

played by the state in this process. Both approaches are criticized for their negative<br />

conceptualization of the state as a mechanism of constraint rather than enablement. As a result,<br />

41


I maintain that neither of these theories provide social activists and the poor with a coherent<br />

strategy for ensuring the development of socially accountable states capable of managing their<br />

public resources in ways that result in the elimination of poverty. In this paper I offer a set of<br />

reasons for these limitations relating to the theoretical assumptions underpinning both<br />

approaches.<br />

I maintain that neo-liberalism, with its exclusive emphasis on the rights and utilitarian powers of<br />

individuals, not only fails to recognise th<strong>os</strong>e structures responsible for reproducing poverty and<br />

inequality in African states, but also results in a weakening of the very state processes and<br />

institutions required to deliver public goods and <strong>ser</strong>vices necessary to meet social and<br />

economic needs. For the poor, this approach to poverty alleviation hinges on little more than<br />

their right to cho<strong>os</strong>e the use of private <strong>ser</strong>vice providers to meet their needs, which, given that<br />

by definition they cannot afford to exercise this ‘choice’, offers little by way of strategy to<br />

overcome their poverty.<br />

Similarly, the exclusive emphasis on the unequal distribution of economic resources by<br />

determinist Marxists in explaining poverty (the m<strong>os</strong>t recent example of which is the focus on the<br />

unequal global distribution of material wealth by a vocal lobby of ‘anti-globalisation’ activists)<br />

overlooks the immediate needs and interests of the poor and, worse still, relieves the elites of<br />

African states of responsibility for the progressive realization of basic human rights within their<br />

available public resources. It also prevents civic actors from engaging with and strengthening<br />

the state in ways that are required to ensure the long term capacity to realize social and<br />

economic rights.<br />

The argument advanced in this paper is based on a social realist explanatory methodology. I<br />

adopt an approach to social theory which recognizes the independent existence and causal<br />

powers of three key elements in any social formation: social agents (deemed to be reflexive and<br />

innovative); ideational social structures (defined by agents’ access to theories and ideas); and<br />

material social structures (defined by agents access to material resources). All three of these<br />

elements are identified as having emergent properties (that is, giving rise to properties which<br />

cannot be reduced to their constituent parts) which <strong>ser</strong>ve to shape social interaction. Consistent<br />

with this realist approach, the concept of power adopted sees power itself as an emergent<br />

property arising from the interplay between the emergent properties of material structures, ideas<br />

and people.<br />

I also work on the explicit theoretical assumption that social structures are by definition concept,<br />

activity and time dependent. It is for this reason that social structures (such as th<strong>os</strong>e which<br />

<strong>ser</strong>ve to reproduce poverty) can be transformed by reflexive and innovative social agents over<br />

time. However, the ability of agents to transform structures is seen to be dependent not only on<br />

their structural p<strong>os</strong>ition, but on their access to ideational resources.<br />

In this paper, therefore, power is seen as an inherently relational phenomenon and something<br />

that must be explained in relation to the emergent properties of material structures, ideational<br />

structures, and social agents. This includes both the ‘power’ of the state and the ‘power’ of<br />

social agents (including the poor) to transform the structures responsible for reproducing<br />

poverty.<br />

The paper is structured as follows: Parts 1 and 2 provide a critique of the neo-liberal and<br />

determinist Marxist approaches to poverty and development by considering the following<br />

aspects of each theory: conceptualization of the state in relation to human rights and the<br />

economy; approach to poverty alleviation and development, and; conceptualization of (and<br />

strategy for achieving) social accountability. Part 2 also provides a review of recent theories of<br />

how to deepen democracy, which have either attempted to extend or transcend the traditional<br />

liberal representative and neo-liberal approaches to the state.<br />

Part 3 offers an alternative to the above approaches. It attempts to re-theorise the relationship<br />

between structure, agency and ideas found within current approaches to the state and<br />

42


development in Africa and within the policy frameworks and practical activist strategies<br />

designed to eradicate poverty. It offers a rights-based definition of social accountability, sets out<br />

five key processes necessary for any viable social accountability system, and calls for a<br />

reconceptualisation of the relationship between civic actors and the state within this system. It<br />

also provides a practical illustration of how any given social accountability system can be<br />

monitored. It does so by evaluating the management of public resources within South Africa’s<br />

poverty-stricken Eastern Cape province.<br />

The paper concludes by calling for the establishment of a new research programme on the<br />

relationship between social accountability systems, the eradication of poverty, and the<br />

realization of social and economic rights in African states.<br />

A Abstração Mercantil e a Teoria Neoclássica<br />

Eleuterio Prado (Professor – USP)<br />

eleuterioprado@uol.com.br<br />

Em “Mais calor do que luz”, Philip Mirowski sustenta que a teoria neoclássica nasceu da<br />

aplicação das metáforas, das técnicas matemáticas e da metodologia, inerentes à Física da<br />

energia do século XIX, à explicação do valor de troca. Entretanto, ele nem explica a origem<br />

dessa concepção científica característica nem m<strong>os</strong>tra a fonte de suas formas conceituais. Para<br />

responder a essa segunda questão, este artigo traz as idéias de Sohn-Rethel à discussão do<br />

tema. Este autor buscou m<strong>os</strong>trar que as formas do pensamento abstrato que caracterizam o<br />

racionalismo da civilização ocidental – e a ciência moderna – originaram-se da sociabilidade<br />

mercantil e, assim, da existência objetiva do dinheiro como síntese do processo social. Este<br />

artigo, seguindo esse caminho, procura lembrar que a crítica marxiana da mercadoria fornece<br />

não apenas uma compreensão abrangente do valor de troca, do dinheiro e do capital, mas<br />

permite também explicar a origem das assim chamadas formas da sensibilidade e do<br />

entendimento (ou seja, das categorias a priori de Kant). E essas formas, como se sabe,<br />

sustentam não só a Física moderna – e a física da energia em particular – mas também a<br />

teoria neoclássica nela inspirada. Desse modo, examinando a troca, o artigo m<strong>os</strong>tra como e por<br />

que essa última teoria é conceitual e formalmente p<strong>os</strong>sível. Recorrendo a<strong>os</strong> text<strong>os</strong> originais de<br />

Jevons, Walras, etc., ele põe claro o caráter formalista, fictício, ideológico e vulgar dessa<br />

construção teórica.<br />

Lukács, Realismo e Emancipação Humana na Estética Marxista<br />

Juarez Duayer (Professor – <strong>UFF</strong>)<br />

juarezduayer@vm.uff.br<br />

Presente n<strong>os</strong> escrit<strong>os</strong> estétic<strong>os</strong> de Marx e Engels, a defesa do realismo na arte ocupa um<br />

papel central na luta pela emancipação humana contra a fetichização e a alienação capitalistas.<br />

Apontando a necessidade de ir além das indicações contidas n<strong>os</strong> clássic<strong>os</strong>, Lukács foi quem<br />

mais levou adiante <strong>os</strong> estud<strong>os</strong> para estabelecer as bases de uma estética marxista.<br />

Convencido desde <strong>os</strong> text<strong>os</strong> de juventude até a grande Estética da importância da autonomia<br />

relativa da arte, Lukács enfrentou em sua defesa do realismo no debate sobre o<br />

expressionismo, tanto as tendências autotélicas da idéia de arte quanto <strong>os</strong> reducionism<strong>os</strong><br />

sociológic<strong>os</strong> e as vulgarizações marxistas no campo da reflexão estética. Às criticas de<br />

classicismo, antivanguardismo e antimodernismo que recebeu por sua defesa do realismo,<br />

respondeu que o que decide o valor e a permanência das obras de arte não é uma questão de<br />

estilo, de inovações técnicas ou sua eventual eficácia política, mas o que representam na<br />

história da arte e para a história da humanidade no cumprimento das “exigências do momento”.<br />

Para ele, grandeza artística, realismo autêntico e humanismo são term<strong>os</strong> tão congruentes<br />

quanto concepção de mundo e compreensão do fato estético. Lukács disse que aprendeu com<br />

43


o realismo russo, com Tolstoi e D<strong>os</strong>toievski, como a literatura pôde m<strong>os</strong>trar que a questão não<br />

é que o capitalismo tenha esse ou aquele defeito, mas que o sistema, assim como a época, é<br />

inteiramente condenável. Daí o caráter partisan de seu juízo estético: a arte boa, a verdadeira<br />

arte é aquela que se contrapõe a este estado de coisas. É desta forma que o problema da<br />

integridade humana do homem e de sua emancipação surge como perspectiva na estética<br />

marxista de Lukács. Em temp<strong>os</strong> de proclamações sobre o fim da história, das grandes<br />

narrativas e da crença na realidade, cabe reivindicar com o filósofo húngaro a profunda e<br />

comovente humanidade d<strong>os</strong> grandes clássic<strong>os</strong> do realismo.<br />

Foucault e o Realismo Crítico. Impasses e perspectivas na construção de uma<br />

Lingüística Aplicada Crítica<br />

Luiz Barr<strong>os</strong> Montez (Professor – UFRJ)<br />

luiz.montez@gmail.com<br />

Os estud<strong>os</strong> lingüístic<strong>os</strong> aplicad<strong>os</strong> no Brasil, particularmente em suas variantes críticas, têm se<br />

ocupado intensamente com o pensamento de Foucault desde as últimas décadas. Totalmente<br />

equivocada para uns, apenas insuficiente para outr<strong>os</strong>, a contribuição de Foucault à análise de<br />

discurso crítica está, quer queiram<strong>os</strong> ou não, no centro das preocupações teóricas. Por conta<br />

de sua importância, desenvolvo algumas reflexões <strong>aqui</strong> relacionadas à teoria discursiva de<br />

Foucault que considero imprescindíveis para a construção de uma lingüística aplicada crítica.<br />

Lukács e <strong>os</strong> Fundament<strong>os</strong> Ontológic<strong>os</strong> da Ética Marxiana: uma interpretação livre<br />

João Leonardo Medeir<strong>os</strong> (Professor – <strong>UFF</strong>)<br />

jlgmedeir<strong>os</strong>@vm.uff.br<br />

É relativamente bem conhecido o fato de que Lukács dedicou seu último esforço intelectual à<br />

elaboração de uma ontologia que estabelecesse o sedimento para a construção de uma Ética<br />

marxista. Partindo das indicações deixadas por Lukács em sua Ontologia do Ser Social, em<br />

particular no capítulo dedicado à categoria do trabalho, propõe-se uma reinterpretação do<br />

argumento do Livro I de O Capital, de Marx, que explicite as implicações de sua crítica social e<br />

da ciência para o campo da ética.<br />

Understanding and enhancing self-emancipatory practice: the case of Citizen Voice &<br />

Action<br />

D. W. Walker (Doutorando – Monash University)<br />

dwwal2@student.monash.edu.au<br />

I am engaged in action research on a social accountability approach known as Citizen Voice<br />

and Action (CV&A). This research seeks to assist learning about how CV&A can be<br />

empowering for and facilitate accountability to marginalised citizens, and in turn, can inform<br />

design of participatory forms of governance in other contexts. Critical realism <strong>ser</strong>ves and<br />

informs this action research as an under labourer – particularly in the <strong>ser</strong>vice of emancipatory<br />

and trans-disciplinary research and in addressing issues of agency and structure.<br />

CV&A is based on a set of more contextualised processes which seek to enable community<br />

members to engage with the powerful, and to be empowered for ongoing influence of policy, on<br />

the local issues which matter to them (e.g. regarding health, education). It has emerged, via a<br />

process of action learning, in multiple types of contexts and diverse developing country settings.<br />

I will present a model for single, double and triple loop social learning used to develop CV&A,<br />

and touch on some learning to date about issues of participation and empowerment; voice and<br />

dialogue; and accountability, including theorising about several of them.<br />

44


Appreciative Inquiry (AI) has played an important role in moving from more instrumental<br />

mindsets of CBPM practice (which we had been employing when we began to introduce it to<br />

communities) towards the CV&A approach. Various strengths based approaches such as AI,<br />

which we might collectively label as “appreciative”, are seen as increasingly important, and<br />

indeed, essential, in addressing ‘wicked problems’ such as entrenched poverty and injustice.<br />

This raises a p<strong>os</strong>sible lacuna regarding critical realism, particularly with regard to such<br />

problems” – in which emancipation and empowerment are important. Might it be the case, more<br />

generally that, for emancipation to occur, realism requires a stronger appreciative element as<br />

well as critical, or is the appreciative sufficiently contained within existing critical realism<br />

thinking? If the former, then what are the implications for critical realism Further, what is the<br />

relationship between the critical and the appreciative in theorising, policy and practice?<br />

Can Activist Scholars Learn Research Methods from Rumi?<br />

Radha D’Souza (Professora – University of Westminster)<br />

R.Dsouza1@wmin.ac.uk<br />

Rumi’s 800th birth anniversary was celebrated in 2007 as the UN International Year of Rumi.<br />

Curiously many concepts and ideas in contemporary scholarship critical of modernity deal with<br />

themes Rumi wrote about eight hundred years ago, e.g. transcendence, immanence, nondualism,<br />

reductionism, emancipation, disciplinary boundaries, to mention a few. In this paper I<br />

address an emergent sub-sect of scholarship that is identified as ‘activist scholarship’. I<br />

interrogate key ideas and impulses for activist scholarship, their calls for creative and<br />

transformative research practices, and their exhortation to bring theory and practice in sync.<br />

Does activist scholarship in fact provide us with the tools to become transformative and creative<br />

in our research? The paper examines the tension between the desire for a new ontology that<br />

critical activist scholars articulate and the research practices that rely on which is in the main,<br />

modernist methodological tools and ask if their research methodologies are inconsistent with<br />

their ontological aspirations. Is there something to be learnt from the Eastern phil<strong>os</strong>opher-poet<br />

traditions in this regard? The paper draws from Rumi’s work Mathanawi to reflect on what is<br />

entailed in activist scholarship’s calls for developing transformative and creative research<br />

practices.<br />

Being being. Hermeneutics and the ground of critical realism<br />

Frédéric Vandenberghe (Iuperj)<br />

frederic@iuperj.br<br />

Bhaskar´s concern with ‘being being’ is not just a feature of his excursions into meta-Reality. It<br />

can be found at all stages of his intellectual development, from the early formulations of<br />

transcendental naturalism and the middle period of critical dialectical realism, where it appears<br />

as alethic truth, all the way to the ultimate phil<strong>os</strong>ophy of meta-Reality. Reading his musings on<br />

non-dualitythrough the lens of alethic truth, I will reconnect critical realism to p<strong>os</strong>t-heideggerian<br />

hermeneutics and argue that the latter offers an experiential grounding of the ontological claims<br />

of critical realism. Through an exploration of experiences of ‘immanent transcendence’I will not<br />

only reconnect critical realism to hermeneutics, but by doing so I will also try to reformulate<br />

some esoteric themes of the Bhaskariana in language that is more palatable to Western minds.<br />

45

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!